sábado, 24 de março de 2018

O UNIVERSO DE CADA UM

          Ampliaríamos muito o nosso horizonte se olhássemos com mais atenção o céu. O céu pode ser um escape, o modo de nos rebatermos ao incomensurável, no conforto de quem vos diz por experiência, desde os pássaros da manhã até o surgimento das estrelas e, no que se acorda bem cedo, a cor da tez de Krsna… O fato de ser um homem em professar uma fé, que se diga, pode muito vir da maravilhosa expansão do cosmos. A vida não se ressentiria se sentíssemos a superfície do imensurável em nossos poros, se respirássemos um ar de São Paulo na Cantareira, em visita ao que desejamos que fosse a situação das metrópoles em países como o Brasil.
           O universo reside em cada um de nós, mesmo que saibamos que os nossos pés gravitacionalmente estão unidos à terra, e mesmo que tomemos ciência de que não será a latitude de riquezas tão acumulativas que vão propor a que saibamos visitar alguns “paraísos” no planeta. Esse universo de que estamos falando é um infinito porquanto não sabemos profundamente sequer a infinitude das letras, e a comunicação dá mostras que trabalhamos em tentar perceber a dimensão de nós mesmos em virtude de uma existência expressiva mais plena. Quando pensamos que Krsna se expande a ficar maior do que a Terra, saibamos que este é mais um passatempo Dele, apenas. Na colina de Govardhana, se passa o mesmo, em Vrndávana e seus lugares sagrados Ele esteve consagrando com seus amigos vaqueirinhos e vaqueirinhas o andamento do infinito que, nesse mesmo rebatimento da religião, um ser humano devoto pode compreender seu Universo… O sol é uma estrela tão refulgente que se passa a compreendermos outras latitudes de um sistema cravado no altíssimo céu. Como diria um grande cientista, a dimensão quase infinita pode estar concentrada gravitacionalmente dentro de uma noz. A matemática e seu maravilhoso engenho já nos revela que no cálculo de áreas o valor é aproximado, tanto que as curvas de certos gráficos talvez remonte a tradução de nossos sentidos imperfeitos. A virtude da superação humana traz luzes a que muitos encontrem na filosofia seu próprio modo de ser, assim como quando pensamos bastante, e o respeito à filosofia, à arte e à poesia nos traça caminhos alternativos a uma sociedade tecnicizante.
           De uma concepção do trabalho, temos sempre uma lógica de forças que se torna já bem estudada, em que Carlos Marx disseca historicamente essas relações, montando o grande quebra cabeça dos conceitos inegáveis de seu estudo. Outros, como Shopenhauer, traçavam o caminho do que são os desejos humanos, mas este humilde autor só conhece muito pouco da filosofia, em que a religião tenha sido o mote principal. Um pouco de sociologia talvez tivesse dado mais guarida intelectual, mas do encontro com a Natureza em si já lhe basta o suficiente, posto que individualmente em uma gramínea podemos ver a manifestação do Universo, na sua própria sistematização e relativização em átomos. Se formos olhar para dentro até o infinito de um nada, de uma vibração dos elétrons, do núcleo onde reside o Paramatma do Ser. Como na água, onde existem bilhões de seres, e as encarnações de Krsna vêm ao Universo manifesto como as pequenas ondulações do oceano: no imensurável, no projeto divino, na qualidade do Supremo Todo Atrativo.
          Tudo bem que nem todos tenham religião, mas a Natureza encerra muitos mistérios, e a atitude perante ela deve ser no mínimo algo de sacralidade, de código, de ética boa, de conduta. Que essa mesma boa ética surja no caminho dos homens de bem: que deixem fluir de boa vontade o infinito do individual rebatido no coletivo, e que as escolhas de uma sociedade que paute pela maioria não desdiga o andamento crucial do entendimento humano, sem cumplicidade com o fel.

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