quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

EMERGE O MARKETING

          Não saberíamos talvez enumerar certas possibilidades, mas ignorarmos algumas questões sobre o funcionamento do mercado e suas estruturas por ventura pode caracterizar a ausência por ausência, a negação do conhecimento. Posto quaisquer críticas mais incisivas incluso sobre as incertezas e as contradições do chamado neoliberalismo necessitam de antecipados e sólidos estudos. É como termos que estudar a pós modernidade na arte e suas variantes um pouco inconsúteis, que fizeram por diluir as manifestações artísticas de acordo com as raízes existentes nos povos de culturas diferenciadas, quando reverencia o novo e estabelece padrões para serem seguidos como uma instância inevitável do descarte e da produção serial ou com a parafernália toda que segue essa ótica da modernidade às avessas: que não edifica, apenas decora.
          Parece que temos a impressão de que a ciência do marketing acaba por mesclar as linguagens, onde a tecnologia amplia as suas possibilidades gigantescamente, e os meios diluem cada vez mais a nossa cultura, negando processos anímicos, como se fosse tornar o social fruto do emblemático e inconsistente fator dos descartes que sucedem consumos quase compulsórios. Edificar uma nação baseada no consumo como geração de renda e emprego parte do pressuposto de que a educação passa a ser coisificada no processo, sendo alvo do emprego totalitário de medidas de contenção da crítica, tratando professores em um ganho muito menor do que o justo, e pensando em um país como uma casamata de onde emergem os sucessores do descaso, o nada, um jogo mercadológico. Esse processo de ver sociedades como algo que globaliza apenas acentua as diferenças a favor dos grandes investidores, ou países com interesse de ganhar as corridas na performance econômica e suas variantes de competição inglória para nações que não investem internamente sequer na sua educação pública. A tendência é se acentuarem as diferenças cada vez mais, supondo que a razão do self made money emprega a imaginação e o sonho de que sem capital e com ideias apenas pode-se obter ganhos superlativos de crescimento…
          No entanto, a seara com que nos confrontamos na realidade econômica de um mundo globalizado subentende sabermos crescer com a lógica do mercado. Agregar valores essenciais no conhecimento e lutar para sabermos ser mais independentes com relação a novas tecnologias ou processos produtivos, e a ingerência que nos traz o contraponto entre a não aceitação ortodoxa ou a valoração de coisas a que antes não encontrávamos significados. Como em uma nova gramática, a saber, suas formas, relações entre palavras, estas com as letras, e o significado tendo em vista a possibilidade de comunicação que se obtém através de um atento estudo. Pois todo o sistema possui uma sintaxe, uma linguagem, e a aproximação com essas vertentes nos faz criar expectativas de melhora necessárias, dentro do contexto específico, em que teremos que possuir as habilidades com novas ferramentas nesse pressuposto, em que a arte e suas metáforas como figuras profundas serão sempre válidas nessa grande e complexa questão. Aparentemente todas as potências mundiais querem se valer da chamada globalização no planeta, e a corrida aos recursos praticamente é fruto de um mapeamento geopolítico que toma proporções alarmante na medida em que a ciência dá verdadeiros saltos e a velocidade de informações surpreende com progressões em que a luz é o limite. No entanto, há uma divisão do trabalho em que aqueles que são empregados em modais manuais de fabrico e serviços passam a ser uma única classe, enfrentando sérios problemas na chamada ratificação do mercado, onde seus direitos cedem ao poder constituído, que são o patronato de países como o nosso, instrumentalizados pelo pressuposto de se manter o interesse estrangeiro em territórios onde a manipulação da opinião chega a ser cordata, mas intimamente é fria e cruel. Eclode, como fruto esperado, um tipo de marketing onde a ação, os filmes, o alcance da mídia como um todo trabalha em estranhas sincronias com uma programação onde a classe trabalhadora não encontra mais espaço para um entretenimento, qual não seja ver o exemplo das máfias do governo, e coadunar, e tomar como sinistra referência, onde muitos caem no crime, onde a polícia enfrenta as crises de soldos injustos, o sistema prisional colapsa e a repetição da podridão administrativa em todos os escalões continua, apesar do alcance de investigações cabais e a luta de muitos membros do judiciário ainda se manter no sentido de tentar melhorar esse status.

domingo, 28 de janeiro de 2018

INCLUSÃO EXCLUDENTE

          Saibamos que o mundo não está tão diverso assim, com toda essa miríade computacional que aparentemente abraça uma verdadeira constelação de possibilidades, mas que na verdade restringe o valor do que antes era a simples ferramenta para o trabalho de editoração, para citar um exemplo, onde o desktop publisher era uma profissão importante, para agora termos a necessidade dos profissionais compulsoriamente terem que aprender muito mais para um ganho relativo igual a antes, enquanto criador. O que nos leva a crer que o contraponto disso, o viés de utilizarmos antigas ferramentas como os pincéis, o nanquim e um importante e necessário ressurgimento da arte faça da migração inversa a garantia de um olhar sobre a memória de nossa sociedade e uma releitura assaz concreta da necessidade da expressão como condição da autenticidade criativa. Essa autenticidade não deve ser material de descarte, haja vista não ser propriamente matéria, posto anímica. Nessa questão vai o espírito de encontro ao expresso, seja na impressão, no plasmar a matéria, no encontro com um veículo ou sobre um suporte, no diálogo, na busca de um pensamento, ou na difusão deste com a própria filosofia e na prática essencialmente criadora. O trabalho sem vinculação com a ideia que não parta de fonte de luzes maiores perde para o previsível, e o ganho da questão empresarial passa a ver o lado criativo nos faturamentos, suas demandas, seu lucro. A ponto de imensos recursos serem despejados quase aleatoriamente em sistemas criados como exemplo da construção de aplicativos, ou da complexidade de algoritmos que no mais das vezes não são compreendidos de fato pela “imensa minoria” que compõe suas manufaturas via linguagens e projetos ou ideias milionárias, que muitas vezes – com devidos entrelaçamentos de redes computacionais antecipadas – vem a dar na pontual concentração de lucros excessivamente desiguais justo quando os aplicativos mais utilizados fogem da esfera nacional de países menos desenvolvidos, como o nosso país, que não possui grandes projetistas e precisa importar os processadores (corações das máquinas) para poderem fazer funcionar o sistema com todas as vinculações de dependência tecnológica. Portanto, não possuem inteligência suficiente ou Universidades à altura dentro do contexto democrático, para fazer frente a esse desenvolvimentismo que torna os ricos mais ricos e amplia o leque gigantesco da vulnerabilidade social no seio de nossas grandes cidades, quando pensamos na questão das populações urbanas…
         Resta sabermos que na visão de um Estado nacionalista a razão do desenvolvimento de suas populações deve sempre permitir que nossos administradores não entreguem as nossas riquezas para quaisquer outras nações a fim de aparentemente solver problemas de fundo de caixa. O Brasil não pode ser uma empresa, pois esta só existe como tal quando sacrifica o lado humano em detrimento de seus ganhos. Não estamos em uma posição de achar que o problema é de gestão, mas sim de grandes lideranças capazes de mobilizar as massas trabalhadoras a fim de que estas participem de seus próprios desenvolvimentos e qualidade de vida no seu lado social, humano e patriota. Não serão os mesmos que continuamente venderam nosso país em tempos atrás que continuarão a capitanear a derrocada de nossas reservas e riquezas.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

