sábado, 19 de agosto de 2017

VEREDA DA NATUREZA

           Da primeira passada não sabemos. Quiçá de tantas outras, quando acordamos, sem estarmos bem acordados… Pois que hoje se veja um formigueiro reinventado, nos furos que as formigas abrem – orifícios discretos na superfície – e montanhas são movidas no silêncio em que nós passamos e que os pequenos animais se apercebem, e nós não, de maneira alguma, pois estamos plugados em outras percepções. Em um outro silêncio, a bendizer, vemos os pássaros, mas não nos apercebemos em nosso plugar. Pensamos em combater algo e estamos mal parados enquanto propriamente parados em um algo a se dizer, um comentar-se, a um fuxico, a uma questão de mentiras e verdades, a não sabermos a superioridade felina em seus movimentos porquanto não fomos educados a bem observar ou contemplar a criação de algo que pode ser uma mão que se encontra com a matéria, e se o nome fosse ciência não seria certamente esse o domínio do homem. A ciência nada tem a ver com a consciência, pois não podemos estar sob a casca de uma árvore para sentir, e sua “fala” transcende a percepção humana, por isso não podemos assenhorear-nos de bilhões de domínios no planeta este em que o homem partilha a “sua realidade”, mesma esta enquanto matéria complexa no panorama individual e mais ainda no contexto coletivizado, com outros domínios em que tomara haja uma ciência maior, e aí entra o Espírito Supremo, extensa razão que não pertence às nossas leis. Esse desencontro não pertence ao domínio da dialética, pois esta é a contradição de querermos compreender somente a matéria, onde a mesma árvore é apenas razão de construirmos algo, ou seja, de nos apropriarmos de sua madeira, ou a simbolizarmos como um pequeno ente dentro do contexto da ecologia, que se aproxima mais de um maior respeito, e torna-se a única ferramenta própria e, mesmo assim, ainda extremamente recente em seus poderes e conquistas do homem na terra, em seus mesmos sentidos imperfeitos…
         A ciência da autorrealização reside em tentarmos elevar nossa compreensão desses fatos que se tornam incontestáveis, e o domínio da espiritualidade como conhecimento gerador da existência nos revela que algo está além de nossos toscos corpos, quando falamos em termos de matéria e espírito. Essa constatação diz respeito à existência da religiosidade, como uma atitude de nos religarmos à vida. Seguirmos algum cânone ou não é questão de escolha, da liberdade de culto, da filosofia de um modal qualquer de tentarmos tratar o anímico ou a fé como necessários ou não. No entanto, segue-se sempre a premissa inviolável de que não estamos sozinhos enquanto espécie no planeta, e não sermos superiores a nenhuma delas, pois para muitos a insignificância de um inseto está para um cão como este está para uma baleia, parecendo que podemos deliberar sobre vidas conforme seus tamanhos, e a insignificância passa a ser motriz da violência. Assim ocorre entre nós, onde pensamos que um tipo de gente é superior a outra, em que um índio não pode existir sem a tecnologia, onde pensamos na posse de algo ou alguém, por vezes com a conotação algo paradoxal de premiação, onde queremos ser regalados por um materialismo febril que isenta da espiritualidade a mesma e necessária circunstância espiritual. Assim pensemos melhor os espaços, pois partir para uma consciência mais alta nos fará nos apropriarmos, aí sim, de uma vida mais inteligente porquanto em respeito às nossas águas, terras e florestas. Concomitantemente, com a qualidade de vida das gentes que habitam o nosso mundo, onde a propriedade é convenção igualmente.

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