quinta-feira, 11 de julho de 2019

ALGO ALÉM DE NÓS MESMOS


          Pergunta-se aquele que tem uma discriminação sobre muitas coisas, aquilo que não se quer perguntar, de um ofício que seja, ou mesmo de uma dimensão existencial, quando se possui a sabedoria necessária… Quem sabe a pergunta gere um livro, quem sabe um mal psíquico gere algo de monta, mesmo que se esteja impedido do trabalho, mas que não gere renda, pois que se seja voluntário aquele que sabe dessa importância, desse quilate do ser.
          Muito se sabe de uma referência qualquer, a ponto de que um escrito pode remeter a mensagem para alguém que esteja angustiado, levando alguma luz para o seu íntimo, a ponto do escritor ter que saber dessa importância, das coisas da esperança. Posto que um labor computacional leve quase sempre a um tipo de quebra de um silêncio que existe e seja quase inquebrantável, mas supostamente essa barreira existe lá fora, a quem não pertença a um grupo, já que de rede apanhamos mais do que em escrito solitário. Possa a palavra possuir maior ingerência na mente daquele que a compõe, uma lauda, umas linhas, algum querer que se passe a mais do que se espera, uma boa nova ou mesmo a composição de alguma provisória derrota. Depois de se remontar um claudicante gesto em direção a uma obra razoável, depois de uma certa prática com as letras, veste-se um companheiro de satisfação de poder ao menos escrever para alguma estrela, pois ainda são inúmeras em nossos céus. A cada noite se vê ou se pressente a existência das mesmas estrelas, de uma lua que, em sua luz, desponta quase cheia, quase totalizando a noite, e é desses brilhos que se faz uma noite acompanhada, mesmo que não se queira que a noite nos seja plena. Ao menos que se suponha que algo nos acompanhe e que seja grande, pois nada do que prevemos em nosso entorno tende a ser imutável, dentro do tempo que revoga a diferença entre o que queremos e o que nos é permitido.
          Se pretendemos o frio de uma noite é porque temos por onde colocar nosso corpo adormecido e quente, se não, um ponto a se prever é que a carestia não possa jamais gostar do frio, e torçamos por todos, pelo conforto de todos. Se acontece de termos muito mais do que o outro, saibamos que estabelecer diferenças de comportamento, ou de exclusão daqueles que estão desempregados, que moram nas ruas, ou que padecem de alguma doença crônica e incurável, tentemos ser solidários ao ponto de incluir essa gente na sociedade, mas evitar empunhar alguma atitude hostil pelo modo de viver dessa gente. É certo que há pessoas que achem o oposto, que só os ditos civilizados perante o modo de se portar, mesmo que em alguns a situação seja quase uma catástrofe, vá de encontro a uma estigmatização daquele que sofre, dentro de um artifício preconceituoso e nefasto. Justa é a consideração de que todos merecem um lugar ao sol e não se deve pôr em prática a exclusão, conforme citada acima.
         São estas poucas linhas que diferem de algumas opiniões em contrário, mas quando estas opiniões viram um tipo de lei de ferro, o que se espera de uma sociedade é que se rediscuta a questão mesma do liberalismo de vanguarda, posto que este pode ser uma ferramenta poderosa de se construir uma sociedade livre, inclusiva e solidária. Basta ter uma vontade política assaz permanente e transformadora nos seios de nossos agrupamentos sociais, posto a compreensão da carestia e seu remédio inibe que venhamos a ter em nossas existências o pressuposto da contenda ou da ausência da paz social, pois urge que esta não seja determinada de fora para dentro, mas de dentro de cada qual, a cada um o seu espírito redivivo e redentor.

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