quarta-feira, 24 de julho de 2019

A ILUSÃO DOS OFÍCIOS


          Mudam-se nomes, há divisões cada vez maiores nos labores, no trabalho, em que mitos se rompem e a recriação cíclica da ilusão vem a fornecer signos crescentes do que seja o mesmo afazer, no mesmo fato de se concluir algo, do começo ao fim, a que seja dado o principiar de um milênio onde a humanidade se abraça com seus fracassos dessa ordem. O que se resolve, a princípio, é não deixar a esperança de se ser alguém da tecnologia de ponta, das novidades, do dizer algo por se dizer, onde diversas agências de inteligência internacionais e com suas funções deveras esclarecedoras na realidade omitem fatos, ignoram injustiças, em nome de uma riqueza que ainda tem a ver com o óleo negro, independente dos rumos quase surreais por que passam os países que por infelicidade possuem essas reservas, frutos da ganância e da cobiça, em sua maior parte internacionais. O tipo de riqueza pode ser agremiarem-se grupos e estabelecerem conexões com interesses estrangeiros, no afã ilusório de se receber conhecimento de ponta, ou alguns solitários cientistas pesquisarem por conta, como em uma arte de ourivesaria ou mesmo na escultura digital, na lógica de programação e nos serviços que por hora ainda são essenciais, com o delivery, o fast food, a logística de transporte, o câmbio e o comércio em suas diversas frentes. Na ponta digital estará o futuro, mas a ilusão não nos remeta a que sejamos meros slaves de outros servidores…
            As agências limitantes internacionais trabalham com suporte nativo no sentido de fornecerem instrumentos e não a caracterização da capacidade produtiva de nossa nação no sentido de sabermos como fabricar as armas – por um exemplo cabal – que tanto os nossos governantes creem em portabilidade, uso, defesa e ataque. Nossas indústrias de armamentos não fabricam sequer um fuzil decente e, obviamente, nossas Forças Armadas jamais poderão desenvolver uma arma como na ciência de um bom míssil, e de cunho nuclear. Ou seja, seremos buchas de canhão se não podemos realizar sequer uma agência de inteligência compatível com as melhores do mundo. Nada contra o que se é e se está no panorama brasileiro de inteligência, mas o que se previa ao menos era uma retaliação potencialmente muito maior do que aquilo que hoje acontece com o crime organizado. São tarefas inerentes a toda uma força e é igualmente importante esmiuçar a luta contra a corrupção, sem botar panos quentes agora que a turma é outra, onde se defende mais um grupo em detrimento de outros.
          O que se pode pedir a um país com a nossa cultura – extremamente criativa e potencialmente rica de valores intelectuais – é justamente investir na nossa inteligência, capacitar cada vez mais os nossos quadros e fazer da arte uma necessidade premente e urgente na capilaridade ainda possível de nossos administradores. Denota obviedade que a transformação do trabalho do assentamento de tijolos ao uso do mouse e do teclado com seus comandos é inerente ao panorama social, mesmo que não desconheçamos o fato de podermos construir com níveis de criatividade maiores, mais sustentáveis, com planilhas de organização e inteligência coparticipante, o que gera a aproximação solidária e a proposta irrecusável pelas instituições a que se permite o ato, de uma educação dinâmica e horizontal, na direção up e na direção down. Para citar-se o inglês na predominância internacionalizante, pois outros quadros podem propor igualmente a mesma questão.
          O problema de egolatrias crescentes em nossas equipes de trabalho é acharem-se superiores por estarem com algum ofício vinculado à tecnologia de ponta, como se os outros trabalhos fossem anacrônicos, e lançar um barco ao mar seja iniciativa apenas de startups ou coisas do gênero. A compreensão de se fazer um trabalho dentro da conformidade atual, demanda esforço e espírito agregador, no sentido de fazer-se sentir alguém do século onde vivemos: desigual, contrastante e veiculado por mídias gigantescas, onde a iniciativa mais banal seja confundida com o trabalho de uma formiga. Pois sim, é justamente o trabalho de uma formiga operária o que nos fará abraçar perenemente o crescimento sustentado por sua egolatria mais arrefecida, já que tanto assentando um tijolo, virando uma argamassa, semeando na lavoura, sendo um grande exportador, uma vinícola pequena de ofício recente, ser um desenvolvedor na informática, um contador, um político, uma prostituta, um padre, etc, todos devem ser respeitados igualmente, pois é na semântica de nossos costumes que devemos arrefecer as paixões ilusórias. Há que termos uma garra permanente, não na euforia de um dado humor e no seu ritmo irrequieto, mas ao espírito de paz é que encontraremos a paz no ofício…
           Rompendo a barreira ilusória, o esforço sempre compensa, e em qualquer atitude segregadora, vindo de quem vier, criemos o isolacionismo do ignorar-se, em qualquer atitude de ignorância por escolha ou rudeza desnecessária. Em quaisquer casos haveremos de encontrar uma solução à altura, pois a luta não procede se não houver um ritmo progressivo da consciência dos povos no planeta, este que jamais pertenceu à raça humana. Desde o gesto de nossos antepassados primatas, as armas eram daqueles que sabiam lascar a pedra de modo perfeito, sendo a roda e o fogo coisas que apontam a um grau civilizatório incontestável! De um salto a outro, acabamos criando fronteiras que não deviam existir, pois ninguém limita uma terra que foi outra quando do Jurássico, este que nos lega hoje o combustível fóssil que mais parece um meteoro prolongado que varre silenciosamente e aos poucos o que pensamos de um mundo melhor, se não fizermos por merecer a existência como espécie frente a outras que são perfeitas, apesar de menos “evoluídas”.

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