terça-feira, 24 de abril de 2018

A VIDA AUSENTE

Talvez as cordas da física sejam de importância mais verdadeira
Quando nem as conhecemos em suas superfícies de ciência
Ao que não concluímos sermos seres de outras latitudes de mar
Quando este mostra a nossa pequenez enquanto habitantes da Terra.

A vida se torna quase presente quando vemos que possuímos na mão
Uma caligrafia inteligente, assim, de papel e caneta e de salitre
Quanto de húmus fecundo que podemos ser, canceladas as perdas...

Na profusão de estrelas encobertas por nuvens inóspitas da situação
Nos vemos por vezes alcançando colunas de jade com suas sapatas
Pétreas como o vento gelado que nos abraça no silvo do inverno.

De outro modo quase que aguardamos as eternas primaveras finais
Onde não haveria começo se a ausência vestisse mantos do não trazer.

As mesmas primaveras que por vezes não começam, apenas abraçam
As esperanças de concreto que jamais deixarão de ser nossos alicerces!

Em calçamentos sutis de vias ápias vemos as ervas brotarem nas frinchas
Por onde o próprio vento sopra por encima, resguardando os verdes.

Pousa o pássaro eternamente acompanhado por seus rumores de voos
Por onde avistamos quão imenso é o que não foi criado por ninguém
Quando não sabemos nem quem somos a fim de diferir uma proposta...

As sombras do que não éramos tendem a mostrar-nos quem somos
Quando de nossa ausência escalar, que nos perdoem recursos vãos
Quando sabemos que a estética cede agora finalmente para o funcional.

E vestes nos assombram nossos próprios signos, a transmutar a Natureza
De nós mesmos, quando ainda assim ausentes de outros mudamos a face
Da efígie da moeda, não lembrando que não é moeda por ser, que apenas é.

Que a poesia conte o quanto é, defina o patíbulo de inocentes, sabendo
Que outrora a recuperação de uma pena era possível quanto de espaço
E legendas de conhecimento ainda atravessavam o braço do camponês.

Segue-se a um canto atravessado por murmúrios nada proféticos da vida
Que ela mesma encante um encontro com as letras, estas eternas consoantes
A revelarem o suposto caminho em que um poste pode ter vida de árvore!

O mastro que segura cabos e conexões na sua ausência de pilar mecânico
Em que cabos e cabos trafegam pelos quilômetros de nossas sendas
Quando por fim aprendemos no perscrutar que versos caminham pelo mundo!

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