Do latim recebemos uma lição na
palavra religare,
que significa atar, unir, ligar: algo de nos aproximarmos com uma
abstração, que seja, na mesma vertente que ata-nos a Deus, este
ente dogmático que pertence a uma necessidade atávica de muitos e
muitos milhões de seres humanos. Disso a que pretendamos ser mais
unos com o Supremo Senhor, seja de qual religião formos, pretende
nos ensinar que estarmos conectados com uma entidade superior é algo
pertinente a muitos povos em nossas histórias da civilização. As
austeridades a que somos eleitos por destino e fato nos levam a
cumprir uma etapa
de penitência que temos que levar adiante como missão a termos de
que sejamos parte de uma existência que nem sempre é perfeita,
aliás, longe disso no mais das vezes! Sempre é bom afirmar que uma
vida mais casta tem suas vantagens quando vemos que seus opostos
recrudescem a luxúria e sua irmã, a ira. Não que tenhamos que
fazer obrigatoriamente qualquer voto, mas apenas reiterar que a vida
de um brahmachari
é
deveras importante, a vida de um estudante celibatário, sempre que
for possível fazer esse – aí sim – voto de pureza de espírito,
de se resguardar para um dia, se for o caso, manter intercurso e
procriar novas almas. O nosso mundo hoje se perde nos
seus valores, teima em ressentimentos gratuitos, em contendas sobre a
matéria, na tristeza de se obter muito pouco ou na felicidade
ilusória das riquezas e dos luxos… Como
uma Roma desfeita em seus modos de decadência acompanhamos
equívocos, a que o senhor Jesus Cristo nos desse os prumos na
situação grave que vivemos na atualidade. O próprio pensamento
Dele nos faz atenuar nossos sofrimentos, mas não usemos seu
sofrimento na cruz para nos redimir tanto, pois Ele nos disse que o
sofrimento é algo que eleva, e não as bênçãos materiais, pois
estas não fazem parte de um fator religioso quando vivemos mais na
matéria e menos no Espírito.
A austeridade nos leva mais
adiante: o corpo necessita do conforto do alimento, das coisas
essenciais, para manter-se uno com a alma, nada mais do que isso. Se
levamos uma vida simples e o pensamento elevado, isso revela uma
máxima que Srila Prabhupada nos legou aqui no mundo Ocidental,
quando de sua missão de trazer o conhecimento mais confidencial ao
nosso continente Americano, e espalhar essa consciência para todos
os cantos do planeta Terra. Devemos
rever nossos conceitos sobre o que é prosperidade material e aquela
espiritual. Um asceta despojado de riquezas e que prega a religião
ou aquele que é soberbamente rico e se vale do Poder material para
influenciar devotos que possuem uma inocência particular e depois
viram a cara ao próximo porque não tem o preparo e a penitência
que voga em uma vida ascética. A verdadeira religião não é um
caminho muito fácil, pois por vezes somos religiosos em nossa
pretensão e dormimos com a mulher de outro, ou enriquecemos
tolamente crendo que isso é uma bênção espiritual e no entanto a
alma necessita de saber que por vezes Krsna nos tira tudo para nos
provar, para que provemos a nós mesmos que a dificuldade diuturna em
nossas vidas serve para testar a nossa Fé.
Resta
que saibamos que a fé baseada na opulência material é fé no modo
da ignorância, como está prescrito nos Shastras, ou textos da
sabedoria védica, de onde os ensinamentos do mundo religioso se
mantém à disposição, o modal de ser religioso ao menos no modo da
bondade, de onde se inicia o processo da rendição de uma alma
condicionada, ou seja, de quase todos nós, pois a verdadeira
religião não é numérica, mas qualitativa... É onde a essência
religiosa não é a riqueza, mas servir a Deus em devoção
imaculada, em Bhakti, ou serviço transcendental e amoroso a Deus.
Apenas isso, pois esse é o caminho certeiro e pontual para a
liberação e o retorno ao Supremo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário