sexta-feira, 12 de julho de 2019

O QUE NOS TOQUE MAIS


            Quando nos apercebemos da miséria que nos cerca, um sentimento qualquer, de um que seja crítico, nos faz às vezes de não sabermos, quando a humanidade sente algo dentro de seu peito. É como se nos tirassem as vestes de uma pátria interna que possuímos dentro do nosso imo, como se nos transpassassem as correntes de uma sangria atávica, como o olhar cáustico de uma mulher digna traída por seu companheiro. Essa correnteza sem nuances, esses olhares tíbios que nos chegam de cima para um abaixo quase irrisório posto sem recursos, posto sem esperança, do tom que se percebe, algo além, talvez não mais nos toquem... Assim de se esperar que cheguemos a um quintal que porventura seja criado, mesmo que em nossas pátrias, mesmo que em nossas aldeias, justo que não se continue a pensar desse modo, pois se continuar uma carestia muito grande não se sabe onde se pode prosseguir, a princípio, de qual ponto, de qual pensamento, ou de qual lugar.
            Se nos toca um carinho sincero oxalá seja bom, pois o carinho não revela muito a sinceridade nos dias contemporâneos, e viver na bondade talvez seja o único caminho. Parece uma senda difícil, mas não se pode ignorar que a bondade acima de tudo abraça a paz e a preservação do mundo: sua cultura, suas tradições e seus meios de lutar pelo que é justo... Afora isso, estaremos vivendo no modo da ignorância, onde uma casta predominante usurpa o poder dos mais justos, mais equânimes e mais razoáveis, na intenção de manter a massa da população sob o jugo dos mais ricos e poderosos. Essa não é uma questão propriamente de algum ideário, mas apenas algo que toca a lógica de sabermos que, quando uma população tem maior fonte de renda como um todo, passa a consumir mais e melhor, no sentido lato de alavancar toda uma economia, de qualquer região que seja. Isso é o que se espera de uma nação soberana, onde a independência de seus compatriotas seja razão de orgulho e motivo de respeito. Para isso, o nacionalismo há que compartir do ser que é de bondade a um conjunto de fatores que gere e construa bons propósitos e efeitos concretos de desenvolvimento. Tanto se fala ou se sabe do desenvolvimento de uma nação como os EUA que, pela lógica mais elementar, ao menos tenhamos que proteger nossos recursos das investidas estrangeiras. Abrir-se ao capital estrangeiro de forma desordenada e atabalhoada é a medida mais rápida para se criar em nosso país a dependência econômica e a carestia de nosso povo.
            Ao que se pese na balança, ao menos se fôssemos mais consortes de uma veia patriótica teríamos de não precisar passar por uma questão de burocracias de como entregaremos a Amazônia para a exploração, pois hoje em dia – quando ocorre – o crime ambiental deveria ser hediondo como um dos piores. Não se diga em combater o crime organizado, a partir do momento em que o Poder se organiza para permitir a devastação sistemática de nossos biomas, florestas, nosso ar, nossos rios, terras e mares. A partir do momento que sentimos que foi dada a largada para destruir coisas em que toda a comunidade internacional já se debruça sobre nós para presenciar tamanhos estragos, os nossos governantes perdem a noção de moral, da boa ética e passam a ser ignorantes na medida em que desprezam a coerência e adotam a brutalidade. É a partir desse instante pontual que podemos afirmar que a sociedade caminha para o modo material da ignorância, pois erra em tentar manter sua própria terra, erra em não contribuir para ajudar a salvar o mundo da catástrofe.

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