domingo, 15 de abril de 2018

CONSENTIR-SE

            Quantas vezes nos perguntamos a um rosto triste, quando o encontramos externando um sentimento, este que nos faz a falta naquilo que as sociedades nos dizem para sermos duros, e a ternura passa a ser considerada hipocrisia, quanto como a doença passa a ser falha, ou defeito? Quantos somos a pretender melhores justiças? Esta se passa no dia a dia, e não podemos nos espelhar que o justo seja o de cima, e que tenhamos que agir conforme instâncias ou supremas cortes, pois não estamos nem em um reinado e muito menos no feudalismo. A justiça está na atitude, no comportar-se educadamente, de se ser solidário, gentil, e não querer que tenhamos no século XXI um tipo de inquisição. Estamos assistindo o Terror da Revolução Francesa em termos de tolhimento e exposição, destruição do caráter de vitimados pela judiciosa presença da coerção, mesmo que tornada involuntária, e privação do direito de ir e vir, assoberbada nas ruas pela estigmatização do preconceito contra negros, mulheres, LGBTs, pobres, mendigos e enfermos mentais, em que cada caso pode ser uma ponta do processo. Isso é efeito do ódio, um sentimento de rancor que vem sendo inoculado nas gentes apertadas pelos trabalhos e funções sociais, subliminarmente através de uma superexposição de fatos que ocorrem como um bombardeio de mentiras e espetacularização da violência e do controle do estado como ente já com sinais de totalitarismo, com estruturas voláteis e falsamente independentes.
            O teor do que ocorre realmente é que estamos permitindo que os próprios veículos de comunicação de massa de certa forma dão origem a uma corruptela do caráter da cidadania. Têm-na quem pode pagar por ela... Um pobre, para ser alguém, por vezes busca no exemplo do criminoso de colarinho branco a possibilidade de ascender socialmente por vias ilícitas. A superexposição da mídia acaba por fazer perecer a esperança, e esta na religião dos evangelhos acaba por dar a mesma através do Apocalipse, dos sinais dos tempos, garantindo um lugar no céu na justificativa das guerras “santas” que se processam na santificação ausente do petróleo e nas derrocadas de poderes legitimamente constituídos e com perfis trabalhistas, pois este é o motor de uma sociedade. Tão imbuídos estão certos crentes de algumas religiões que tecem verdadeiros amores por países que exploram cruelmente o nosso, ou outros em outras questões e territórios. A mente humana torna-se o território mais vulnerável, e certos grupos são capazes de dissuadir as dúvidas mais óbvias através do controle e da pressão de palavras claramente sujeitas à interpretações.
            Estamos chegando a um ponto de muitos crerem que um candidato à Presidência da República é bom e salutar quando resolve permitir que os civis portem armas, acenando com a prerrogativa de uma quase guerra civil... Será esse o pressuposto da cidadania? Sermos cidadãos enquanto pertencentes a algum grupo que pense da mesma forma, em consonância com grupos maiores e, em um crescendo, segregando mais e mais? Seria bom evitarmos tentar estabelecer um critério existencial para muitos que apenas querem civilizadamente viver em um país digno, que ainda é o nosso. Todo o homem ou mulher que dá de seu corpo, mente e inteligência para construir positivamente algo para a nação brasileira, ou de qualquer outro país, é um retrato vivo que reflete a dignidade do seu portar em sociedade. Essa gente digna e resistente às dificuldades impostas pelos responsáveis por essa carência é que agrega o valor que temos no Brasil: valor humano, bem entendido. Toda a agremiação ou grupo, ou comunidade, ou entidade política que luta, protege, respeita, desenvolve, apoia ou ajuda no sentido da construção de um povo mais feliz, todas essas iniciativas merecem o grande respeito da grande nação que temos como pátria sempre maravilhosa por seu território e sua gente trabalhadora, pois a única lógica humanamente possível para os dias de hoje e do futuro é o fomento e a manutenção das organizações populares de nosso Brasil, pois sem elas não poderá haver governo sem uma estratégia de reerguermos paulatinamente a esperança do povo brasileiro!

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