Vivemos
em um palco de desditas
Enquanto
se soçobra o tempo,
Nos
dias, nas horas, despertamos mais um pouco
A
se assenhorear-se do vento.
Nada
mais a importar a um poeta
Do
que ver, a cada linha desperta em sua crisálida
O
serenar plangente das músicas noturnas
Que
se vão no amanhecer do que ainda
É
tão cedo que se dormem os pássaros...
Não
há mais a prosa em meu punho,
Não
há, não existe, posto que não insiste
Por
fartar-se a poesia em seus cristais
A
dizer do enunciado em que as memórias
Turvam-se
nas pisadas do córrego
Em
que antes nos esquecemos de beber da água.
O
mesmo córrego que canta o seu borbulho
De
pássaro incandescente no lavor da floresta
Em
seus seres cristalinos de riacho,
Na
sua doçura em que navegamos nossos olhos!
Pois,
sim, diremos a palavra que sentimos no próprio olhar
Que
permanece inquieto sobre a superfície do portal,
A
se fechar em um dia em que nos visitamos
Por
dentro das arquiteturas dos corais.
Verta-me,
palavra, tecido de minha própria vértebra,
No
caudal silencioso de minhas letras
Ao
que sereno a mais um dia de lutas
No
episódio iridescente do destino.
Não
há mais a sedução dos versos
A
quem do interesse verá nos tempos
As
páginas curiosas de um homem abstrato
Em
meio a certos significados de pétrea tecnologia.
A
nós escribas inumeráveis por sermos enfermos do amor
A
urdidura dos conceitos não prescreve grandes receitas!
O
que antes era uma literatura de doutores e mestres
Nas
forjas intelectuais dos vetos
Hoje
grandes somos aqueles que não concursaram
Algum
posto na alfombra onde dorme nossa própria razão.
Algum
passo em falso talvez me espere na mesma alcatifa
Onde
residi no leito do papel os versos,
Buscando
significados na temperança de uma fonte
Quando
escuto os primeiros pássaros da manhã...
Quando
os escutamos já é a hora de vestirmo-nos
A
buscar sementes dos estranhos ninhos de outrora
Sabendo
que estaremos em uma corrente da água festiva
Em
que as nuvens em noites anteriores
Tecem
as coberturas azuis escuras de Krsna.
E
que vêm as mesmas sementes
Na
lavoura por vezes árida de nossas vidas.
Tênues
são por vezes as esperanças das gentes
E
há sorrisos que são sinceros
Por
mais que a humanidade não aceite
As
autenticidades dos fatos.
O
de se sentir que as mudanças
Significam
muito mais do que um simples termo
Ao
término que se ressente de todo o significado.
E,
agora, escorados na razão crescente
Talhamos
as nossas vertentes distantes
De
uma ilusão férrea que se apresenta
Nos
veículos, trazendo à tona o ocultar-se da mesma realidade
Posto
palavra que – circunflexa – traduz o destino da igualdade.
Los negros y los
blancos?
Será essa a verdadeira ponte do imaginário
A
transubstanciar uma conquista forjada na têmpera que se constrói
Na
espada nada imanente de uma justiça comprada
Através
dos papeis merecedores de um bom ganho financeiro?
Será
que trilharemos a farsa merecedora em que o tempo ganho
É
daqueles a se arregimentarem forças que coíbem
E
comprar a educação do povo vendendo nossos níqueis do solo?
Será
que não basta termos um aplauso sempre presente em uníssono
Quando
a platéia já se cansa do refrão e gírias pobres
De
algum ressentimento de realmente não possuirmos cobertura
Enquanto
a cultura de todo o nosso povo se traduz
Em
um saco de confetes espalhados pelas lixeiras da vida...
A
um se lhe dá uma esmola, a outro se lhe dá um carro;
A
um terceiro se lhe dá uma novela
Quando
este terceiro vê em seus milhões de seres
O
pontificado confusionista das
mentiras!
Aumenta-se
a picardia agressiva dos diálogos em novelas traçadas
Enquanto
a massa sente a ferroada do marimbondo da maldade,
Pois
quer também um pouco daquela agressividade
Posto
guerra que não somos, posto animais que não somos:
Tornados
assim por deixarmos nossos sacos pendurados
Em
alguma oficina mecânica de la mercancia...
Que
lindo! Todos conectados e plugados...
Aquele
é um chip com mania de perseguição.
Talvez
um chip esquizofrênico, pois não quer
Participar
do face, meu caro amigo face em que não há books.
Irrequieto
é o vôo dos morcegos em sua simpatia noturna.
Vejo
tristeza nos olhos, vejo mulheres rotas, e o que queremos?
Senzalas
brotam pelos quatro cantos...
E
grandes líderes caem aos poucos, de gatinhas,
Sabendo
que no abraço de certas gentes
Essa
certeza de fazer a coisa certa
Mostrará
o arrependimento cruento e covarde
Depois
de sentir que aqueles que iniciam
São
indispensáveis em seu tosco modo
De
mostrar que a Verdade reside em um tronco
Que
segue adiante, sem derivativos.
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