sábado, 30 de abril de 2016
UMA RELEITURA DO VÍDEO
Não há que encontrar necessariamente
algum padrão da montagem no vídeo, uma montagem visual, um quase ruído por
vezes, no universo da imagem e do som. Há cabos e mais cabos no mundo
transportando sinais e entretenimento. Há antenas e ondas por todos os lados, e
talvez o que nos chega é mais do que pessoalmente enviamos. Não há, obviamente,
o feed back que ocorre em países do
primeiro mundo, pois não alcançamos ainda a mídia ideal: que servisse
efetivamente a população. Quando se fala primeiro mundo obviamente traduz-se
uma sociedade mais lida, mais culta, mais estudada em suas médias
populacionais, não sendo apenas os países mais ricos.
Se fizermos uma releitura do vídeo,
acompanharemos mesas e mais mesas de edição, ensaios televisivos, montagens,
fatos intencionalmente ocultos... A edição por si é fabulosa como matéria de
trabalho, mas, creiam-me, jornalistas dos grandes meios, não queiram repetir
escândalos libertinos em que muitos observadores externos se lhes alcunham de
meros repetidores da mentira organizada e falseada para tal. Na contraparte
desse jogo já obsoleto mesmo em jargões de impérios decadentes resta saber que
nos sobra a raspa do tacho, o que estragou nessa panela de alumínio
galvanizado, já de terceira, inóspita, inócua perante órgão de um mínimo de
seriedade de notícias ou filmográficos. Há que se valer, ou se dar conta de que
quando conhecemos algo do processo da feitura desse material, teremos know how de consciência, sairemos de uma
ignorância para sabermos como lidar com a indústria cultural: seus ícones e
arquétipos. O povo deve saber, as massas devem estar cada vez mais
esclarecidas sobre os conteúdos de retaguarda, pois assim obterão defesas internas e coletivas muito mais amplas
quando submetidas em suas casas a algum tipo de farsa
abjeta.
Essa releitura pode ser debatida
amplamente, dentro do caudal saudável do conhecer humano, até para regredirmos
a interpretação da humanidade como especiação fadada ao fracasso, que busca
sempre minar a consciência do homem ou da mulher como cidadãos que portam razão, ou que
ainda a desconhecem – a se garantir seus direitos – quando em ignorância. Um
advogado ou jurista nunca pode ser considerado “superior” a um operário ou uma
diarista. Temos exemplos cabais de consciência que mostra luzes em todas as
partes, pois que se queira mais luzes, e o ofício de cada qual seja respeitado,
em todas as vertentes e frações existenciais, incluso de grupos que são
amplamente divulgados como minorias, ou estigmatizados pelo preconceito. O que
se busca em uma sociedade ideal é que se busque conhecer-nos e ao que nos
amplia como seres que possuímos o poder de construção e igualmente o de
destruição. O tópico em questão é o entretenimento e a releitura de um dos
aspectos existenciais de nossa cultura ocidental: o vídeo... Que ampliemos o
conhecer-se da tomada de cena, de como construir uma peça teatral, um monólogo,
o que é cenografia, iluminação básica. Se o entreter-se de massa é por canais,
que se os conheçam, afim de que, em qualquer situação de natureza política,
guardemos nosso precioso tempo para compreendermos e cortarmos o estranho cordão
umbilical que nos liga e nos torna obsessivos ao nosso imo, diuturnamente.
quinta-feira, 28 de abril de 2016
O CAVALETE DE PEDRA
Pois sim, passando as ruas, perto do
mar, há um cavalete nos braços de um pintor que sempre fixa um bom lugar, ao
lado de uma mesa de concreto, onde apoia seus materiais: pintará outro
cavalete, de pedra, a rocha incrustrada, imóvel, quase soberba nas latitudes de
suas texturas. Essas pinturas em seus contrapontos, uma melodia traçando com
outras um harmonia com as tonalidades da dissonância. Seu material, pudera, era
o mesmo espaço que denotava o todo, a preencher vazios, na maravilhosa palheta
de Deus! Do todo preenchido, de suas lacunas nas dúvidas dos profetas, dos
filhos e dos pais, daquilo que existe na arte e apenas nesta: uma manifestação
por vezes tão única quanto um mero gesto, ou a erudição de um mago: ourives,
alquimista, xamã, cacique... Transfundia-se a pintura com cavalete de campo ao
cavalete marinho, a outra forma das rochas, o crescer de um suporte anímico das
marés, as tocas submersas da vida. E o outro ourives em seu disco solar vinha
como em um olhar gigantesco mostrar seu dilúvio de fogo de estrela. Um olhar
que brilha algo maior do que possamos ver, visto ser incandescente na Verdade
da Natureza.
Postou-se Jerome, esse era o nome do
artista. Não que importasse justo um nome, pois era um solitário quixotesco em
suas vivências pelo planeta... Na sua própria condena justa, igualmente em ser
seu próprio Sancho. Quando escrevia sua pintura, sabia de muitas tonalidades –
destas talvez sobrescritas – que dirigiam, ou melhor, ajudavam a descrever suas
pinturas, que a pintura – a se repetir a palavra – descia de seus arabescos
históricos e tomava formas inequívocas na transparência do zelo do artista,
este cuidar sereno que o acompanhava no modo assaz perscrutador de sua
percepção e prática em construir a obra.
No entanto, Jerome não sentia no
modelo algo visível, como uno, em um todo que participava da própria comunhão
da mesma rocha meio cavalete com as ondas que quebravam na sustentação de seu
entendimento. Isso era fato. O mesmo fato de que o artista mesmo, virado um
pouco rocha, sentia igualmente o borbulho da água em suas variantes de escumas
e da maré do carinho, já que o que sustenta nossas veias pode ser o encontro do
mar, ou o que significa apenas qualquer encontro com a força da Natureza. Por
isso talvez São Francisco fora tão grandioso pelo seu próprio modal de
contemplação e comunhão, no respeito e vivência com as coisas naturais e amor
pelos bichos. A impressão que se leva para nossas casas com relação às
santidades é que a não aceitação atual é ditada pelos padrões estanques de
nossa cultura massificada, esta que por vezes é refém de manipulação espúria e
indução perceptiva. No entanto, sempre poderá haver as gentes que preguem a
tolerância entre os próximos, entre Estados, entre nações, ao menos ao se
prever na atitude a consagração do gesto solidário.
