sábado, 5 de agosto de 2017

OLÍVIO E SUA ALCUNHA

            Pois bem que Olívio recebesse a alcunha, o apelido, de um nome pechado. Uma pecha, um qualquer que o dissesse, a ele não importava. Sua existência, ao seu modo, era mais ampla do que nomes, mesmo que os rótulos das garrafas importassem aos conteúdos, mas logicamente haveria de se retificar o processo de fabricação, pois de muito grassava a burla. Imensos tonéis eram e gratificação, quase com processos inversos, e muito do que se bebe não se sabe seja o que. Sua alcunha, a de Olívio, poderia ser da honestidade, mas a farsa parecia ser comum a todos... Afora o mundinho dos celulares, todos ausentavam a posse, pois que a eletrônica tornava-se o ganho afetivo. No mais tardar, em um clique por fora do que se pensasse. Quem sabe houvesse algum clique controlador, ou quem sabe os cliques negociassem notícias ou casos. A pesquisa tornava-se uma palavra quase obsoleta, pois a que durava enquanto se processava estava nos bancos de dados e nos estudos gerenciais, de tal modo – a se dizer com franqueza – alcunhas a Olívio não interessavam muito, pois ele se concentrava naquilo de solidez que apanhava nas rebarbas dos cimentos, das calçadas, de seus estudos, seus apontamentos. Parecia que o mundo fazia um eterno e dialético sentido, e era sim, o fato. O mundo é um eterno diálogo, e encontrarmos as contradições de certas coisas fazem dúvidas se estabelecerem em que, se depender de nós, torna-se um ritmo saudável, nem que o seja em um debate conosco mesmos, uma literatura onde se possa pontuar o mesmo diálogo que nos atravessa o intelecto qual força incandescente de luzes. Podemos nos arrebatar por estas e compreendermos algo como em um repouso em uma rocha de um pássaro marinho já muito de se voar. Basta que queiramos, se é de favorecimento portarmos um livro que nos dê o respaldo, e tornamo-nos objetos de curiosidade, quiçá, quando folhearmos o livro em um painel do futurismo em que Marinetti, por exemplo, tão bem encontraria seu regaço, principalmente na velocidade de um elétron sem núcleo no átomo, ou muito distante realmente do evento! Quem dera, não que se o diga o tempo do Futurismo, os movimentos, a cinestesia, os planos do Cubismo, o Cinema, a invenção. O tempo retratado não importa, mas quiçá algum selvagem ainda goste de Gauguin. Pois erremos pelas veredas, sejamos selvagens no asfalto, por dentro, intelectualmente, bem dito, pois de vandalizar-se a sociedade o próprio sistema incentiva com a violência e a exposição de filmes de conteúdo brutal.
            Quem dera que corrêssemos erraticamente à busca de um bom senso comum, a se espelhar no que acham os líderes do que se tenha que fazer, e que comecemos a fazer com que os mesmos compreendam que estamos em uma consciência avançada e lúcida: esse é o papel do povo brasileiro. Um papel civilizatório em que não se pense que obteremos as receitas de papel passado, mas que passemos a ler mais, a refletir mais e melhor, a gerar verdadeiro afeto, não nos imiscuirmos nas questões de interesses negociais apenas, posto o trabalho per si peculiarmente é mais nobre quando empresta a sua força, sempre, e a contraparte é que está errando, obviamente, quando aceita uma reforma que subtrai do trabalhador os seus consagrados direitos e impõe taxas territoriais mais caras. Creiamos que o processo civilizatório só ocorre quando há progresso social e interrompe na escala do tempo quando o cidadão perde por motivos dos lucros desmedidos, da concentração desigual, mesmo que isso esteja acontecendo em um século onde já deveríamos dispor das ferramentas em prol do trabalho e dos homens de fé. Os que se irmanam pelo progresso, aqueles que não recusam a ciência, mas que são capazes de plasmar sentido e forma aos seus objetivos, ou mesmo aquela empresa que sabe gerir o conhecimento de seus trabalhadores, coletivizando o bem comum. Assertiva válida em qualquer domínio – o conhecimento – pois enquanto estamos na escola, o cultivo de se conhecer algo gera melhores frutos quando compartilhado, ou seja, aprendemos mais quando somos solidários, e não escondendo o jogo para que outros estejam mais fracos na selva que se torna o atraso econômico onde criamos rivalidades onde não deve haver.
