Diz-se
de alguém justo quando se pauta por lei justa… Diz-se de um
honesto quando se pauta pela honestidade. São valores do caráter
social, humano, indivisível. Pode ser que no comércio de modo assaz
cruento, em que os grandes devoram capitais mais reduzidos, que se
possa coabitar com um processo mais ou menos paritário ao
funcionamento das Leis do Mercado que, na nossa atual economia Neo
Liberal, não perdoa por vezes a um cidadão que prime pela
honestidade, ou um grau de pureza de retórica de um idealismo pela
justiça social. Isso é um fato incontestável. A diáspora que se
seguiu aos diversos pensamentos do que seria o Estado fora desse
padrão é algo que merece uma observação crítica dos processos
que se revelaram inóspitos na questão das desavenças e caminhos
pelos quais trilharam certos países com crises de belicismo, armas,
relações de poder e fatores ideológicos altamente contestáveis
pelo bem comum: comum às diferenças, e comuns às igualdades
proscritas por muitos, em ordens inversas. As nossas dúvidas residem
em um fator existencial que pode trasladar-se à coletividade como
semente semeada que nem sempre frutifica, pois o uso de uma tomada de
Poder pelo caráter da Força reza que a sua manutenção por vezes
assuma papéis distorcidos, manipulações que podem gerar a um
indivíduo a dificuldade no isolamento e sua inserção social
baseada pura e simplesmente na validação de sua pretensa utilidade
nesses caracteres. Que o valha Orwell e Huxley, duas literaturas
ficcionais que nos revelam a profética onda do totalitarismo no
mundo, agora cada vez mais presente, nas relações humanas
“filtradas” pelo neotecnicismo – grande
ismo surgido –, e a onda do poder que se instala
simples e cartesiana pelo modal previsivelmente tecnocrata, como uma
grande burocracia com perfil de meios universalizantes, e no entanto
incapaz de reverter o vácuo existencial de caráter polar, em que o
positivo e negativo não são mais forças correlatas e harmônicas,
pois passamos a viver o erro ou o desacerto, o bom e o mau, o
coerente e o contraditório: uma sociedade maquiavélica e
maniqueísta. Onde o ser vira máquina-objeto, e a máquina vira ser,
quase pensamento bruto ou simplificado no seu aspecto “funcional”.
Contextos como capitalista ou socialista, esquerda ou direita, branco
ou negro, rico ou pobre, religioso ou ateu, acabam por sepultar cada
vez mais a possibilidade de diálogo, com farta orientação
pedagógica retroalimentadora dos veículos da mass media e da
indústria cultural, impondo ao planeta um estado de tensão e
vigilância permanentes, como em um ciclo onde todos os mais
poderosos sepultam as esperanças nas relações verticais de um dia
a dia sectário, aberto a um preconceito atávico e a volta de modais
de servilismos nas relações de trabalho. A luta passa a ser
conteúdo de filmes reais, porém sempre inócua porquanto previsível
e a justiça não apenas tarda como falha.
Sobrante:
in vino veritas, that’s the status quo!
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