MOTORES E VANGUARDA

            Um motor possui uma história. Quando esta passa a ser uma engrenagem, meio que “funcionamos” em termos de respostas a estímulos, aos testes, a uma performance que só faz ressaltar o fato de que quando a máquina humana está velha e gasta biologicamente, muitos caem a supor que a juventude vale mais do que os tempos além da – ou na – meia idade. As coisas não procedem desse modo... O que era não se dissocia do que é, o devir ocorre como pano de fundo, no projeto de uma vida, mas que agir em si sabendo muito de história pode ser mais confortável e propriamente humano, em termos de navegabilidade na selva material, do que estarmos confiando nas nuances superficiais que a água faz no encontro ao casco do barco, quando ignoramos que há um motor, há gente tripulando, e a existência inequívoca do leme e seus instrumentos. Se considerarmos com profundidade o que existe por baixo da água em relação com o barco, estaremos mais conscientes na previsão – daí parte o projeto – de uma possibilidade de um mar revolto, da crítica questão das tempestades. No status de inteligência, quando sabemos que o homem dispõe caracteristicamente, com mais largueza do que os outros seres, da matéria, seu uso mínimo traduz uma palavra que seja a de sempre atual: a sustentabilidade. Mas a vanguarda do conhecimento não será a sustentabilidade, mas o próprio mínimo de ação citado acima. Jactar-se de bons resultados com o mínimo de óleo de mamona é superior às queimas do óleo mineral, com o usufruto máximo naquilo que pode ser advertido como sociedade de consumo na geração de desejos que são criados pelas indústrias de manufaturas, ou mesmo de alimentos maquilados em suas embalagens, por excesso. A relação entre o barco e essa especulativa maneira de pensar é justamente pensar em alimentos como o barco todo, pensar no trem como transporte, pensar no asfalto como gasto desnecessário no sem fim dos tapa-buracos para carros velozes e vazios. Pensar na não conotação ideológica quando imaginamos sermos realmente criativos ao questionar nesse processo de criação que um presente como um barco de brinquedo com motor a ser compartido em uma comunidade infantil talvez seja melhor e mais lúdico do que um minion individual. Não que a imaginação seja o segredo, pois está longe disso. Ler um romance e entrar na história é um fator de educação, um modo de se aculturar, a percebermos desde crianças as épocas, a análise, a arte, como saber o que está por trás de uma confiança algo suspeita em relação a um veículo de informação, e qual a nossa situação de país na realidade comparativa em termos de qualidade e independência em relação a outros, mais ricos ou não.
            Considerarmos a história como um grande motor talvez fosse o equívoco em pensarmos em um barco sem o mar, e pensarmos o mar sem suas criaturas, naturalmente seus habitantes consuetudinários, por direito da própria Natureza, e que o homem não pode intervir, como vem como ator de um grande estrago – há séculos. Dá uma impressão que querem tornar a vanguarda existencial uma arena onde a “antropofagia” do mercado se torna quase natural. A ponto de negociarem invasões a terreiros de umbanda como ações justificadas pela bíblia, ou a palavra do “Senhor, seja este um profeta ou o próprio Javé”. Não que se discuta a validade ou importância do texto sagrado, mas uma questão mais urgente de se solucionar que é a intolerância religiosa, que faz frente a outras igualmente desprezíveis e passíveis – dentro de uma sociedade onde a Justiça existe na prática – de imputabilidade. Possivelmente a mescla entre religião e política tenha dado alguns estopins nesse processo, já que algumas teorias políticas são contra a existência de Deus e o Espírito, processos anacrônicos com a realidade de um país extremamente religioso como o Brasil. Mesmo porque a ciência não tem encontrado soluções para o planeta, a não ser colaborar para a sua destruição, e as guerras mostram a patifaria e a hipocrisia de quem só quer a riqueza alheia através da força, ou no embate em torno de territórios que muitos consideram serem parte de um dito credo, em detrimento do sofrimento de imensas populações vulneráveis em termos de força que sofrem políticas armadas segregacionistas.
            São esses os resultados onde os barcos engendrados na barbárie coletiva ou não tendem a fracassar na imensa navegação a que se propuseram quando se posicionaram em meio a um grande oceano. Por esse caminho a tendência é não terem planejado a volta, não terem descoberto que o óleo não vai ser suficiente para trazer a embarcação a um porto seguro, em que a tripulação tende a sair para montar-se em barcos mais inteligentes como navegadores – quiçá com grandes e enfunadas velas, quiçá com bons tanques de óleo, considerando os comburentes da vida, que somos todos nós que singramos nosso próprio oceano, sejam um homem ou uma mulher, sejam a coletividade: o grupo, a equipe, o país, todo o mundo. Chegará o dia em que veremos um grande navio, e outro, e outro, já cruzando os oceanos, já donos do mar – em respeito – ao redor de terras consagradas por união e bondade, de forma inteligente, lógica, humana. Mas para isso algumas embarcações renitentes e orgulhosas de que possuem o poder para tal, saberão que seu fracasso é o resultado de achar que podem depender do óleo que incluso roubam de outros, mas que possuem um motor cansado da negação em si mesma, que não gostará do esforço a que querem submeter o tipo de máquina à qual seguem interpretadas a atitude e a ação dos homens. 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

UM DIÁLOGO

            Claudinei atrasava-se, mal sabia... A saia da sua esposa estava rota, a rua oferecia perigos, e tanto era que não coadunava muito mais. Ana Amélia dizia de seu passado àqueles que inquiriam um pouco. Não que fosse covardia faltar à verdade, mas essa questão de ser verdadeiro parecia algo do século passado, mais dos anos oitenta, se fosse lembrar, algo do Ford 55, quiçá! Recados da bolsa de Nova Iorque, quem sabe, a indústria, as ações, algo a se falar do grande país da América do Norte. Tão próximo e agora tão distante. Não haveria diálogo nestas linhas, nem poderá haver, a princípio: adendo do escritor.. Uma reticência de dois pontos talvez bastem, mas a rigor, isso não é necessário. As histórias correm, a aventura sobre negócios, as negociatas, algo de empreiteiras, coisas afins, talvez sempre houvera, nem tanto que a mídia dissesse, mas fazia de suas contas a ciranda financeira do entretenimento algo pronto que não se relaciona com o que há, camaradas! Apenas isso, o atraso de Claudinei, para que? Pouco importa, este não é ninguém na bolsa, sequer possui uma bicicleta e Ana, a Amélia de olhos bonitos quando jovem, a procuram por aí, como um antes bela, agora tornada fera meio sem rumo, sem muitos precedentes legais, e é aí que mora um risco: de passarem ricos e olharem com outros olhos. Quem daria por Ana? Certamente ninguém, e isso ocorria de fato, com a anuência que toda a legalidade do mundo confirmasse, no conforme do legal: jurídico, judicial? E qual a ternura lógica das diferenças, camaradas? Camaradinhas que respeitem a integridade de um homem justo, quando este emerge da sujidade que se estabelece facilmente através dos aparatos aparentes, pois nada se apresenta da maneira como queiramos que seja, seja através de treinamentos, ou da ignorância de não termos lido mais enquanto cidadãos seguros pela pátria, que não detrata: relata. Vejam e leiam, liguem algo, mas que as TVs adormeçam um pouco, pois esse troço de 24 horas de giro no mínimo é para o café dos Distritos, ou para outras coisas nas festinhas prives intocáveis. Ah, sim, um parceiro, quem dera, um que fosse de ponta, inteligente como algo inenarrável, a se descortinar processos em aldeias remotas. O tempo é atemporal, meus caros amigos, e o que se revela não terminou a revelação dos filmes, posto o diafragma esteve deixando pouca luz e o obturador trabalhou só no dia de hoje, 1/500 talvez e a ISO, esse não, pois a sensibilidade estava alta, a luz fixou-se na prata e a posterior revelação promete evidências que não conhecemos, ou delas não fizemos parte. A foto, a luz, o barco, as marionetes, o cenário, as falas, os ditos, os olhos arregalados de Neuberg, tudo, um pano de fundo que Chacrinha, bem... Este não é mais do contemporâneo, pois o contemporâneo aceita um cafezinho, expõe ideias, rechaça artistas, despreza artesanatos, recompõe dígitos, parte para certos ataques, marca com urina os portais, bate ponto nas piscinas, é psicologicamente correto, um exemplo behaviorístico com seus toques de sutis agressividades, manda ver nas provocações, tem corpo para embates físicos e, vejam só, conhece até a Krav Maga! A contento, preparou-se a contento, está feliz com a capital em Jerusalém, tem raiva de freiras, aparentemente tem orgulho de ser um pequeno monstrengo. Não levem a mal, pois quem escreve nem passou, posso ser um eterno curioso, não possuo nomes, pois posso ser a própria linha! Quem dera gente, que seria um diálogo, mas não passo de um monocular, um fabricante de óculos para monólogos atravessados por uma floresta que não é cenário, nem é de pinus, mas, pois sim, existe, é crua, é nua, é frente e verso, de madeira viva, ao menos por enquanto, pois já dizem que há peixes que navegam como um teatro de absurdo por páginas e mais páginas de oceanos naturais, por dentro das árvores, por cima de bandos, com formigas atravessadas por todos os caminhos, na profusão que não se vê por baixo, pois não há uma ferramenta que disseque o húmus de suas raízes, que estas se fincam, e andam de ônibus, até.
            Pausa que talvez o absurdo consinta, mas não nos quedemos preocupados com nada, com o teatro da vida, que esta é da arte, e esta, por sinal imita aquela, e não nos confundamos: uma vive, e a outra igualmente, as duas com força, impulsionadas por deusas mulheres, pois as mulheres se revelam com coragens amazonenses, do sul e do norte. Não relutemos apenas, a vida merece a arte, essa é a condição sine qua nom de um homem sobreviver com o ocaso raro de um parágrafo, mesmo quando o surgimento de outro vem corroborar a latitude libertária de fluir sem o dogmático preparo teleológico, pois não há tempo, camaradinhas de respeito, de usufruirmos de o mesmo tempo em que sobrenadamos em boias depois de afundar barco perante nossa incompetência em navegar. Afunda um pouco o barco, cresçamos em proa! Afunda um pouco a frente: popa!!! A linguagem entre nós mesmos merece essas atitudes, de estarmos dentro de um espelho convexo irradiando o sol dentro do brilho que este concentra sobre nós... Então, saiamos do espelho, viremos uma página, a oportunidade da arte é dada... Melhor, é Dadá. É Breton, é Ernst, é Duchamp e seu urinol virado. Que desviremos e usemos de uma vez! O absurdo dá a sua largada, e que me perdoem os psiquiatras – grandes mestres da ciência – mas a contribuição de um pensamento é apenas a necessidade de sinapsear um pouco a cachola. Que vivam os antigos, que vivam eles tanto quanto, o Gates e o Gogh, nem tão antigos, quem sabe o Galileu, ou o Gutberg, este nem precisamos escrever corretamente, que graças ao seu feito estamos por aqui, melhor dizendo, neste pensamento que não seja ao ponto do Padre Vieira, mas que a ladroagem, bem, esta não faz parte do pensamento, nem destratar nem coisa e tal, mas fincamos pé em uma igualdade em que todos possam expressar de um modo corrente, desde que Woolf mergulha em seu lago, talvez por ter descoberto uma semântica muito mais além do que seu tempo predispôs, na tristeza que não deve jamais deixar a descoberto um encéfalo que funcione a descobrir em suas miríades de conexões, estas mesmas mais amplas dentro do aspecto biológico do que todas as redes sociais do planeta...
            Pois é, dia é dia, e o que se vê no dia é o aspecto pouco presente da noite, que vem a anunciar a jornada, onde os pássaros noturnos tomam a dianteira e recebem a sua como um brinquedo sem espaço, onde os seres se encontram, onde os bichos se veem. Na quarta, que seria, nada mais do que algo que não faça todo o sentido, mas que há muitos que sucedem não saber do tempo como fator de reverberação de certas atitudes, certos atos. As motos estão por aí, trabalhando, os cães de guarda guarnecem obras, a lei dos homens intui a ordem, e esta por si termina o expediente nos fetiches do globalizante mundo que é muito mais do que isso tudo.