Não sempre se observa
circunstancialmente essa realidade, infelizmente, mas haverá quiçá um modo
sensato de civilizadamente conter-se algo do irascível, algo do reptílico,
justamente quando suas causas venham a galope no que se vê do entretenimento
massivo a que muitos são expostos. Ao que uma crítica cabal do que vemos ou
sentimos a arte serve como meio de nos exprimirmos mas, que seja, a fim de que estejamos
conectados a uma consciência superior, e que para isso talvez tenhamos que aceitá-la,
ou pelo menos tentar compreender suas vertentes, a saber que na fruição
desmesurada dos sentidos estaremos apenas mais e mais expostos a paixões
equivocadas ou à ignorância. O ideal é sempre transcendermos o materialismo
excessivo, no sentido de dar ao espírito a ingerência do nosso existir...
domingo, 24 de abril de 2016
UM NICHO DO MAR
Edevaldo saíra no sábado em direção
à orla. Eram duas e meia da tarde. A sua vila era distante e carente... Sabia
apenas das rochas, de seus encontros, uma a uma, do mar dialogando com elas, e
do pressuposto em não poder haver uma descrição sucinta de qualquer veio em
tipos de entretenimento, qual não fora o habitar-se dos pássaros...
Via a areia, o mar, e perguntava-se,
contrário à qualquer espécie de egoísmo: o que haveria sem as águas do mar? Não
sabia bem das chuvas, mas isso o fazia crer que algo delas saberia mais das
mesmas águas; era, a bem dizer, um homem um pouco ignorante, e muitos o sabiam.
De se ver, mas quanto ao mar era um sábio. Assim é a natureza das coisas, o de
natural não ser exatamente aquelas, mas que certos objetos encerram outras
dimensões. Essas incríveis dimensões podem estar em um simples olhar
panorâmico, quando em seu tempo fixo do presente ou na memória arquitetônica,
mesmo que não possua aquela arquitetura nenhum estilo. Dimensão seria algo que
passasse pela contestação de um possível sistema, mas o mesmo sistema mostra
uma árvore multiplicadora de outros que porventura já possuem reatualizações em
que pese o enigma de seus processamentos. Lembraria um fluxo de água em suas
inúmeras canalizações e gargalos, em que os diques estabelecem compensações de
nível, pois, se o que se predizia era o quilate da imaginação, por que não se “imaginar”
sobre verdades ocultas? Esse viés de chamar-se a busca da Verdade em seus
alicerces de fuga da realidade é o mesmo que dizer que tudo o que se passa é o
consentimento da farsa! Assim se passavam os dias neste mar que se chama
contemplação, conhecimento, ou ao menos do palpável, de um significado que
torne uma metáfora concreta. Como um dia em que acordamos e nos damos conta de
que as nossas belezas em viver não sejam nada além da paz e aquilo que queremos
de bem ao próximo, mesmo sabendo do lugar comum em pensar com modais distintos
daqueles que exploram seus intelectos como uma competição desenfreada, em
inegáveis sofismas do abrangente acadêmico. Não que fosse crítica a alguma
academia mas, por si só, apenas a visão de que é possível pensar se a doutrina
ou a orientação, qual não seja – mesmo diletante – do conhecimento e da espiral
evolutiva não exatamente necessária, pois leva para cima ou regride, posto não
existir em todos os setores da existência.
Aqueles que rotulam com facilidade
mostram quase sempre que partem para uma coerência sem par de simplificação
existencial própria da chamada ignorância da inconsequência, que pode fremir
desejos reptílicos em seu imo, mas que dita um motivo a que em si mesmos
imprimam esse rótulo.
Assim se passava como se o mar
pensasse, como se as ondas colocassem em sua rochas um cadinho de sua própria
força naquilo que supunham quase exato, mas sem dizer da existência primeira da
infinitude absoluta de seus gestos!
UMA NARRATIVA DISTANTE...
Seríamos
um campo sem semeadura, um homem sem paz
Quando,
a despeito de termos uma hora de libertação,
Sabemos
do que é distante em nossos consentimentos!
A
ver sem lei uma Pátria, então nos encontramos com um rochedo
Que
deixa o mar entrar por suas frinchas atônito
De
ter como se comunicar com intensos cardumes.
Desses
peixes abissais de superfície de rochas, peixes outros
Que
não distanciem o próprio abismo em crermos abertamente
Que
uma nação não se encontre mais forte em virtude da fraqueza!
Assim
sem ver, que tantos veem de outros lados do oceano
O
que se processa em um não processo a quem não vem o astro
Quando
sequer assumem a sujidade em suas mãos do não merecido.
Por
vezes os poetas perdem o fôlego, e a poesia vem – rumorosa –
Como
os ventos que sopram de um lado qualquer em que nota-se
Que
a vida da arte se denota visível até no perfume da paz.
E
vêm as gentes, ignoram outras palavras, entendem um pouco menos
De
um cabal entendimento que o “outro” não suprime na mesma lógica
Em
que estaríamos talvez no próprio mar a contemplar estrelas...
E
há alguma verdade em sabermos que um nó que nos ate
Não
ata se não fora outro nó da sapiente certeza que a justa
É
sabermos que a Verdade estará sempre em sua indelével posição!
sexta-feira, 22 de abril de 2016
JOÃO E PEDRO SEM DISTÂNCIAS
Na tarde de quinta-feira dissera eu a
João que passasse na cidade para comprar tabaco. Não que fosse quase uma ordem,
mas ele estava amuado desde domingo, sem saber dizer muito o porquê disso, e
achei que uma ida à cidade faria bem. Encontrei-o perto da Praia das Palmeiras,
de maus bofes, meio alienado com a vara de pesca. Não trouxera iscas, apenas a
intenção e uma caixa com cervejas. Bebemos um pouco, eram três horas, como
sempre, as horas em que eu o encontrava – desde sábado – um pouco distinto do velho
João... Sua barba conferia mais do que nunca uma gravidade e as mãos nodosas
uma dura vida, de quase meio século. Perguntei, depois de abrir a segunda lata:
- Meu caro, tantos são joãos nesta
vida. São tantas as marias, tantos são os nomes, que o nome quase não importa.
Você sabe...
- É muita cobrança, Pedro – ele me
disse.
- Pois sim, seríamos talvez quase
evangelistas. Me perdoe a palavra, mas destas mesmas palavras eu gostaria de
falar, mas quase não ficamos em toda a nossa guarda, a gente não defende
posições, a vida prega peças nas nossas veias.
- Não, é que eu queria dizer outras
coisas. Me perdoem as más línguas, mas os olhos por vezes também são maus... Han,
que eu não soubesse, nem mais sei quem sou, me cobram que seja João, do João
que estivesse na Bíblia talvez.
- Sim e não, caro. – Eu supunha de
sua inquietude que fosse outra coisa, já que estava tudo meio revirado. Eu
estava exausto, mal podia com minhas pernas, e João já estava no bagaço: eu em
minha fadiga física, ele mentalmente. As fadigas já se tornavam meio crônicas
em muita gente. Sinal dos tempos. Uma crença forte, por vezes anacrônica, ou
ilusória, de uma fé mais gratuita. Mas que fosse, era pelo menos algo. De
tantos algos como uma polaridade em que se tornava a sociedade, pois os meio
termos quase eram suprimidos agora.
- Mais para não, creio. Não sei o
que está escrito, cresci à beira do apocalipse de meu nome. – Se segurava,
teimoso, na cadeira, e seus gestos eram agora mais brandos, pois dizia algo sem
entrelinhas, e já havia derrubado cinco latas de cerveja, em minha, quiçá, boa
companhia... Falei-lhe:
- Quiçá fosse eu o fundador de algo
maior do que qualquer estrutura, João. Ainda assim, seria apenas uma pedra,
pois sou um. Porventura escrevesse milhares de páginas, e das boas, ainda seria
um. Sou um como é a formiga silenciosa, mais uma do que sou, posto muito menor
mas muito mais forte. Se Pedro daquele antigo ergueu a Igreja, foi um bom Papa.
O primeiro. Resta sabermos quem é o primeiro de qualquer coisa. De uma coisa
pode ser, mas havia outra igreja, havia o tacape indígena sobre um disco solar,
reverberando ao seu Deus. Haveriam os negros imantados de coragem, e outros nas
barbatanas do Império, que não fora único, mas fora tardio, que todo o império
vem tarde, programa-se tarde, no que pretende no agora, que já é tarde, visto
história ser antes... Na verdade, irmão, se Isaías cita Emanuel, já era um
pouco, mas Cristo e Budha vieram, e consagraram... Talvez Tanigushi saiba
muito, para muitos. A epopeia é essa. Os peixes são a realidade. As rochas, uma
mulher aberta para o carinho, ou uma Scania na contramão, quando estamos em
família subindo uma serra. Se você acredita em algo grande, seja ele filosofia,
teoria econômica, política, religião, antropologia, arte, cultura, qualquer
algo, tem esteio. Como ao ver um filme em uma tela, vemos um filme em uma tela,
disso não precisamos nos lembrar, mas o temos, por vezes. Veja uma notícia
trágica com humor, pois não há mais notícia humorosa, por destas incríveis que
não se passa... Pense em algo. Seja liberto. No saneamento, está aqui, estamos
sobre esse mar, e falta sanear melhor. Sabe porque, meu irmão, os pássaros
estão por aqui, onde estão peixes, mas o reflexo dos homens passa por cima até
mesmo do mar, e a questão inequívoca é essa: pratiquemos muito, estudemos,
trabalhemos, versejemos, apliquemos nossa inteligência e mudemos o que pode ser
mudado. Seremos como mais um multiplicado, mais pedras erigidas. Pode ser que
você não seja mais João do Apocalipse, talvez seja João da vida. Não temos que
esperar, você sabe que nós podemos, pois desse modo reconstruiremos todos os
tipos de patrimônio da Terra, seus países e suas culturas: a partir do gesto, a
partir do encontro, a partir de um tipo de amor que é muito secreto em nossos
imos, em nossas entranhas, e que por vezes não significa apenas o eu te amo na
gratuidade de algum interesse...
quinta-feira, 21 de abril de 2016
OUTRA GALÁXIA APONTANDO A UMA ESTRELA
Um texto que prediga a um modo de
subscrever todo um lote que perfaz ao simples entendimento: o texto de dizer, o
texto que se diz. As letras são um conhecimento assaz importante, dentro
obviamente de uma continuidade em que a imprensa imprima o reparte dos
conhecimentos estes mesmos a serem democraticamente compartilhados... Mesmo o
conhecimento ilusório possui suas fontes e é de ímpeto veraz reconhecer o âmago
de sua mensagem, ao lermos em suas páginas o que ilude dentro de seus meios
produtivos. Se é de guerra, nela não há messianismos; se é de notícias,
espelhemos novas imparciais. Se isso não for possível, alcancemos os fatos mais
necessários à conscientização do real e o tornemos o mais próximo possível á
crítica dos desmontes em que nos despejam verdadeiros lixos nas formas de
reportagens. Se é das massas, que não haja sua manipulação, pois assim não
haverá tomada de consciência, nem ao menos o fortalecimento horizontal de uma
crítica em sabermos que lideranças devem ser no mínimo um pouco mais cultas e
humanas do que se tem visto no tripartite poder.
