segunda-feira, 1 de julho de 2019

MAIS SOBRE ALGO QUE CONHECEMOS


          Realmente, veríamos melhores tempos se conhecêssemos melhor nosso entorno, a que se pretenda conhecer a nós mesmos. Segundo se mantenha um parecer de que estejamos em um caminho regular, a atenção que reservemos às paisagens urbanas pode conferir um aspecto da apreensão – em um mínimo necessário – por nossos olhos do que venha a ser a arquitetura, uma fachada, um muro, uma abertura, quem sabe: uma fábrica. Do níquel lutado por um andarilho, da informalidade, da carestia, devemos a nós mesmos a compreensão desse nível de vivência, qual seja, porventura alguma empatia de tal realidade pungente e presente na mesma paisagem urbana. Talvez se pense ser desconfortável ignorar com naturalidade esse status da sociedade… Porém, quando se sabe onde estamos vivendo, as diferenças em termos de humanidade, as classes de arte, o objeto dos sentidos, o consumo algo desenfreado e o que parece ser uma versão de um fato e na verdade não passa de uma escala de valores criada, estereotipada, é que se cria a consciência em seu maior amadurecimento. Ou seja, reler de alguma forma aquilo que se nos apresenta como uma circunstância e que, não obstante, possa vir a revelar algo mais plausível, mais sólido, e não apenas um termos ou situação ilusórios. Fornecer algum valor à ilusão seja talvez mais um caminho em que, quando estamos com necessidade de algo substancial, vemos na superfície de nosso contrato com a vida esse mesmo caso de estarmos justamente estabelecendo um contrato – esse supracitado – e que, no entanto, é apenas a mensuração de uma grande planilha existencial onde os erros são apenas subtraídos dos acertos, no treinamento indissolúvel do critério objetivo de nosso tempo.
          Quando estabelecemos uma meta, o valor ilusório pode estar circunscrito na atitude da criação, em valoração de merecimento, ou seja, se um ser humano é feliz em ter um afeto não muito aceito por políticas comportamentalistas, há que se abraçar com o fator ilusório como valor agregado à mesma realidade acima comentada. Pois que não se comentasse a realidade como tantos fazem, com cifras, gráficos e pesquisas, pois nem sempre as datas geram folhas, e o outono tem sempre seus mesmos tempos. Essa fração de valor, em medida linear, pode alternar com insights criativos em seus contratos com a realidade, nos vetores de treinamento para se pensar com alguma disciplina, mesmo que de forma lúdica, mas abraçando a lógica e suas estratégias com importância sobremaneira válida. O pensamento pode valorar, e a criação pode ser irmã da matemática, com suas funções e operações onde a mescla que se pode fazer com a arte vem a ser interessante e produtiva. Uma relação com uma oferta, a negação da procura, o diálogo constante com o mercado, e a compreensão filosófica de seus ditames vários, desde a Grécia até o mundo contemporâneo está para a verdade assim como o sol está para a luz. Esse empreendimento de verificar onde a verdade se encontra, dentro da fragmentária forma de se ver a vida, seria a simples questão de se saber desde o início que o sorriso pode ser verdadeiro em sua sinceridade, ou uma questão de teatro, de defesa a partir do teatro, de dissimulação, até chegarmos ao que venha a ser um sorriso, ou seja, essencialmente uma manifestação humana de satisfação. O que não é a realidade do mundo animal, onde a satisfação não pode ser fruto da manipulação comportamental do ser. Não que o embate humano tenha que estar desvinculado com o teatro, pois a dissimulação não verdadeira pode ser o valor ilusório de uma questão particular, mas quando a dissimulação e o teatro encampam grandes atos coletivos, ou coletivizados através de grupos fechados por alguma circunstância, isso pode gerar uma grande coletividade onde o papel da ilusão tenha maior valor agregado do que o real.

Nenhum comentário:

Postar um comentário