domingo, 21 de janeiro de 2018

A FATORAÇÃO DO SISTEMAS

          Muitos viventes não possuem muito tempo para refletir mais profundamente sobre algo, pois a imediata atitude de sua arguição da sociedade relaciona o tempo com o usufruir algo, fechando-se ao ponto de, por vezes, trabalhar em um tempo de reflexão a filosofia autoexplicativa da religião, não se dando conta de que o pensamento sem fronteiras será válido sempre fora da cunha especulativa de per si. Mas a questão, àqueles que gostam de trilhar o conhecimento, que o mundo atual está submerso em seu funcionamento e trânsito, baseado nos bancos de dados e seus administradores, mesmo que alguns homens e mulheres já deleguem a função alternativa a aplicativos, em que o algoritmo não passa do projeto, que depois os programadores executam a ideia dos mentores que criaram o funcionamento, em um trabalho de adaptação às linguagens e fechamentos que se submetem a alterações e constantes manutenções desse assim chamado sistema. Esses padrões exercitariam muito mais o estudo que não deve se restringir aos efeitos externos, à interiorização verbal do que facilmente e vulgarmente alcunham de um tempo obscuro e de vigilância inevitável, posto compreendermos como funcionam certas engrenagens elucidaria muito mais o fato de que as aparentes infinitas conexões em redes sociais, por exemplo, tornaram a rede não apenas finita e mapeável, como existe a impossibilidade funcional de termos uma integração completa dos eventos relacionados com a ciência da computação. Há sim um controle, mas não haverá contenção comportamental àqueles que ainda ou sempre voltarão os olhos para as suas próprias bibliotecas físicas, que jamais passarão pelo crivo de quaisquer censuras, ou algo similar que já alegam no Ocidente que ocorrerá em virtude do poder que emana da linguagem livre.
         A exemplo da criação da imprensa séculos atrás, muitos homens – no caso a se grifar o sexo, visto ser a época extremamente machista – conservadores não aceitavam a democratização do conhecimento, os livros de ciências ocultas, os pensamentos mais libertários, ou mesmo certas bíblias que não estavam de acordo com cânones estabelecidos. Mas a tecnologia não parou, vieram outros modais mais rápidos de impressão, máquinas mais modernas, e a velocidade de produção cresceu e vem crescendo até hoje, na nova era que Gutemberg iniciou com seu invento. O mundo torna-se crescente em ofertas tecnológicas, e a demanda às vezes se perde quando “inventa” que se não estamos conectados (com as verdadeiras ressalvas do que vem a ser exatamente esse fato), não possuiremos mais o trânsito como era antes. Se um ser se conecta à Natureza, talvez descubra – de fato – que esta e plenipotenciária, e que as raízes que culturalmente são paulatinamente “deletadas” de nossa cultura, mostram um espelhamento correto em um país como o Brasil, que estarão sempre presentes, em uma busca necessária de nossos padrões cerebrais de dados individuais e coletivos e na não necessária existência de algoritmos, pois a Natureza abarca toda a ciência externa e internamente ao homem, se é que deste se possa obter avanços significativos quando exclui a si mesmo a possibilidade de poder pensar como gente grande: sem a necessidade dos brinquedos eletrônicos.
          Se a ciência relativizou os números, pensemos no conhecimento como uma fatoração de um número qualquer, nem muito pequeno e muito menos gigante, para podermos segmentar o espelhamento de uma metáfora com as entranhas do sistema… Se houver resultados com vários 2 e vários 3, ou pares e ímpares, ou inteiros primos, veremos que esse pequeno cálculo substabelece diversas relações com a mesma ciência, mesmo que esse exercício leve seja algo aleatório, em que a sequência de resultados possa valer um rebatimento com a lógica computacional do true e false, do 0 e do 1. De 2, dois zeros, ao lado o 1, true. Se relacionarmos o 1, positivo, true, à existência simples de um funcionamento de uma máquina, o gesto de um robô, por exemplo, teremos nesse true a questão interna de uma inteligência chamada artificial, mas que não é independente da inferência humana. Talvez aqueles dois zeros não sejam de vital importância para o status instantâneo do reflexo do robô, mas a princípio fatoramos um ímpar com significado. Do aleatório sabemos que quando dirigido para uma meta, um resultado, podemos ter um robô aparentemente próximo de um ser humano.
          Se pegamos uma sequência: 11111100100000110 teremos os números que nem sempre possuem algum significado, mas que igualmente podem fazer parte de um comando: 9 uns e 8 zeros, mas a sintaxe de sua alocação imprimirá, nos meandros nada democráticos em que se situa o mistério do que há por trás dos algoritmos, uma simples sequência onde o 1 é positivo e o 0, negativo. Sabemos que especular com números nada mais é do que tentarmos apreciar os grandes inventos, suas técnicas, seus processos. A se especular mais um pouco, podemos pensar como: 6 plenos, 2 vazios, 1 pleno, 5 vazios, 2 plenos e um vazio. Quantificando: nove contra oito. Se o false for mais forte no contexto, ganha do true… No caso 11001000000000000, temos o false como mais verdadeiro na sequência, uma utilização algo frequente nos veículos de programação de alcance mais efetivo frente àqueles que não possuem sequer a ideia de que existem dois fatores, e que semanticamente um será efetivamente verdadeiro e o outro efetivamente falso, este tornado incessante como uma premissa única repetida continuamente em veículos diversos, mais valendo aqueles que possuem redes mais pronunciadas, ou estruturas de apresentação de comunicação, devidamente estruturadas cientificamente com a programação em que a sua coluna de fabrico se utiliza de receitas dos serviços de inteligência internos e externos.
          A era da informação já dá de suas luzes o contraponto onde as lógicas estão perdendo para a semiologia de linguagens, a repetição faustosa de seus bonecos, a maquiagem grotesca que tende a cair como sistemas deteriorados enquanto soubermos trazer à baila onde funciona o processo da mítica em torno do obscurantismo proposto, porquanto o trem da história já revela as luzes que emergem da própria insustentabilidade de se trabalhar o false continuamente como se fosse o 1, o fato, a concretude. A favor do pensamento não excludente e sensível, sob o panorama de antigas e necessárias raízes, um povo sempre se aproxima mais da verdade quando estiver mais ciente da manipulação que sempre tenta derrotá-lo covardemente com os mecanismos escusos com os meios avançados das inteligências estrangeiras, com o já obsoleto jargão de uma ordem funesta, jurídica ou não.  

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

NA VISÃO DE UM DEMOCRATA, PASSA-SE A QUESTÃO DE ALMEJAR SEMPRE E SEMPRE UM GOVERNO QUE ATENDA AS DEMANDAS POPULARES!

O MUNDO NÃO SE TRADUZ NAS SENTENÇAS ALGO DUVIDOSAS A RESPEITO DE POSSÍVEIS LIDERANÇAS MUNDIAIS, JÁ ALTAMENTE CONTROVERSAS.

CAROS PAÍSES QUE QUEREM FAZER DE TUDO PARA ESPOLIAR O BRASIL: SAIBAM QUE SOMOS MUITO MAIS DECENTES DO QUE SUA HIPOCRISIA AO FALAREM DE DIREITOS HUMANOS DEPOIS DE DERRUBAREM NOSSAS DEMOCRACIAS.

POR VEZES, NO FUNERAL DE UM LAVRADOR, SEU CORPO VIRA O HÚMUS QUE LHE RETIRARAM DA TERRA E SEU PAGO.

MELHOR SERIA QUE A JUSTIÇA NÃO FOSSE DE CAPANGAS ARMADOS, MAS DE JUSTOS EM SUAS BONDADES.

NÃO, QUE NÃO NOS DEEM UM ÔNUS DA PROVA PARA DEIXAR DE SER O QUE NOSSA IDENTIDADE REQUER QUE SEJAMOS.

NADA SERIA MELHOR PARA UM PAÍS COMO O NOSSO QUE DEIXASSEM PREVALECER FINALMENTE NO PODER O VOTO DE SEU POVO, COMO CONDIÇÃO SUBSTANCIAL DE ALCANÇARMOS ESTABILIDADE INSTITUCIONAL NO CAOS QUE APARENTEMENTE NÃO TEM FIM.

SERIA MELHOR QUE A POESIA HOUVERA UMA MUSA, MAS A NATUREZA PODE ESTAR NO LUGAR DA DEUSA, COMO UM RECORTE DE CARINHO!

ENQUANTO O OLHAR NÃO CORRER FROUXO À BUSCA DA VERDADE DE OUTRO OLHAR, NÃO DIREMOS MAIS NADA A NÓS MESMOS, ANO APÓS ANO.

A VIDA A GANHAR POR BASE NA EXPLORAÇÃO DESENFREADA HUMANA OU DE RECURSOS MATERIAIS ESTÁ SACRIFICADA A SER UNICAMENTE ISSO E NADA MAIS DO QUE...

NA IMAGEM QUE PRODUZIMOS DE NÓS MESMOS POSSUI AQUELA O RETOQUE POSTO DE NOSSAS PRÓPRIAS ILUSÕES ENQUANTO ESTÉTICA COMPORTAMENTAL.

ENQUANTO OS JOVENS ACHAREM QUE SEUS TREINOS OS CAPACITARÃO PARA AS CONTENDAS, SUAS VIDAS AMOROSAS NÃO TERÃO MAIS TEMPO PARA SE CONSAGRAR AO AMOR.

OS QUE ACHAM QUE SE AMAM TÊM QUE REAPRENDER A PALAVRA EM QUE SE PODE FAZER O PRÓPRIO AMOR COMPARTIDO, COM TODAS AS SUAS NUANCES DO CARINHO E DA TERNURA.

