sábado, 12 de agosto de 2017

A DIVINA MISÉRIA HUMANA

Pende-se de uma face um esgar soturno, algo de breu em noite de luz
Que é amarela pontuada pelo quase laranja, iodada pelo não ventar
No que ventam todos os que passam pela rua adornada de grades...

O pão está a sete chaves, os carros silvam na orgia, e de dentro bramam
Tramas incoercíveis de tanto o descalabro do conforto de estar seguro.

A noite mesma é densa, e os faróis iluminam para rumar sob a orgia
Daquelas em que os acessórios são os mais variados, que se atropela,
Que se vomita na janela do auto, que se prega um sermão quiçá de frente!

A quem fica na TV vê-se o ruminar da violência rápida ou torturante
Na receita insidiosa de muitas teorias da informação e sentimento,
Ou seguramente no teor imaginativo da percepção de clausura.

E tanta é a imaginação que o código humano se ressente pela única falta
De darmos falta – quando se reserva um canal noticioso ao menos –
De um pouco de importante compostura em não criarmos certos faunos.

A autofagia se desfaz na temática da noite, em que alguns partem ao sono,
Outros saem depois de puxarem seus pesos, treinados em seus vínculos
A sabermos como a eletrônica mexe com todo um sistema hormonal!

Um rabo de chicote gigantesco sobrepaira no hedonismo cabal, e volta-se
A quem procure alguém, enquanto em uma pedra da rua um homem
Passa negro como a noite sem esperar que o saquem da liberdade da esquina.

Vertem-se papéis trocados, as negociatas se transacionam em estranhos ofícios
Que as serpentes mais venenosas e recalcitrantes comerciam com seus dados
Devidamente viciados nos platôs algo imunes dos faróis que se veem no olhar...

Olhares vítreos, que a faina ensombra de nuvens que não cessam o respiro
De um único ósculo perdidamente vigiado pela proibição de amores sinceros
Quando estes não respeitam o foco algo nevrálgico de se ocultar verdades!

Segue-se o desfile da sanha inquieta, e uma bota meio fora do padrão
Despe a nudez de mais estranhas formas que a natureza não agradeça
Quanto de sua desnuda face revela às estrelas o único voo: de uma gaivota.

E os filmes continuam girando nas opções, que o valham, enquanto adormece
O negro sabe que de um branco ganhou um cigarro e uns trocados a mais
Que lhe deu o gole das ruas às pedras pisadas por um pé cansado na fome da paz!

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