quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

UM DIÁLOGO

            Claudinei atrasava-se, mal sabia... A saia da sua esposa estava rota, a rua oferecia perigos, e tanto era que não coadunava muito mais. Ana Amélia dizia de seu passado àqueles que inquiriam um pouco. Não que fosse covardia faltar à verdade, mas essa questão de ser verdadeiro parecia algo do século passado, mais dos anos oitenta, se fosse lembrar, algo do Ford 55, quiçá! Recados da bolsa de Nova Iorque, quem sabe, a indústria, as ações, algo a se falar do grande país da América do Norte. Tão próximo e agora tão distante. Não haveria diálogo nestas linhas, nem poderá haver, a princípio: adendo do escritor.. Uma reticência de dois pontos talvez bastem, mas a rigor, isso não é necessário. As histórias correm, a aventura sobre negócios, as negociatas, algo de empreiteiras, coisas afins, talvez sempre houvera, nem tanto que a mídia dissesse, mas fazia de suas contas a ciranda financeira do entretenimento algo pronto que não se relaciona com o que há, camaradas! Apenas isso, o atraso de Claudinei, para que? Pouco importa, este não é ninguém na bolsa, sequer possui uma bicicleta e Ana, a Amélia de olhos bonitos quando jovem, a procuram por aí, como um antes bela, agora tornada fera meio sem rumo, sem muitos precedentes legais, e é aí que mora um risco: de passarem ricos e olharem com outros olhos. Quem daria por Ana? Certamente ninguém, e isso ocorria de fato, com a anuência que toda a legalidade do mundo confirmasse, no conforme do legal: jurídico, judicial? E qual a ternura lógica das diferenças, camaradas? Camaradinhas que respeitem a integridade de um homem justo, quando este emerge da sujidade que se estabelece facilmente através dos aparatos aparentes, pois nada se apresenta da maneira como queiramos que seja, seja através de treinamentos, ou da ignorância de não termos lido mais enquanto cidadãos seguros pela pátria, que não detrata: relata. Vejam e leiam, liguem algo, mas que as TVs adormeçam um pouco, pois esse troço de 24 horas de giro no mínimo é para o café dos Distritos, ou para outras coisas nas festinhas prives intocáveis. Ah, sim, um parceiro, quem dera, um que fosse de ponta, inteligente como algo inenarrável, a se descortinar processos em aldeias remotas. O tempo é atemporal, meus caros amigos, e o que se revela não terminou a revelação dos filmes, posto o diafragma esteve deixando pouca luz e o obturador trabalhou só no dia de hoje, 1/500 talvez e a ISO, esse não, pois a sensibilidade estava alta, a luz fixou-se na prata e a posterior revelação promete evidências que não conhecemos, ou delas não fizemos parte. A foto, a luz, o barco, as marionetes, o cenário, as falas, os ditos, os olhos arregalados de Neuberg, tudo, um pano de fundo que Chacrinha, bem... Este não é mais do contemporâneo, pois o contemporâneo aceita um cafezinho, expõe ideias, rechaça artistas, despreza artesanatos, recompõe dígitos, parte para certos ataques, marca com urina os portais, bate ponto nas piscinas, é psicologicamente correto, um exemplo behaviorístico com seus toques de sutis agressividades, manda ver nas provocações, tem corpo para embates físicos e, vejam só, conhece até a Krav Maga! A contento, preparou-se a contento, está feliz com a capital em Jerusalém, tem raiva de freiras, aparentemente tem orgulho de ser um pequeno monstrengo. Não levem a mal, pois quem escreve nem passou, posso ser um eterno curioso, não possuo nomes, pois posso ser a própria linha! Quem dera gente, que seria um diálogo, mas não passo de um monocular, um fabricante de óculos para monólogos atravessados por uma floresta que não é cenário, nem é de pinus, mas, pois sim, existe, é crua, é nua, é frente e verso, de madeira viva, ao menos por enquanto, pois já dizem que há peixes que navegam como um teatro de absurdo por páginas e mais páginas de oceanos naturais, por dentro das árvores, por cima de bandos, com formigas atravessadas por todos os caminhos, na profusão que não se vê por baixo, pois não há uma ferramenta que disseque o húmus de suas raízes, que estas se fincam, e andam de ônibus, até.
            Pausa que talvez o absurdo consinta, mas não nos quedemos preocupados com nada, com o teatro da vida, que esta é da arte, e esta, por sinal imita aquela, e não nos confundamos: uma vive, e a outra igualmente, as duas com força, impulsionadas por deusas mulheres, pois as mulheres se revelam com coragens amazonenses, do sul e do norte. Não relutemos apenas, a vida merece a arte, essa é a condição sine qua nom de um homem sobreviver com o ocaso raro de um parágrafo, mesmo quando o surgimento de outro vem corroborar a latitude libertária de fluir sem o dogmático preparo teleológico, pois não há tempo, camaradinhas de respeito, de usufruirmos de o mesmo tempo em que sobrenadamos em boias depois de afundar barco perante nossa incompetência em navegar. Afunda um pouco o barco, cresçamos em proa! Afunda um pouco a frente: popa!!! A linguagem entre nós mesmos merece essas atitudes, de estarmos dentro de um espelho convexo irradiando o sol dentro do brilho que este concentra sobre nós... Então, saiamos do espelho, viremos uma página, a oportunidade da arte é dada... Melhor, é Dadá. É Breton, é Ernst, é Duchamp e seu urinol virado. Que desviremos e usemos de uma vez! O absurdo dá a sua largada, e que me perdoem os psiquiatras – grandes mestres da ciência – mas a contribuição de um pensamento é apenas a necessidade de sinapsear um pouco a cachola. Que vivam os antigos, que vivam eles tanto quanto, o Gates e o Gogh, nem tão antigos, quem sabe o Galileu, ou o Gutberg, este nem precisamos escrever corretamente, que graças ao seu feito estamos por aqui, melhor dizendo, neste pensamento que não seja ao ponto do Padre Vieira, mas que a ladroagem, bem, esta não faz parte do pensamento, nem destratar nem coisa e tal, mas fincamos pé em uma igualdade em que todos possam expressar de um modo corrente, desde que Woolf mergulha em seu lago, talvez por ter descoberto uma semântica muito mais além do que seu tempo predispôs, na tristeza que não deve jamais deixar a descoberto um encéfalo que funcione a descobrir em suas miríades de conexões, estas mesmas mais amplas dentro do aspecto biológico do que todas as redes sociais do planeta...
            Pois é, dia é dia, e o que se vê no dia é o aspecto pouco presente da noite, que vem a anunciar a jornada, onde os pássaros noturnos tomam a dianteira e recebem a sua como um brinquedo sem espaço, onde os seres se encontram, onde os bichos se veem. Na quarta, que seria, nada mais do que algo que não faça todo o sentido, mas que há muitos que sucedem não saber do tempo como fator de reverberação de certas atitudes, certos atos. As motos estão por aí, trabalhando, os cães de guarda guarnecem obras, a lei dos homens intui a ordem, e esta por si termina o expediente nos fetiches do globalizante mundo que é muito mais do que isso tudo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário