sábado, 31 de março de 2018

A ATRAÇÃO PELO NOVO


           Soubéssemos de tudo o que nos atrai, e teríamos uma visão mais completa, talvez. O novo é uma palavra fundamental na sociedade de consumo: um novo carro, um novo smartphone, um novo companheiro/a. O novo talvez traga a beleza para perto, e por vezes é mais caro, no sentido de vermos o objeto, a aquisição, o veio proprietário. Mas na fabricação de peças para o consumo, veremos também que quanto mais novo, mais o descarte é previsível. Os carros antigos, por exemplo, duravam mais, assim como as geladeiras e fogões, não havia muitas peças de plástico, as baterias não se desgastavam muito, e os telefones funcionavam mesmo quando se faltasse a luz. Tudo isso, essa sistematização de uma sociedade do descarte acaba resultando como falta nas relações humanas. Obviamente, os homens chauvinistas largam suas mulheres mais idosas para privar com moças mais jovens, especialmente aqueles que possuem fama, riqueza ou poder.
            A atração que temos por algo deve ser sempre pela conscientização, através do desapego material, quando soubermos que a antiga receita de fazer o bolo crescer para depois de distribuir já não deu certo antes em nossa história, e que não será o novo em termos de novas empresas que se distribuirá a força de trabalho, em que muitos estão com os braços aptos, ágeis, fortes, e esperando por colocação. A visão deve ser patriota, onde temos que creditar ao povo brasileiro uma realidade de maior esperança, de maiores luzes, da certeza que devemos ter sobre a importância da educação estendida a todo o nosso povo, principalmente aqueles que vivem em favelas ou quaisquer áreas onde talvez a solução viesse de pequenas escolas dentro desses lugares. Como uma aplicação do modal de democracia participativa, e não através do embate que gera mais e mais violência. Assim como unidades de ambulatórios de saúde pública, atendimentos em lócus, pontuais, na construção da melhoria dos espaços, e não na redução destes na sistematização do opróbrio. No que concerne à humanidade, parece que a maldade se torna o fator novo no comportamento em que muitos defendem a guerra sob variados motivos e, por incrível que pareça, sob o cunho da religião, onde quer que esteja o pressuposto, ou os gatilhos em que muitos incitam a rebeldia e a diáspora entre os povos, a troco muitas vezes de riquezas em processo de exaustão. Isso não é novo na humanidade, pois esta conta a sua história muitas e muitas vezes com o sangue de inocentes, com a truculência e a covardia, não apenas em um plano geopolítico como nas ofensas ou brutalidades que ocorrem com o indivíduo, por conta do gênero, da raça, da ideologia, ou de enfermidade psíquica, esta que vem colocando cada vez mais gente na vulnerabilidade. Pois sim, haveremos de separar o novo modo de viver “criativo” enquanto trabalhadores emprestam sua força de trabalho a preço irrisório?
          Não é buscando rotular ou convencionar esquerda e direita, apenas a aceitação de que há um contexto inevitável que as nações controlem as suas gestões internas para que todo o seu povo possa ter oportunidades na mesma medida, e cresçam para o consumo, pois quando as sociedades começam a separar crenças, a perseguir doutrinas, a ferir a filosofia, ou ignorar os espaços das cidades com maior vulnerabilidade, as coisas certamente não irão bem, e talvez pequenas guerras comerciais se tornem uma guerra fria sem precedentes históricos: sem ideologia, apenas apostando na podridão dos serviços secretos que alimentam as burras dos países que se dizem donos do planeta.




quinta-feira, 29 de março de 2018

POR VEZES SOMOS ALGO MAIOR

           Será muito dizer que o ser humano talvez não esteja habituado com o caminhar sereno em uma questão de tranquilidade, tão somente. Nos caminhos que nos levam à consciência do que é cidadania é que podemos visualizar os direitos e os deveres. Direito em que todo o cidadão é igual perante o próximo; dever, em que se respeite, primeiramente a todos. A hostilização por interesses quaisquer é o que nos torna ínfimos, e a paz que é negada por muitos os torna nada. Assim, como diria um filósofo, o que seria o ser, o que é o nada? Pensemos a respeito, nas circunstâncias a que muitos são submetidos quando lutam amargamente para sobreviver, dentro de suas limitações ou determinismos sociais, assim, de estarmos em estudar um pouco a globalização que por vezes pode parecer um rolo compressor sobre os costados de quem empresta a sua força para ganhar seu sustento… Haveremos de ver o ódio sobre aqueles que se manifestam saudavelmente por seus líderes, haveremos de ver o preconceito e a discriminação sendo obra de fato dos governos? Que será da juventude de uma nação se não escutar aos mais velhos? Seria obra de fetiche, onde os mais velhos creem que os filhos de políticos podem exercer a política mesmo que sejam detentores dos mesmos modos de atuar, se corromper, ampliar leques de possibilidades sinistras. Não, que não seja essa a perspectiva de remoçar, pois por vezes a engrenagem do motor só se encaixa no mesmo lugar daquela que estava sem um dente, ou mesmo oxidada ao extremo, envelhecida, desde que saibamos que o motor por vezes deve ser trocado integralmente, ao concluirmos que peças iguais em funcionamento não correspondem a uma renovação tecnológica. Em tese saibamos que motores mais antigos possuem menos descarte, e boa recuperação de sua mecânica, mas sabermos existencialmente que somos máquinas apenas corrobora o perfil algo justo na mecânica, onde não somos peças de um sistema, e sim seres humanos com sua individualidade e crenças consagradas.
          Se há porventura algum estudo relativo a que sejamos previsíveis como um objeto mais complexo, esse algo de relativização de conceitos peca por afirmar que conhece o todo através do que percebe em fragmentos. O todo pode estar em qualquer parte, e o visível na tela digital é relativamente a percepção que temos através do gadget. Esse conceito por si quebra uma dependência de que seremos mais “atuais” se possuirmos nosso android atualizado, ou com aplicativos que nos diferenciem uns dois outros por uma competência assaz “estimulante”.
           Em outra perspectiva, há miríades de seres que compartem a Terra com a nossa espécie, porquanto gostaríamos de saber, isso dito quiçá no coletivo (onde o debate acontece): o nós. Gostaríamos de saber um pouco mais sobre as outras espécies, das quais as abelhas, sem as quais não vivemos. Para um debate, talvez fosse interessante saber que mesmo em uma megalópole o homem e a mulher não podem ignorar a Natureza, desde que se saiba que um ecossistema não se restringe ao mar, e quiçá o distanciamento do ser com outros revela que a nossa atitude consciente é que nos resguarda da ameaça a outros seres do planeta. Por mais que exista uma manta que nos isole da terra, por baixo esta é território vivo, e por cima a manta se ressente do não escoamento aplicado em projetos preventivos, como o saneamento enquanto função de evitar no mínimo as tragédias. Se uma espécie em extinção apontasse para a nossa e dissesse a Deus sobre os Direitos Universais, caber-se-ia na Declaração adendos e mais adendos, pois Deus não a criou, pois já existia antes do homem surgir no planeta azul. A ONU, em sua empáfia de fazer crer à humanidade que é uma instituição rigorosamente correta, deveria rever o conceito da sua participação nos negócios de seus amigos e correlatos, já que se revela como um bom instrumento de participação nas questões de ordem de muitos países e continentes. A proposta inicial parece boa, a participação e a união, mas a crítica vem de um espaço onde vemos que nestes nossos tempos as grandes instituições e corporações rezam pela valia de seus interesses, tão somente, e suas estratégias que se confrontam com a riqueza das nações, na proposta de ajudar “humanitariamente” na repartição do bolo.
          Talvez possa parecer fruto de um necessário esforço para saber quem está com mais poder ou não, ou como utilizam diversas organizações ou verdadeiras instituições onde nem sempre as coisas funcionam como deveriam. Passa a ser de pequena importância a defesa de algum interesse particular, mas seria bom pensarmos mais grandemente: ampliarmos paulatinamente a consciência com relação a tudo que nos envolve, incluso termos a ciência de sabermos o que é certo e o que é errado nas sociedades, para sermos algo um pouco maior do que a expectativa que por vezes o Poder espera que sejamos. É muito crível sabermos que dentro da mentalidade da diáspora que separa o rico do pobre é importante às classes mais ricas que a pobreza não seja consciente no sentido de se ter uma educação de boa qualidade. Talvez a maior parte dos ricos não pense dessa forma, mas as cúpulas que orientam verticalmente como o Brasil deve se comportar prima por essa premissa, para que haja uma resignação com relação ao status quo, mesmo que se submetam massas ao exército industrial de reserva, ou que a fome não comova mais àqueles que a presenciam nas cidades, ou mesmo no campo. Há uma espécie assustadora de torpor, de um silêncio, de as pessoas terem medo de se pronunciar se não estiverem alicerçadas a algo, a ponto de Ulisses ter que se amarrar ao mastro para não sucumbir…
           Pois bem, em um cenário de selva, no recrudescimento da violência e da covardia, do roubo e da corrupção, do jornalismo vendido e dos filmes exatamente programados ao horror, tem-se recrudescimentos de enfermidades de ordem psíquica. No garimpo e adaptabilidade de uma mesmice despontam almas na arte de um viver distinto onde não há espaço para sonhos próprios, a não ser o que a grande mídia redescobre nos arquétipos já estudados no inconsciente coletivo, em que Gustav Jung já pesquisara nas sociedades tribais ou “civilizadas” há algumas e bem estudadas décadas, de um século cada vez mais vivo que se tornou o XX. Foi nesse século estrito que surgiram os grandes regimes totalitários, independentes de sistematização ou não e, destes, algumas receitas certamente serviram àqueles que hoje disputam o poder no mundo. Será quase impossível, no atual século, que a verdade surja correspondente à sua aceitação, posto as letras agora dependem exclusivamente da linguística científica, como o contexto e a normatização de investigações excludentes, o que levará a literatura amadurecida a uma crise, ainda que seja uma manifestação artística mais independente do que as artes visuais de tintas e pincéis, ou a poesia livre na forma como manifestação do caráter libertário da expressão humana. Os canais expressivos fazem sua função de amortizar uma resposta mais longa através da premiação de insights mais curtos, em que aqueles que primam pela leitura e pesquisas mais amadurecidas por vezes não encontram rebatimentos necessários da aceitação desse modal existencial como padrão favorável em uma sociedade em processos de concussão.
          Por estes fatos, sentimo-nos desesperançados, como quando percebemos que avançamos em direção ao bem estar da liberdade concreta, à justiça social, e tiranos nos lançam golpes para destruir com os nossos sonhos e conquistas. Saibamos ao menos que a mentira institucionalizada não vence sempre, e o que nos levará à vitória é a sinceridade e verdade de nossos gestos!

