sábado, 29 de fevereiro de 2020

TRÁFEGO POR MULTIDÕES


          Cada festejo tem suas aptidões e qualidades, como uma grande procissão, uma festa como o Carnaval, uma leva de passantes do dia a dia, a frequência imediatamente não linear de uma grande cidade. Há uma parecença sem muito nexo, mesmo que consagremos certas reuniões de gentes com um teor ilusório, no que passamos despercebidos, e mesmo, qual uma anonimato corajoso, de se enfrentar com gáudio a sobremaneira não espaçada vertente do espaço que nos cerca… Essa questão do encontro nosso com nossa bolha espacial bem observada em teorias da arquitetura, na planificação de uma obra pictórica e sua perspectiva aérea, em uma foto que registra instantaneamente a fugacidade da paisagem, ou de um detalhe mais rico e formal na expressão mesma do talento e do estudo. Talento era uma moeda romana e segue sendo um valor intrínseco, como o que se espera do caminhar consciente, de como podemos evitar certos agrupamentos suspeitos, naquela mesma suspeição de estarmos vendo potenciais agressões, através da ciência comportamental, a que jamais se denote a liberdade do agressor, posto fora de uma Lei internacional, que rege os nossos direitos, os Direitos Humanos Internacionais. Esse passa a ser o universo da questão, esta que reja claramente um perfil que não seja despótico, que não ensaie relações falsas, que não permita as ciladas, e que não persiga de alguma forma o ir e vir da cidadania.
           Seremos mais unos se temos nossas privacidades envolvidas em controles informacionais, se o que buscamos seja maior do que qualquer plataforma da existência, ou da arguição de um fato, convexo ou não: isso busca uma resposta, que pode ser efetivada como assertiva justa, premissa básica de entendimentos maiores, ou a simples questão do que intenta, ou da intencionalidade mesma, coerente, mais perene. Muito antes das câmeras de reconhecimento facial já existia a datiloscopia, o registro numérico em documento, nas corridas tecnológicas para recolher evidências, ou de crimes ainda não resolvidos ou, infelizmente, no controle despótico de ditaduras em suas faces da desintegração do humanismo, em redes dos algozes que acreditavam que algo estaria errado no proceder das gentes… Se não deixarmos de relevar coisas que são corriqueiras em nossos dias, se pensarmos que uma multidão possa ser controlada por ordens de qualquer motivo, evidenciaremos uma transição de um regime democrático pelo autoritarismo onde a curiosidade e a predisposição da mesma fantasia do controle torna o Estado totalitário. Se dá sempre um embate de forças onde quem possui o controle alcança maiores dimensões de Poder, posto por vezes, na simplificação deste em três partes, já enfrenta resistência de amaciar a questão no principal, ou seja, no Poder Executivo, em detrimento dos outros, que na verdade merecem a mesma atenção, quando a Democracia se apresenta sólida e estável. Urge que a turba se legisle a si própria, através de seus representantes, e urge igualmente que estes sejam mais plurais. Urge igualmente que o Estado de Competência Humanística torne-se um fato e, ao invés de se tornar algo que dependa de se pesar em uma balança desigual, seja a razão primeira dos governantes, sejam quem forem.
            Um estado de coisas que são controladoras como tentaculares atos, não se coaduna com outro que seja tentacular na boa intenção, pois que isto revele aos nossos antepassados, ou seja, na memória de nossa cultura, que aquelas peças indestrutíveis e basilares da mesma cultura vão se refletir em uma tomada de consciência, onde as gentes possam dividir as preocupações e conquistas existenciais igualmente com todos os que compartem a esperança de uma Nação se tornar melhor.

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