O
que sabemos de um período qualquer, e que não sabemos do todo da
história, quais suas razões e quais suas consequências podem auferir um significado amplo em uma análise que determine igualmente
estes fatores e os equilibrem, se possível. Diversos são esses
fatores da história, mas por vezes é complexa a dimensão que se
alterna dialeticamente com as populações que subscrevem a mesma
história. Muitos
dessas populações
altercam-se
diariamente com aqueles que sobrevivem na miséria por vezes por
gosto e facto. Há encontros e desencontros, mas a sociedade burguesa
raramente enxerga o que há por trás de uma plataforma que equidista
o mesmo espaço urbano: as ruas e seus caminhos. Podemos estar atrás
de verdadeiras fortalezas, enquanto na rua a miséria ocorre com
tamanha sofreguidão que já possui seus códigos de honra, desde que
porquanto entre si, afora os que contribuem com a situação de quase
calamidade em que se encontra essa gente, haja
vista a burguesia ser enxergada com olhos de cervos. Os estilos quase
naufragam no escurecer da noite, em verdadeiras colunas de gente que
vai e vem por supostos motivos, quais não sejam a mendicância ou o
puro encontro com algum trabalho que porventura possa atingir esses
periféricos espíritos… Notívagos
muitas vezes, procuram incessantemente por algo, por algum conforto
que seja melhor que as ruas, navegam silenciosos por seus caminhos
trôpegos e saem de sua clausura interna com ímpetos de possuírem
ou registrarem na sua excêntrica existência a ausência de terem
algum interesse à sua reintegração social. A sua rebeldia passa ao
largo da possibilidade de terem interesse algum na leitura, mesmo
porque grande parte dessas almas sequer sabe ler. Em
síntese, passam ao largo de uma motivação realmente libertadora,
subscrevendo uma dislexia
histórica,
no que se faça presente ao menos a possibilidade de se ter a
emancipação necessária desse arremedo de classe, em que pese o
fato de serem desempregados e caminham em direção mais ao trágico
do que a construção de uma classe social. Essa desconstrução
social ocorre no mundo todo, com a exceção pura e simples daqueles
países que possuem um Estado garantidor desse pressuposto de vida,
comprando a necessidade e não deixando caírem no desamparo sem
similar e aproveitando a inclusão para reformar positivamente o
indivíduo dentro do pressuposto de uma coletividade maior e mais
seletiva…
Não
nos cabe dividir o planeta em quem é melhor ou é pior, mas é
mister saber que uma sociedade de uma Nação que não olha para os
excluídos segue um caminho de querer impor certas regras que
fomentem a exclusão, e esse prisma não possui grandes cores, mas
empata o arco das possibilidades a tal ponto em que o racismo, a
xenofobia e o clima odiento crie sinistras asas. E
o crime come solto, vitupera, fala alto, cria suas máfias,
transforma-se e, o que antes seria certo, torna o padrão de conduta
algo ruim e vira um procedimento cabalmente comum entre as gentes,
girando incessantemente em torno da ignorância e do caminho
aparentemente mais fácil e facilitador da iniquidade. Não é
importante afirmar que nas Américas tudo isso não foge à regra e,
o que antes era apenas miséria, vira a aplicação de populações
vulneráveis com soldados da contravenção, no que se torna um eixo
rigorosamente ferruginoso, azeitado até os dentes de suas profundas
engrenagens que se infiltram no sistema até a medula. Esse é o
critério quase Lockeano
que traduz o determinismo peremptório no âmago do país que coaduna
com critérios dessa ordem, e o que nos faz diferentes é justamente
a nossa indiferença e nosso egoísmo perante o que acontece em
malhas e malhas na complexidade de todo o processo que – em vez de
cessar – aumenta mais e
mais…
Pudera
termos o condão de transformar a consciência de muita gente, mas
reza o determinismo que não estaremos em um porto seguro se
deixarmos por desleixo ou omissão de rever nossos conceitos quanto
ao futuro dos homens e mulheres vulneráveis que encontramos em
nossas portas e muros.
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