sábado, 6 de janeiro de 2018

A AUSÊNCIA EM SER

          Profundos são os nossos sentimentos perante a ausência que nos faria uma razão que os circunscrevesse. A época em que vivemos, toda uma condição em que as classes sociais – aparentemente com escolhas horizontais – não recebem a gratuidade necessária em viver condignamente. Nada está líquido no horizonte de nossas perspectivas, pois a questão é a mesma engrenagem que possibilita o controle do que fazemos, dentro de uma prerrogativa existencial mais nula porquanto menos tenha contato com uma Natureza dilapidada, ferida, subtraída, ainda que esteja em muitos lugares preservada, o que pode nos dar esperanças para um futuro que, no entanto, é incerto.
          Muitos seres habitam não apenas fisicamente nosso planeta, como o imaginário de tantas pessoas, que mal podemos sequer conceber os sentidos que nos aflorem enquanto páginas que somos por vezes em branco, por não deixarmos fluir a arte em nossa própria literatura. Quando usamos de metáforas, de certo modo, claras e lúcidas nas colocações de uma linguagem que se aproxima da poesia, estamos colocando as questões da preminência do ser porquanto não seja este uma nulificação de suas próprias projeções e possíveis dissociações psíquicas. Quanto mais se apreende o que quer que seja a saudabilidade como herança ou construção futura de genomas, ou no reflexo de tudo ao comportamento, recebemos como viés um recrudescimento do preconceito atroz com relação àqueles que estão vulnerabilizados por uma veia que não entende nada do que venha a ser a cidadania e a conformidade com o respeito humano. Pensamos em retroagir com a inserção de velhos dogmas, e é nesse parêntese que devemos trabalhar a favor da paz entre os povos, pois saberemos mais quando tivermos a concepção real do que vem a ser a arma deflagrada e a situação em que nos colocamos a nós mesmos com a necessidade de pretendermos fazer com que a sociedade passe a boicotar aqueles estigmatizados pelo sistema. Quando de posição importante perante a própria e importante intelectualidade entre o que o ser escolhe como seu próprio paradigma de existência, há certos tipos de cortes famélicos e crus que impedem a um enfermo psíquico, mesmo enquanto estável, que enfrente em pé de igualdade perante os Direitos Humanos Internacionais, que em países que vivem na sombra de seus próprios atrasos permitem a irradiação de apenas uma tonalidade da tradução mesma do que vem a ser a vida dessas populações vulneráveis. Passamos a viver de migalhas onde os sistemas computacionais apenas reiteram essa segregação, na criação de ferramentas que se alimentam da fraqueza concedida fartamente por esses estigmas apoiados pela condição sine qua non desses processos de isolamento social. Visto como exemplo, uma propaganda linear em que pontos de irradiação ou conexão de redes complexas como as sociais expõem certos funcionamentos que permitem a nulificação do ser, e suas ausências em vertentes onde pensamos agir com grande poder, mas o que funciona é apenas a disseminação de fachadas operativas onde estamos em uma grande vitrine, como em um reality show onde nossos pontos de vista já são observados há muito, como compete em algumas casas as web cams e os testes de resistência analíticos. Como frutos de experiência de como um grupo, uma família, ou uma pequena célula social poderão conviver com um sistema de vigilância pago pelos poderosos que estão por antemão blindados desses processos operativos.
          Vivemos a era do ensaio e erro, em que apostamos em modais do que seja o menos pior, de um processo onde a ideologia não se faz mais presente, posto não termos cabedais suficientes para contestar de fato algo que não seja de pressões anódinas em torno de suposições governamentais onde os pobres viram massa de manobra em mãos que se afastam do que realmente seja importante na questão de ideários transformadores. O ser passa a ser ausente de si, voga-se que quando uma liderança passa a ter mais importância, atrai a atenção dos chacais, em que nada supõe uma quebra de paradigma, e o horror esperado no sentido da subtração encapsula os vórtices do Poder.
          Convenhamos, talvez seja a transição, mas veremos que no mundo inteiro o túnel se torna muito longo, e a luz não vem de graça, e o dilema seria realmente vendermos estatais para pagar contas do funcionalismo? No mundo é assim? Que diria o chinês, ah sim, vocês querem vender partes substancialmente estratégicas de sua nação, e nós compramos sim, senão vocês entregarão a outros. E vendemos, e nos dilapidamos. Faça-se a nação, nação feita: morta, indispensavelmente entregue às moscas que vão depositar os vermes para nos decomporem. Não há país socialista, não haveremos de sociabilizar nossas conquistas, pois o que vem por aí será a entrega de todo o nosso país, já iniciada nas grandes concessões do que dizia ser o Partido dos Trabalhadores, e que não mudou. Não é crítica, é constatação… Não queremos migalhas do poder, talvez seja bom Lula voltar, mas como diria Gramsci em espelhamento de uma Itália próxima do Brasil: por vezes o carrilhão da história traz em si o fascismo como resultado de atos procrastinados em regimes duvidosos, no que não foi realizado, como fato de que o doente só ressuscitará quando passar por fases terminais. Estamos caminhando pouco a pouco para um regime fascista, a se dizer por alto que seja quiçá algo até piorado. Mas lembremo-nos sempre: quando se constroem tipos alargados de concessões a fim de mantermo-nos em poderes equivocados, a roda da História gira muito lentamente, pois na letargia de governos nacionalistas ao extremo teremos sempre que surgir com verdadeiras respostas, pois a engrenagem dos grandes continua embolsando os valores que agora já faltam na mesa do povo brasileiro.

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