sábado, 10 de março de 2018

KAFKA E SEUS PROCESSOS

          A vida de um escritor pode significar muito ou pode trazer à baila a tragédia humana, o que faz com que signifique mais do que as suposições ou motivações de sua arte. Em vista do que percebemos, a nossa amplitude pode se tornar não reativa, como quando estamos apenas conectados, ou ligados a uma rede computacional. Há ferramentas que são de bom uso, e é estranho não possuirmos aplicativos desenvolvidos para permitir a total transparência dos Poderes da República de nosso Brasil. Talvez porque o que impulsiona a tecnologia são aqueles frutos gerados na obtenção do lucro, ou as crises de contendas de diversas naturezas, como acompanhamos o desenvolvimento maior da tecnologia nas duas grandes guerras mundiais e na Guerra Fria.
          Infelizmente, por vezes sem conta as grandes crises impulsionam avanços na tecnologia e outras vezes sem conta essa mesma tecnologia alicerça conflitos e empodera grupos que no mais são os que têm maior capacidade ou avanço nesse campo. Obviamente, aqueles responsáveis pelo conhecimento mais apurado e suas profissões de ponta, quando de extrema competência, vêm de classes mais abastadas, da elite propriamente falando, pois puderam estudar em escolas particulares, com índices elevados na sociedade, referências de ensino que criam as condições necessárias ao ingresso das melhores faculdades ou, no caso dos militares, instituições que formam oficiais de alto nível. No caso nos perguntamos: o que as escolas públicas passam a representar em nosso país? Quiçá escalonamentos injustos, onde a lógica pertença mais às Arcadas de São Francisco do que uma faculdade “walita” de formação, ou seja, com meios acadêmicos inferiores, onde dependerá do aluno muito mais a sua capacidade ou esforço se quiser obter trabalhos com rendimentos maiores. Para se manter esse estado acadêmico ao nível das faculdades, o que não se dirá daqueles que sequer se formam no segundo grau? Obviamente, passam a ser relevados a um tipo de ostracismo em que não se encontram com o bom senso de saberem ver esses fatores sistêmicos como uma espécie de determinismo, onde nem tudo são oportunidades, se não houver uma educação mais igualitária.
          Como em processos kafkianos, não sabemos ao certo as origens, ou precisamente os fatos causais que nos tornam reféns de posições arcaicas nos índices de desenvolvimento precários em nosso país. Como labirintos de corredores de escolas pobres, litígios em que não há advogados atendendo, medicina em crise ou, em outra ponta desse ilusório panorama de conquistas na área econômica, não vemos estruturalmente a nossa sociedade mudar para evitar a miserabilidade da nossa condição humana. Vemos sim, uma corrupção desenfreada onde o jato de água acaba por encontrar de per si dificuldades em levar a termo a continuidade de suas operações no plano jurídico, por onde se vê que nessa outra órbita de atuação há um tipo de seleção nada natural dos apenados ou daqueles que são poupados nesses processos. Penas gigantes com quebras institucionais decorrentes são deflagradas àqueles que não têm nenhum crime de responsabilidade contra, enquanto outros são poupados no processo de engavetamento de documentos ou mesmo na extrema de destruição de provas. Talvez alguns achem estranho estarem no grande edifício de Kafka, onde sua personagem jamais soube o porquê do processo imputado a ela. No entanto, há que se ver que a formação acadêmica de alguns possuem claramente o cerne da intencionalidade ideológica, a exemplo de forçar esse campo para inutilizar provas que defendem o sujeito, questão que o Direito deve se perguntar à validade ou não dessa manobra quase tão legal quanto o Mickey e sua fantasia.
         Nas questões da busca de Poder através das redes sociais, há que se citar que redes complexas podem ser objeto de análise e processamentos com algoritmos criados que investigam o comportamento dos grupos, em termos de vértices – unidades de IPs – com as arestas – ligaçoes entre os vértices – que podem possuir seus relativos pesos, conforme a relação que possuem com outros vértices e grupos, tornando a visibilidade já conceitualmente propícia às “intenções” de mercado. A princípio, toda a investigação do comportamento dos usuários de um sistema informacional visa garantir lucro quando se apropria de informações desses mesmos usuários, mapeando os padrões de consumo e os usos: seus tempos, seus desejos, suas preferências e círculos de amizade. Estes vão desde preferências políticas, diferenças de cunho social ou mesmo em casos de algum eixo não correspondente ao status que se espera de um “comportamento social”. A diversidade passa a ser controlada pelas células que se tornam a aproximação pura e simples, e os casos atordoantes para o sistema passam a ser isolados como aberrativos ou patologicamente assistêmicos. Assim como se deixa ao cidadão a plataforma que o torna paradoxalmente mais livre quando de poder pretender e consumar o modo de viver ao seu jeito, autenticamente de fato, justamente quando rompe com certos grilhões digitais. Os displays não necessariamente precisam ser quase que próteses inevitáveis em nossas vidas. Apenas coexistem como ferramentas outras que, aliadas do martelo e do liquidificador, possuem seu papel não hierárquico como peça de comunicação, mas propriamente uma extensão tátil do telefone, um rebuscamento funcional. Faça-se um bom uso e chega de pensarmos que o processo kafkiano é inevitável, pois basta nosso pensamento com Fé, a antiga Fé, pois esta move as montanhas… Esse modo mais simples nos conecta com a religião, com a espiritualidade, algo anímico, quiçá com estudos a respeito de movimentos filosóficos igualmente: tudo isso, encontrar em algo complexo razão de estudos faz parte intrínseca de uma vida interior, de um intimismo necessário nos tempos de hoje, onde se postar em uma vitrine e assumir um valor de mercado se tornou uma inconsequente tarefa onde a maioria nem acredita estar realizando, com as plataformas mais íntimas de seu ego em uma exposição retroalimentadora que só serve para beneficiar os donos desses meios.

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