domingo, 25 de março de 2018

TEMPOS DE ESPERANÇA


          Era quase páscoa. Um navio havia atracado distante da praia, em lugar ao norte da ilha. Não que não seja ficção, pois a ilha era quase real… O comércio local respirava um arejamento diverso, os clubes de entretenimento rezavam por melhores dias, e o geral das expectativas se pronunciava bem no ritmo daquele insumo turístico. Ainda era março, e o calor no Sul demonstrava por vezes não dar tréguas. A vida pulsava, e Ariele prosseguia gostando dela. Tantos os elementos da Natureza, que esta merecia realmente uma capitular! Uma caixa alta, a homenagem discreta de se pronunciar em meio ao oceano ainda azul na sua profundeza, ou verde nas margens de um quase paraíso, pois na verdade o navio singrara muito até chegar no lugar: naquele lugar. Talvez houvesse uma inquietação, e isso era mundial, o que requeria esforço para não estar gostando de um cruzeiro, tal as posições relativas da humanidade. Pois sim, e por que não o cruzeiro? Por que a amargura beirava muitos no colapso existencial, se os pássaros continuavam a dar os ares da sua graça, e se a tecnologia bem ou mal aproximava mais do que isolar? Ariele fazia a viagem sozinha, e continuava a sua empreitada de acordo com os retornos que paulatinamente dava à sua história, em revoluções por minuto, em mudanças estratégicas, no modo de se firmar mulher independente, naquilo de que não dera certo com um homem e não esperava muito de se impor condições a respeito dos assuntos do amor… Caminhava com beleza, os olhos ardentes de coragem, uma mulher que sabia o que era bom, evitava más veredas, e prosseguia com o tom diáfano de sua imensa ternura.
          Vários foram os barcos que haveriam de fazer o traslado dos passageiros à terra firme, e a praia salpicava de gente. Na verdade, havia os que queriam se divertir com as festas, com a agitação, com o hedonismo puro que surgia naturalmente desses cruzeiros. Mas havia também idosos que gostavam das conversas, de conhecer os lugares e seus patrimônios, e muita mescla de gerações, uma saudável mescla que continuava a fazer de uma viagem desse porte o próprio patrimônio, este sim, da cultura de cada pessoa e seu compartir entre si.
          Estavam no Brasil, em uma ilha do Sul. Não importa, que na cabeça de muitos era tão prazeroso que se passava um tipo de ficção, um esquecer-se dos problemas, não propriamente a fuga de certas realidades, mas o encontro paulatino e belo por si, do conhecimento proporcionado pelo diálogo, por encontros que nem sempre eram concretos, muitos ensaiados com toques de fantasia, no entanto no pressuposto tão real quanto lindo das paisagens e das construções visitadas. O grande navio ficara ancorado, e os passeios eram por conta das escunas, e havia um trapiche na praia para seus calados menores, permitindo o acesso à praia. Havia bons guias, o panorama histórico recontado para os passageiros, uma culinária de espetáculo, outras mais frugais, um sonho que muitos realizavam por vezes depois de grande empreitadas de trabalho, em outras através de economias pétreas, no que a esperança não era tangida, surgia, realizava.
          Ariele estava na escuna que viera naquela manhã de sábado. Esta estava lenta e calmamente rumando na direção de uma ilha histórica que possuía um antigo forte. Um haitiano era o capitão, e a tripulação não passava de cinco, entre três homens e duas mulheres, sabedores de mecânica e alimentação. Foi servida uma refeição frugal, com muita salada, quibes, arroz e lentilhas, em sua base. Na verdade, ela não estava com muita fome, pois já havia comido um pouco naquela manhã, no navio. Este se chamava Cruiser Oceanic, um transatlântico muito robusto, de continente a outro com ótima autonomia e bons tanques de combustível. Havia sido fabricado na Inglaterra e comprado por uma companhia francesa. A empresa contava com quatro navios de grande porte e embarcações pesqueiras de mar aberto. Ariele conversava com um amigo que conhecera no navio, desde o Nordeste brasileiro. Ela era natural do Rio de Janeiro, mas morava em Recife já há seis anos. Trabalhava com análise de sistemas e possuía uma empresa de desenvolvimento de softwares. Mas o ofício de que mais gostava nas horas vagas era a culinária, e encontrara um contato extraordinário com Lupin, este homem que conhecera e que morava em Paris, trabalhando como chef de um restaurante afamado. Ele também viajava sozinho, e era inegável a sua simpatia e entusiasmo por uma conversa de alto nível, já que ambos eram amantes da literatura. Sabiam que em alguns lugares os contatos e as conversas eram mais padronizados, com a limitação da linguagem fácil dos dispositivos eletrônicos. Ela sabia o que havia por trás de todos esses sistemas integrados e eletrônicos: um grande volume de conceitos e questões inevitáveis a quem dependesse estritamente desses sistemas, quando muitos levavam a vida apenas na questão de se firmar sobre os pilares da tecnologia… Sentiam nas pessoas idosas um certo saudosismo como reflexo de estarem vivendo em outras vidas, aparentemente. Lupin e Ariele se davam muito bem, criaram uma boa relação de amizade.
           A vida seguia seu rumo e no lestado do vento abraçavam as sensações marinhas, sentiam o motor do barco, os bancos de madeira na popa, seguiam nas laterais à proa – a ver – onde as águas eram separadas pela certeza da navegação e de timão de madeira menos responsável do que no casco gigantesco de aço das águas profundas. O consentimento do mar em apoiar em que as ondas fossem favoráveis era o índice de respeito que residia no olhar do capitão negro. Um misto de tristeza e libertação vinha desse olhar, e à medida que se aproximavam da costa veriam um país gigante em uma ilha e a propensão de ignorar os que lá encontrassem – andarilhos do Norte – vendendo alpargatas e biquínis indonésios. Não, que não se ressentissem, pois a caminho das estrelas da noite anterior viram metais nobres, janelas bem encaixadas, cabines confortáveis, lautas refeições, o preço que limitaria o bem estar na nobreza do “distinto”. A esperança teria que ser construída em outros trechos, haveria o lote de populações, e as pessoas não olhariam mais do que seus próprios ventos, suas próprias preciosidades, assim de dizer, que não importassem tanto com o que veriam.
           Em tese, os tempos para os passageiros seriam de esperança. De modo que esta fosse compartida com outros, pois a vida pede passagem quando um casal se entende na literatura, e no mais, que não haja, não haverá o muito de se pretender. Mas que a esperança navegasse rápido no país continental, e as conversas e o ânimo registravam esse espírito.
          Pois bem, em virtude de Lupin e Ariele tivessem se entendido tanto, essa pequena história anônima serviria de inspiração para que todo o navio espelhasse naquele acontecimento as histórias passadas na ilha, o que acontecia no enquanto, como em um voo, como uma águia que seguisse os batimentos da terra e pousasse em cada sítio para ver como se sentiam centenas de pessoas da cidade quanto de saber que as notícias filmaram o acontecimento da passagem do navio, deixando a esmo outros acontecimentos que marcavam igualmente aquele sábado festivo de um final de verão.

sábado, 24 de março de 2018

A OCA DE NÓS MESMOS

Viveremos melhor em nossas toscas ocas que índios somos
A que ninguém se permita dizer civilizado porquanto nós somos
Os donos desta terra toda onde o homem branco hasteou seus pés.

Os pés enlameados em suas botas sujas de couro morto de outros
Por todos os solos calcinados, onde agora da Amazônia fala-se
De um crescimento que na verdade passa a ser imoral enquanto lei.

A todos os indígenas, a todos os negros expatriados em nossos braços
De braços emprestados, a toda a Latino América tão linda que não deixem
De olhar para si mesmos para verem os estragos embutidos na farsa.

Queremos um país dos brasileiros, e não é a interveniência estrangeira
Que porá fim a um sem dono a que abanam seus rabos de antanho
Quando veem que um que se preze sabe que o mundo não é de ninguém!

Que sigam mapeando, nada vão encontrar além das ocas de nós mesmos
Dentro de cada qual, na resiliência infinita de nossos voos pela natura
Mesmo em concretos de cidades onde não se veem os pássaros...

Não venhamos com a história do preconceito aos povos mais pobres
Posto que somos iguais na mesma matéria da carne, de pés e mãos
Que sabemos muito bem onde mora o líder de nós mesmos e nossa face!

Somos todos proprietários de nada, tentando fazer de conta o ganho
Dentro da dura luta onde os necessitados sabem que é na grande Igreja
Que a casa se refaz dentro do que imagináramos não fôssemos sombra.

A oca esta intacta, cada qual em seus portões, em aptos aptos, em solos,
Em pátria e vento, em esperança, em gestos e não nas organizações
Que só fazem desorganizar as nossas intenções de ao menos sermos mãos.

Dos filhos que, justos, nascem para o vindouro, que o futuro não corra
Como um carro atravessado que dentro de seu álcool atropela a certeza
De saber estar impune quando pratica as pequenas e duras maldades.

Ah, sim, a oca de nós fortes ou não, com a fortaleza do pensar na proa
E a certeza de saber que seremos igualmente força quando pensarmos
Que a vida não se desmerece no gesto falho de uma autoridade falível.

Não, que tenhamos qualidade em pensar que a vida é muito mais flexível
Do que tantas outras que se nos acodem quando precisamos, mesmo quando
Soubermos que de fato quando pensamos que estamos a solidão nos pega.

Mas sim que a jornada é tarefa de alguns, e todos que participem da vida
Pois a oca é de todos, uma taba de diâmetros causais e precipitados
Na razão sincera de ao menos sabermos que não estamos distantes do algo.

Jorra a semântica da poesia, pois quem diria que o poeta não estivesse vivo
Se no mais a poesia é ferramenta igualmente indiscreta quando vale mais
Do que um jogo a mais em um negócio escuso onde se encerra um ser.

Tenhamos que depender tanto das auras que a eletrônica nos ensaie e erre
Quando nos percebemos mais vivos porquanto existente nas selvas
Aninhados nas tribos que nos consolem por serem mais estridentes que outras?

Tá valendo, que vale, que vale sempre estarmos em consonância com todo
O que se move na esteira rubra de uma calçada, no tronco de uma palmeira,
No orifício de um parafuso mal encaixado, nas sobras de um ontem para hoje...

Seria maravilhoso vermos toda a produção de uma programação de TV
No que não vimos até a parte que cabe no latifúndio de nós mesmos, área
De circunscrição, que perdoem, não houve a intenção qualquer de dizer algo!

Se as inteligências se entorpecem com alguma verdade mal pronunciada
Que tentem vir a ser mais inteligentes do que um país que não cansa
Ou um braço que segue dando o exemplo de não ser apenas mais um.

Não teçamos comparação com algo, pois o que já foi não se repete na história
E a pretensa erudição de dois anos de academia não significa mais do que
Apenas mais três polegares nos bíceps e tríceps e cinco a mais no trapézio.

Não haverá como isolarem mais o verbo, pois este não encerra qualquer ato
Que por ventura alguém saiba melhor do que milhares de ocas cerradas ou não
No motivo fremente de viver nos conformes, sem qualquer necessidade maior.

Que venham os marinheiros de outrora, em suas embarcações de velames,
Mas que venham aprender em nossas ocas como herdar humanidades e modos
De uma vida em que a juta que tecemos sabe mais do que o ébano expatriado!

Que as luzes de um farol imenso mostre não um led posicionado em um sonar
Em um drone submarino de tecnologias inversas do que se diria de um futuro
Quando na verdade este mesmo futuro não se traça na superfície do Sol...

E que se fale que não se construiu a poesia, que o papel jamais a aceitará
Posto a concretude do ato de um artista não convive com as sobras da dúvida
Em uma infelicidade de não se saber vivente por não se conviver mais com a arte.

Justo que a poesia de um vate permanece no silêncio de uma estrela distante
Que revela o fazer da arte e a pronúncia de um prazer igualmente gigantesco
Posto estar com a arte em todos os séculos em que os índios nos ensinaram...

Que não nos sobrem a amarga condição em que muitos sinalizam as frentes
Do que somos quais peças antigas e reformadas de cinzéis romanos
Quanto de sabermos que as vertentes que brotam de nossas vidas não são vis.

A condição da poesia é navegar por sobre o sonho, quando este se revela
Mais do que todas as lideranças constituídas de um ego construído no Poder
Em que este exima a que todos deles participam, posto joga-se um jogo cru.

Se outras questões foram mal colocadas, saibamos que as nossas ocas estão
Fremindo os desejos de compartir com todas as outras que são similares
Às diferenças que capitulam a inquietude da intenção da intolerância.

Saibamos de uma vez por todas que ninguém deve estar julgando que não seja
Na própria palavra o ato em si mesmo, para saber que o sonho de um país livre
Sabe mais da soberania do que existe no princípio de sua própria Natureza.

O UNIVERSO DE CADA UM

          Ampliaríamos muito o nosso horizonte se olhássemos com mais atenção o céu. O céu pode ser um escape, o modo de nos rebatermos ao incomensurável, no conforto de quem vos diz por experiência, desde os pássaros da manhã até o surgimento das estrelas e, no que se acorda bem cedo, a cor da tez de Krsna… O fato de ser um homem em professar uma fé, que se diga, pode muito vir da maravilhosa expansão do cosmos. A vida não se ressentiria se sentíssemos a superfície do imensurável em nossos poros, se respirássemos um ar de São Paulo na Cantareira, em visita ao que desejamos que fosse a situação das metrópoles em países como o Brasil.
           O universo reside em cada um de nós, mesmo que saibamos que os nossos pés gravitacionalmente estão unidos à terra, e mesmo que tomemos ciência de que não será a latitude de riquezas tão acumulativas que vão propor a que saibamos visitar alguns “paraísos” no planeta. Esse universo de que estamos falando é um infinito porquanto não sabemos profundamente sequer a infinitude das letras, e a comunicação dá mostras que trabalhamos em tentar perceber a dimensão de nós mesmos em virtude de uma existência expressiva mais plena. Quando pensamos que Krsna se expande a ficar maior do que a Terra, saibamos que este é mais um passatempo Dele, apenas. Na colina de Govardhana, se passa o mesmo, em Vrndávana e seus lugares sagrados Ele esteve consagrando com seus amigos vaqueirinhos e vaqueirinhas o andamento do infinito que, nesse mesmo rebatimento da religião, um ser humano devoto pode compreender seu Universo… O sol é uma estrela tão refulgente que se passa a compreendermos outras latitudes de um sistema cravado no altíssimo céu. Como diria um grande cientista, a dimensão quase infinita pode estar concentrada gravitacionalmente dentro de uma noz. A matemática e seu maravilhoso engenho já nos revela que no cálculo de áreas o valor é aproximado, tanto que as curvas de certos gráficos talvez remonte a tradução de nossos sentidos imperfeitos. A virtude da superação humana traz luzes a que muitos encontrem na filosofia seu próprio modo de ser, assim como quando pensamos bastante, e o respeito à filosofia, à arte e à poesia nos traça caminhos alternativos a uma sociedade tecnicizante.
           De uma concepção do trabalho, temos sempre uma lógica de forças que se torna já bem estudada, em que Carlos Marx disseca historicamente essas relações, montando o grande quebra cabeça dos conceitos inegáveis de seu estudo. Outros, como Shopenhauer, traçavam o caminho do que são os desejos humanos, mas este humilde autor só conhece muito pouco da filosofia, em que a religião tenha sido o mote principal. Um pouco de sociologia talvez tivesse dado mais guarida intelectual, mas do encontro com a Natureza em si já lhe basta o suficiente, posto que individualmente em uma gramínea podemos ver a manifestação do Universo, na sua própria sistematização e relativização em átomos. Se formos olhar para dentro até o infinito de um nada, de uma vibração dos elétrons, do núcleo onde reside o Paramatma do Ser. Como na água, onde existem bilhões de seres, e as encarnações de Krsna vêm ao Universo manifesto como as pequenas ondulações do oceano: no imensurável, no projeto divino, na qualidade do Supremo Todo Atrativo.
          Tudo bem que nem todos tenham religião, mas a Natureza encerra muitos mistérios, e a atitude perante ela deve ser no mínimo algo de sacralidade, de código, de ética boa, de conduta. Que essa mesma boa ética surja no caminho dos homens de bem: que deixem fluir de boa vontade o infinito do individual rebatido no coletivo, e que as escolhas de uma sociedade que paute pela maioria não desdiga o andamento crucial do entendimento humano, sem cumplicidade com o fel.

sexta-feira, 23 de março de 2018

HÁ OS QUE DITAM?

            Severas e rigorosas leis existem, para ulteriores procedimentos. Nas que ditem alguma palavra, mas que essa venha sonante em termos de linguagens computacionais. Esses softwares dizem muito, a par que seja de uma tecnologia de ordens e fatores, a espinha exposta das sociedades e seus sistemas… Mas muitos querem nos ditar o ditado, algum exercício que já estamos fartos de conhecer, e que supostamente não trazem maiores luzes à compreensão mais fecunda de nossos próprios fatores técnicos de conhecimento. Esses mesmos conhecimentos que separam-se de uma tentativa de participarmos mais democraticamente, sem necessariamente pensarmos em constituição ou regras de regulamentação para tal, pois a participação de um grupo nem sempre é de cunho político. Justo que se pense assim, mas um indivíduo isolado, seja de que espécie for, não conversa e não comparte. Esse funcionamento, essa inquietação pode ser uma alavanca de um debate mais amplo, onde se compartissem os conhecimentos, as intenções, ou a aproximação dos tribunais às camadas sociais que estão separadas destes por abismos, o que dá uma impressão concreta da indiferença como certas instâncias vêm tratando de problemas não apenas urgentes da Nação Brasileira, como de extrema gravidade. Por favor, que se diga aos detentores das ações através das leis, não se pautem apenas pelo jargão jurídico, pela isenção da frieza, ou mesmo pela politização das ações e dos atos decorrentes. Certamente o país não quer olhar para trás em seu futuro e vislumbrar coisas em que a exemplo de Cunha já deu o que de bastar de passado – em registro – tenebroso, em que não se prossiga a vigência de atitudes similares por parte das instâncias que realmente decidem.
          Não nos ditem que seremos quais bebês a dormir sobre um confortável non sense de nada percebermos, posto a mesma consciência tecnológica do ser humano também conhece as entradas e saídas, o positivo e o negativo, o sim e o não. Talvez haverá um tempo em que folheemos uma página de um livro histórico e tenhamos uma visão de um país como o nosso em um panorama deste século, acolhido em termos de pátria, e sedimentado em termos de valores. Agora tratam de verbalizar algumas ações em que o clamor popular passa ao largo do desejo de cúpulas. A democracia vem de longe, vem de uma Grécia antiga, de suas Ágoras, de seus diálogos. A princípio, as leis vem igualmente de um sem distância, de um tempo em que nós passamos a ser civilizados, na lei escrita, ou na oralidade de suas aplicações. No entanto, o que se quer decidir agora afronta o breve interlúdio onde muitos milhares de homens e mulheres apenas clamam por um país melhor, sem essa separação sedimentada com pedras e chumbo entre os ricos e os pobres. Não nos ditem o contrário, pois não o é!
        Em um mínimo de decência do sistema nacional, que se dê o direito de que o mais aclamado pelo povo exerça seu justo mandato, e por ele se consolide finalmente uma democracia de valor histórico. De mais paz social, salários mais justos, valorização das empresas nacionais, bolsas, e todos os requisitos que já nos haviam tirado do mapa da fome e que agora, espera-se, não se venha com o pretexto de que as oportunidades e o crescimento econômico estão melhores, pois estamos com milhões de desempregados. O pleno emprego de Lula mostrou a que veio, ou melhor, a dimensão de um grande líder vivo que ainda temos, com condições de exercer um bom mandato em nosso continental país: este gigante que não adormece, que luta e não há de perecer!

domingo, 18 de março de 2018

A INCONTINÊNCIA DO PODER

         Tantos são os caminhos que nos levam a ter ao menos uma impressão de que somos poderosos. No que propriamente simboliza o fato, estaríamos de acordo que o poder pode ser fruto de um desejo. Alguns, por suposta representatividade de um grupo, e muitos por se acreditarem piamente estarem de acordo com a investidura clássica da pompa e do aparato da cerimônia. Sobre essa vontade de poder é que devemos ter clara e logicamente o que efetivamente é bom para aqueles que são representados pelos que assumem esse compromisso, e outros tantos que denotam estarem justamente abusando da sua prerrogativa de agentes públicos. Não é preciso ser muito sábio para estar ciente dessa premissa, ou seja, do abuso de poder por parte de uma autoridade, e nem precisamos ser muito conhecedores das leis para olhar com os olhos que possam ver a realidade e pensar a respeito da Nação como base que sustenta estranhas cúpulas: ápices de abusivos e concretos – porquanto validados – no sentido em sustentar a injustiça baseado em duvidosas interpretações da Carta Magna ou através da imposição de decretos.
         Há poderes que divulgam o não próprio, que prestam um desserviço às populações omitindo fatos, há jornalismos tendenciosos que são alimentados por empresas para que noticiem apenas o que passa pelos seus filtros comunicacionais. Talvez seja uma previsibilidade em que o mesmo fato que corrobora esse tipo de ato, facilita a que saibamos quem é quem no tipo de fonte a que possamos filtrar nós mesmos do lado inverso, ou seja, de um serviço bem prestado e realmente noticioso e imparcial. Esse purismo não há na mídia brasileira, pois a manipulação é igualmente um dos frutos do poder mensurado em infligir a ignorância aos povos mais ou menos cultos do mundo.
          Veremos com o tempo o vaticínio falso de profecias reinterpretadas, no que se alcunha de poder baseado em religiões que encontram nas suas palavras a tentativa de arrebanhar um coletivo cada vez maior, não consentindo estar de acordo com a diversidade das crenças e atitudes anímicas, mesmo que a filosofia reitere e mostre logicamente a fé nas palavras de cada qual, habitante ou não, residente de países onde as fronteiras em tese não deveriam existir… O fato do poder também habitar esse vaticínio de Juízo Final acaba por sedar em espera uma multidão que não age por melhorar, mas paradoxalmente fica nesse anestésico estado de esperar por mais “sinais”. Não podemos jamais pensar que a vida se torne restrita a algo tão simplificado, pois o rebatimento do diálogo em progresso nos trará certezas que mesmo que sejam apenas pontuais, vertendo luzes sobre o conhecimento de nosso povo, seja ele operário, camponês, ou ainda aqueles que prezam por uma indústria nacional.
           Se há na prerrogativa de vivermos a observar apenas o chamado desmonte, resta que sejamos autênticos nas nossas afirmações, e que possamos preencher os espaços, mesmo que alguns não aceitem que dentro do escopo espiritual reside um país multifário, um país com uma diversidade tal de costumes que permite que tenhamos ao menos uma humildade de saber que o conhecimento vêm da experiência, e que o diálogo nos trará sempre uma assertiva de quem somos no plano individual e como poderemos alçar maiores voos em pequenos mas acertados agrupamentos, dentro ou – principalmente – fora de uma rede, pois esta às vezes se torna tão complexa que vira um substituto regresso do que imaginávamos fosse positiva de fato.

