sexta-feira, 23 de outubro de 2020

VEIAS DA RAZÃO

 

           Se submergíssemos em uma água escura, não tanto pelo lodo, mas pela profundez que encerra um caminho turvo, o que seríamos a mais do que esperar pela vida à tona? Seríamos melhores se o tempo travasse seus ponteiros para que nossos fôlegos se sustivessem a pleno vapor, ou na verdade o tempo – sendo eterno – romperia com danos os nossos pulmões?
           As veias da razão entorpecem os sentidos quando respiramos aliviados na terra algo plana de nossos circunlóquios… Nada do que seja o planeta seria melhor se algo tão simples como a geografia retratasse nosso mundo de modo correto. O conhecimento livre é a mais pura expressão da democracia, nada além disso, ler de literaturas ocultas ou não, pesquisar sobre amplos assuntos e investigar procedimentos científicos, como uma forma salutar de esforço, com as respostas inerentes a todos os nossos assuntos de interesse. A ignorância imposta não deixa de ser uma água lodosa, turva, de grande calado, infecta e inferior, qual não seja uma opinião controversa no sentido inverso ao bom senso. Justo, a sensatez da Verdade e não o juízo louco da mentira! A Verdade não possui reticências, é serena, mesmo quando cáustica, e dorme em sono merecido: sem culpa. A serpente gosta de mentir, pois se não fora não rastejaria para sobreviver, inoculando veneno em quem a tocar ou dignar-se em antepor-se à sua vereda. Mas a serpente é um animal magnífico, possui seu extrato da espécie que lida com sua natureza, o extrato de estar colada à terra, de sentir a terra como muitos camponeses o fazem quando tocam o húmus, substrato da lavoura, assim como os porcos soltos são limpos e se alimentam faustosamente… Dessa vereda consubstanciada pela mesma vida campônia, desse lócus em que se plantam diversas culturas e grãos, e legumes e verduras, na verdade estaria o grande mote de Prabhupada quando este fala sobre a Vida Simples e o Pensamento Elevado, em um de seus memoráveis textos. Essa é uma razão circunflexa pela vida em si, de termos pureza no pensamento, erigirmos uma casa qual castelo, um templo, qual esse senhor tenha realizado em sua vida essa gloriosa tarefa, de erguer do nada 108 templos em sua breve estada entre nós, ocidentais. Não há erro nessa pureza, na não violência, na tolerância, na modalidade da bondade, na senda da espiritualidade, na conformidade que há ao desapego necessário das coisas extremamente mundanas em sua futilidade.
          As veias que se nos brotam sejam de pacificar o mundo, de conversar com diálogos francos e abertos mesmo com aqueles que se mantém um bocado na defensiva quando investem com seu rancor para se sentirem protegidos, mesmo dentro de uma ignorância de monólito. Que prossiga a humanidade com seus costumes, idiossincrasias e de cultura e identidades próprias, enaltecendo a particularidade peculiar dos detalhes de sua existência, a fim de termos portanto cidades mais felizes, e um campo de atuação na lavoura sem necessitarmos de grandes latifúndios para, com uma terra adubada quimicamente, mostrarmos ao mundo que essa não é uma saída congênere que sedimente alimentos os mais diversos e necessários para a vida na Terra.
          A sustentabilidade de nossa cultura deve ser nos esforços para que no coração de nosso hemisfério, com a Amazônia, aprendamos a respeitar os diversos biomas que nela se encontram, permitindo a fluente parte de uma Natureza que não deve jamais deixar de ser respeitada pois, se isso realmente ocorrer, a história apontará para trás seu dedo fatídico mostrando à humanidade quais foram os próceres da devastação, e de que modo o mundo como um todo deixa tudo passar batido.



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