A VIDA QUE SE NOS APRESENTA PODE ESTAR DENTRO DE UM RECORTE FILOSÓFICO, TÃO AMPLO QUE A AUTORIA NÃO NECESSITE AUTOR CONSAGRADO, POSTO APENAS VERDADE DE UMA PARABÓLICA MENTE.

SE TEMOS UM PAÍS, ISSO É UM FATO. SE O VENDEMOS, ISSO É UM DISPARATE. SE DEFENDEMOS O DISPARATE NO MÍNIMO SOMOS DESUMANOS, E MAIS AINDA QUANDO TEMOS CONDIÇÕES LARGAS PARA GANHAR O SUSTENTO À FORRA.

O RACISMO E A INTOLERÂNCIA COM OS GRUPOS VULNERÁVEIS FAZ CONSTRUIR MUROS DE RESSENTIMENTOS E MODAIS DE VIOLÊNCIA VERBAL QUE SÓ ENCONTRAM MODAIS SIMILARES NA PREPOTÊNCIA INDIVIDUAL ALÇADA - ENQUANTO TRAGÉDIA CONSOLIDADA - À CATEGORIA DA COLETIVIDADE.

POR VEZES A ANGÚSTIA - FRUTO DO PRECONCEITO DE QUALQUER ORDEM - NÃO VEM DA OFENSA DIRETA, MAS DO ESTRANHO MODAL DE CONSTRUÇÕES FACILITADAS PELOS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO CAPCIOSOS QUE ENSINAM AS TÁTICAS NEM SEMPRE PREVISÍVEIS DA INTOLERÂNCIA E DO RACISMO.

A ANÁLISE E O RIGOR

            Uma obra qualquer, tem em si o trabalho, e basta esse ponto. Como por exemplo, o modo como enchemos um balde, botamos o material de limpeza, secamos, passamos, esfregamos, quiçá alguém desse trabalho não precisasse, mas é realizado ipsis literis, e alguém que o descreve aponta que igualmente a outros sempre é de merecimento perante quaisquer óticas que não sejam segregacionistas. O trabalho consciente sempre é melhor, pois faz com que gostemos dele e induz a que queiramos receber melhor, que seja, para possuir um modo de vida decente que atenda a todas as nossas necessidades. Obviamente, para contextos amplos isso é algo quase de aterro, conforme a dificuldade em obter, um aterro que aplainasse melhor ao plano em que nos encerramos dentro da premissa básica que um varredor mede suas complexidades de seu trabalho vinculadas ao modo de viver, e se torna um herói por conseguir cumprir, visto no tipo de sociedade em que vivemos: segregacionista. Sejamos rigorosos à análise, posto o trabalho e suas variantes merecerem consideração. Na minha opinião, tosca, penso que – mesmo em meio ao modo social em que vivemos – qualquer dirigente tenha que gerir sua vida de modo austero. Ao menos, cumprir com as suas responsabilidades, e se tem algo a dizer, que diga e partilhe, e ensine, pois criando novas vertentes de consciência ajuda pelo menos a que se fomente a ideia clara e diamantina de que compartir conhecimento não é uma semente transgênica, pois de origem, raiz e fundamento humano. Essa escala é valiosa, enquanto termos tempo e experiência que dê a se concluir algo de monta, alicerçar novas letras que corroborem, novos desenhos que meçam, novas charges que revelem... Isso depende obviamente de clareza, sinceridade e desenvoltura apaixonadamente intelectual. Que olhemos para cada sílaba, que nos abramos para tudo que acrescente, esse é um manual que nem sempre carregamos, nem há especificamente este, mas que tudo o que ensine seja a vereda: de um trabalhador que ensine a outro de seu mesmo nível de trabalho, sem temer que este lhe atalhe a carreira, de um gerente que aprenda com o homem do correio, de um presidente ou diretor que aprenda de seu secretário, de um caminhante que aprenda de seus direitos em descansar à sombra de uma árvore sem incidir em comportamento vulnerável, pois que seja, temos que pausar, compadres. Esse é o rigor em que nos situemos, uma palavra estendida a todos, que verta, que brote, pois as letras tem o diapasão de uma grande fonte cristalina ao som das águas nas rochas, quando há algum cipó que corte as quedas...
            Voltemos, pois, às entrelinhas do conhecimento. Quem vos escreve, a dizer de um exemplo sincero, não sai mais à cata de saias pela rua, pois as veredas dos pássaros a mais me encantam, e isso é apenas uma das grandes liberdades que o sistema me concedeu, dentro do funcionamento deste, ao longo da última década, a que se considerem os artistas, pois o farfalho sereno de uma gaivota é das coisas mais lindas que jamais ousei imaginar, e as tenho no olhar, sem pagar, como o som que me vem das ondas em que podemos prestar atenção, pois é som da Natureza, e não separemos o que se poluiu do que não, pois a sujeira cometida pelo homem vai em direção daquele que o faz. Não separemos, pois, pois no Absoluto tudo é um só! Enquanto uma semi baía está sendo contaminada no Índico, um atol no Pacífico é engolido pela onda gigantesca, voltam a matar peixes gigantes, e em uma praia muito poluída – concomitantemente – no sul de um país gigantesco chamado Brasil, o mar a recompõe e guarnece de esperança seus habitantes e peixes. Resta na verdade um parágrafo que fosse mais lógico talvez, quiçá um insight mais vigoroso, mas o fluir já era ciência de Dylan, ele o sabia nas folhas e foi gigante enquanto músico, em que são as músicas, em que um homem encontra no progressivo de Jethro Tull a flauta que traduz muito e muito mesmo da dita Natureza, tão recorrente e verdadeira nos caminhos de qualquer poeta.
            Em que ditemos que o trabalho pode se tornar esse fluxo, esse encontro, a saber, que com tantas as dificuldades, sabermos atuantes como seres mais humanos e conscientes veremos tudo com mais simplicidade, mas devemos ter uma iniciativa rigorosa e bem analítica para que saibamos que quase duas décadas nos deram as oportunidades mais assistidas em relação a todos, e continuando na questão da educação, realmente uma nação passa a ser não existente se não for uma pátria, uma pátria que busque educar suas massas, para que muitos outros vejam com a dimensão mais igualitária a Verdade em sermos todos iguais...