sexta-feira, 16 de março de 2018

RETRATOS INCONSTANTES

          As mudanças de tecnologia pelas quais o mundo está passando revelam o cerne mais substancial do que podemos vislumbrar do positivo ou negativo nos seres humanos e todo o hólos em que habita. Dito como um pressuposto onde sabemos que a introspecção e a subjetividade estão com índices minorados na espécie humana – na contraparte de um proceder onde a técnica se impõem cada vez mais – há questões existenciais profundas que marcam o nosso tempo, tais como a desesperança e a o isolamento que beira a solidão. Os novos gadgets começam a saturar os relacionamentos entre as gentes, principalmente quando abraçam a grande e ilusória parcela daqueles que possuem a integralidade de seu tempo para encontrar sua “cara metade”. Há possibilidades imensas de ampliarmos o leque de relacionamentos por via digital, mas devemos ter um certo cuidado em não nos expormos demais a que outros – indesejáveis – façam uso das informações de nossos perfil e de nossos trânsitos, a saber que na economia moderna está valendo tudo, inclusive a impropriedade dos pequenos espiões, e vírus que nos atrapalham o funcionamento da máquina.
           Se há uma questão a ser debatida em sociedade poderia ser a que diz respeito aos fakeselfies, um neologismo que retrata por vezes a ausência de uma identidade mais verdadeira dos humanos, porquanto posem ou se mostrem através de uma premissa em vender a sua própria imagem baseada em uma persona de ensaio, na farsa de nós mesmos. Temos que admitir que enquanto seres que emergem em meio à intensa e duradoura revolução tecnológica de nossos tempos, devemos utilizar as ferramentas digitais como extensão de outras, como a roda e, mais recentemente, o tear mecânico e a máquina a vapor, que caracterizam a revolução industrial de dois séculos atrás. Igualmente pensarmos que as relações de trabalho melhorarão em nossos tempos, em uma economia global, pois a ilusão da justiça social esbarra nos mesmos modais exploratórios que a História já nos revelou através dos tempos. Há condições em que a diplomacia refaz antigas contradições sistêmicas, e por elas seguem um padrão em que contestar pura e simplesmente, sem a contrapartida do diálogo, pode vir a ser desastroso. No entanto, sempre será pelas conquistas e lutas em direção à nossa verdadeira identidade enquanto cidadãos que estaremos ampliando e restaurando o patrimônio de nosso país, que é a democracia brasileira. Isso tudo é alicerce das leis, que regem o que deveria em tese prevalecer como pilar fundamental da coexistência entre os povos. Em que o Poder emane do Povo, e a este seja servidor.
          Não há como admitir que a inconstância de um discurso ponteie como peça consonante entre as relações de força, assim como não há admissibilidade em retrair a escolha coletiva como algo que seja relativizado, ou fruto de uma manipulação – a grosso modo – da inconstância dos retratos verdadeiramente perenes da nossa História, a História do Brasil. Enumeram-se vertentes das caminhadas de uma gente brasileira e a constante amizade com as metrópoles tange ao universo por vezes de uma entrega sem precedentes, à medida que progride o tempo. Esse mesmo tempo em que pensáramos que não fôssemos excludentes, mas que abraça o descaso com relação à nossa Pátria e seus habitantes e, não fosse assim grave, teríamos um outro tempo da ciência do progresso, um tempo correlativo que não dependa dos esforços de luta hercúlea dos trabalhadores, mas sim um manto social de justiça que não invalide a sequência mais branda de atitudes porquanto de interesse da maioria. Se os esforços em se administrar torna-se assaz vertical, que o topo justifique a posição permitindo às bases menores esforços decorrentes do esforço do mesmo topo. A relação torne-se como uma colmeia em termos de organização, e como uma janela em termos de serviços: esta permitindo o arejamento necessário à casa e o espaço garantido em termos da luz natural. Não seja essa assertiva uma metáfora, pois o simbolismo da pátria aventa a hipótese de que, quando abrimos uma janela, isto significa estarmos em um lar, um simbolismo que garantiria paz a todos os cidadãos, na mesma construção de uma cidadania que esteja vinculada a um retrato constante e pujante em uma democracia construída na base da participação necessária da coletividade do povo do Brasil.

quinta-feira, 15 de março de 2018

A ARTE E SUA PARTE

A arte vira semântica discreta, o “europeu” não é mais visto no conforme
Quase exato de no fim das contas perceber o valor de um Veronese
Que o vulgo não conhece nem seus imensos e maravilhosos verdes
Quando – espera-se – que um dia saiba que a esmeralda pontua nos olhos!

Passa-se o tempo incomensurável, vêm as desditas, e aqueles que se dedicam
A um futuro qualquer, seguem pensando que nas linhas filosóficas estão as veias
Que consagram o entendimento, justamente na igualdade dos remanescentes!

Descobre-se o título de uma infidelidade, e a ofensa passa a ser no toma de cá
Que eu lhe darei um troco na medida com o sermão de látego a mais no lucro
Que deixam visivelmente escapar das mãos do verdugo, como um voo de corvo.

Poesias que nascem, das mãos escalavradas do poeta, que não diz o que se quer
No que não se engaja, posto por permanecer fremindo a massa de um pão
Que nasce no amanhecer de cada estabelecimento, onde uma enferma crítica
Vai recolher seu quinhão no silêncio dos dias sem sequer haver tom simbólico.

A poesia constrói a rua, os manifestos a decoram, os grupos passam em bandos,
E as ruas vertem seus canais, seus caracteres, suas personagens, seu trabalho
Em que pungentemente a arte canaliza propriamente para seu território sagrado:
O de ver que nasce o dia, e quando este pousa, dá espaço para pássaros noturnos.

Não há ferimentos morais na estepe dos quase moribundos, quando estes veem
Seus alentos chegando na forma de alimentos supridos pelo bom senso,
E não haveria qualidade maior do que isso se a todos o alimento do bom senso
Fosse bem comum na consagração da liberdade de se escolher a oportunidade.

Este, sim, fora o parágrafo do heroísmo, porquanto a esfera de se manter ativo
Manda que se permita um grande animismo entre as gentes, sem a permissão
Que não venha do Altíssimo, pois no progresso da dialética está o porquê da dúvida.

Verdadeiras etapas são cumpridas, a memória atinge o grau quase perfeito,
Os rostos se mantém mais serenos na certeza, em que atingir a mesma perfeição
Não é a tarefa dos homens, posto o Grande Serviço é apenas uma sombra Dele.

terça-feira, 13 de março de 2018

POESIA DO NASCEDOURO

Os sonhos imantados de um ontem ainda presente nos regalam
Para frutos de concórdia, em que a humanidade não precise suplicar
A ver que seu ideal de consorte com a esperança navega no mesmo barco…

A lida de crescermos, irmãos, transcende a discórdia que nos remonte o povo!

No mesmo caudal em que as correntezas nos mostram os movimentos do tempo
Há de surgirem outros movimentos, não rotulados por intempéries outras
Quais não sejam o mote da chuva, o vento que nos gire, o incomensurável estelar.

Nas vidas que nos acompanhem os faróis distantes, de uma linha do horizonte
Em que nossos barcos saibam o quilate de suas próprias navegações
E que não soçobre a intenção primeira de vermos os peixes sobrantes!

Ao que nasce, nasça um olhar, um gesto, uma mama de alcaçuz no gesto
Tão sutil quanto o olhar de um bebê ao anunciar que é hora de trocar
A aparente obrigação primeira que na verdade é a ternura de um pano limpo!

Que verta a alma humana as vértebras da compreensão, a todos, pois não é
Imantando com o suor de falsos profetas que veremos na comunhão dos dias
Uma condição de luta antecipada que é ao mesmo tempo uma composição forçada.

Um trem se nos alivie as dores, um imenso carrilhão de esperança, um homem:
Seus erros, seus acertos, suas gentes e a mesma questão indivisível do átomo…

Que não se veja o dolo onde outros se enriquecem com outros dólares de fachada
Quando supõem ser alguém de escolha o não escolhido, mas que é fato que o seja.

Rascunhos de gente são o farnel substancioso de nossas caravanas, pois construir
De um tudo ou nada não mereceria qualquer painel onde escrevemos a pesquisa!

Não merecemos as cifras que nos atalham na compra de um nascituro, qual seja,
Quando erguemos nossas cabeças em um tipo de curral, que saibamos o que é.

Não precisamos dar o aval em um novo que não existe, em plataformas inócuas,
Em temperamentos em clamores populares, na visão dantesca do egoísmo,
Posto não nos realizamos sendo sobras de nada, visto o nada poder ser algo.

Nasce um país melhor, no sentido de sabermos que temos nossas justificativas
Quando percebemos que o valor do país tem a coragem de seguir prosseguindo!

