quinta-feira, 24 de agosto de 2017

O DIAGRAMA DA BRUTALIDADE

         As possibilidades de uma deflagração de violência em um país como o nosso está ficando cada vez mais acentuada. Nossa cidadania, fartamente desrespeitada no cerne individual, reflete na composição da ordem coletiva um espelho que multiplica suas faces, dentro de um estranho desenho quase preciso e, sem embargo, sem a integração pretendida – panorama estanque dentro da contradição neoliberal mundial – com a “vantagem” de um controle igualmente estanque pela parafernália tecnocrata que faz regredir maiores entendimentos sobre o funcionamento da engrenagem pretendida de toda uma ação conjunta no sentido de ocultar verdades a assentir a mentira e a injustiça como brutalidades “justificadas”. Há uma separação de cunho classista cada vez mais acentuada e, no entanto, as justificativas são mais aglutinadoras ao viés, com a cunha reversa da tecnologia, desse modo de vida em que o humanismo está se tornando mais distante, até pelo fato de muitos não estarem confiando no seu próximo, este ser tão distante de nós mesmos. Na verdade, parecemos com um perfil, se estiver de certa forma tão estanque esse processo, onde expomos ou não nossas preferências, e onde nossa voz parece trazer ecos na incontinente e breve inserção de nossas postagens nas pretensas redes sociais e de cunho investigativo a quem queira estar próximo de algo parecido com a idiossincrasia particular de natureza ideológica. A imprensa impressa tende a assumir características de conteúdo conforme com seu comércio, ou seja, de acordo com o que se quer ler o grande mercado forjado com as tradições da comunicação de seu território. Outras vertentes surgem, no papel de perfil digital, alternativo, onde a liberdade e a Verdade se tornam mais acessíveis a um outro perfil de mercado, que não é mercado, posto abraçado pela sede de encontrarem maiores luzes do que o lugar comum dos periodistas que obedecem suas colunas quase imberbes e parciais. O que permite que muitos ou poucos, mas silenciosos em sua busca, procurem elucidar certas dúvidas a respeito daquilo que se torna a fonte, uma fonte mesclada de água que se vai purificando pouco a pouco, até se formar cristalina e abrir espaço para novas visões, novas liberdades, proporcionalmente em relação a boas buscas e canais onde podemos perscrutar dentro de nossa acepção mais lúcida e transparente.
         Pensemos algo como uma sociedade alternativa, dentro de um padrão onde certas leis impetradas de modo perverso tenham o direito de serem contestadas, principalmente quando se originam de fontes pouco confiáveis. Reza a cidadania internacional que possamos justamente melhorar a questão que torne menos comum a aceitação das limitações cada vez maiores que impedem a participação popular na democracia. Jamais podemos jogar o jogo da brutalidade contra os oprimidos. A situação no mundo já está com alguns períodos latentes e cíclicos de crises que vão desde a identidade pátria, o belicismo e militarismo decorrentes, a perseguição às minorias e a corrida sem tréguas e aparentemente derradeira da apropriação das riquezas do mundo, onde quem sofre são os países do terceiro mundo, que muitas vezes estavam em vias de tornarem-se emergentes, de emergirem para serem potências, como o Brasil, que vinha a ser um celeiro de alimentos para as populações interna e externa. Se toca a um homem escrever por necessidade, para não se quedar louco, exatamente sobre situações críticas que o afligem, é fundamental que siga se expressando, pois de se cultivar é que se semeia algo que há de frutificar de um modo ou de outro, quando um segue lendo, ou quando a atitude é coerente para se cambiar veredas que existirão sempre na fronte daqueles que se mantém aptos para tal. Essas veredas hão de combater a brutalidade pontuada pelo diálogo sincero e, se tal não for, no protesto, no enfrentamento diplomático, no que sumamos nosso pensamento quanto ao mais leve pensar em força física, a não ser em nossa própria defesa.
         Ao malo solo el cariño lo vuelve puro e sincero... Esse verso traduz a verdadeira noção da dimensão de uma grande poetisa, posto o caráter quase hipnótico da brutalidade quiçá possa ser revertido com a ternura sincera, não como instrumentalização doutrinária. Agora, quando por força manietam toda uma nação, devemos estar vigilantes em todas as nossas forças para preservar a democracia e retirar dos mal feitores – todos – as suas carapuças, e fazer com que assumam o mea culpa, este que deve vir da cúpula quase intransponível das esferas do poder que agita de tal forma a paz dos inocentes. Que brutalmente os inocentes mesmos do país tenham que pagar a conta da ignomínia é o resultado desse estranho e quase complexo diagrama, mas que em verdade não é tanta a complexidade quando verificamos que já houve bons governos na nação brasileira.
         A contenda paz versus brutalidade se aproxima muito da divisão da sociedade entre ricos e pobres, e a concentração das riquezas cada vez mais nas mãos de poucos, enquanto a grande massa paga o pato. Essa concentração é o aspecto brutal, e tudo que se relaciona para manter esse status, pois todos os funcionários ou agentes desse cruento modo de mantermos essa linha tênue da barbárie que já ocorre de forma reptícia neste mundo vem a dar os costados nos países que, quando tentam melhorar a sua situação, sofrem a pressão dos poderosos bilionários e seus interesses. A paz já vem de bem planejarmos nossas atitudes perante a vida, e sabermos que, somente a partir de uma leitura dinâmica de cunho social, a partir de todos aqueles funcionários, que são agentes do mesmo processo, possam evitar que sejamos um quintal de Governos Estrangeiros, e partir para a defesa de uma democracia mais ampla, mais oxigenada, com a esperança que jamais voltem a travar processos autênticos da vontade popular. A voz do povo é a voz de Deus.

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