A riqueza das nações não passa
necessariamente pelo poder no modo como se tem buscado em estabelecer as
grandes máquinas que usam a Terra como demarcação, ou que não demarcam terras
quando isso vai contra abjetos princípios de sua exploração. A terra e a Terra
não podem possuir donos, pois já existiam por aqui muito antes de aparecermos
como espécie e – desde o osso ferramenta – as ferramentas apenas mudaram sua
esfera de aplicação, seu modus operandi, suas engrenagens de encaixe... Os
ossos se multiplicam e as caças mudaram de nome, servindo infelizmente aos
interesses bélicos ou de dominação produtiva na setorização da própria Natureza
. Não houve freios em quaisquer processos históricos e, num átimo, as
estruturas mudam de lados, sendo estes propriamente ditos os que detém o poder
das riquezas e seus recursos insondáveis, ou o poderio bélico. Há que se ter
sim, por falar em poder, a real percepção dos nossos entornos, pois nunca será
a partir de displays digitais que
encontraremos a solução de questões de magnitudes maiores no cerne de querermos
melhores dias para existirmos enquanto seres sociais dentro do espectro de
nossas sociedades. Não é mais questão de sermos especialistas em algo em
especial, ou termos a obrigação de um postura religiosa. Além de termos
conseguido chegar aqui no Brasil a um Estado laico, permitindo manifestarmos
diversas frentes étnicas, culturais, de costumes, ou religiosas, devemos
ressaltar o fato de que apenas um trabalho não pode ser a única opção de vida
de um homem, uma mulher, com seu consumo desenfreado e a doce ilusão de que
tudo está bem no planeta enquanto matam centenas de crianças em guerras
cruentas em outros sítios do mundo, como para citar o exemplo de como ocorre a
alienação a uma realidade tocante em nosso sentimento enquanto seres humanos...
E acharmos que – mesmo quebrando todas as conquistas no plano dos direitos
humanos do mundo – havermos de acreditar em certas desproporções em contendas
cruentas e suas crueldades inerentes, repito, em acharmos que isso remete a uma
questão religiosa, ou no espelhamento de ferir com ferro a quem pede paz e
clemência em viver apenas em dignidade, com a sua terra em direito pertencido:
esta fronteira que deveria ser respeitada como todo o processo histórico – aí
sim – dos direitos humanos que, lamentavelmente, o capitalismo desumano e cada
vez mais brutal, acaba por gerar nesse tipo de monstruosidade, como na questão
da Palestina, que não há como não citar, como tema recorrente em luta da paz
neste breve ensaio.
Que a galáxia de nossos
entendimentos creia ao menos na criação ou continuidade de uma grande nação
livre de toda essa pressão sem limites, que se gere um autêntico e justo acordo
de paz com devidas revisões históricas, que se derrube o muro da segregação e
do apartheid, que se termine com a
nomenclatura que impinge a todo cidadão livre a alcunha de terrorista quando
este cidadão apenas se defende das investidas covardes de um Estado com apoio
integral dos EUA e, unilateralmente, sob protestos hipócritas da ONU, que nada
de efetivo faz para acabar com toda essa violência nos territórios que
paulatinamente, tempo a tempo, sofrem mais e mais ocupações. Por tudo isso,
como cidadãos de algumas luzes, sentimos que a imprensa e a grande mídia como
um todo deturpa essas questões, relegando-as ou deixando-as em segundo plano,
pois nunca será leviano afirmar que o que estão fazendo na Faixa de Gaza e em
toda a Palestina como território, como nação, é algo muito similar ao que
fizeram os alemães em toda a história de seu regime nazista. Com um pequeno
detalhe: o sofrimento se estende de 1948 até os dias de hoje, totalizando um
tempo desproporcional de sofrimento... Por uma Palestina livre! Os homens e
mulheres de bem, em verdade, querem uma paz. E que seja justa.
A PREMISSA DA NÃO LÓGICA
Saber-se ausente de um processo
significa uma neutralidade que se diria nem ao menos diplomática, pois se é de
mitos que sobrevivem os caudais do entretenimento informativo, é da leniência
desse papel de mármore kitsch de
imitação que alguns homens se negam a participar. A não lógica torna-se outra
questão em que suplantamos o chamado raciocínio com outras vertentes de
pensamento que (pudera!) tornam-se muito mais potentes do que as indústrias do
processamento supramencionado em quaisquer quesitos das maiores academias do
mundo. Esse mundo sincrônico onde o grande display tecnológico faz-se dominar
por uma frente ampla que reage à tentativa franca e abertamente covarde de
dominação, a ponto de drones estarem
matando jornalistas pelo mundo afora, a contarmos de que estes são muitas vezes
do mesmo país dos chamados não tripulados, mas que desejam por um saudável
sacerdócio profissional mostrar a face cruenta das guerras. Basta, mostremos de
fora... Quando a lógica é contrária ao desenvolvimento humano dos povos,
mostremos uma não lógica, neologismos que deveremos usar, não apenas no
desenvolvimento de softwares livres em plataformas independentes, mas
contextualizarmos a questão de que lógica estão ensinando, a que propósito e
com que intenções “puristas”.
A apropriação pura e simples do
conhecimento tecnológico, ou da ferramenta da imaginática fundamentada nesse conhecimento, traz à razão um
desconforme paradoxo da desigualdade latente nas sociedades emergentes em
relação ao chamado “ainda” primeiro mundo, desigualdade esta não apenas no
volume titânico de informações, como na capacidade de processar, filtrar,
manipular e espionar muito maior por parte de países que assumiram já essa
chamada contenda de informações, contenda essa que em sua grande parcela tem o
pano de fundo dos interesses econômicos sobre os territórios ricos de nosso
planeta.
Na verdade, a premissa motivo desse
breve ensaio, é com relação aos aspectos produtivos em que – como o nosso país
ainda não possui know how para a
manufatura de produtos mais elaborados como displays
de alta tecnologia – as mãos como elas são ressurgem com força no chamado trabalho
artesanal, ou quando torna-se o trabalhador mais consciente na própria
indústria convencional, de montagem, etc. Isso vai ao encontro do fazer
consciente, do diálogo entre as classes produtivas e dirigentes, vai da
informação reversa, que no meu entender é aquela onde se conhece como foi
produzida a informação – mesmo em processo mais rudimentar – como é impressa,
ou como utilizar meios de informática no objetivo de desmitificar o processo
produtivo. Por isso dar-se-á paradoxalmente importância cabal ao processo
artesanal dentro das sociedades, pois toma-se maior consciência dentro de
chamadas economias solidárias a como compreender o processo produtivo, e a arte
e o design sem fronteiras tomam a forma desejada com uma velocidade maior do
que aquela já utilizada pela esteira da grande tecnologia mundial, que só faz
segregar economias ainda em expansão, potencialmente mais fortes, como a do
Brasil. A não lógica passa a ser quase um raciocínio, mas este demora pouco
dentro de uma máquina como um processador, e necessariamente passamos a não
precisar inevitavelmente dessa máquina para que possamos existir enquanto
sociedades, ou passemos a uma reversão econômica onde o mínimo de insumo e meio
desse teor seja o suficiente para que engrenemos outras máquinas, ou seja,
azeitemos o pensamento e a consciência produtiva para que galguemos os
patamares necessários – passo a passo – sempre de modo mais horizontal entre a
inteligência e os da obra.