sábado, 10 de março de 2018

KAFKA E SEUS PROCESSOS

          A vida de um escritor pode significar muito ou pode trazer à baila a tragédia humana, o que faz com que signifique mais do que as suposições ou motivações de sua arte. Em vista do que percebemos, a nossa amplitude pode se tornar não reativa, como quando estamos apenas conectados, ou ligados a uma rede computacional. Há ferramentas que são de bom uso, e é estranho não possuirmos aplicativos desenvolvidos para permitir a total transparência dos Poderes da República de nosso Brasil. Talvez porque o que impulsiona a tecnologia são aqueles frutos gerados na obtenção do lucro, ou as crises de contendas de diversas naturezas, como acompanhamos o desenvolvimento maior da tecnologia nas duas grandes guerras mundiais e na Guerra Fria.
          Infelizmente, por vezes sem conta as grandes crises impulsionam avanços na tecnologia e outras vezes sem conta essa mesma tecnologia alicerça conflitos e empodera grupos que no mais são os que têm maior capacidade ou avanço nesse campo. Obviamente, aqueles responsáveis pelo conhecimento mais apurado e suas profissões de ponta, quando de extrema competência, vêm de classes mais abastadas, da elite propriamente falando, pois puderam estudar em escolas particulares, com índices elevados na sociedade, referências de ensino que criam as condições necessárias ao ingresso das melhores faculdades ou, no caso dos militares, instituições que formam oficiais de alto nível. No caso nos perguntamos: o que as escolas públicas passam a representar em nosso país? Quiçá escalonamentos injustos, onde a lógica pertença mais às Arcadas de São Francisco do que uma faculdade “walita” de formação, ou seja, com meios acadêmicos inferiores, onde dependerá do aluno muito mais a sua capacidade ou esforço se quiser obter trabalhos com rendimentos maiores. Para se manter esse estado acadêmico ao nível das faculdades, o que não se dirá daqueles que sequer se formam no segundo grau? Obviamente, passam a ser relevados a um tipo de ostracismo em que não se encontram com o bom senso de saberem ver esses fatores sistêmicos como uma espécie de determinismo, onde nem tudo são oportunidades, se não houver uma educação mais igualitária.
          Como em processos kafkianos, não sabemos ao certo as origens, ou precisamente os fatos causais que nos tornam reféns de posições arcaicas nos índices de desenvolvimento precários em nosso país. Como labirintos de corredores de escolas pobres, litígios em que não há advogados atendendo, medicina em crise ou, em outra ponta desse ilusório panorama de conquistas na área econômica, não vemos estruturalmente a nossa sociedade mudar para evitar a miserabilidade da nossa condição humana. Vemos sim, uma corrupção desenfreada onde o jato de água acaba por encontrar de per si dificuldades em levar a termo a continuidade de suas operações no plano jurídico, por onde se vê que nessa outra órbita de atuação há um tipo de seleção nada natural dos apenados ou daqueles que são poupados nesses processos. Penas gigantes com quebras institucionais decorrentes são deflagradas àqueles que não têm nenhum crime de responsabilidade contra, enquanto outros são poupados no processo de engavetamento de documentos ou mesmo na extrema de destruição de provas. Talvez alguns achem estranho estarem no grande edifício de Kafka, onde sua personagem jamais soube o porquê do processo imputado a ela. No entanto, há que se ver que a formação acadêmica de alguns possuem claramente o cerne da intencionalidade ideológica, a exemplo de forçar esse campo para inutilizar provas que defendem o sujeito, questão que o Direito deve se perguntar à validade ou não dessa manobra quase tão legal quanto o Mickey e sua fantasia.
         Nas questões da busca de Poder através das redes sociais, há que se citar que redes complexas podem ser objeto de análise e processamentos com algoritmos criados que investigam o comportamento dos grupos, em termos de vértices – unidades de IPs – com as arestas – ligaçoes entre os vértices – que podem possuir seus relativos pesos, conforme a relação que possuem com outros vértices e grupos, tornando a visibilidade já conceitualmente propícia às “intenções” de mercado. A princípio, toda a investigação do comportamento dos usuários de um sistema informacional visa garantir lucro quando se apropria de informações desses mesmos usuários, mapeando os padrões de consumo e os usos: seus tempos, seus desejos, suas preferências e círculos de amizade. Estes vão desde preferências políticas, diferenças de cunho social ou mesmo em casos de algum eixo não correspondente ao status que se espera de um “comportamento social”. A diversidade passa a ser controlada pelas células que se tornam a aproximação pura e simples, e os casos atordoantes para o sistema passam a ser isolados como aberrativos ou patologicamente assistêmicos. Assim como se deixa ao cidadão a plataforma que o torna paradoxalmente mais livre quando de poder pretender e consumar o modo de viver ao seu jeito, autenticamente de fato, justamente quando rompe com certos grilhões digitais. Os displays não necessariamente precisam ser quase que próteses inevitáveis em nossas vidas. Apenas coexistem como ferramentas outras que, aliadas do martelo e do liquidificador, possuem seu papel não hierárquico como peça de comunicação, mas propriamente uma extensão tátil do telefone, um rebuscamento funcional. Faça-se um bom uso e chega de pensarmos que o processo kafkiano é inevitável, pois basta nosso pensamento com Fé, a antiga Fé, pois esta move as montanhas… Esse modo mais simples nos conecta com a religião, com a espiritualidade, algo anímico, quiçá com estudos a respeito de movimentos filosóficos igualmente: tudo isso, encontrar em algo complexo razão de estudos faz parte intrínseca de uma vida interior, de um intimismo necessário nos tempos de hoje, onde se postar em uma vitrine e assumir um valor de mercado se tornou uma inconsequente tarefa onde a maioria nem acredita estar realizando, com as plataformas mais íntimas de seu ego em uma exposição retroalimentadora que só serve para beneficiar os donos desses meios.

quinta-feira, 8 de março de 2018

CONSTRUÇÕES

          A vida humana é uma construção, em que os alicerces devem estar firmes, com solo que os aceite em suas fundações. Justo que é quando somos jovens que aprendemos a fincar nossa estrutura, permanecendo sólida por mais períodos para que ergamos, através do diálogo interno e com a sociedade, o edifício que seremos. Cada vida é um patrimônio, um esteio, uma raiz, a se tratar da analogia que até mesmo uma árvore é construída pela mão do Criador. Não fabricamos sementes, mas apenas as transformamos geneticamente, e há ressalvas nessas questões tão amplas, posto um ser possuir seu atma sagrado, o Espírito que consagra a mesma e nossa existência. Não somos implantados na Natureza, pois as leis que a regem são independentes da vontade dos homens… Essa Criação Suprema deve sim operar mudanças nos nossos níveis de consciência para que saibamos viver melhor em consonância com todos os que nos cercam, seja de que espécie forem. A tolerância deve prevalecer entre nós – os habitantes da Terra – para que deixemos de errar o volume de atos que temos deixado como prova irretorquível de que não estamos construindo para melhorar, ou seja, plantando alicerces e elevando prédios nefastos às leis da própria Natureza. Na verdade, esta é a nossa verdadeira casa, uma linda e eternamente promissora vertente de tudo que necessitamos, e no seu jardim podemos habitar com as vivendas e o pão. Como um grande condomínio, a nossa casa maior!
          Os insumos a nos capacitar em termos riquezas devem obedecer a um tipo de coleta racional e não cartesiana, respeitando-se qualquer naco de alimento como algo sagrado, posto nem todos já no planeta estão tendo acesso aos alimentos, ao trabalho, à terra como subsistência, ao menos. Muitos sequer escolheram bons lugares para fundear suas construções, erigir seu lar… A menos que demos ouvido a essas questões de ordem humana, não seremos mais humanos porquanto apenas entidades baseadas no egoísmo e na cobiça. Que estejamos sempre na paz do Senhor, que veio ao mundo para nos libertar, e não nos concentremos naquilo que não seja do perdão. Nos tempos de hoje, muitos creem que é na base da ofensa que se constrói algo, qual não seja o poder, o mesmo que gera tantos conflitos e a injustiça na Terra. O Deus vivo já nos disse na comunhão que nos dá a paz: “eu lhes dou a minha paz...”, modo de sabermos qual a receita que nos foi passada para o entendimento entre os povos, e há mandatários que ignoram, de maneira egoísta, como pregar a paz no planeta. Não há muitos caminhos para se entender esse ato, mas a esperança ou a Fé ajudam o suficiente. Passemos a nos preocupar com aqueles que, mais jovens, começam a construir e demandam atenção a princípio dos progenitores para alcançar boas moradas. A pobreza é uma condição, e construirmos princípios que permitam aos mais desfavorecidos ampliar seus horizontes é tarefa da grande construção humana que se chama sociedade, ou comunidade.
          Há que se reformar alicerces na grande construção, quando esta não cumpre com a sua função de permitir aos mais vulneráveis que estes possam construir suas vidas em igualdade de condições com o próximo, porquanto este queira se manter distante do “outro” por ordem de preconceitos ou sectarismo, ou modais de egotismo, puro e simples, tornando paradoxalmente complexo o desnovelar da injustiça em suas diversas frentes, na forma de muros que nos separam do bom senso. Ergamos a cabeça para que reconheçam o propósito que o Salvador nos ensinou a viver, pois Ele constrói a ciência da libertação de cada um, e o espelhamento dessa vida libertária na consciência das comunidades que se propõem a melhorar o aparente fracasso da civilização atual.