PEDRO E EMANUELLE

            O dia estava mais do que pálido, com suas tonalidades sombrias, cinzas, a palidez da indiferença, do que parecia ser como outros, mas sim de outras garoas, a chuva fina que deixava um tênue lençol de cetim molhado sobre o asfalto, as gaivotas na praia mais tranquilas e um nada de quase tudo acontecendo no silêncio dos poucos carros, nas pedras do mar em suas posições, nas pequenas e grandes lutas de um povo que encimava suas intenções, um período de votos, de eleições, bem entendido, com as suas faixas, seus cartazes, sua solidão numericamente quase invisível. Um escritor inquieto buscava sua paz nas histórias que recriava de fragmentos, de partes dilaceradas de sua alma, da tristeza infinita que corria em suas veias. Seguia-se o rio das intrigas, não só a ele, mas ao de querer-se, aos negros, aos brancos simpatizantes de causas populares, de saberem em olhares que a solidão não era tão presente como se achava.
Época de mudanças de paradigmas, de revisão de conceitos, de um paralelismo de vidas que não se encontravam em suas veredas, do caminhar-se duro de um homem, da ternura brotada em uma mulher do povo. E Pedro escrevia. Sabia do encontro com sua companheira Emanuelle... Seu parecer, suas duas únicas existências, que o sabia mais ainda em torno das letras.
 Naqueles dias não soubera como trabalhar de outro modo que não fora na escrita. Esperava a mulher com o cansaço de uma noite mal dormida, passando a escrever também de madrugada, em virtude de panoramas meio trágicos em sua vida que passava a crer que esta não mais a pertencia, de tal monta como um escravo em um capitalismo antigo ou contemporâneo em que realmente a vida não pertence ao vivente. Propriedades. Quando reclamavam a ele do sistema, apenas achava fácil afirmarem que tudo estaria errado, e quando lhe falavam de tipos de revolução, por vezes achava que jogavam leite aos porcos. O único caminho para ele era o socialismo, visto ser no socialismo concreto que via germinarem suas letras, pois não era do tipo de escritor que fizesse auto ajudas, ou best-sellers; escrevia por necessidade intrínseca da arte e só assim vivia de sua existência o pivô de suas ideias. Pedro falava em demasia, e Emanuelle sempre o levantava a escrever, dizendo: “meu caro, se lhe faz bem em escrever faça-o, pois o que fará será acrescentar... Não em questão de ser mais um, mas pode ser milhares, ou centenas, ou que leiam dez, talvez sejam suficientes para tanto. Escreva: mestiere...” E não havia como não fazê-lo, pois se sentia como em casa, efetivamente estava em casa, precisando de uma bancada, uma caneta, papel, máquina de escrever ou um tosco processador de texto, recursos ínfimos em que a imaginação não era tão presente como suas histórias pontuadas por um realismo metafísico.
            Já era uma da tarde quando Emanuelle entrou com a sua chave. O apartamento ficava perto do mar, de frente, e as janelas do escritório davam para um muro com grades e tonéis de lixo laranja que Pedro disfarçava tapando com a cortina, mas deixando um respiro para fumar a quem quisesse, pois o seu espaço era organizado, um pouco, assim. Ele e Emanuelle resolveram dormir em quartos separados, porque Pedro de uns tempos até então levantava de madrugada para trabalhar, e ela tinha um sono muito leve. Ele se acostumara com as idas e vindas dela, e passara a sentir com naturalidade íntima e sincera a sua presença, igualmente para ela, como dois bons companheiros. No entanto, um véu pairava sobre os dois. Porém, de um barco duro que eram, ele o casco de ferro e ela as velas enfunadas, porém porque não se dizer que em vez de ferro ambos eram de fibra, de vida. Esse barco não era construído para naufragar. Pequenas tristezas adormeciam no colo das relações e não seria esta a única entre os pares: histórias de desfechos, de quedas por vezes inevitáveis, mas Pedro era uma pedra, além dos cascos, talvez a mesma que os rompe qual montanha de prata dentro do oceano. Não fazia por esperar, pois aqueles tempos não urgiam muito e cartazes eram apontados para o nada, e o nada segurava bandeiras, com seus números, seus candidatos numéricos... A metafísica anacrônica daqueles dias. E ele escrevia nos tonéis do tempo um vinho a ser degustado na mesma safra, que outros tonéis esperavam o crescer do sabor, o fermento leve da uva, de uma uva verde, de outras azuis no sentimento, da parreira de flores na primavera, as parreiras dos olhos de uma mulher quando sabe que fez efetivamente amor, e não um relax plastificado sobre um trem hedonista dentro de um túnel frio e sem pétalas... Por falar em todo o amor que houvesse, dos frutos do amor, da bênção em se amar em sincero, o inverso meio que acontecia no olhar dela:
            - Meu querido, não estou hoje para muita conversa...
            - O que se passa? – Perguntei, titubeante, pois justamente pensava em amor, não em pedras...
            - Acontece que não passou nada no dia. Absolutamente nada, e o tudo continuou me perseguindo de ante véspera, na conversa que tivemos outro dia, em outros termos, eu acho que você abusou naquele artigo, houve ameaça velada...
            - Que merda!?
            - Um cara me falou uma bobagem, e eu tive receio de lhe defender, pois não li tudo o que você escreveu, apenas me disse algumas entrelinhas.
            - Já lhe disse que essa gente só se trata com vermífugo! Não dê ouvidos, pois sabem que se a tocarem verão o fogo eterno. Escrevi o texto “Parafernália”, que versa sobre o mundo, você veja, não o mundo que todos creem satisfeito, bioquimicamente satisfeito, mas o mundo da bioquímica que não satisfaz quando há excessos, me entende? É um texto para a medicina moderna que é maravilhosa em seus aspectos mais essenciais, mas que extrapola quando se trata de biologia beligerante, me entenda bem...
            - Não me pegues nesses assuntos de guerra. Sei que não podemos fugir da realidade, mas prefiro pensar na natureza, que seja, humana, sei lá...
            - Não te preocupes, querida, mas é que não escrevo apenas para gentlemen... Teço por vezes cordões inumeráveis, quando sei o início e o fim deles. É um grande debate. Sei que pode parecer uma utopia, mas creio que uma sociedade se faz com isso, com o debate, não apenas com os formados, mas com a sabedoria popular mesclada, se me entendes, acabar com esse despropósito de ficarmos nos debatendo entre interesses dos ricos, interesses dos pobres, essa luta desigual, sabermos que temos que ser igualitários, ao menos na ideia de um debate solidário entre as gentes...
            - Você, com sua incursão como professor, ainda acredita nessa grande escola, não toma jeito, é um sonhador sem medidas, desculpe mas a vida pede passagem na luta de classes.
            Emanuelle estava furiosa, vi em seus olhos um cristal sólido de inquietude, que não me conformava a tudo, mas a opinião dela era fundamentada: cabalmente, dentro de uma lógica que mostrava uma riqueza devorando tudo, qual dragão, expelindo fogo. Mas a escola não era para ela nem para mim, seria para um conceito de justiça mais amplo, um debate sobre a religião do homem, suas vertentes, sua necessária tolerância. Urgia essa escola, de um mundo em que a guerra como nomenclatura inversa do tolerar fosse mencionada como insanidade, finalmente, no mundo em que o oxigênio começa a faltar, onde a água não se encontra mais tão tratada, onde o chão onde pisamos vira uma fábrica de carne, e os grãos enfrentam dificuldades em surgir de onde surgiam no passado, onde a horta caseira é feita em pneus a uma gente que merece mais terra do que isso, a escola onde brota uma tomada de consciência maravilhosa naquelas populações que sabem que não possuem a ainda fazem brotar o consentimento em prosseguir com a luz em seus peitos, que transcende governos, que vai desde um surfista democrata que salva uma tartaruga, vai de um barco que combate a pesca predatória, vai de uma organização política que deixa estufar a veia da ética em sua estrutura, vai, enfim, da preferência dos homens e mulheres, contudo que isso não torne muito exaustiva a bondade estrita e cabalmente necessária no justo que pretendemos em uma sociedade mais digna. Por isso havia falado de um aspecto de sujidade, o aspecto das armas biológicas. Sabia Emanuelle que dela eu poderia abrir mão se assim ela desejasse mas que, em virtude de circunstâncias maiores, ela criava em seu peito um afeto que eu mesmo não sei se possuía nem se possuo hoje. Mas era a escola sim. Isso crescia, era a minha experiência, sabia não faltar e tinha a certeza de que meus escritos já haviam atravessado fronteiras e ainda por cima estamos a um passo de uma grande revolução tecnológica, quando pensarmos que o que já temos seja usado com mais igualdade, pois não bastaram os teares e a máquina a vapor do século XIX para a apropriação do conhecimento humano, pois a exploração ficou mais latente sobre outros aspectos, mas hoje não há mais como utilizar a apropriação da exploração sem que saibamos que os erros cometidos não e nem jamais vão servir para que não se saiba onde está o trigo, e onde os joios se espalham... Tentava olhar para a minha mulher para que soubesse de algo a mais... Funcionava. Bastava nos olharmos, não importasse quanto tempo teríamos, nem os obstáculos, nem se éramos ativistas ou não. Nos queríamos, e isso bastava. Peguei na mesa uma garrafa de conhaque, servi para mim um trago... Ela consentiu, pois eu já dera mostras em que não abusava mais disso.
            - Meu querido, eu lhe amo, pois se um homem e uma mulher acreditam que podem ajudar a mudar o mundo, este mundo tão cruento, isso pode ser verdade, pois somos do tamanho de nossos sonhos quando sabemos torna-los concretos com os nossos trabalhos, não importando os óbices, não importando as dificuldades, pois saiba que nossas palavras são como um néctar precioso porque brotam de nosso suor, não esqueça jamais, querido, brotam de nossas lutas, saiba sempre disso, homem!
            - Fico sabendo sempre através de nosso amor, sem tropeços, querida... Dê-me mais um gole que fico contente.
            - Não! Basta! Coloque seu pijama e durma quieto em seu sono, pois preciso de você forte para amanhã, não se esqueça disso também... Eu durmo no seu quarto hoje, se você prometer não me importunar, com esse hálito de moleque. Durma, velho, que nos damos, como sempre...
            Aquiesci. Nada era complicado, justo, havia de se descomplicar, de se simplificar. Fui dormir, não sem antes deixar acesas as luzes para as madrugadas dos sonhadores mais algumas linhas de reflexão...

A LIBERTAÇÃO

Voa que te deram asas, meu grande, que serás mais que todas as altitudes.
Vai para a luz do Sol, posto não seres Ícaro, mas mais um poeta
Que sempre reconheceremos por um olhar, por uma chama indivisível,
Óh mundo que não retraia nem mesmo nossa ausência do sorriso
Em que por séculos não sorrimos no sorriso vão, pois o que temos
A prosseguir na vida é que esta vem de outra, ou da mesma.

A vida vem de um pontilhão de carvalho por sobre uma corredeira
Em que jamais esqueceremos que os séculos não são tão suficientes
Para acalmar a corredeira das pedras em seu silêncio de resistências.

Grande á a água que corre por sob as pontes, sejam do caminhar
Ou mesmo dos notívagos caminhões bi trens que sedimentam
Do norte ao sul o alimento que pertence na sua frente aos povos
Às gentes, às aldeias, mesmo atravessando as fronteiras,
Pois é de classe a internacionalização do alimento.

A um credencial noturno, que sejamos por nossas vidas
Enquanto seres de carne e espírito, mas que de matéria nos ensinem
Os doutores de outras disciplinas que não sejam apenas aquelas
Que nos aquietam a razão, mas fazem borbulhar de felicidade as pedras
Mesmas das cachoeiras que prosseguem na lida da existência,
Onde carpas de ouro roçam o seu fremir de borboletas da noite.

Vertam-se as palavras, que não é de brinquedo uma letra encaixada
No grande paradoxo de um quebra-cabeças manual de madeira
Onde talvez se encontre uma letra, ou apenas
A geometria própria dos encaixes...

CAMINHO DAS SERPENTES

Doido varrido é o caminho que não serpenteia e vai em linha reta...

Caminho de esquinas factuais, caminhos que nos envenenam com seres
Que mais saber do não saber-se tanto, que no mais o tanto é de ser
Pregando um prego a mais de uma obra, que se sabe mais um tanto.

Saber-se do caminho que não encontramos com ninguém a mais que seja,
Ou que sejamos mais um verbo na verborragia trágica das verdades...

Será o destino do caminhar-se a paráfrase oculta do que interpreta,
Quando sabemos que comerciam informações como quem se dá ao luxo
De privar pessoalmente com certos hedonismos tardios, a se prosseguir
Tateando em busca do que se quer como companheirismos de escalas.

Saber do caminho é como ocultar o fato remotamente ocluso em destinos
A que se prosseguir se possa, que as palavras voam no vento e falam
Muito a que se nos digam que o homem e a mulher nem signifiquem
Um pouco a mais do que um banco de sêmen, a se predizer que a genética
Saberá mais um pouco de um veneno consentido pela serpente que deixa
O ósculo de seus dentes firmados na canção que se propõe e é libertária!

