sexta-feira, 16 de março de 2018

RETRATOS INCONSTANTES

          As mudanças de tecnologia pelas quais o mundo está passando revelam o cerne mais substancial do que podemos vislumbrar do positivo ou negativo nos seres humanos e todo o hólos em que habita. Dito como um pressuposto onde sabemos que a introspecção e a subjetividade estão com índices minorados na espécie humana – na contraparte de um proceder onde a técnica se impõem cada vez mais – há questões existenciais profundas que marcam o nosso tempo, tais como a desesperança e a o isolamento que beira a solidão. Os novos gadgets começam a saturar os relacionamentos entre as gentes, principalmente quando abraçam a grande e ilusória parcela daqueles que possuem a integralidade de seu tempo para encontrar sua “cara metade”. Há possibilidades imensas de ampliarmos o leque de relacionamentos por via digital, mas devemos ter um certo cuidado em não nos expormos demais a que outros – indesejáveis – façam uso das informações de nossos perfil e de nossos trânsitos, a saber que na economia moderna está valendo tudo, inclusive a impropriedade dos pequenos espiões, e vírus que nos atrapalham o funcionamento da máquina.
           Se há uma questão a ser debatida em sociedade poderia ser a que diz respeito aos fakeselfies, um neologismo que retrata por vezes a ausência de uma identidade mais verdadeira dos humanos, porquanto posem ou se mostrem através de uma premissa em vender a sua própria imagem baseada em uma persona de ensaio, na farsa de nós mesmos. Temos que admitir que enquanto seres que emergem em meio à intensa e duradoura revolução tecnológica de nossos tempos, devemos utilizar as ferramentas digitais como extensão de outras, como a roda e, mais recentemente, o tear mecânico e a máquina a vapor, que caracterizam a revolução industrial de dois séculos atrás. Igualmente pensarmos que as relações de trabalho melhorarão em nossos tempos, em uma economia global, pois a ilusão da justiça social esbarra nos mesmos modais exploratórios que a História já nos revelou através dos tempos. Há condições em que a diplomacia refaz antigas contradições sistêmicas, e por elas seguem um padrão em que contestar pura e simplesmente, sem a contrapartida do diálogo, pode vir a ser desastroso. No entanto, sempre será pelas conquistas e lutas em direção à nossa verdadeira identidade enquanto cidadãos que estaremos ampliando e restaurando o patrimônio de nosso país, que é a democracia brasileira. Isso tudo é alicerce das leis, que regem o que deveria em tese prevalecer como pilar fundamental da coexistência entre os povos. Em que o Poder emane do Povo, e a este seja servidor.
          Não há como admitir que a inconstância de um discurso ponteie como peça consonante entre as relações de força, assim como não há admissibilidade em retrair a escolha coletiva como algo que seja relativizado, ou fruto de uma manipulação – a grosso modo – da inconstância dos retratos verdadeiramente perenes da nossa História, a História do Brasil. Enumeram-se vertentes das caminhadas de uma gente brasileira e a constante amizade com as metrópoles tange ao universo por vezes de uma entrega sem precedentes, à medida que progride o tempo. Esse mesmo tempo em que pensáramos que não fôssemos excludentes, mas que abraça o descaso com relação à nossa Pátria e seus habitantes e, não fosse assim grave, teríamos um outro tempo da ciência do progresso, um tempo correlativo que não dependa dos esforços de luta hercúlea dos trabalhadores, mas sim um manto social de justiça que não invalide a sequência mais branda de atitudes porquanto de interesse da maioria. Se os esforços em se administrar torna-se assaz vertical, que o topo justifique a posição permitindo às bases menores esforços decorrentes do esforço do mesmo topo. A relação torne-se como uma colmeia em termos de organização, e como uma janela em termos de serviços: esta permitindo o arejamento necessário à casa e o espaço garantido em termos da luz natural. Não seja essa assertiva uma metáfora, pois o simbolismo da pátria aventa a hipótese de que, quando abrimos uma janela, isto significa estarmos em um lar, um simbolismo que garantiria paz a todos os cidadãos, na mesma construção de uma cidadania que esteja vinculada a um retrato constante e pujante em uma democracia construída na base da participação necessária da coletividade do povo do Brasil.

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