De tanto se pensar, de tanto se
especular, perdemos
Um fio da meada, um vértice obscuro de uma
trama,
Os pontos que não merecemos por mérito e fato…
Nesse
não merecimento está a ignorância, modalidade
Tão pungente
neste século de obscuridade, nesse mote
De se estar partícipe
sem se ter maiores noções
Que venham de uma luz lunar ou solar
a densas frentes
Porquanto o que se afirma é a opinião
cabalmente lunática!
O Poeta pode afirmar, em sua defesa,
que é melhor para um
Ignorar sua existência, pois nada se
compara em Poder
À
força das palavras, que podem dilapidar um Império
E erradicar
as veias de falsas dialéticas, no que não seja
Nem mesmo o
diálogo, mas a dita efervescência
Das tramas de dados
alcançados, de informações
Que não se permitem serem justas,
posto o conhecimento
Não é tarefa para muitos, justo ser bom
ter três idiomas
Para começar a compreender a ciência da
língua
Sem necessariamente entornar vinho e mulheres
Em
uma relíquia de Eça de Queiroz para elucidar
Os veios
incomensuráveis da importância da erudição!
O Poeta
segue em sua defesa, a permitir que escambem
Seu trabalho, e que
ignorem sua existência, por ventura
Seja talvez a falta no
engajamento vulgar da aventura
A que tantos se voltam no intuito
e na intenção crua
Dos
mesmos corvos que isentam a carcaça quando sita
Em um domínio
público a que já não mereçam a confiança…
Estabelece
a ignorância em um domínio cru e sensato
Naquilo
que não enobrece a atitude, na sensatez fácil,
De um domínio
pungentemente ignóbil, no que a palavra
Passa-se a tornar a
arma mais poderosa, porquanto consistente
De uma razão
indelével, nua e crua, despida de rumores
Quando se estabelece
nas artérias da ciência que transcende.
Por isso
ignora-se a poesia, por isso não se compreende seu alcance,
Dentro
de uma plataforma de consonância com a Verdade
E com o destino
de milhões de pessoas que – se a compreendem –
Ao menos em
uma sílaba passageira, saberão um pouco
Do significado de suas
existências, independente o fato
De estarmos entornando
justamente a verdade no caldeirão
Extremamente
quente de uma ignorância impertinente.
Em síntese, o
reflexo de palavras bem enunciadas
- Seja em que retrato for –
evanesce as trevas de um quinhão
De frutos mal merecidos, e por
mais que evitem divulgar
O trabalho e a fruição da arte
poética, saibam os algozes
Do não se estar bem com a arte e a
poiésis, a praxis,
Que tudo isso pertence a um patrimônio que
parte a estar
Na memória das gentes, nem que oralmente se
possa
Estar a traduzir a vicissitude de toda uma intensa era!
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