Há sempre um alerta para uma sociedade
de consumo que por vezes satura-se de um viés tecnológico e se perde nos
poderes que empreende coletivamente através de certos mecanismos que passam a
ser mera cosmética em um processo inquestionável em todas as frentes dentro de
mudanças onde somos por vezes meros espectadores – literalmente – de filmes de
realidades forjadas conforme as exposições e o contexto da mídia, e de outro
modo somos agentes geradores de imagens em que por vezes são realizadas dentro
de um tipo de alienação do processo de como acontece essa mágica... Quando os
novos meios de entretenimento sufocam a sociedade gerando dependência quase
afetiva pela máquina, há que se preservar a Natureza, pois é hora de revermos
mais de perto o arcabouço teórico e prático de nossas culturas. Qualquer tipo
de cerca deve ser derrubada, pelo menos em seu conceito na consciência de
alguns milhões de homens, mulheres e crianças... Há que se permitir outros
vôos, pois a intenção não deve ser nunca registrar a imagem de uma praia para
que se possa contabilizar pontos de um game
turístico como aventura de andróides que por vezes quase nos tornamos!
ALGORITMO
Principiei o dia revendo alguns papéis,
tolamente espalhados por vários cômodos, gaveteiros, sala, cozinha, no armário
do reservado igualmente. Na verdade, sabia que deixara alguns manuscritos de
antigos registros, mas que se portavam apenas como desenhos, sem sustentação
mesmo artística, apenas rabiscos, esboços... Um, em especial, me chamou a
atenção: um esquema gráfico de árvore, inspirado na estrutura radicular leonardesca,
que já de antemão conhecera em meus estudos das artes no mundo. Mas parecia um
conhecimento que se aflorara em nossos tempos contemporâneos, uma vista aprofundada
dos sistemas de armazenamento e integração de dados. Esses dados eram gerados,
na questão secundária, ou seja, no que se passava por entre os interstícios
visíveis da tela digital, eram como um segundo mundo, que se aprofundava em
rotinas de programação visíveis apenas a quem tinha os códigos para tanto. Mas
que a cada habitante havia gargalos, e certos outros funcionavam como diques,
pois os elétrons funcionam como fluxo de água: movidos pela eletricidade como
fonte propulsora, energia e dados combinados. Então haveria a existência de
vários sistemas, exatamente nas funções e disfunções aplicadas em diversas
frentes de processamento. A máquina continuava a mesma, o que destoavam eram
seus números, sua quantidade, enquanto que qualitativamente haveria o
progressivo apenas de respostas mais rápidas, mas a base eram as matrizes, suas
variantes, seus codificadores, os loops labirínticos, a reserva da colocação
nos campos de dados, as barras e seus códigos, o CPF, o CNPJ, ou seja, na
miríade a proposta deste planeta era pontuar sobre o controle específico e
totalizando, crendo na ótica dessas latitudes que um qualquer disposto sobre um
paradigma anônimo vinha a não ser protagonista do que se chama comportamento ou
condicionamento frente aos olhos da sociedade que vertia no pragmatismo
dogmático todos os alicerces de seus blefes. Não no sentido lato do
funcionamento da engrenagem até certo ponto totalizante da integração, mas na
cosmética visual na multimídia, na antimídia e na ultramídia, ambas de
conceitos convexos tanto quanto ausente de argumentação filosófica, quando
presente apenas em seus arremedos de insights e em suas teorias cognitivas, de
percepção de viés, um retrocesso a que vejamos as coisas da Natureza com a
percepção respeitosa e coerente, no sentido de não sermos nós que a vamos
recuperar, enquanto não pararmos de explorá-la nos modelos do século XIX ao XX.
Nesse intervalo a velocidade suplantou curvas de frequências pontuais para
amplitudes e frequências em diversos modais, nos flashies em que se tornou a
sociedade contemporânea, a cada segundo o contemporâneo, em que a modernidade
vira o jogo depois do pós moderno, e se torna indigesta para as culturas de
raiz de povos em que teimam em ignorar. O fato é que existe algo – um quase
detalhe da tragédia humana – como o gráfico descendente das reservas de
petróleo. Enquanto não soubermos que qualquer país do mundo que possua reservas
de monta e não possa se defender interna ou externamente, será vitimado por
países que insistem como grandes insetos em tomar posse dessas reservas. Assim
o fazem com o Golfo do México, no Iraque, nos sauditas, assim as causas
geopolíticas da guerra com a Síria, assim geopoliticamente com a Líbia, assim
igualmente o que tentam com o Irã, já vitimado anteriormente, e na América
Latina, onde o exemplo óbvio vem da Venezuela com os paramilitares colombianos
a insuflar contendas e agora, falo com pesar, o Brasil: nosso país, vitimado
pela ganância sem conta dos negociantes do petróleo.
Enquanto o
discurso versar sobre cores vermelhas ou verdeamarelismos,
enquanto a Nação Brasileira não acordar veremos sempre os mesmos lacaios
montados em suas corrupções de corruptelas jurídicas, acertos antigos e sem
fundamentos éticos, em nome de teorias econômicas que irão apenas enriquecer
seus flatos.
