sexta-feira, 2 de outubro de 2020

A LUA VERMELHA

 

A lua pega imagem, trança suas luzes alvas com o furor que acomete
A trança das luzes dos resultados do fogo,
Coadjuvando com os estranhos e reptílicos cenários, ausentes
Quiçá de uma pequena sobra de humanidade, e quem sabe houvera
Uma alocução verbal que cessasse a brutalidade contra fauna e flora.

A lua vermelha é o peito de quem seca, é o olhar contra a pimenteira,
O desejo do desastre e suas fomes de destruição,
É a vida não celebrada enquanto morte, é o notívago e sombrio dilema
De que outros já fizeram como nós o contrário do que fazemos a nós mesmos…

A tradução de que o estrago monumental é obra de um dos lados ideológicos
Vem de uma mesmice em que em todos os últimos anos o mesmo estrago se dá
Na objetificação das classes e dos recursos, na clausura em reformar o irreformável,
No pretendido ente das catervas, na caverna crua e nua de um profeta eremita!

Mais do que uma única palavra de centenas de versos, o que se diga
Seja a ser o oposto daquele bom senso que tantas vezes conhecemos:
Enquadrado, dilapidado, e por isso a poesia come solta
Nas vertentes de um plano que resguarde a não cidadania dos índios.

Enquanto estes veem em seus deuses a lua vermelha como um ícone sagrado
Talvez queiram saber por modalidades não científicas, em uma pajelança
O porque das divindades indígenas terem trocado as cores da mesma lua.

É da mesma não necessária inclusão que falemos, posto a selva queima
Nos sítios onde uma resiliência torna-se premente, a saber,
Que Roma nem sempre se consagrou com sua pretensa águia libertadora!

Pois que sejam versos e mais versos, em um andante mobile, em piano,
Leve na tradução de algo maior do que o mesmo tempo
Que porventura erigiu o cadafalso do humanismo no mundo…

Perverso é o pensamento de quem tem a ciência cartesiana
Do que acontece realmente com o rubor da lua,
Quando sabe que por baixo das árvores residem riquezas
Na mesma medida em que um garimpeiro deixa seu mercúrio no rio
E evanesce de felicidade quando encontra uma pepita para o prostíbulo.

As palavras podem ser extramente duras, parceiros de lida,
Mesmo quando não pretendem ser como o fogo que devasta tudo,
Mas quando se diz que ensejemos um nacionalismo febril e precoce
Teremos tempo na juventude de nossa Nação que, mesmo com dificuldades
Saibamos não fazer sentido termos juros sobre juros entregando mananciais!


Nenhum comentário:

Postar um comentário