quinta-feira, 26 de novembro de 2020

O ANDAMENTO DA RELIGIÃO

 

          Do latim recebemos uma lição na palavra religare, que significa atar, unir, ligar: algo de nos aproximarmos com uma abstração, que seja, na mesma vertente que ata-nos a Deus, este ente dogmático que pertence a uma necessidade atávica de muitos e muitos milhões de seres humanos. Disso a que pretendamos ser mais unos com o Supremo Senhor, seja de qual religião formos, pretende nos ensinar que estarmos conectados com uma entidade superior é algo pertinente a muitos povos em nossas histórias da civilização. As austeridades a que somos eleitos por destino e fato nos levam a cumprir uma etapa de penitência que temos que levar adiante como missão a termos de que sejamos parte de uma existência que nem sempre é perfeita, aliás, longe disso no mais das vezes! Sempre é bom afirmar que uma vida mais casta tem suas vantagens quando vemos que seus opostos recrudescem a luxúria e sua irmã, a ira. Não que tenhamos que fazer obrigatoriamente qualquer voto, mas apenas reiterar que a vida de um brahmachari é deveras importante, a vida de um estudante celibatário, sempre que for possível fazer esse – aí sim – voto de pureza de espírito, de se resguardar para um dia, se for o caso, manter intercurso e procriar novas almas. O nosso mundo hoje se perde nos seus valores, teima em ressentimentos gratuitos, em contendas sobre a matéria, na tristeza de se obter muito pouco ou na felicidade ilusória das riquezas e dos luxos… Como uma Roma desfeita em seus modos de decadência acompanhamos equívocos, a que o senhor Jesus Cristo nos desse os prumos na situação grave que vivemos na atualidade. O próprio pensamento Dele nos faz atenuar nossos sofrimentos, mas não usemos seu sofrimento na cruz para nos redimir tanto, pois Ele nos disse que o sofrimento é algo que eleva, e não as bênçãos materiais, pois estas não fazem parte de um fator religioso quando vivemos mais na matéria e menos no Espírito.
         A austeridade nos leva mais adiante: o corpo necessita do conforto do alimento, das coisas essenciais, para manter-se uno com a alma, nada mais do que isso. Se levamos uma vida simples e o pensamento elevado, isso revela uma máxima que Srila Prabhupada nos legou aqui no mundo Ocidental, quando de sua missão de trazer o conhecimento mais confidencial ao nosso continente Americano, e espalhar essa consciência para todos os cantos do planeta Terra.
Devemos rever nossos conceitos sobre o que é prosperidade material e aquela espiritual. Um asceta despojado de riquezas e que prega a religião ou aquele que é soberbamente rico e se vale do Poder material para influenciar devotos que possuem uma inocência particular e depois viram a cara ao próximo porque não tem o preparo e a penitência que voga em uma vida ascética. A verdadeira religião não é um caminho muito fácil, pois por vezes somos religiosos em nossa pretensão e dormimos com a mulher de outro, ou enriquecemos tolamente crendo que isso é uma bênção espiritual e no entanto a alma necessita de saber que por vezes Krsna nos tira tudo para nos provar, para que provemos a nós mesmos que a dificuldade diuturna em nossas vidas serve para testar a nossa Fé.
          Resta que saibamos que a fé baseada na opulência material é fé no modo da ignorância, como está prescrito nos Shastras, ou textos da sabedoria védica, de onde os ensinamentos do mundo religioso se mantém à disposição, o modal de ser religioso ao menos no modo da bondade, de onde se inicia o processo da rendição de uma alma condicionada, ou seja, de quase todos nós, pois a verdadeira religião não é numérica, mas qualitativa... É onde a essência religiosa não é a riqueza, mas servir a Deus em devoção imaculada, em Bhakti, ou serviço transcendental e amoroso a Deus. Apenas isso, pois esse é o caminho certeiro e pontual para a liberação e o retorno ao Supremo!



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