O problema,
ou para alguns a “solução”, é que o conhecimento tecnológico de ponta mora nos
EUA como o país mais fértil nesse campo. Porém, apenas poucos têm acesso a todo
esse conhecimento, a todo esse preparo profissional, o que nos torna sectários
em relação aos pobres que não possuem renda para melhores profissionais e
melhores atendimentos, em qualquer área profissional. Seja na área médica, no
magistério, computacional, etc.
O que temos
que ter em conta é que, sem distribuirmos melhor as nossas riquezas, o consumo
de nossos produtos brasileiros são travados pela carestia: perde o povo, perdem
os empresários, ou ao menos aqueles que não são sustentados pela interveniência
externa, ao preço de cartelização e oligopólios em que se pretende por vezes
instalar em países vulneráveis como o nosso. Disso que já sabemos que nos
pretendamos a ir mais além... Obviamente a análise rigorosa de detalhes por
vezes insolúveis nos torna capazes de traçar os algoritmos necessários, estes
com o rigor desnecessário, pois ao trazer uma pista do sistema somos capazes de
espelhar com objetos da praia, por exemplo, quando encontramos dois cacos de
vidro e já estão desgastados pelas marés:o que espelha da mesma forma que a
avidez pudesse, se isso fosse possível para uma sociedade que se construída
mais humana, que a avidez se desgastasse pela sua própria geração, ao que
sabemos que tudo o que dá a corda no tempo traça um algoritmo complexo em suas
entranhas sintéticas na perpetuação da mesma avidez brutal, no papel côncavo de
empreendimento bem sucedido, por vezes, mas – por outras vezes – com o
patibular véu do dolo em explorar o próximo e seu país sem medidas de
contenção. Esse espelhamento sereno e quase metafórico passa pelo conhecimento
que podemos ter em nos mobilizarmos internamente para contemplar os nossos
entornos, verificarmos que não existe vigília permanente, e que nenhum
subterfúgio agregado como alguma substância nos fará ver o que se é, o que
existe. Nenhuma substância psicoativa faz, nos tempos de hoje, que venhamos a
conhecer a realidade que nos cerca, pois esta já é tão ilusória que algo de
percepção equivocada nos leva à alienação. A uma alienação de não termos
referência, de algo que supomos vivência de lutas, de um modo de agir em que
não dispomos da frequência necessária que quebre a que for padrão sem
incorrermos no erro de não sabermos dialogar com aqueles que possuam essa
faculdade. Se estamos saindo de uma escalada mental de transtorno, que falemos
com nossas palavras, que a pausa se faz crucial nessas horas, e devemos
empreender nossa tolerância com relação ao preconceito de forma a conceituarmos
em um ambiente de busca pela compreensão do próximo, mesmo que enfrentemos uma
pressão grande, apesar de devermos saber que a melhor coisa que podemos fazer
contra um ambiente de pressão é a reivindicação de nossos direitos, mesmo que
nossa fala esteja dificultosa. Esse deve ser o nosso script, o roteiro que nos
guie, a ponto da reivindicação terminante e principal a começar, dos nossos
Direitos Humanos, já consagrados internacionalmente, mas que algumas nações,
por caminhos difusos e autocráticos, tentam dissuadir do panorama dos países
pobres ou em desenvolvimento. Falo do dilema da loucura como algo recorrente em
países que se tornam totalitaristas, o regresso e a padronagem inescrupulosa da
mesmice. Quando se pode afirmar, na lógica de uma sociedade totalitária, que
falte respeito às minorias. No caso em questão, aos enfermos mentais e sua
posição de fragilidade perante algumas feras de nossa fauna urbana em que nos
tornamos: selváticos. É de selva o que é de selva, mas que o stress nos torna
quase experimentos urbanos, infelizmente a assertiva pode ser fato.
Sob
determinadas circunstâncias, um coração tornada abeto apenas, multiplicado por
centenas e centenas, nos fazem pensar do que seria um afeto tornado em um
coração único de contendas externas, sem olhar para si nem para o que temos
dentro dele, qual não seria, quem sabe, quiçá algo de espiritual. Pois quando se
pousa uma mão no ombro de um amigo, o gesto infelizmente, o fato é esse, nem é
esperado como afeto, mas feito no ombro de um suposto – que o ser se considere
– inimigo, traça-se a revolução mais pungente, posto não somos nós que devemos
descer de algo, mas que um gesto traga mais do que esperamos que dele nos
tragamos a um bel prazer, no que seja, não seja o amor, mas que se ao menos
dele desejemos, com toda a nossa ternura em querer...
terça-feira, 19 de abril de 2016
REFORMA
Da
pá que se vira, ao se virar um homem, dos martelos, do cimento
Que
dá o amálgama em que por vezes desaguamos em choros consentidos
Ao
que parecer possa, na plêiade vã dos que não sentem, mas apenas ódio
Em
que não pensam sequer onde porventura devam ou quiseram ter amado...
Em
se reformar há de tudo, por vezes uma quebra, por vezes um tom de cobre
No
sorriso do índio que trabalha na cidade mas não esquece de sua infância.
Assim
saberemos o que de reforma há, pois do vento esquecemos os tons.
Em
uma verdade reside outra voz que não nos dita, posto ser proibido
A
um cidadão sequer pensar que a escuta altissonante vindo de um megafone.
Um
carro passa e trepida a sua solidão pungente por não se saber acompanhado
Qual
não seja pelo carro e quem estiver nele, por ele objeto, por carro, por carro.
A
poesia vem de uma tristeza infinita, a lembrar um irmão que se despiu
De
sua vida para se tornar sacrifício de um ano, como uma montanha abaixo.
Pois
há certas gentes que abalam o mundo quando se vão, mesmo no amplexo
De
algo que dizem hereditário, uma enfermidade que explique, um manicômio
Instalado
no cerne de suas questões na conformidade do inconformado.
Pois
a isso devemos um libelo, um arbítrio coletivamente ensejado
Em
que não venhamos a não perceber quando um homem ou uma mulher sofre
Nas
condições daqueles que não olham para si mesmo a descobrir certas causas.
A
carestia é congênita, prima irmã do egoísmo, contra parente da injustiça
Quando
nos deparamos que o real é justamente a velha máxima em que
De
dentro de nossos carros não percebemos, a não ser que o usemos a serviço!
