sábado, 6 de julho de 2019

A MÁSCARA CIVILIZATÓRIA


          Nenhuma espécie de vida que se diga racional, como a humana, tem a ficar satisfeita com o modal exploratório dos tempos atuais. O que se deseja da energia? O que podemos fazer para planificar ao menos parte de nossa economia e de nossa história? Resta à civilização saber que o petróleo está caindo como fonte de energia no nosso planeta. Certas riquezas esgotam, acabam. Por si, apenas, por lados que desconhecemos, mas aí está – inegavelmente – o que já estava nas cartilhas que previram o mundo e seu desenvolvimento, desde o carvão mineral até o óleo negro de fóssil, e descartar o fato é não ser ou não se portar de modo racional, em virtude de prazeres efêmeros como a espera de que tudo está aí para ser final e peremptoriamente explorado. A máscara civilizatória da civilização ocidental caiu. Agora é questão de tempo, pois a possibilidade de guerras atômicas pontuais existe e a paz está no limiar onde quem é ativo no sentido de defendê-la, quem é contra os armamentos nas mãos de uma população de terceiro mundo, quando certos e inúmeros grupos defendem a guerra civil no sentido persecutório do termo, teme que alguma coisa profunda e potencial está em vias de acontecer. Queiramos o oposto. Vestimos as carapuças e, no entanto, a forma da máscara que porventura acreditamos ser contestadora ou forte já não chama a atenção: nem a liberdade sexual, nem a intoxicação nas diversas classes, e nem o fato outro de que desejamos a liberdade como um todo pode estar contendo a situação onde não professamos e nem ensaiamos a contestação opiniosa, as frentes ou correntes culturais, e a sua luta pela expressividade em atos coerentes.
           Grande é um movimento que ao menos fosse mais amoroso, grande é a luta pela paz, grande é a coragem de lutarmos por ela, e gigante é a vitória que sempre obtemos nessa intenção, de fazer o algoz cair em seu ridículo. Se alguém deseja lutar pela direita, pela esquerda, essa gente não sabe que os gatos ensinam mais sobre esse balaio do que as pessoas, que mal sabem proferir a frase correta dentro de um padrão de entendimento civilizado. Se tocamos em alguma ferida, o façamos com gaze e pomada, para cicatrizar e não revolvê-la dentro de sentimentos de ódio. A ação que denote crueldade já está em vias de explodir no senso da criminalidade, onde as máfias e as milícias se revezam para tal. Se tal ou qual autoridade veste uma máscara para imiscuir-se como bom moço, e na realidade possui envolvimento com o crime, isso deveria bastar ao menos a que as grandes autoridades fizessem o mea-culpa e fossem enquadrados na Lei, seja quem for.
          Tenhamos atenção para aquilo que se chama justiça neste país, pois pesar mais de um lado, sendo alguém deveras importante, remete à velha questão autocrática de se fazer ou de se conviver com o Poder. Esse caso em que muitos estão atônitos na derrocada de toda uma ausência de planejamento, remonta a que vejamos no Oriente o aproveitamento da energia limpa, a que saibamos quem dá um exemplo no Processo Civilizatório, e quem é quem no estabelecimento de uma ordem real, organizada e nova nessa questão, porventura, que não precise usar das máscaras ou dos figurinos de disfarce. Possivelmente, poderemos usar as roupas que bem queiramos, falarmos com quem quisermos, e termos uma sociedade onde a maioria seja digna, ao menos, o que se espera de uma civilização de nossos tempos atuais, e não um arremedo anacrônico de tentarem ressuscitar velhas formas de Poder onde as coisas estejam sempre em um litígio ridículo porque existem minorias que se tornam investidas de força pelo poder de consignar à ignorância as trevas da malevolência déspota. Essa máscara cai por si, pois não se espere, em uma sociedade civilizada que deve responder ao mundo perante seus atos, insistir na incoerência da manipulação e do obscurantismo.

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