terça-feira, 19 de janeiro de 2021

O ENCONTRO DOS LADOS



Respirar o ar sombrio da Natureza, fremir o beijo na árvore
Parar o remanso das águas, verter o jorro do ventre,
Reverter o paradigma de não existir,
Pular sobre o vértice da palavra,
Escanear um pequeno texto,
Coexistir com uma linha,
Traçar um esquadro,
Respirar um pó,
Verter em si,
Fomentar,
Reduzir,
O ar,
No mais,
O que seria melhor do que aumentar a capacidade do oxigênio

Do que saber que o que nos falta é ao menos a respiração…

Não, não nos falte esperanças, posto a remissão de nossas frentes
É algo que não se explica, é teorética, é fantasmagoria simples,
É um lado que nos cabe no latifúndio da normalidade ou,
A quem saiba, uma gleba de loucura por dentro de um linho
Na sua crueza de tecido nobre, mesmo sabendo-se presente
Nas estações que não distam muito dos panoramas solenes

Quando sabemos que há de se possuir a semântica

De uma estrofe de versos ausentes da melancolia
Que nos abraça por algum tempo quase nulo.

Venham os tempos mais rubros de transigirem
Com ocasos raros de se ter o mar e o céu
Na conformidade de sua União
Do que talvez fora da própria palavra
Onde depositamos nossos farnéis
Quanto de produzirmos a arte
Na forma poética e caudalosa
Ao tempo de sabermos o que significa
No ventre da manhã o despertar
De uma pena que traça no leito da máquina
O preto sobre o branco das letras
Ao que, supostamente abraça
A vida de um homem que se faz poeta
Por apenas da necessidade atávica do se expressar!

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