Dessa proposição conota o tempo em suas veredas de marfim de plástico,
De um dente perdido no viés de um cigarro, de um bom charuto que fumam
Outros que filmaram antes do que ocorre nas plataformas do descaso,
A que se vê que tantos deixaram suas memórias, que outros as apagam
Com a facilidade de torniquetes do regresso, a que se venha possa
Dizermos com toda a exatidão de nossas lufadas de ventos dos alísios,
Que nossos barcos perdurem em nossas odisseias pelo mundo, a saber,
Nem sempre o que remetam de verdade, na verdade não passa da ignota
Face cruenta de verem desabar as suas tentativas cruas e desnudas
De uma veste intensa de recursos covardes na remota possibilidade
De um dia tomarem o poder de um modo vago, inconsequente: criminoso.

SIGNOS DE UMA LINGUAGEM

            Uma mera tatuagem imprime no corpo um signo, uma alocução própria, quiçá a tentativa de um significado, talvez um sinal, quiçá a própria potência em se achar com isso... Pinta-se o corpo, graças a Deus, que alteremos nossas linguagens mesclando o narrável com a falsa narrativa, assim, de sabermos se nos alcançam quando não estamos em palestras onde nunca nos colocarão. Que não nos imponham a linguagem dos fantoches, ou que a aceitemos como teste e jargão concludente do teatro de bonecos. Os antigos, o patrimônio, as nossas saídas permanentes, o jogo eterno do conhecer através da leitura. Abramos espaços em nossas dimensões existenciais, para que o mesmo foco em estarmos silenciosamente afeitos a qualquer apreensão da ficção ou da realidade possa irradiar como um gesto fremente de uma docência, de um ensinamento, onde quaisquer debates pautem para verdadeiras razões, e igualmente o conjunto irracional que pertence ao real. Perdoem as leves derivações, mas o neoliberalismo é assaz simples, tanto como quando uma gaivota perde seu peixe para o bando, e o peixe cai na água, e o bando se distancia para outras rochas. Não há maior temor nesse pássaro, pois os outros não lhes tiram o alimento do estômago, caso ele conseguisse concluir o resultado da caça – da pesca. Essa narrativa se acresce do visor em que nossos olhos se tornam: um visor singular, fixo, vítreo, já que quando estamos no display quadrado de imposição comunicacional, muitas coisas acontecem em um operário e seus movimentos de trabalhador. Como na água um homem com movimentos písceos se torna fundido com a superfície de olhares talvez curiosos, talvez – em uma esperança humana – mais profundos. Há que se ganhar no lúdico a superfície da linguagem ao menos, no começo de algo além de um verbo, por dentro de um olhar, por fora das semânticas previsíveis. Atentem que em períodos de revolução tecnológica os acertos começam sempre perdendo para os desacertos, estes consolidados como injustiça social, quebras em instituições onde as gerações de poder por vezes são ignorantes ao novo e mantém tradições revisitadas nos seus aspectos sinistros, e por fim a tentativa de sistemas totalitários como escape de controle ao que pese ser o “ideal” de um mundo melhor.
            Havemos de saber que não dispensemos todos os discursos, posto se dissecarmos a linguagem receberemos o aval do positivo e negativo, a contradição positiva e a coerência negativa, e o que temos a fazer é não separar jamais, mas apontar o justo dentro do injusto e o injusto dentro do justo, nas energias contrárias que se alternam, e que repensemos o Tao. Talvez a dialética seja algo aproximado, mas na história que se tende a apontar o final, vemos programações de linguagens onde a ilusão torna o começo do mesmo fim o equívoco na cabeça da maioria. Façamos nos caminhos as forças contrárias serem as forças de frente, e aquelas dúbias os alicerces dos flancos, abrindo para retaguardas em significados de linguagem mais próprios, por vezes duros, mas sempre ternos, onde deixamos os provisionamentos intocáveis, um país que alimente muito internamente, e a valoração de todos os grupamentos produtivos que ainda pensem, ou em estudar fora e trazer para cá o conhecimento, ou conhecer aqui e ir para fora trazer riquezas para o Brasil e nossas comunidades latino-americanas. Em um trânsito a que se permita vigorar a pátria, sistematizar boas instituições e primar por reformas que não sejam do interesse de lubrificar apenas as peças algo arcaicas do sistema, mas a troca de óleo que permita o avanço social e a consolidação de melhores distribuições de renda, e orçamentos com prisma nos setores de educação, saúde e segurança. Viveremos um pouco mais consortes não do ocaso da derrocada da civilização ocidental como um todo, capitaneada pelo declínio político e humano dos EUA que puxa todo o carrilhão europeu com suas dívidas e acertos antigos. Mas, em oposto, pela aurora de um despertar necessário em todo o mundo, onde cada qual possua a sua ciência e as suas verdades, sempre de modo dialético... Justo, onde a metáfora não deva ser excludente e simples, pois nas linguagens mais eruditas, no fremir de um passatempo intelectual está um prazer intenso! Sabe-se que uma vida mais inteligente e progressista no mundo puxa o carrilhão para um sentido de aproveitamento mais coerente e coeso com as expectativas e esperanças de todo um povo. Este necessita mais de prática em conseguir reivindicar as coisas necessárias à vida nas suas comunidades, e nestas o espelho para outras mais agigantadas... Serenamente, pois nada muda nos furores do caos.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

OS FARÓIS DO SABER

            Quem dera tivéssemos luzes maiores, ah, as luzes! Pois sim se a intenção de um pensamento elucidasse quem sabe a mesma ciência que nos resguarda para que possamos ser partícipes de suas emissões... Sim, na sua cooperação, ser um cooperado, adiar um plano, retificar um motor, pensar nas penas de muitos inocentes, não prosseguir sempre na máquina que pensamos que somos, e não termos as certezas equivocadas de pensarmos que estamos com os controles nas mãos, justo que o controle por vezes falta até nas autoridades. Não que adormeçam tanto o que signifique a entrelinha, mas que faróis mais intensos iluminem as enseadas, os portos, as consciências de onde nos chegam caixas e mais caixas de um saber que por vezes não sabemos. Seria mais justo pensarmos talvez que a sociedade esteja construída sobre túneis de latas, os túneis que guardam latas, e catadores com as devidas permissões. Quem sabe a miséria não nos alcance, quem sabe os poderes brinquem com seus artifícios, quem sabe manipulemos a nós mesmos transformados em nossos próprios teatros, ocultando, mentindo, minorando gravidades, correndo como lobos em busca de poder, perseguindo posições empregatícias, no mais, em trabalho, no mais, em esforço, em sacrifício e em luta. Pois que a luta continua sempre e sempre não será da forma que nossos ideais cheguem a algum lugar, pois certas lacunas são preenchidas com os critérios escusos dos acertos, das comendas, das demandas algo alteradas pelo bom senso em não ser. Esse estar sendo algo, que seria, no mais, do que uma visão de equívoco em que nos desunimos, separando, deixando e forçando a cristalização de modos operativos que não exercem efetivamente justiça em poder sob os rótulos que consignam ambas as reações, quando se fala em posições, mesmo porque não há qualquer purismo em uma relação de poder, ah, um idealismo consolidado, que não haja o mesmo acerto de antanho em uma nova e arcaica plataforma.
            Separemos o conhecimento, o labor, o ganho por justiça social, a independência tecnológica, os modais de segurança igualmente independentes, as classes que emergem, aquelas que devem ser sustentadas por dignidade de seus Governos em ceder a socialização de seus ganhos, uma indústria forte, a preservação da Natureza como condição principal de nossas metas nacionais, e reiterar que frutifique o conhecimento, o saber, dentro das possibilidades onde quiçá possamos aumentar a potência de nossa luzes e irradiar, de fora para dentro, de dentro para fora, em nosso imo, na tolerância e na bondade, a permitir que o país siga seu curso com a relação inequívoca das escolhas democráticas do povo brasileiro. Que ganhe a vontade da maioria, pois esta já teve tempo de pensar melhor sobre o futuro de nossa nação.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

A LITERATURA COMO PANO DE FUNDO

          Eis, na crua acepção, que a história possa ser contada a partir da literatura, esta que sustém o bom roteiro de cinema, quiçá um segredo em que as ferramentas da criação da ficção ou narrativas mais realistas em estilo possam ser de uma vanguarda mais democratizada… Igualmente, há o lado mais conservador, que paradoxalmente ostenta o que pensam ser a vanguarda, quando apenas se dá seu encontro excludente das visões da tecnologia como único modal, a busca em auferir lucro, mesmo com a "in"consciência de que viver com arte não pertence mais ao nosso mundo, reiterando margens de sustentação de romantismos em sua aparência tornados quase impraticáveis e derivando à alienação sem precedentes, comparando-se os anos deste novo século com séculos anteriores. Tudo passa a ser meio que aparentemente produtivo, em um excesso onde talvez uma página literária ou mediana de um pensamento arejado que alcance essas almas lhes permita situar-se, assim, aos poucos, de preferência, com uma realidade dura enquanto se lhes conceda compreender o funcionamento das engrenagens que pensaram o sistema tal qual é. Passamos a ver frações de verdades, na criação mítica dos avatares que mais nos serão futuros robôs humanos, se nos permitirmos ao avanço desse modo de estruturarmos nossas vidas.
            Não devemos tentar estabelecer o que seja a cultura, tentar elucidar pontos da civilização similares a filmes ou games onde passamos a treinar o nosso entreter ou em jogos de amor afora da delicadeza ao menos do carinho, não ao ente amado – propriamente – mas a todos os que porventura carecem das luzes do afeto e da compreensão, mesmo vivendo coisas díspares, ou por situação de conveniência, ou mesmo por determinação de se ignorar o que seja uma vida distinta. Falarmos de mudanças substanciais, dista mais em seus importantes alcances quando tratamos de refletir o mesmo carinho entre nossos próximos, sem necessariamente herdarmos – frente às ondas criminais que acometem o mundo – a ficção não necessária de que somos certos agentes ou factótuns comportamentais em viver a hierarquia de certa luta que não é certa, enquanto estamos desprezando a arte e a filosofia como modo de realmente compreendermos o nosso entorno. Mais do que isso, a contemplação não como uso de um tempo cronometrado, o não igualmente a que nossos filhos tenham tempo contado para brincar, afora das atividades que impomos a eles como composição indelével de um futuro competitivo ao extremo, onde se nega possíveis fraquezas… Não, seria muito querermos uma sociedade assim, tão distinta, mas se virmos o sentido de mudanças ao entorno mais próximo estaremos – se for a questão – permitindo a outros ver que os órgão gigantescos de comunicação, entre eles a TV, o computador e as redes sociais podem ser bem utilizados nesse processo, haja vista que só compreenderemos os seus devidos teores em essência se nos aproximamos da literatura, em um exemplo claro e magnificamente prático de sabermos “ler” a comunicação, de sabermos “apreender” a arte.

sábado, 13 de janeiro de 2018

FINS DE SEMANA

Quem dera da programação antediluviana que reitera, consolida
Um fato que seja, a televisão anunciando mais um fim de semana...