            A alcunha de um ser sobre um tipo de proposta qualquer por vezes parte de premissas tão absurdas quanto afirmar que um salário alto a um trabalhador que possa progredir de vida é socialismo ou coisa que o valha. Por vezes não há luzes nos sobrecenhos de certos senhores e senhoras. Como se dissesse, por exemplo, que um prefeito que fizesse um saneamento básico realmente válido em regiões pauperizadas, em um claro melhorar a qualidade de suas águas seria alcunhado de comunista ou algo similar, por estar retirando parte do orçamento de grupos reduzidos na proposta de envidar esforços para resolver áreas críticas de uma cidade. Melhorar a qualidade de vida de uma cidade é melhorar a todos, e essa será a condição que um povo e seus governantes tem a obrigação de cumprir para que sejam considerados progressistas. Nem que se permitisse o mutirão, o sacrifício de trabalho conjunto, mas que se desse o material e as ferramentas, o planejamento, que se respeitasse um plano justo para as cidades como um todo: em cada rua, cada casa, cada bairro, em uma consonância com o desenvolvimento como panorama de uma sociedade mais livre de carestias impostas pelas garras de monopólios e corporações gigantescas e nocivas ao andamento do pequeno, micro e médio empresários.
            Se quinhão fosse alcunha de Olívio, certamente ele ajudaria a repartir... Repartir o que falta à Nação Brasileira. Volumes de dinheiro expatriados, verbas astronômicas, concentração de riquezas desmesurada e astronômica. Um verdadeiro país se faz com a justiça social. Por isso uma boa alcunha para um cidadão é: socialdemocrata. Alguém que prime por uma democracia representativa, genuína, integral, aliada ao interesse de nossos governantes por uma paridade social, por uma justiça desse cunho, que priorize e engrandeça o trabalhador. A repartição dos lucros, sua participação àqueles que emprestam sua força, a redução da jornada desumana, a ampliação de caráter cultural dos povos, a preservação e consciência das diferentes etnias e preferências existenciais, a equanimidade que busque uma paz duradoura entre as nações, e o aprofundamento diplomático com relação a contendas seriam razões de sustentabilidade de uma vida majorada perante um mundo tão conturbado em que vivemos. O mundo é um: em que estamos agora... Esse é o mundo em que o homem é apêndice, mas não seu dono. Estamos passando por aqui por muito menos tempo do que os dinossauros, e podemos estar construindo nosso próprio cometa. Estamos errando, muito errados estamos sendo. Não será através dos mecanismos de “pesquisa”, manipulação, treinamentos de guerra e respostas rápidas que estaremos aptos para girarmos a roda em outra direção, enquanto ainda é tempo. Se todos nós não tomarmos consciência de que cada prazer pessoal reside por vezes em hedonismos sectários, estaremos nos aproximando de uma Era cavalarmente dura, procedural, fria, ausente, técnica ao extremo, com fartos índices de enfermidades de origem nervosa, violenta, crítica. Enfim, temos muito a aprender conosco mesmos: a revisão de nossa história como civilização já revelou o que era injusto,  e o que era o progresso social. Se nos colocamos como definitivamente egoístas com relação a uma sociedade mais justa, dando aval à hipocrisia e à desavença, dando importância demasiada para uma materialização de nossos desejos apenas, pessoais, egocêntricos, veremos finalmente que o antropocentrismo não será jamais válido, pois a Natureza já está mostrando o oposto disso.

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