quarta-feira, 7 de março de 2018

O DESDÉM DO INFINITO

          Pois sim, que agora a informação vale, mesmo sendo intangível. Tão intangível que muitos a abraçam de forma caudalosa, parecendo a si mesmos que possuem a sua pátria nos lugares mais ricos. O infinito não olha muito para isso. O infinito é um mergulho: da Terra em cada gesto, sem escrituras que a rejam, haja vista a lassidão humana. A reação de muitos devem nos parecer uma chuvinha de granizos inquietos que se derretem na nesga do sol. E se não houver o sol, um prejuízo ou outro em uma pequena safra. Que muitos apostam, mas não negam a sua ignorância frente aos mais cultos que já aprenderam da humanidade todos os seus fracassos passados… Mas ainda não estamos na Sibéria ou em uma Era glacial. Pode vir, será essa a tendência, conforme estatísticas já historiadas e verificadas cientificamente. Em termos de matéria, nada pode contra a ciência. Falamos a reza ao ar audível e este propaga as suas frequências. À vista da tecnologia febril, não devem usar deste poder aqueles que pregam a espiritualidade, pois esta sim abraça o infinito e transcende até mesmo a filosofia, em que possa vir de uma poesia sincera, ou de uma prática alicerçada no que é, no que foi e no que será, à visão religiosa. No entanto, nos parece que o desdém está partindo do infinito, carregando nossas vestes terrenas no pó incomensurável, à própria terra, ao pó que seremos, nós os que não tivemos filhos, pois estes podem virar robôs se me perdoem tamanha fantasia! Risos dissidentes. Não, não é por opção e nem foi a fraqueza em copular tão facilmente que os filmes ensaiam a pirotecnia sexual como o grande orgasmo nuclear.
         Deixem o Homem em paz, que sua paz ninguém pode tirar, e é a partir de nossos erros que vamos – não podemos nos evadir disso – cumprir com os ensinamentos que a furiosa Natureza já prepara para a humanidade: uma Era longa e tenebrosa, a Era de Kali. As mutações gênicas talvez fabriquem estranhos seres, e se não nos acautelarmos proporcionando a justiça no plano social veremos a ilusão se transformar cada vez mais em realidade, ao menos na insanidade mental coletivizada. Se não ampliarmos nessa coletividade a consciência dos habitantes de nosso planeta veremos a dissenção, as guerras comerciais, as guerras de fato, a criminalidade, o avanço do terrorismo e outras coisas que só servirão para tomarmos ciência da grande premissa: melhor distribuição de renda e conscientização que não devem existir fronteiras beligerantes jamais! É conveniente que um chefe de nação coloque termos quando radicaliza algo no sentido de prejudicar outra nação. Claro, a posição é confortável, possui toda a proteção disponível. No entanto, é um equívoco pensar de forma egoísta na sua posição de estadista, aventando-se um poder que acredita ser supremo.
         Só há um Ser Supremo, este é Krsna, como queiram que tenha outros nomes, como Alá, Jeová e Deus. E ponto final. Se seguíssemos os preceitos védicos e parássemos com a matança de animais veríamos mais ternura no mundo. Se parássemos de investir nos transgênicos veríamos muito menos incidência do câncer. Igualmente com relação aos pesticidas nas lavouras. Igualmente, uma sociedade sem ganância não seria essa competição inglória onde os fortes devoram os mais desprovidos, onde os grandes montantes tendem a migrar para as maiores fortunas do mundo. A corrida espacial por buscas de planetas habitáveis só tende a ampliar o leque de territórios cáusticos à nossa existência. E a busca pelo poder em si e por si, por questões de ordem egocêntrica tende a ser cauterizada por diversos sistemas do mundo que permitem – ou não – governos mais populares e – portanto – mais humanos. O intangível como a informação enquanto entidade de fato, e no entanto oculta, é finito. Quanto a sabermos utilizar a sociedade tecnológica das informações, temos que partir do pressuposto que quando a informação está in box está processando ao seu modo, e quando igualmente estiver on the street será tão procedural quanto. O estudar na rua talvez seja tão importante quando curtir uma cela – quando somos anacoretas solitários – e possuímos os livros em que toda a biblioteca passa a ter importância, incluso para aqueles que cumprem pena em uma instituição prisional, e quando através da arte erradicarmos o ódio de qualquer natureza, principalmente a comportamental, ou behaviorística.
         Não temos que viver sob o paradigma de Pavlov e suas leis de condicionamento. Não somos máquinas de ganhar e gozar ou o consumo de coisas exageradamente rebuscadas ou buscar nas variantes sexuais os prêmios que consideramos recebidos por missões, a partir do momento em pesarmos que nem toda essa engrenagem funciona do modo como um ser humano pretendia em tempos passados, haja vista que conhecer a história passa a ser tarefa principal de aculturamento dos seres – que aí sim – pretendemos existir em consonância e equilíbrio com os outros seres do planeta, nação, estado, município, aldeia ou lar… Não demonizemos a classe política que luta por uma democracia participativa e mais igualitária, e não endeusemos a classe militar enquanto solução política, e nem tentemos criar antagonismos entre as duas, pois existe uma coisa que deve ser reiterada sempre e que consta em nossa Constituição de 1988 e em todas as Cartas de Leis de países mais civilizados: a cidadania que garante os direitos de todos os habitantes de nosso país. A partir dessa premissa teremos infinitas possibilidades – criativas ou não – de externarmos e espelharmos justiça por poros que por vezes julgamos inexistentes. Partindo-se da premissa que será através da União por todos que reaprenderemos a construir melhores democracias, aqui e no mundo.

domingo, 4 de março de 2018

REFERÊNCIAS

Como um carro cansado, sem os cavalos, teço de mim um algo dia
Sem o tudo que nos encerre nas horas, mas que a nós também versem
Que somos quase os de sempre, no infinito que nos dure algum minuto.

Respiro imantações de qualquer coisa a que chamem coragem, bobagem
É esta denominação imprópria da crise das contendas fracassadas...

Que chamem a paz, que esta vem ao menos em um coração selvagem,
Pois que aquela realmente liberta, é distinta do vulgo que se conecta
Com o dito opressor ou com o dito oprimido que parte de nós mesmos...

Não que a poesia fale muito, mas está distante de uma voz que escute
E de uma mulher que fale algo de amor, sem estar com o olhar postado
Na insegurança de se perder a dor de não amar ninguém ao próximo!

Que hoje nos perdoem as paredes erigidas no concreto, dos pilares em que
Constituímos heranças do construir, a minúcia de um braço que erga.

Na betoneira vemos o ronronar de uma máquina latino-americana:
O cimento que parte o continente a sorrir de outras máquinas despertas
Como um computador que alberga o sonho de um mero e cru escritor...

Dos escritos que não seja desta poesia, pois a humildade de certo artista
Manda que este saiba que a arte não passa de uma simples sombra
Daquilo que a Natureza encerra como mandatária e escrutinadora da vida.

As vezes de uma poesia remetem apenas ao fragor de um prazer de um homem
Que desperta todas as noites ao seu estado original da arte quanto de expectar.

Veem-se estações sucedâneas, o tempo mostra um sem tempo em que creem
Ou em um futuro dilúvio, ou no final dos tempos, ou em um tempo tão forte
Quanto da fraqueza humana em não suportar tamanhas doses de tecnologia.

Não percamos a fé, entrementes, a fé que desperta uma montanha a ver que,
Sob seu manto sagrado de esperanças, o gesto de um bebê pode salvar algo
De alguém que nem mesmo em sua progenitura evita convalescer tristezas...

No véu de uma musa que nos espere no caminho estariam rindo os fantoches
Que a encobrem com medo de vê-la despertar como uma deusa da Índia antiga.

A que tanto nos propomos chegar, a que referir-se do propósito em si na luta
Que se trava em um olhar de desespero de um mendigo, à procura da compaixão
Que muitos negam na escravidão que sopra em suas vidas de beligerâncias...

Vestimos o caráter de outros gestos, sentimos o calor de estarmos acompanhados
Na vicissitude de sabermos antes que não nos interessa mais o calor das mãos
Se estas empunham dedos de fogo quando a cristalizarem suas próprias memórias.

Naveguemos sobre as pedras que as mãos ocas não alcancem o timão, colegas,
Pois na vereda marinha ainda há o mistério de que sob o asfalto existe vida!

Sim, e por que não estaríamos a navegar em silêncio sobre as pérolas de sorrisos
Ou sobre a superfície bronzina de uma negra, em seu silêncio de Deusa
Nas vestes em que uma África inteira mostra ao mundo o silêncio das belezas!

Ou nas armas que Kali tão bem carrega por sobre seu leão, na fúria indivisível
Que parte a elucidar a muitos que não há o futuro tão nobre quanto uma realeza
Queira que apeteça ao mundo o complexo limiar das fronteiras da ciência.

Que somos de passagem, e brotamos os devotos, a pureza de sabermos da fé
Em que Indra manifesta a Natureza conforme predisse nas escrituras Vaishnavas.

Talvez aproximemos mais da justiça terrena o trabalho de muitos valorosos
A saber que quanto mais tornarmos as sociedades igualitárias em ganhos
Ainda podemos girar a roda da história sem precisar elucidar a não práxis.

Pois sim, que partirmos a praticar o bom senso não denota que tenhamos
Apenas uma receita que por milagre venha a dar conta de tudo que vivemos,
Mas a ação continuada a serviço da justiça social reverbera como uma joia.

