domingo, 18 de março de 2018

A INCONTINÊNCIA DO PODER

         Tantos são os caminhos que nos levam a ter ao menos uma impressão de que somos poderosos. No que propriamente simboliza o fato, estaríamos de acordo que o poder pode ser fruto de um desejo. Alguns, por suposta representatividade de um grupo, e muitos por se acreditarem piamente estarem de acordo com a investidura clássica da pompa e do aparato da cerimônia. Sobre essa vontade de poder é que devemos ter clara e logicamente o que efetivamente é bom para aqueles que são representados pelos que assumem esse compromisso, e outros tantos que denotam estarem justamente abusando da sua prerrogativa de agentes públicos. Não é preciso ser muito sábio para estar ciente dessa premissa, ou seja, do abuso de poder por parte de uma autoridade, e nem precisamos ser muito conhecedores das leis para olhar com os olhos que possam ver a realidade e pensar a respeito da Nação como base que sustenta estranhas cúpulas: ápices de abusivos e concretos – porquanto validados – no sentido em sustentar a injustiça baseado em duvidosas interpretações da Carta Magna ou através da imposição de decretos.
         Há poderes que divulgam o não próprio, que prestam um desserviço às populações omitindo fatos, há jornalismos tendenciosos que são alimentados por empresas para que noticiem apenas o que passa pelos seus filtros comunicacionais. Talvez seja uma previsibilidade em que o mesmo fato que corrobora esse tipo de ato, facilita a que saibamos quem é quem no tipo de fonte a que possamos filtrar nós mesmos do lado inverso, ou seja, de um serviço bem prestado e realmente noticioso e imparcial. Esse purismo não há na mídia brasileira, pois a manipulação é igualmente um dos frutos do poder mensurado em infligir a ignorância aos povos mais ou menos cultos do mundo.
          Veremos com o tempo o vaticínio falso de profecias reinterpretadas, no que se alcunha de poder baseado em religiões que encontram nas suas palavras a tentativa de arrebanhar um coletivo cada vez maior, não consentindo estar de acordo com a diversidade das crenças e atitudes anímicas, mesmo que a filosofia reitere e mostre logicamente a fé nas palavras de cada qual, habitante ou não, residente de países onde as fronteiras em tese não deveriam existir… O fato do poder também habitar esse vaticínio de Juízo Final acaba por sedar em espera uma multidão que não age por melhorar, mas paradoxalmente fica nesse anestésico estado de esperar por mais “sinais”. Não podemos jamais pensar que a vida se torne restrita a algo tão simplificado, pois o rebatimento do diálogo em progresso nos trará certezas que mesmo que sejam apenas pontuais, vertendo luzes sobre o conhecimento de nosso povo, seja ele operário, camponês, ou ainda aqueles que prezam por uma indústria nacional.
           Se há na prerrogativa de vivermos a observar apenas o chamado desmonte, resta que sejamos autênticos nas nossas afirmações, e que possamos preencher os espaços, mesmo que alguns não aceitem que dentro do escopo espiritual reside um país multifário, um país com uma diversidade tal de costumes que permite que tenhamos ao menos uma humildade de saber que o conhecimento vêm da experiência, e que o diálogo nos trará sempre uma assertiva de quem somos no plano individual e como poderemos alçar maiores voos em pequenos mas acertados agrupamentos, dentro ou – principalmente – fora de uma rede, pois esta às vezes se torna tão complexa que vira um substituto regresso do que imaginávamos fosse positiva de fato.

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