domingo, 24 de abril de 2016

UM NICHO DO MAR

            Edevaldo saíra no sábado em direção à orla. Eram duas e meia da tarde. A sua vila era distante e carente... Sabia apenas das rochas, de seus encontros, uma a uma, do mar dialogando com elas, e do pressuposto em não poder haver uma descrição sucinta de qualquer veio em tipos de entretenimento, qual não fora o habitar-se dos pássaros...
            Via a areia, o mar, e perguntava-se, contrário à qualquer espécie de egoísmo: o que haveria sem as águas do mar? Não sabia bem das chuvas, mas isso o fazia crer que algo delas saberia mais das mesmas águas; era, a bem dizer, um homem um pouco ignorante, e muitos o sabiam. De se ver, mas quanto ao mar era um sábio. Assim é a natureza das coisas, o de natural não ser exatamente aquelas, mas que certos objetos encerram outras dimensões. Essas incríveis dimensões podem estar em um simples olhar panorâmico, quando em seu tempo fixo do presente ou na memória arquitetônica, mesmo que não possua aquela arquitetura nenhum estilo. Dimensão seria algo que passasse pela contestação de um possível sistema, mas o mesmo sistema mostra uma árvore multiplicadora de outros que porventura já possuem reatualizações em que pese o enigma de seus processamentos. Lembraria um fluxo de água em suas inúmeras canalizações e gargalos, em que os diques estabelecem compensações de nível, pois, se o que se predizia era o quilate da imaginação, por que não se “imaginar” sobre verdades ocultas? Esse viés de chamar-se a busca da Verdade em seus alicerces de fuga da realidade é o mesmo que dizer que tudo o que se passa é o consentimento da farsa! Assim se passavam os dias neste mar que se chama contemplação, conhecimento, ou ao menos do palpável, de um significado que torne uma metáfora concreta. Como um dia em que acordamos e nos damos conta de que as nossas belezas em viver não sejam nada além da paz e aquilo que queremos de bem ao próximo, mesmo sabendo do lugar comum em pensar com modais distintos daqueles que exploram seus intelectos como uma competição desenfreada, em inegáveis sofismas do abrangente acadêmico. Não que fosse crítica a alguma academia mas, por si só, apenas a visão de que é possível pensar se a doutrina ou a orientação, qual não seja – mesmo diletante – do conhecimento e da espiral evolutiva não exatamente necessária, pois leva para cima ou regride, posto não existir em todos os setores da existência.
            Aqueles que rotulam com facilidade mostram quase sempre que partem para uma coerência sem par de simplificação existencial própria da chamada ignorância da inconsequência, que pode fremir desejos reptílicos em seu imo, mas que dita um motivo a que em si mesmos imprimam esse rótulo.
            Assim se passava como se o mar pensasse, como se as ondas colocassem em sua rochas um cadinho de sua própria força naquilo que supunham quase exato, mas sem dizer da existência primeira da infinitude absoluta de seus gestos!

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