De
pretender uma sociedade mais justa, é de pretensão nobre, a qualquer
Que
seja consonante com a harmonia de um país construído e consolidado
No
panorama da liberdade que teremos em uma escola ou saúde públicas.
E
que sejam esses serviços essenciais a afirmação correta do que seremos
A
mais do que divagarmos qual vai ser a roupa em que iremos às festas,
Se
temos uma empresa que seja a única importância do mundo que temos.
Pois
se termos são utilizados como alternativa dissonante a um bom trabalho
Veremos
que a hora de reverenciarmos a nossa Presidenta é sempre agora
Pois
nada do que se espera de desfecho corresponde ao patriotismo cabal.
Quiçá
pouco adiante tentarmos dialogar com cabeças de fósforo usado
Pois
só pensam com nenhuma luz, ou a pouca efêmera que tiveram
Em
seus ensaios de trombetas pífias ao tentarem diuturnamente entregar
Um
país que conseguiu na era PT ser a potência que mostra: invicto!
sábado, 16 de abril de 2016
A ATENÇÃO DESMESURADA
Giorgio, quando estava dormindo, não
escutara uma reunião na rua. Mas acordou com um estampido, como uma tampa
plástica pesada sobre a pedra, um barulho pouco decifrável, mas de amplitude
grande... Não saberia traduzir certos sons noturnos. Agora nem saberia mais
dizer quando fora, ao menos que acordasse olhando o relógio, pois que olhara o
seu de pulso, e marcava quatro horas. Levantou-se, meio recolhido, foi ao
banheiro, fez uma micção, lavou o rosto, estava exausto sem estar mais
dormindo; como eram exaustos aqueles dias de abril! Não saberia muito o que
fazer, pois o sono lhe faltava, e ainda por cima bebia um café amargo de dia
anterior, pois queria se quedar a estudar um pouco da Bíblia. Era sempre assim,
cruzava com gentes de diversas religiões baseadas no Antigo Testamento, quando
ele inquiria, pois não conhecia nada da matéria. Algo que era de seu imenso
interesse era o profeta Isaías, pois diziam que sua leitura abraçava metáforas
complexas. E Giorgio não poderia dizer, posto ter fracassado quando, da
atratividade de seu Krsna, abria o Baghavad Gita e sentia o archote de que
necessitava. Mirava os pássaros, e era no espaço exterior que minava seu acerto
material, aprofundando o teor espiritual, o que tornava melhor, a que se
postasse uma ficção, a que não soubessem se escrevia, ou se outros escreviam
sobre quase tudo, pois gostava de sua biblioteca. Embora parágrafos de ordem
anímica o assoberbassem, tais cristais que supusessem os brilhos de seu espaço
na confluência de diversos vieses de ordem espiritual, os Vedas continuavam a
ser o fruto maduro de todo seu conhecimento escritural, pois Krsna,
independente da condição humana, é o repouso de todas as criaturas vivas, e da
própria matéria, supondo suas partículas infinitesimais, que incluem Sankarsana
em seu âmago. Essa era a diferença entre crer no que há e não existir no que
pensamos haver, pois toda a especulação filosófica perde em suas tonalidades algo
cruas de fundamentos. A totalidade da certeza filosófica depende de algo que
transcenda os critérios de uma mente atormentada por revezes sem conta e sem
pares, no que temos que compreender, no caso de Giorgio, em sua acepção, da fé
em seu montante guardado em esteios da Verdade, assim como ela se apresenta: na
tolerância e na paz, o que torna essa máxima a Verdade em si, pois prega a
conciliação, ao invés de algo insano que é a luta pelo poder.
A se passar como Giorgio, nada seria
mais transparente e lúcido do que a sensatez e a serenidade quando se torna
esta possível, pois há que considerar que muitos não têm condições de manter
uma vida serena, e a solução dessas equações torna-se factível pela conquista
social, como a melhor distribuição de renda, dotação orçamentária plausível aos
interesses dos movimentos sociais e reformas dos sistemas brutais de espoliação
econômica. Aqueles que possuem serenidade e tempo para uma reflexão mais profunda
tem o dever de contribuir para mostrar os fatos como eles são, ou no
reducionismo necessário de um olhar mais centrado em uma questão pontual, que
seja, mas que leve a outras que emergem de dentro de uma sociedade em
deterioração de lideranças e embrutecimento ipsum
facto de suas prerrogativas humanas, quando todas as ações políticas não
passam mais pelo crivo de qualquer ética, e se dispõe de chicanas para defender
os interesses de ocasião e vender o país para algumas famílias ou grupos
externos. Isso não significa luta pelo poder ou vontade de poder, pois apenas
um panorama igualitário onde se espera que a cidadania encontre refúgio em sua
própria semântica, e que não precisasse em tese dessa busca algo burocrática
que se chama escalonamento. Giorgio por vezes não tinha como evadir de suas
buscas do significado em viver na sociedade, pois sim, todos somos, a partir de
reivindicarmos o ar que respiramos, o pão que nos sustenta, seres políticos.
Não necessariamente na política enfrentada hoje, em que cada dia vamos a
nocaute e nos erguemos para receber outros golpes. Aliás, todos os dias os
golpes nos são dados: quando vemos a manipulação da mídia, a cada hora, quando
vemos a aproximação étnica de resguardo igualmente midiática e falsa, já que
não propõe mudanças nas estruturas de poder, quando vemos na figura de um
infeliz ou outro suas artimanhas... A cada instante um golpe baixo,
principalmente quando nos apercebemos que todos os golpistas sequer possuem um
plano de governo, qual não seja entregar nossas riquezas em um tipo de
chacrinha onde só ganham os ricos. Giorgio ficava atônito com isso. Mais ainda
com o grau infantil dos políticos de outras nações que compactuam com o mesmo
golpe maior, um atrás, o outro na frente, um fornecendo, o outro pensando, as
assertivas sem assertivas, a alocução de palavras, a forma inequívoca do
processo e o teor das chicanas cruas jurídicas dando alicerce a toda a farsa.
