Quando nos
apercebemos da miséria que nos cerca, um sentimento qualquer, de um que seja
crítico, nos faz às vezes de não sabermos, quando a humanidade sente algo
dentro de seu peito. É como se nos tirassem as vestes de uma pátria interna que
possuímos dentro do nosso imo, como se nos transpassassem as correntes de uma
sangria atávica, como o olhar cáustico de uma mulher digna traída por seu
companheiro. Essa correnteza sem nuances, esses olhares tíbios que nos chegam
de cima para um abaixo quase irrisório posto sem recursos, posto sem esperança,
do tom que se percebe, algo além, talvez não mais nos toquem... Assim de se
esperar que cheguemos a um quintal que porventura seja criado, mesmo que em
nossas pátrias, mesmo que em nossas aldeias, justo que não se continue a pensar
desse modo, pois se continuar uma carestia muito grande não se sabe onde se
pode prosseguir, a princípio, de qual ponto, de qual pensamento, ou de qual
lugar.
Se nos
toca um carinho sincero oxalá seja bom, pois o carinho não revela muito a
sinceridade nos dias contemporâneos, e viver na bondade talvez seja o único
caminho. Parece uma senda difícil, mas não se pode ignorar que a bondade acima
de tudo abraça a paz e a preservação do mundo: sua cultura, suas tradições e
seus meios de lutar pelo que é justo... Afora isso, estaremos vivendo no modo
da ignorância, onde uma casta predominante usurpa o poder dos mais justos, mais
equânimes e mais razoáveis, na intenção de manter a massa da população sob o
jugo dos mais ricos e poderosos. Essa não é uma questão propriamente de algum
ideário, mas apenas algo que toca a lógica de sabermos que, quando uma
população tem maior fonte de renda como um todo, passa a consumir mais e
melhor, no sentido lato de alavancar toda uma economia, de qualquer região que
seja. Isso é o que se espera de uma nação soberana, onde a independência de
seus compatriotas seja razão de orgulho e motivo de respeito. Para isso, o
nacionalismo há que compartir do ser que é de bondade a um conjunto de fatores
que gere e construa bons propósitos e efeitos concretos de desenvolvimento.
Tanto se fala ou se sabe do desenvolvimento de uma nação como os EUA que, pela
lógica mais elementar, ao menos tenhamos que proteger nossos recursos das
investidas estrangeiras. Abrir-se ao capital estrangeiro de forma desordenada e
atabalhoada é a medida mais rápida para se criar em nosso país a dependência
econômica e a carestia de nosso povo.
Ao que se
pese na balança, ao menos se fôssemos mais consortes de uma veia patriótica
teríamos de não precisar passar por uma questão de burocracias de como
entregaremos a Amazônia para a exploração, pois hoje em dia – quando ocorre – o
crime ambiental deveria ser hediondo como um dos piores. Não se diga em
combater o crime organizado, a partir do momento em que o Poder se organiza
para permitir a devastação sistemática de nossos biomas, florestas, nosso ar,
nossos rios, terras e mares. A partir do momento que sentimos que foi dada a
largada para destruir coisas em que toda a comunidade internacional já se
debruça sobre nós para presenciar tamanhos estragos, os nossos governantes
perdem a noção de moral, da boa ética e passam a ser ignorantes na medida em
que desprezam a coerência e adotam a brutalidade. É a partir desse instante
pontual que podemos afirmar que a sociedade caminha para o modo material da
ignorância, pois erra em tentar manter sua própria terra, erra em não
contribuir para ajudar a salvar o mundo da catástrofe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário