quinta-feira, 24 de agosto de 2017

POEMA DE AMOR

Verdes heras circundam uma casa com piso de cimento velho
E a tessitura da pele não reclama, posto vertente solar
Onde se deposita um beijo de séculos, a mais, de não poder...

Encontrar a semântica no significado é como espelhar letras
Na embarcação enfunada de velas turvas pelos ventos
Com o leme seguro por mãos de uma seda de carmim...

O ente amado, a mulher consagrada, seria tanto de tudo
Que a poesia feneceria muitas vezes a se pressupor em amar.

Poderiam as sementes do poeta deixar o ventre da terra
Ter para si as questões de uma existência de rainha
Quando aquele versa mais uma linha entre tantas e de todos?

Aí sim, qual não seja, uma poética de não decifrarmos
O senão de uma proposta mais ética, dentro desta que não é
Exatamente a que supúnhamos refletir o silêncio da madrugada...

Pois sim, nós velejamos na superfície do tempo, dada a guarda,
Por onde silenciosamente abraçamos os espinhos da rosa rubra
Com um punho regalado de forças e consonantes com as searas.

Que seja, o amor que sua as letras é um amor de ferro e malte,
Um amor de azinhavre, de óxido, paradoxal, de proa e popa
No que a palavra da arte enriqueça o olhar que se debruça sobre!

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