segunda-feira, 7 de agosto de 2017

ALTO DESENCONTRO

          Haveremos um dia de nos pactuarmos com o bem situar-se. Uma vida que nos resguarde para que mais adiante tenhamos uma esperança construída em uníssono servirá para que efetivamente sejamos mais coerentes. Na contenda que se arma com a linguagem quase neuronal de nossa espécie saberíamos mais se houvesse a tradução dessa ciência, se todos os recursos de investigação cerebral estivessem trabalhando conjuntamente, e se possuíssemos maiores cientistas, que dessem ao alento de fazer conhecer ao mais inculto as mudanças nessa vária e necessária ciência. O que vemos de materialização da inteligência artificial são os robôs, e nosso desencontro com essa realidade, principalmente em países mais pobres, ou tornados mais pobres como o nosso, é algo que alcança alturas diversas. Mas algo seria mais do que apenas isso. O nosso próprio pensamento: como estamos alcançando algo, se a arte está mais rara do que supúnhamos que outras modalidades a reinventariam de forma dinâmica, outros processos fabris surgiriam, outros artesanatos, se na verdade a ausência da matéria-prima para a arte – principalmente artesanato – está cada vez mais – e silenciosamente – evidenciada. E há razões para que toda a ciência da computação, agora como acessório quase compulsório, nos revele que o input da questão deva ser através de se premir botões. Os livros passam a reinventar as classes de objetos que possuem de qualquer modo um “selo” histórico, e reler esse processo intercambiando com as populações mais jovens é o que fará de um país atrasado culturalmente como nosso em um encontro com um processo cultural mais viável: histórico e com significado mais saudável, porquanto a independência de termos um apêndice eletrônico se refaça no livro, onde temos mais controle sobre como foi gerado, tornando-nos mais aptos a compreender a editoração e a história das produções de conteúdo.
          Uma sociedade se faz com a apropriação de uma consciência através de uma força pessoal, imanente, de um relembrar-se da história, de contarmos com os nossos próprios processos pois, na corrida em busca do Poder muitos equívocos são gerados, quando um dos Poderes da República já esteja contaminado por frutificações de sementes venais que já sofreram processo de crescimento em uma história paralela em que na maioria das escolas já não se conhece, ou não é mais motivo de interesse, gerando alienação desde o início mesmo do encontro da criança com realidades que busca entender, mas que a família em muitas situações não possui esteio intelectual mínimo, ou ignora essas relações já que estão tão “distantes” de seu status. Devemos repetir sempre a máxima de que temos que construir um país com educação em todos os seus modais, de modo permanente. Esse encontro com a educação deve existir com os processos de tecnologia atuais, bem entendido, mas igualmente com a compreensão e vivência dos processos artesanais, dos antigos suportes da arte, das origens do pensamento, do que são as religiões e sua importância ou não, do que são sectarismos e preconceitos, enfim, do que são os Direitos Humanos Fundamentais e o que realmente significam suas subtrações e o desrespeito com relação a leis que deveriam reger as sociedades para o bem coletivo e individual. Isso permitiria darmos uma alavancada em um processo que enriqueceria toda uma população que hoje apenas é refém do “aculturamento industrial”, que vai desde o mal uso da eletrônica, ou da ignorância cabal em relação aos meios, à exposição de conteúdos violentos ou torpes nas TVs abertas ou fechadas. Quando se dá um crédito às superproduções e ao gigantismo de certos veículos, acabamos por acreditar em falas e notícias que não primam pela verdade, e sim pela parcialidade ideológica, o que é igualmente sofrível. Haveremos de estabelecer certa renúncia aos gozos de sentidos que alimentem essa engrenagem, e encaminharmos o erotismo libertador no sentido de pautar pelas mudanças corretas no seio de nossos contextos sociais. Melhor seria dizer conceitos, pois a contextualização parece-nos que justifica ações que passam pelo crivo dos “significados relativizados”, e por vezes a demanda daqueles que carecem desse conceito em estar mais consciente perde pela manipulação de lideranças que deveriam estar proscritas pelos seus erros e utilização das massas para se perpetuarem em impróprios ossos do ofício.
          A postura de um cidadão/ã que se possa guardar como alguém que se preocupe com o lado mais social, com uma democracia representativa de fato, há que se ter na sua atitude a ingerência de saber que uma democracia deve funcionar com a participação popular e, mais especificamente em um município, com as virtudes de um orçamento participativo, onde as comunidades resolvem seus problemas com muito mais participação em suas lideranças, em um movimento dinâmico onde a cúpula delibera para a maioria ou, mais propriamente, de acordo não com o capital recebido por alguns poucos para a eleição, mas com os votos recebidos da grande massa… Procurar fazer campanhas limpas é um começo de termos uma democracia mais correta e humana, quando se vale a proposta, e não contando-se faróis em promessas absurdas que acabam não se cumprindo com a justificativa de que não há verbas o suficiente, ou que não houve repasse federal. Quando acontece de caírem os pilares emergenciais como o da saúde e da segurança, passa a haver um desencontro muito crítico entre o governante e seu povo. Passamos a ter uma situação-limite onde o próprio governo acredita que deva mostrar suas faces impopulares, pois acredita piamente que o que o levou a um status de poder permitirá que ele seja mais graduado em outro. Estas situações fazem com que toda uma massa de extremada ignorância por vezes flerte – mesmo na pobreza – com o fascismo, sem ao menos saber o que isso significa. E o extremo mais inóspito dessa pobreza de caráter é ver esse flerte ser utilizado por grupos de pretensa vanguarda popular fazendo o mesmo para arregimentar forças e chegar ao tão esperado empoderamento de seus quadros: a temática das concessões é motivo concreto de tristezas...

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