Pende-se de uma face um esgar
soturno, algo de breu em noite de luz
Que é amarela pontuada pelo quase
laranja, iodada pelo não ventar
No que ventam todos os que passam
pela rua adornada de grades...
O pão está a sete chaves, os carros
silvam na orgia, e de dentro bramam
Tramas incoercíveis de tanto o
descalabro do conforto de estar seguro.
A noite mesma é densa, e os faróis
iluminam para rumar sob a orgia
Daquelas em que os acessórios são
os mais variados, que se atropela,
Que se vomita na janela do auto, que
se prega um sermão quiçá de frente!
A quem fica na TV vê-se o ruminar
da violência rápida ou torturante
Na receita insidiosa de muitas
teorias da informação e sentimento,
Ou seguramente no teor imaginativo
da percepção de clausura.
E tanta é a imaginação que o código
humano se ressente pela única falta
De darmos falta – quando se reserva
um canal noticioso ao menos –
De um pouco de importante
compostura em não criarmos certos faunos.
A autofagia se desfaz na temática
da noite, em que alguns partem ao sono,
Outros saem depois de puxarem seus
pesos, treinados em seus vínculos
A sabermos como a eletrônica mexe
com todo um sistema hormonal!
Um rabo de chicote gigantesco
sobrepaira no hedonismo cabal, e volta-se
A quem procure alguém, enquanto em
uma pedra da rua um homem
Passa negro como a noite sem
esperar que o saquem da liberdade da esquina.
Vertem-se papéis trocados, as
negociatas se transacionam em estranhos ofícios
Que as serpentes mais venenosas e
recalcitrantes comerciam com seus dados
Devidamente viciados nos platôs
algo imunes dos faróis que se veem no olhar...
Olhares vítreos, que a faina
ensombra de nuvens que não cessam o respiro
De um único ósculo perdidamente
vigiado pela proibição de amores sinceros
Quando estes não respeitam o foco
algo nevrálgico de se ocultar verdades!
Segue-se o desfile da sanha
inquieta, e uma bota meio fora do padrão
Despe a nudez de mais estranhas
formas que a natureza não agradeça
Quanto de sua desnuda face revela
às estrelas o único voo: de uma gaivota.
E os filmes continuam girando nas
opções, que o valham, enquanto adormece
O negro sabe que de um branco
ganhou um cigarro e uns trocados a mais
Que lhe deu o gole das ruas às
pedras pisadas por um pé cansado na fome da paz!
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