Tarefa que seja, árduo fardo, não que seja mais, pois está que
A reprogramação não tarde em tornar o árido, consorte do húmus!

Tantos dizem e meio que algo parece dar certo, ao menos o óleo
Na máquina que azeita certeza ao dizer, mas não vê no seu olho ótico...

Certamente a balela da afirmação de uma segunda sobreposta
Ao domingo, não verte a assertiva máxima de que o tempo é relativo.

Nesse teor da relatividade convém pulsarmos mais não em esperança
Mas da certeza que a nossa razão é superior quando defendemos verdades.

Não que fosse consentir falsos chistes, mas afirmar que vem tempestade
Em todo o final de semana, saibamos que esta não tem começo e fim:

Apenas o espectral de quem luta por melhores dias em trabalhos e afins
Sabe que por vezes algo começa no domingo e que outro termina na quinta.

Se a manipulação é utilizada para afirmar esses trocadilhos verbais de senão
Verte-se um manto de hipocrisia para reiterar nas desavenças a nossa Era!

E Krsna mais uma vez vence para elucidar de dentro de sua onisciência
A instrumentalização da vida em devoção que deveriam considerar a vida.

Senão, estaremos defendendo o negacear das palavras ante fatos concretos
No que se é dito da religião como religare no latim correto, consolidado.

Que saibam da importância de nos religarmos a algo, e que o café seja mais
A mais de ser bebida maravilhosa que ponteia a lucidez com a obra e trabalho.

Fica a homenagem à Gorki, que em suas quinze primaveras escreveu por si
A literatura gigantesca por qual esperou a humanidade independente da história.

A citar que na sequência dos anos, Liszt se apresentava no circo com o piano
Em suas cinco primaveras, pelas quais somaremos vinte delas para elucidar.

Que, em uma semana de sete dias, principiando no sem começo e no sem fim,
Temos, nos vinte, duas delas e mais seis dias, como aviso do cigarro que nos falte!

E assim seguimos, e nossas vidas se completem, na simples assertiva que o math
É mais completo na lógica onde se supõe que não erramos em contas mais óbvias.

Mas que a arte prossiga, posto sem referenciarmos com ela a mesma história
Estaremos nos não permitindo o sequer sermos algo com pretensões vitais.

E se essa for uma palavra claudicante no mesmo verbo em que nos anunciamos
Não nos anunciemos jamais na jornada das vertentes dos dias que se tornam vis.

E Ezra, que nos ditasse algo a ver que a própria pronúncia de uma forte poesia
Nos faria maiores do que toda a arte quando nos percebêssemos que toda é vaga.

E que o total da arte seja o gesto sereno de um indígena que nos some muito
Quanto de nos apercebermos que não somos raça, e o sábio é nosso irmão animal.

Portanto, que a humanidade continue a criar seus famélicos do lucro, do passeur
E do fair inconsútil, pois o destino de um homem com transtornos não será o vosso!

E se pronunciarmos a palavra saúde como retemperamos certos azinhavres,
Nas teias do que chamam de um simples cavalo está a ciência do conhecimento vivo.

Por fim, creiamos que não ganhem os fantoches todo o tempo, pois se no princípio
Ganharam os fantoches, depois alguns saíram de cena, e no fim ganha a verdade.

Nos perdoem o cansativo Brecht, já que a repetição algo torpe de algumas palavras
Torna duvidosa ao menos a realidade que não se consolida pela visão de um pensar.

A se criarem linhas, tenham em mente que todas estão conexas com si mesmas
E enquanto não esquadrinharmos nossos erros estas nos faltarão na acepção filosófica.

Os ismos igualmente corrompem o sistema viário de nossas cansadas sinapses,
Quando começarmos a perceber que o fim de semana pode ser apenas motivo da arte.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

MAIS UM POUCO DA ARTE...

Em lugares pétreos, de sólidas luas, quiçá sobreviva melhor
Uma arte sem falsetes, um verbo que amostre sinais de vida
Consequente esta, que comunguemos a antessala do que sabemos
A mais do que se possa dizer amor, que a anestesia nos conforte.

Ok, dizia a questão nebulosa, de firme cerne, em que conteúdos
Sem displicência nos mostrariam algo mais firme em continentes
Nos quais paramos a entortar os ramos das árvores nas lacunas
De caminhos que redescobrimos nas esquinas concretas das ruas!

A se verter a poesia, mandaria um dia outra questão própria
Que retempera o bronze da aldrava a se bater um peão ilusório
Nas calçadas dos pressentimentos, no que olhamos mais e melhor
Do que nos tempos em que apenas nos olhamos ou no que estamos.

Vértice de palavras que se conectem em conexões complexas ainda
Quanto de fornecermos a um usual contentamento o ignorar de muito
Quando nos ressentimos de não estarmos preparados em tecnologia
E deixamos correr frouxa a ciência pelo tempo em não termos estudo.

Não há como estar no silêncio de uma embarcação feita de rochas
Sabendo que esta flutua no mar incandescente de uma ilusão
Porquanto termos que saber exatamente o prumo da direção composta
Em navegar-se acima das contradições que por vezes silenciam o leme.

Nada de estarmos sós se aproxima da cunha em que nos perpetuamos
Em uma luta insana que avizinha a desdita nos padrões que anunciamos
Em sete ventos por onde reside uma residência capitular de obras
Se nas mesmas obras que vemos está situado o consentimento em prosseguir...

Neste sólido preparo vestem as túnicas do conhecimento nada fugaz
Posto não sabermos ao certo se encaixarão o côncavo ao convexo em mão
Que prossiga no trabalho em cuidar para que não erremos muito em saber
Naquilo que se possa dizer que todos os nossos sentidos ainda são limitados.

Na plêiade de estrelas quiçá encontrássemos uma apenas que desse de farol
Em que regulássemos os mesmos sentidos sem uma veia que fossemos
Na distância que não nos dela aparte, posto de outras seremos mais presentes
Quando pressentimos que toda uma constelação é que fará a cabal diferença!

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A NECESSIDADE DA ARTE

Qualquer gesto que utilizamos nas fronteiras do que a realidade
Aponta para que sejamos quem não sabemos, na corrida de um ego
Que nos descarte através da fruição mesma de uma vivência cotidiana
Parte àqueles que denotam hierarquias sendo de civilidades móveis
Quando ausentam da mobilidade a prerrogativa de ao menos ser do carinho.

Melhores anos serão se nos pautarmos por guias que nos sejam mais
Do visível em sabermos que nem tudo é um segredo a sete chaves
Quando cremos em uma vida em um serviço que seja mais autêntico
Nas palavras de Krsna que nos abracem nos caudais do contentamento!

E que a expressão fique longe de contextos quase necessários, posto
Um algoritmo os use como modo de estabelecer limites de sintaxes
No verbo que passa a ser algo maior do que estabelecer padrões...

Rege a arte a única saída, o acesso de alguma inocência, a raiz, o cerne
De tudo o que já vimos por história, e que a ignorância radicular
Ao inverso substabelece ser aquela a via mais vulnerável de possível ganho.

Quem dera a poesia fosse nerudiana ao excesso de ser, ou mesmo o ignoto
Daqueles que ignoram Shakespeare, ou a sombra de João Cabral de Melo Neto,
Ou mesmo nos vértices que nos unam nas conexões de Alighieri...

Sabermos que existe uma letra qualquer, um prelúdio de uma cultura
Na semântica algo simples que abre e fecha a porta de um caminho que brilha
No dizer-se das possibilidades ao que o nanquim também se encontre veia.

Sabermos que Rembrandt foi um grande da história, que Brancusi era rápido
Em demonstrar na forma algo que a escultura ainda consentiria em vermos mais
Do que apenas o brilho irrequieto do play de uma tela escura enquanto luz real.

Abre-se e fecha-se o caminho da pesquisa, pois que a palavra caminha ao vento
E a Itália que renasce mostra ao mundo que o homem foi uma peça chave
Porquanto no Brasil estamos à volta com o giro inquieto e contemplativo
Do Naturocentrismo como a veia em que o indígena já cita ao que veio!

A juta e o cipó, da Amazônia ao São Francisco dos rincões, o pampa e o sertão
Que nos digam com que matéria se faz um documento náufrago, em que copo
Beberemos quando nosso açaí for importado de lugares tão distantes
Que o solitário caminhante possa um dia andar sem tremer as pernas de culpas.

