sexta-feira, 12 de julho de 2019

OS VALORES QUE TEIMAMOS EM TER


Do valor da moeda, o que teimamos no troco,
Quase de afeto, o quinhão da rua, um cigarro
Como outra feita de dizer que não se tem o pão
E que carece um jargão de se ter o que não se tem...

Vale o tanto do valer, homem que vale, o que não vale
Não pesca um peixe que seja de monta, na rede que vale
Um vale de esperanças na valia circunspecta da dissuasão.

Não que se queira um vale, pois o que se pretende é o reembolso
Do que cresce dentro das meias, no inchaço de um remendo
Onde a contrita condição revela o berço daquilo valioso.

A mulher valorosa, que não se paute no chauvinismo oco
Do que não poderia jamais ter do ganho o sacrifício de um ente.

Do que se valha a vida, a valer, convenhamos que a temos
Para valer o de se curtir, no apanhado de um smart tudo
Onde evanesce a criação de um objeto mais valioso e esperto!

Na condição da poesia não valeremos tanto como o sonho
Que porventura exista não como farnel garantido em noites
Mas na ventura de se recolher o final do dia nos prenúncios.

Os temporais de uma desdita enobrecem os incautos, no valer-se
De antemão a parecença do nexo, uma peça que retire um peão,
A clássica jogada felliniana de se prever a tomada antes de ter-se.

A vida, esta, esta que vivemos vida, vale tanto como o valor
De um efêmero tempo onde a fama se encontra com cronópio
De um tanto de musgo no tempo da azáfama incrustrada de pedras.

Há que se ver o viés do que deixamos a adormecer em nosso lar,
A quem queira saber, uma porta aberta, um espírito silencioso,
Uma trouxa mal encoberta na lavanderia, um dente extraído
E a esperança de que o sábado não inicie o fim de semana...

Posto a multidão se abraça no valor, e teima que existam,
Mas na aparência de um rótulo onde os pequenos se debruçam
Reside a incompatível flâmula de talvez não possuirmos conteúdo!

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