É nesse instante que basta a síntese para redimir fracassos em que pensamos
Que haviam apenas caminhos já traçados, mas que agora já se tornam previsíveis...

sábado, 3 de março de 2018

CONEXÃO SEGURA

          O que vem a ser uma conexão… Talvez ligar-se a algo, talvez – ou quase sempre hoje – essa palavra passa pelo jargão da informática. Faremos história assim, ou pingamos de tintas breves uma casca de um ovo já com rachaduras extensas sobre a sua superfície ou, quem sabe diriam os rosa cruzes, já vazando de nossas águas internas? Como no pontilhismo de Seurat, colorimos esse extenso ovo com nossas conjecturas, agora tão amplamente ajudadas pela auto-ajuda milhonária daqueles que se auto-ajudam em seus amplos e internacionais bolsos. Talvez fosse mais breve o pensar, mas que a conexão a algo faça entender a muita gente que não adianta estarmos plugados em certos modais hedonistas para frutificar por vezes na inconsciente aparência de um tipo forjado de bondade, ao estarmos alicerçando prédios desiguais com relação à massa trabalhadora. Ou em missões de intercâmbio de poderes, a se jactar as mesmas e sinistras concessões de sempre, pois o espírito não é concessionário, meus caros, e é nesse pontuar-se que, se observado fora mais de perto, verão que o que se diz se diz mais um pouco, subentende-se. Literalmente, uma conexão segura é o sexo seguro, mas que quando é inseguro pode causar muita insegurança, camaradas de respeito! Que baste a lenga lenga, estamos por ver sociedades cada vez mais sectárias, pois a rua clama por paz!!! Não a rua do Leblon, mas as vielas que são quase a totalidade de vilas miseráveis do mundo inteiro, pois estão no melhor país do mundo, ao menos o mais diversamente belo e paradoxalmente um dos mais injustos. É duro conviver com os contrários, com opostos, com a diametralmente geometria da desigualdade. Uma geometria cristalizada em estruturas antigas e torpes que, quando está a se romper, botam mais cimento, mais asfalto, tapando os buracos dos crânios pobres brasileiros. Algo está a se romper, ou irromper, surgir, o monstro da lagoa de que falava Chico Buarque: “na arquibancada, a qualquer momento...” Agora, todo um preparatório esquizofrênico em seu ego mais do que inflado da mídia, que coloca recursos em 3 D para aventar a possibilidade “irrecusável” para que o seu público produza filmes de opinião, a saber: que país que vocês querem às vésperas da eleição, depois que depusemos por via ilícita a Presidenta que vocês escolheram para governar o mesmo? Que país vocês querem? O mesmo de qualquer um? Conectem-se, meus irmãos globais, a ver, que estarão participando de mais um curral onde, pois é, tem tantos artistas… Bem, são pagos, a cultura do país é essa mesma, não há revide, há um imenso big e grande bródi. De pneus carecas, pois o trâmite da pesquisa por si já é funesto. Conectados ou não não me levem a mal, estarei com vocês, globais, até os últimos capítulos de vossa senda inquieta pelas escadas da vida! A vida de uma empresa precisa de gestão, não é mesmo, mas essa está se tornando um equívoco. Agora atacam as ações do Presidente… Subentende-se que aí tem! Tecem seus carrilhões em desfile pelas avenidas e temem a internet, pois ninguém absolutamente normal vai ver na internet um programa que é veiculado ainda com a maquiagem hansdonneriana.
          O que podemos pensar disso tudo, que são críticas infundadas? Que não há parâmetros? Há que saber ver da indústria cultural e esse encaixe tão preciso de fundamentos fundamentalistas em termos de mídia descobre a íntima relação do Projac com o petróleo, não exatamente o nosso, mas o de todo o planeta… Navegam as gentes, por Deus, querendo cometer violência, e a Globo está passando violência em seu conteúdo apenas superado pela tecnologia de entretenimento do século onde estamos, vivendo a Era das revoluções inversas. Pode ser que algo sobre do entendimento, caro canal gigante como o olhar de Golias, mas Davis estão a postos e são mais do que os seus dois olhos, aliás, algumas centenas, mas de um único formato. Não não não, nada de rancores, apenas décadas e décadas de desfaçatez, com espaço até para um papagaio de pirata ser candidato a Presidente, em uma corrida ao país que algo este deve ter para oferecer, talvez até mesmo bases militares estrangeiras com seu armamento senil e demente.
          Haja, cristãos, que chegamos ao período crítico, mais crítico que a guerra fria, pois não são apenas dois países e a Palestina ocupada já enfrenta décadas de cortinas de ferro. A síria vira laboratório tático e crianças mortas já não enternecem mais a humanidade, o atual capitalismo anda comendo crianças, ao mais próprio estilo de Goya y Luciendes. Restam os terreiros invadidos, os católicos sofrendo com difamações, em campanhas que realocam o ostracismo do bom senso no sentido bíblico do ódio e das retaliações, onde o mundo árabe sofre com o preconceito, este estendido aos enfermos de qualquer natureza, às mulheres que lutam por um mundo melhor, aos negros que – pobres – tem quase limitantes burgueses que rechaçam seu simples caminhar pelas ruas. Tudo isso se vê, e construímos apenas uma denúncia, um desabafo, não há como se omitir. A intenção de se falar no nós, é que pensamos que podemos ter alcance em meio ao turbulento mundo onde vivemos. Mas nada é apenas sal na salada de frutas, há um doce de semolina, há um suco de cupuaçú, um sovete de açaí, há um ótimos arquiteto japonês, há um hot dog, água ainda a possuímos, há gente, agentes… Nem tudo se perde, tudo é uma transição, mas devemos saber que a conexão real é com a Natureza, a única escritura viva do planeta… Mal sabemos dos índios, mas eles, com todo o preconceito que sofrem por fumarem em suas danças, ou por serem muito mais autênticos em qualquer lugar que estejam, possuem e sempre possuíram uma sabedoria que aqueles do Norte responsáveis por diversos extermínios, mal sabiam estar pregando cada prego no esquife da sua própria e antiga e expropriadora cultura de primeiro mundo…

quinta-feira, 1 de março de 2018

A DESCONSTRUÇÃO DO MITO


Haverá tempo, senhores, para nos resguardarmos a um bom viver
Que seja ao menos um terço do que reservamos em nossas forças
No paradigma quase libertário de apenas preservar o que somos?

Resta a pergunta número dois jamais formulada, companheiros do nada
Em que nunca supomos que estivéssemos juntos na fornada do pão
Em que as padarias, aí sim, fornecem do trigo a sua mescla em cultivar.

Pois que a pergunta inexiste sem que rompamos com o mito de querermos
O que não somos nos alfarrábios de histórias passadas e com elas
O mesmo passado em que crucificamos os erros e erigimos falsos acertos!

Mote de perdão será um dia, vejam, que a noite se nos atravessa túrgida
Como outros acertos em que não cedemos a nenhuma proposta úmida
De latências inquietas por vezes esquecidas por sobre alfombras persas...

Ao mito não seremos, a quem quiser vive-lo fará com forças previsíveis
Porquanto nos tempos de hoje a referência é a personificação do ignorar
Que todas estão registradas em um átimo que o tempo nos revela no nada!

Se ao poeta lhe cabe estudar que o faça de bom sentimento, qual não seja
Um sectarismo de barbas prontas, o esforço em talhar do inimigo criado
Por uma questão midiática ao revés, o que não se vê acaba se vendo em outro.

Pois bem, falar em paz pertinente é a razão de um inseto que nos revela
Que seu voo é mais complexo em suas urdiduras nos jardins de concreto
Do que o esforço humano em se encontrar a partir de linhas talhadas de letra.

Mas sim que o fossem números, cifras de cálculo, algoritmos de taba de reserva:
Seríamos muito mais por questões outras que nos encapsulam de certezas
Mas mostra que em termos de litros o rio navega na própria Natureza!

Das bolhas que vemos nas ondas, das nuvens em que agora nos chova o tal
Que seja o homem suficiente para ela, que Deus nos proteja de um mal
Que as florestas apresentam ao Ártico no escambo em troca de grãos...

Posto alimentarmos mitos nascedouros das vertentes do diafragma digital
Que se abre e fecha em torno de suas conquistas aparentemente precisas
Na robótica que não mais seremos, pois já não existe futuro que se apresente.

Seremos de ordem de combates, se por hipóteses claudicantes erramos no ato
Quando pensamos em efetivamente saldar as dívidas que os faltantes encerram
Por lutas inglórias em que transformamos um país emergente em quarto mundo.

Que se reúnam os patriotas, pois as forças que se deparam para nos engolir
De fato partem do princípio de nossas vulnerabilidades institucionais
E seremos mais fortes se rechaçarmos as garras de uma resiliente águia.

Saibamos que nossas riquezas não dependem que as despejemos em tonéis
De gratuitas massas encefálicas, pois não é a partir de falsos brotos de primavera
Que vão regalar ao distante o perímetro que nossa dignidade abraça trêmula...

Há que se dizer, todos unidos e companheiros de jornada, que o país se chama
O nome que lhe demos todos em toda a nossa História, de tantos e tantos
Que a tontura de acharmos que estaremos repetindo mitos é equivocada, no mínimo.

Tornemos as tentativas válidas no corcel que nos mande alguma providência de luz
Pois as trevas de que estamos por empatar receitas de pacotes vilipendiados pela vida
Encerra esta mesma em um quase não viver a não ser o mito sujo de lutar ao poder.

Posto que em um exemplo cabal não há qualquer tipo válido de empoderamento
Porquanto se roga que um ser dessa ordem faz-se dono de certos atos hostis
Que acaba por ver que na relação com o rival dessa conquista haja rancores e fel.

Sejamos felizes os que estamos por atrair novas ordens de funções diversas
Posto sermos máquinas (?) ou apenas homens e mulheres e outros seres
Estes – últimos – que a brutalidade da ignorância não enxerga como iguais...

Enquanto levantarmos uma mão para citarmos a nossa posição, como destros
Ou em canhotos regulares que escrevem certo por outras linhas de atuação
Não importa, destros ou canhotos, queremos apenas uma Pátria Livre!

E essa questão da liberdade em termos gerais só será possível através
De uma distribuição de renda tão compatível com o novo mundo avizinhado
Que só possui um nome possível e irretocável na existência do mundo: Socialismo.