sábado, 11 de julho de 2020

A HORA DE QUESTÕES ATÁVICAS


            Quem dera estivéssemos em uma idade da pedra... Não saberíamos muito além de nossas cavernas, das ferramentas de osso, do fogo e sua inventiva, da caça, do clã e das ordens do caos. Do osso para a Inteligência Artificial foi um salto de segundos e de mente sã em corpo são foi mais um segundo. Nada do que foi dito ou feito – quiçá – em nome de Deus significaria muito se não soubéssemos que essa noção divina é algo das culturas em geral. Não existiria Deus em nossos amigos primatas, que vieram antes de nós através da Evolução Darwiniana? Certamente, talvez não especulassem muito sobre o assunto, pois a evolução das mãos que empunharam, em questão de milênios, a transição para ferramentas melhores, põe em cheque a estruturação de nossas crenças. Se somos libertários ou não, em detrimento de sermos crentes ou não, talvez isso signifique que empunhamos mais ferramentas em nosso repertório, a se falar de modalidades concretas de atuação, e da interveniência da ciência em nossas vidas. Pode até ser que o encontro da ciência com o imaginário coletivo, com o mito em si seja a qualidade algo psiquiátrica, mas viver crendo sem alterar o humor pode ser uma vida razoável, desde que não se imponha regras religiosas em uma aceitação do modo de ser laico dentro da administração que vai desde uma empresa a uma Nação. Esse Estado Laico deve sempre existir em qualquer país com marcas civilizatórias firmes em seu passado e na sua atualidade. Um contraponto interessante é o modal civilizatório tribal, considerado primitivo enquanto fundamentalista criacionista, e certas vertentes da sociedade moderna cristã que considera o fundamentalismo religioso um embate contra populações que fazem de seus credos apenas a afirmação da defesa da Natureza acima de tudo, sem organizações paramilitares de resguardo, e a sua pureza em encontrar nas tradições de seus ritos o próprio padrão da existência. O “civilizado” contra toda uma população indígena, considerando que o primeiro elemento não deva ser considerado realmente civilizado, pois propõem a si mesmo a repressão sem conta contra um outro povo, escondendo de si mesmo a vergonha que é investir contra uma população que sequer armas de fogo possui. Vulnerável em todos os sentidos, enfrentando escopetas e armamentos pesados – ou mais pesados do que aquelas – para que transijam com o caso de genocídios previstos nas civilizações mais arcaicas de uma latino américa que deveria rever os casos de Cortez, como genocida sem par em uma época historicamente atrasada, que só pode ser comparada com o escravagismo no nosso continente.
          O desejo é de que as veias se abram de novo, que sangremos finalmente antes do suposto Juízo Final, e dessa matéria tecem votos que não ocorra como única saída, posto estarmos escalados para vivenciar algum ciclo inóspito, queiram crer que já no século XVI as populações mais ignorantes já apostavam suas fichas nesse desfecho, o que não ocorreu. E antes de acometer um mal nesse sentido saibam aqueles dos credos destrutivos e inconsequentes que a Pátria Brasileira pensa mais alto do que mesquinharias dessa ordem. A Bíblia deve ser respeitada, sem dúvida, mas que não se torne uma imposição vertical sobre uma gente que quer ao menos pensar mais gigante, de um modo libertário, a prosseguir cunhando moedas de mais valor do que as premissas falsamente religiosas, pois nesse mundo novo só é chamado de irmão aquele que pode oferecer uma vantagem em troca... E isso mantém a velha questão atávica da usura que Cristo denunciou ao seu povo, e que o levou a cruz na consecução de denúncia aberta, e cabe a nós denunciar sempre esses modais que não estejam corretos.

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