Realmente,
veríamos melhores tempos se conhecêssemos melhor nosso entorno, a
que se pretenda conhecer a nós mesmos. Segundo se mantenha um
parecer de que estejamos em um caminho regular, a atenção que
reservemos às paisagens urbanas pode conferir um aspecto da
apreensão – em um mínimo necessário – por nossos olhos do que
venha a ser a arquitetura, uma fachada, um muro, uma abertura, quem
sabe: uma fábrica. Do níquel lutado por um andarilho, da
informalidade, da carestia, devemos a nós mesmos a compreensão
desse nível de vivência, qual seja, porventura alguma empatia de
tal realidade pungente e presente na mesma paisagem urbana. Talvez se
pense ser desconfortável ignorar com naturalidade esse status da
sociedade… Porém, quando se sabe onde estamos vivendo, as
diferenças em termos de humanidade, as classes de arte, o objeto dos
sentidos, o consumo algo desenfreado e o que parece ser uma versão
de um fato e na verdade não passa de uma escala de valores criada,
estereotipada, é que se cria a consciência em seu maior
amadurecimento. Ou seja, reler de alguma forma aquilo que se nos
apresenta como uma circunstância e que, não obstante, possa vir a
revelar algo mais plausível, mais sólido, e não apenas um termos
ou situação ilusórios. Fornecer algum valor à ilusão seja talvez
mais um caminho em que, quando estamos com necessidade de algo
substancial, vemos na superfície de nosso contrato com a vida esse
mesmo caso de estarmos justamente estabelecendo um contrato – esse
supracitado – e que, no entanto, é apenas a mensuração de uma
grande planilha existencial onde os erros são apenas subtraídos dos
acertos, no treinamento indissolúvel do critério objetivo de nosso
tempo.
Quando
estabelecemos uma meta, o valor ilusório pode estar circunscrito na
atitude da criação, em valoração de merecimento, ou seja, se um
ser humano é feliz em ter um afeto não muito aceito por políticas
comportamentalistas, há que se abraçar com o fator ilusório como
valor agregado à mesma realidade acima comentada. Pois que não se
comentasse a realidade como tantos fazem, com cifras, gráficos e
pesquisas, pois nem sempre as datas geram folhas, e o outono tem
sempre seus mesmos tempos. Essa fração de valor, em medida linear,
pode alternar com insights criativos em seus contratos com a
realidade, nos vetores de treinamento para se pensar com alguma
disciplina, mesmo que de forma lúdica, mas abraçando a lógica e
suas estratégias com importância sobremaneira válida. O pensamento
pode valorar, e a criação pode ser irmã da matemática, com suas
funções e operações onde a mescla que se pode fazer com a arte
vem a ser interessante e produtiva. Uma relação com uma oferta, a
negação da procura, o diálogo constante com o mercado, e a
compreensão filosófica de seus ditames vários, desde a Grécia até
o mundo contemporâneo está para a verdade assim como o sol está
para a luz. Esse empreendimento de verificar onde a verdade se
encontra, dentro da fragmentária forma de se ver a vida, seria a
simples questão de se saber desde o início que o sorriso pode ser
verdadeiro em sua sinceridade, ou uma questão de teatro, de defesa a
partir do teatro, de dissimulação, até chegarmos ao que venha a
ser um sorriso, ou seja, essencialmente uma manifestação humana de
satisfação. O que não é a realidade do mundo animal, onde a
satisfação não pode ser fruto da manipulação comportamental do
ser. Não que o embate humano tenha que estar desvinculado com o
teatro, pois a dissimulação não verdadeira pode ser o valor
ilusório de uma questão particular, mas quando a dissimulação e o
teatro encampam grandes atos coletivos, ou coletivizados através de
grupos fechados por alguma circunstância, isso pode gerar uma grande
coletividade onde o papel da ilusão tenha maior valor agregado do
que o real.
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