quinta-feira, 15 de setembro de 2022

O PODER NO PLURAL

 

      As manifestações do desejo humano podem se revelar em significados outros que não sejam a obtenção pura e simples da coisa em si, na objetificação pura e simples mesma na outra questão que o seja de uma ordenação clássica o teor contemporâneo encontrará sempre a similaridade. Os diálogos que mantemos com frentes opostas revelam o modal desconcertante e ilógico do poder que passa na aparência do nefasto, mas sempre retrai suas vias, como em um vaso que não comunica a outro, mesmo que a espera dos dutos esteja aberta para tal comunicação. Esse pretender ao que seja dito pode concluir a objetificação mesma da frieza lógica do significante, ou alicerçar a frente de texto com nexos sentimentais, mesmo que as faces do poder se encontrem distintas, ou em outras e prolixas distâncias… Algo de poder atravessa as nossas mais profundas distensões existenciais, senão praticamente nevrálgicas, mesma atitude de reversão que nos aplaca o gesto contundente para arrematar uma serenidade gritante!

     Como um vento flamante em uma asa, derivamos de preocuparmo-nos com proposições que porventura se tornam sistêmicas a singrar o mar da dialética da matéria dos numerais do ritmo. Significar ritmo ou ritmar significantes é o mesmo de saber que podemos cheirar com a língua ou tatear com os olhos, meramente atributos divinos. Se confeccionarmos uma grande colcha onde a poesia evolva com naturalidade a espécie dos tipos gráficos, os signos se tornam indexados na visão do cunho da análise, mas simbólicos na expressão mesma das medidas dos mesmos números supracitados, onde as costuras navegam pela predicação. Objetivar é como relacionar a direção com a falta na concatenação de uma mensagem que filtre os meandros do inconsciente, encontrando com arquetípicas modalidades o ocultar-se peremptório e irrisoriamente ou simplesmente livre não de uma análise factual, mas esta mesma igualmente quando o território é de um onirismo fantástico, onde Nereidas mostrem a sua nudez no ático de um romance de Joyce e seus derramamentos insubstituíveis, mesmo que saibamos que o meio torna por vezes a mensagem repetida em seus léxicos na variação mutável do sinônimo exemplar de certas feitas, de certos trabalhos que se tornam de si e per si com nomeadas e profundezas em que os abismos são fronteiras inexploráveis, pela falta de repertório acadêmico contemporâneo ou mesmo posteriori de alcances, o que se lamenta não poder alcançar o mesmo significar mesmo, na versão algo tríptica da linguagem… As veias turgem, por vezes, e um diálogo pode se tornar um dito, ou um chiste imaginável em sua semântica, mas o teatro da poesia shakespeariana revela que nem todos os gatos são pardos, nas contas da significação máxima de algo que possa se aproximar do quantum do sentimento, enaltecendo a um verdadeiro e titânico trabalho poético o poder consagrado, mesmo que o seja em seus plurais, se é que a versão plural da palavra possa ser empregada nessa intencional falha lógica do discurso.

      Em síntese, na verdade a questão é equacionar o domínio da lógica também a posteriori, derrubando o mito grego do nexo razoável, espalhando estrelas algo dispersas na ordem metafísica de outras poesias que sejam consonantes com o sentido mesmo de uma letra isolada e suas volutas especulativas de ordem quase ilimitada, em suas fontes com desenhos de descrição combinatória a uma obra de arte, a uma arte sequencial, na assunção de significados combinatórios aí sim, de possibilidades infinitas enquanto expressão de um si mesmo e finita no arquetípico modal da compreensão de ordem coletiva. E a grande equação é tornar igualmente ilimitada a consciência coletiva dessa mesma expressão parafraseando vertentes que não possuem mais o nome e da arte que não possua mais modalidade, estilo, época ou escola. Desentronizando o contemporâneo e subvertendo o clássico da aparência em conformidade, e estimulando o que não se estimula, e como em uma velhacaria histórica, relembrando algo sem o nexo, transportando-o a uma reinterpretação igualmente baseada na história para dialogar com o novo meio de expressão, que se tornam meios infinitos, mesmo quando encerrados em uma simples estrutura, aí sim, estoica, de versos simples, ou seja, aparentemente lineares na forma mas dignificando substâncias e sabores outros que nossa fonética não nos alcance, pois esta não é domínio da lógica, mas da língua, do palato e dos dentes, etc.

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