Não, quiçá disséssemos mais da Arte, essa eterna musa que capitaneia o barco
No seu serviço a si mesmo, pontuada com a filosofia que a abraça no palpitar
De um sonho que a mais linda nereida ainda viesse a falar de outros do Egeu!

Assim que viessem todos os personagens, por que será que só aceitamos o fel
Quando de açúcar cande trilharemos os caminhos da chegada ao paraíso
Todos aqueles que leem a seu bel prazer, e caminham pela musa citada
Na ópera de um vintém ganho quando percebemos que quem ganha é o mel...

Sabíamos do processo, quiçá, de uma mecânica algo insalubre quando vimos
Por entre as gentes anunciar as maravilhosas conquistas algo científicas
E suamos quentes de uma febre a multidão de vertentes infinitas e inauditas.

É certo que o Canto estará sempre a anunciar o ramo da árvore de Noé
Quando antes de dizermos terra, esta se nos apresente um dia personificada
E nos puxe as orelhas citando apenas a pergunta: quem eram os filhos de Caim?

Algo de insalubre passa por vezes em nossos queixos, algo de fera, de veloz
Que fosse um carro ou uma moto, contínuos e derradeiros, mas é informação
No que transformam em petróleo e desfazem dúvidas distantes das artes
Na literatura crua de uma geopolítica em que dormem os travessos e acordam
Aqueles sons que mais uma vez poderiam particularizar os milagres das poesias.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

NOSSAS RELAÇÕES COM A NATUREZA

          É cedo por vezes, por tantas vezes também quiçá pode ser um tempo em que procrastinamos a nós mesmos em relação a uma simples tarefa ou um esforço que suprimimos de nossas partes para que não encontremos a solução em curto prazo, pois a Natureza urge por mudanças em um mundo como este que habitamos. Talvez não tenhamos ideia de como os padrões que temos utilizado para a solução que pensamos ser melhor para muitas questões de ordem civilizatória não sejam justamente a falta que nos dá pensarmos melhor sobre conceitos variados de ação antes de ficarmos esperando o grande e final juízo. Se tivermos ações consequentes em relação a um progresso na questão ambiental, em processos diretos e criativos, estaremos migrando críticas de teor dogmático para uma maneira mais holística no que temos por adiante, um mundo como ser vivo, igualmente aos indivíduos ou ao ser coletivizado. Justo que enquanto não pensarmos na questão preservacionista de modo coletivizado, não poderemos de forma alguma integrar modalidades de ação, no cunho horizontal de prática, como no genuíno modo vertical quando de autênticas e limpas lideranças. Esse modo citado deve dar lugar a que se transite nas esferas do poder com um padrão de alternância ou imediata ou a médio e longo prazos, onde a experiência mescle com a criatividade novas oportunidades de conduta e práxis. Esse modal de atuação torna possível valorar os trabalhos de coleta, o empregos das gentes que possam obrar bom saneamento em áreas de risco, construir com base em demandas sustentáveis as habitações populares, e girar uma roda consonante através da educação continuada e de qualidade, onde todos esses processos culminam em governos que preservarão céus, terras e águas. Não há qualquer possibilidade que salve o planeta dentro do que se situa na consciência coletiva e da prática individual, espelhada no bem comum, este extensivo aos seres que habitam o mundo com nossa espécie, passando a ser condição sine qua non a distribuição mais justa das riquezas no sentido de fomentar o viés exploratório daquilo que vimos não funcionar no modo como temos nos relacionado com a Natureza, em caminhos onde continuamente nos apropriamos de suas riquezas, sem a contrapartida da sustentabilidade.
          Não haverá possibilidade alguma de progresso humano se tivermos líderes consolidados no Poder com intenções de estabelecer funções conservadoras, posto as conquistas de uma nação passam pela única possibilidade de progresso social, educação e preservação e fomentos na cultura. Enquanto os governos não tiverem ciência de que não será pelo caminho de subtração dos direitos dos seus povos, não haverá nenhum avanço nessa urgência de preservação da qualidade de vida como um todo, no caminho de uma democracia livre, participativa e autêntica, suas variantes e conquistas sociais. Devemos estabelecer vínculos com o diálogo, o debate e a participação cada vez mais intensa e continuada dos governados em relação com os ditos governantes, pois só assim poderemos dar um salto de desenvolvimento real, com a participação concreta dos povos das nações como um todo, e de amistosa e preservacionista relação com a Natureza.

sábado, 6 de janeiro de 2018

A AUSÊNCIA EM SER

          Profundos são os nossos sentimentos perante a ausência que nos faria uma razão que os circunscrevesse. A época em que vivemos, toda uma condição em que as classes sociais – aparentemente com escolhas horizontais – não recebem a gratuidade necessária em viver condignamente. Nada está líquido no horizonte de nossas perspectivas, pois a questão é a mesma engrenagem que possibilita o controle do que fazemos, dentro de uma prerrogativa existencial mais nula porquanto menos tenha contato com uma Natureza dilapidada, ferida, subtraída, ainda que esteja em muitos lugares preservada, o que pode nos dar esperanças para um futuro que, no entanto, é incerto.
          Muitos seres habitam não apenas fisicamente nosso planeta, como o imaginário de tantas pessoas, que mal podemos sequer conceber os sentidos que nos aflorem enquanto páginas que somos por vezes em branco, por não deixarmos fluir a arte em nossa própria literatura. Quando usamos de metáforas, de certo modo, claras e lúcidas nas colocações de uma linguagem que se aproxima da poesia, estamos colocando as questões da preminência do ser porquanto não seja este uma nulificação de suas próprias projeções e possíveis dissociações psíquicas. Quanto mais se apreende o que quer que seja a saudabilidade como herança ou construção futura de genomas, ou no reflexo de tudo ao comportamento, recebemos como viés um recrudescimento do preconceito atroz com relação àqueles que estão vulnerabilizados por uma veia que não entende nada do que venha a ser a cidadania e a conformidade com o respeito humano. Pensamos em retroagir com a inserção de velhos dogmas, e é nesse parêntese que devemos trabalhar a favor da paz entre os povos, pois saberemos mais quando tivermos a concepção real do que vem a ser a arma deflagrada e a situação em que nos colocamos a nós mesmos com a necessidade de pretendermos fazer com que a sociedade passe a boicotar aqueles estigmatizados pelo sistema. Quando de posição importante perante a própria e importante intelectualidade entre o que o ser escolhe como seu próprio paradigma de existência, há certos tipos de cortes famélicos e crus que impedem a um enfermo psíquico, mesmo enquanto estável, que enfrente em pé de igualdade perante os Direitos Humanos Internacionais, que em países que vivem na sombra de seus próprios atrasos permitem a irradiação de apenas uma tonalidade da tradução mesma do que vem a ser a vida dessas populações vulneráveis. Passamos a viver de migalhas onde os sistemas computacionais apenas reiteram essa segregação, na criação de ferramentas que se alimentam da fraqueza concedida fartamente por esses estigmas apoiados pela condição sine qua non desses processos de isolamento social. Visto como exemplo, uma propaganda linear em que pontos de irradiação ou conexão de redes complexas como as sociais expõem certos funcionamentos que permitem a nulificação do ser, e suas ausências em vertentes onde pensamos agir com grande poder, mas o que funciona é apenas a disseminação de fachadas operativas onde estamos em uma grande vitrine, como em um reality show onde nossos pontos de vista já são observados há muito, como compete em algumas casas as web cams e os testes de resistência analíticos. Como frutos de experiência de como um grupo, uma família, ou uma pequena célula social poderão conviver com um sistema de vigilância pago pelos poderosos que estão por antemão blindados desses processos operativos.
          Vivemos a era do ensaio e erro, em que apostamos em modais do que seja o menos pior, de um processo onde a ideologia não se faz mais presente, posto não termos cabedais suficientes para contestar de fato algo que não seja de pressões anódinas em torno de suposições governamentais onde os pobres viram massa de manobra em mãos que se afastam do que realmente seja importante na questão de ideários transformadores. O ser passa a ser ausente de si, voga-se que quando uma liderança passa a ter mais importância, atrai a atenção dos chacais, em que nada supõe uma quebra de paradigma, e o horror esperado no sentido da subtração encapsula os vórtices do Poder.
          Convenhamos, talvez seja a transição, mas veremos que no mundo inteiro o túnel se torna muito longo, e a luz não vem de graça, e o dilema seria realmente vendermos estatais para pagar contas do funcionalismo? No mundo é assim? Que diria o chinês, ah sim, vocês querem vender partes substancialmente estratégicas de sua nação, e nós compramos sim, senão vocês entregarão a outros. E vendemos, e nos dilapidamos. Faça-se a nação, nação feita: morta, indispensavelmente entregue às moscas que vão depositar os vermes para nos decomporem. Não há país socialista, não haveremos de sociabilizar nossas conquistas, pois o que vem por aí será a entrega de todo o nosso país, já iniciada nas grandes concessões do que dizia ser o Partido dos Trabalhadores, e que não mudou. Não é crítica, é constatação… Não queremos migalhas do poder, talvez seja bom Lula voltar, mas como diria Gramsci em espelhamento de uma Itália próxima do Brasil: por vezes o carrilhão da história traz em si o fascismo como resultado de atos procrastinados em regimes duvidosos, no que não foi realizado, como fato de que o doente só ressuscitará quando passar por fases terminais. Estamos caminhando pouco a pouco para um regime fascista, a se dizer por alto que seja quiçá algo até piorado. Mas lembremo-nos sempre: quando se constroem tipos alargados de concessões a fim de mantermo-nos em poderes equivocados, a roda da História gira muito lentamente, pois na letargia de governos nacionalistas ao extremo teremos sempre que surgir com verdadeiras respostas, pois a engrenagem dos grandes continua embolsando os valores que agora já faltam na mesa do povo brasileiro.