terça-feira, 20 de setembro de 2022

DO CORAÇÃO DA SELVA

 

Amuado olhar quando do principiar da serra
Quando principia a cortar o tronco, e a gente espera
A não concludente vitória da brutalidade
A gente não quer ver o tombo, meu Deus,
Um tombo secular, um tombo de seiva sangue
De cor indefesa, as folhas secarão
Os projetos da Natureza enfraquecem, nem que o broto
Que reside ao menos perto da grande planta não sucumba
Aos impactos da proximidade na lascívia do lucro.

A um índio que teve desde tenra infância a amizade com o ser
Daquele ser que lhe dava o amparo em seus galhos, seja de sementes,
Seja de seus caminhos, aninhado no descanso da superfície nua do madeiro
Por Deus, se Éreis clemente com os homens teça uma serpente com veneno
Sobre o resfolegar furioso dos pulsos dos que apenas ligam a moto-serra
Com aquele anódino cheiro de gasolina onde até mesmo os fósseis se surpreendem!

Não, que não há fronteiras, posto em uma pista para uma aeronave do tráfico
As árvores possuem o desatino de existirem como obstáculo no rompante
De ser do ermo do Norte o mesmo desatino de uma pó esbranquecido
Carregado para fronteiras outras que não hão de existir, posto o céu
Não delimita bandeiras, e nem há tracejamentos aéreos na selva!

Por efetividade, se por armas há caminhos que o sejam
Equipem os indígenas que conhecem os caminhos da libertação
Em gentes multifárias a verem que no coração da sua contemplação
Estão projetando um ódio vociferado pelo mesmo Lúcifer
Que está presente na alfombra da destruição pungente, e seus agentes
Que não pertencem à primeira letra, e nem são gente, que não se pressuponha
Não haver escapes condignos, qual, se faz a guerra em situação desmedida
Onde uma simples criança testemunha a morte do progenitor
E essa moda pega no extremo sul, em estranhas caravanas
Onde a prioridade é persecução indelével de possíveis lideranças
Que ainda acreditam que o negócio de Deus definitivamente não é o agro atual!

Mas quem dera, quem somos, apenas fagulhas no infinito
Que sequer somos expectadores de uma produção em frangalhos
Em uma realidade aumentada em que a familiar posse possa dirimir
Que sendo em família nada se prende à preservação do enriquecimento sem limites
Por de poder que seja, e que os coronéis sejam respeitados até o último do esquecer
Que a crueldade ao processo natural seja natural, e que demande afastar qualquer chico mendes.

Envidar esforços para que não haja a devastação criacionista e compulsória
Ao ódio a uma população indígena que não seja de modo ingenuamente pura
Na ótica da maldade personificada por grupos que mantém suas habilidades na selva
Onde certas forças já mapearam nossas maiores riquezas, e que distam do extrativismo
Que demande sustentação aos biomas e núcleos da Natureza mantendo-a em xeques
Com peões e mandantes escalavrados no intuito de forçar o impensável do merecer forcas.

E os gatos são por vezes pardos, e o próprio agreste se aproxima do seu papel por vezes ofensor
Quando não denota suas culpas em esquecer que a bondade não é apenas levar um filho ao parque,
Mas resolver bravamente a questão preservacionista como a única palavra de ordem no planeta!

Essa plêiade de intencionares onde por fora a tortura vira banal
E por dentro a bondade é manifestada entre os seus
Não há de vigorar mais na amplitude daqueles outros, veniais, que intercedem ao Criador
Que destrua e participe da vinda de algo parecido com uma redenção que, pensam, vai tornar
Um mundo onde o paraíso nos espere na Terra, depois de renascermos da putrefação
Quais zumbis na esteira de um filme barato onde se mistura horror com maquilagem
Na ótica consonante e lógica de se referenciar todo um imaginário
Co produzido na indústria do entretenimento, e co relacionado na introspecção analítica...

Nenhum comentário:

Postar um comentário