domingo, 19 de julho de 2020

SILÊNCIO NA ALVORADA


De tanto que nos falemos, não se surpreenda um tempo
Equidistante da ternura e de rumores,
Que se engendrem grandes fantasias
No que um resida no castelo, e que outros mandem víveres
A sentir que – genericamente – estaremos a enviar postagens!

As mesmas que não cessam, que são escritas com o suor
De um misto de samba de raiz, de um misto de calores
Que demandem tempo, obviamente, em um dito de chofre
Ou em qualquer painel de Jung onde não perdemos quase nada.

Desse inconsciente gigantesco, desse iceberg mergulhado no escuro,
Da plataforma científica ou anímica, o silêncio reverbera no alto
De uma alvorada silenciosa, de um tempo oculto dos olhares
Que por vezes jamais olham e, em outras, seguem não olhando…

Ao olhar interno que se passa conosco visto em um tempo
Que não recuperamos todo o seu passado glorioso
Virão todos a um exame criterioso e erudito, a ver,
Que nas lacunas da sensatez reviramos o espírito!

A verve que se nos dite a aurora, fremente em outros dias,
Que não se comportam exatamente como um trinar de pássaro
A despertar um homem que busca justificar na poesia
Aquilo que não se esperaria de bom grado que fosse o próprio silêncio.

Não que nos atordoemos com o nada, mas de perfis escusos
Reverbera o mote de termos assentado nossas vidas
Por um lado qualquer que não ensombrece nosso espírito
Mesmo em meio a pífias declarações que nos aclare nossa voz.

Assim de se prosseguir ditamos a alfombra de nossos dias
Àquilo do desejo de sermos mais ruidosos do que nas noites
A predicar um verbo silencioso no caminho algo rupestre
Em que nos encontraremos no próprio ocultar da alvorada…  

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