Giorgio era um homem comum, à sua
maneira. Gostava de Elisa, mas Elisa gostava, ou tinha relações com outro, de
nome Carlos. Essa era a história de amor frequente na linha de qualquer
atitude, uma história simples. Pois bem, Elisa estava para entrar em sua casa,
e Giorgio se barbeara cortesmente para recebê-la, de uma barba de mais de
década, já que – perdido – queria qualquer tipo de carinho, quem dera, a ilusão
de Giorgio, o não aceito, mas qualquer alusão com algum maluco é coincidência
nefasta a quem lê, pois leiam ficção, que entorta menos o tutano! Nessas paráfrases
a atitude do escritor pára um pouco e divaga... Nada a ver com o diário que
recebeu como notícia da BBC, de uma moça perdida em um manicômio da Inglaterra:
cartas anunciadas, notícias anunciadas, pois em notebooks ou celulares,
caríssimos, ninguém sabe a real de certas notícias. Vindo de quaisquer fontes,
há que se ter ideia de que há atenção desmesurada nas máquinas que possuímos, e
que vivam as máquinas, pois estas levam, e o grau de democracia se eleva dia a
dia, apesar de estarmos engessados em antigas estruturas representativas, mas
sobrelevamos o ato da publicação, e uns publicam pouco, e outros são mais
férteis, um tanto mais lineares, pois o flash não nos deixa parar mais tempo e
desenvolver melhor a argumentação, até que se descubra o oposto necessário do
que opõe-se a um modo quase contemporâneo na sua evanescente maquilagem das
imagens e dos sons. Pois que vivamos nossos tempos: se nos reduzirem o online
partamos para peças maiores. Se antes escrevíamos citações, que escrevamos
contos. Se a lógica é funesta para alguns, tornemo-la melhor para outros, de
outra competência, através de nossos repasses informativos.
Existe em nosso abdômen a pélvis que
segura ou ajuda – composta logicamente pela musculatura – as nossas vísceras,
qual máquina maravilhosa que empreende a digestão do bom alimento, este que não
nos falte em empreender certos quesitos. Essas vísceras lembram o cerne de uma
máquina sistêmica, uma plêiade de redes e convulsas harmonias e dissonâncias
dos estamentos culturais de nossa América Latina. Parece que começamos a
engolir de um alimento mais emporcalhado, um pouco piorado, digamos. Porém,
paliativamente, pois ainda sabemos que nossas dispensas dispõem de um bom
feijão, de um bom arroz, sabemos que muitos, mas muitos mesmo dos nossos povos
possuem do alimento para que passem os metros de nossos intestinos... Em uma
boa digestão. Um átimo de tempo nos divide neste final ou começo de semana,
algo a se preparar sempre de uma boa refeição. O fato é nosso trabalho, a força
nos nossos braços, no braço de um camponês, não o fato je suis perdu dans ma vie. Não existe esse fato. Tudo se esperava
de algum modo, o que se sabe é que as vestes foram trocadas há muito, e o que
antes era um corpo já não é mais, e nada do que foi oferecido de alimento não
foi considerado como o sacramento, pois se o foi seja melhor a continuarmos com
o fato sagrado, pois que assim reza todo o processo civilizatório deste
continente, assaz messiânico. Lembrem-se do que foi Os Sertões de Euclides da
Cunha. Vejam que escreveu apenas um livro e foi assassinado. Muitos sequer
folhearam. Lembrem-se do corpo de Cruz e Souza, lembrem-se de Che na Bolívia,
dos golpes diuturnos nesse mesmo país. Quantas cruzes no Rio Grande do Sul,
quantos levantes, quantos cárceres em nossa história? Por que remontarmos
qualquer história que se nos apresentam, se as bandeiras dos que pediram
recentemente a intervenção no país talvez veja mais atônita ainda as novas que
são insufladas por tudo que ocorre nas esferas do Legislativo e Judiciário?
Giorgio, em suas inquietações sabia
que Elisa não o amava, mas que ele amava o país, e suas Elisas, Marianas,
Luízas... O processo estaria ao menos escrito com apenas um fato ocorrido, um
nocaute técnico fraudado, posto peso pesado contra pena? Os contrários à
admissão de que uma mulher com as mãos limpas de crime, ou dolo, ou qualquer
motivo ficasse justamente na presidência de uma República que seu próprio
partido deu visibilidade aos olhos mundiais, agora querem tornar de novo o
símbolo Mirandesco com suas bananas na cabeça, um país chamado Brasil? Será que
não haveria qualquer laivo de bom senso na mente inquieta desses jogadores,
será que blefam alguns e outros levam? Tomem consciência, parlamentares, isso
pensava Giorgio, votar a favor do impeachment é a atitude mais sem fundamento
moral e ético que pode atravessar a superfície de todo o Brasil, que até então
tem se revelado um padrão na tolerância, na paz e na decência de seu próprio
povo! Resta
colocarmos as coisas como elas são: quem quer o petróleo?
sexta-feira, 15 de abril de 2016
O CANAL DIRECIONAL
Tanto
de ser que o canal desce, como um rio com seus significados
Que
entortam o conhecimento de algo mais que saberíamos se não fosse
Apenas
uma direção de um canal, ou a válvula de escape que se nos escapa.
Há
que pensar, caros, há que se pensar como nunca, pois no fragor
Que
impingem desde Maquiavel até Smith há uma lógica de sistemas
Que
faria a interpretação de Eco uma salada de legumes podres...
Procede
que hoje a informação é o quesito das batalhas que se travam
Nos
painéis toscos de ruas onde a coação se torna apenas o resultado
De
uma miríade de bancos de dados entrelaçados com a força de um gatilho!
Não
se trata de comparar o poeta, este apenas relata, e não será como
Uma
menina suicida no manicômio, posto crer ser salutar o embate
Em
que porventura e por necessidade temos que mostrar que somos lúcidos.
A
inteligência de nossos consortes de segurança e direito tem que vir
independente
Das
tentativas crônicas de afirmarem que nosso Brasil não se pode caminhar solo
Sem
o solo que o querem arrancar com canais de programação por trás dos panos.
A
questão midiática é algo que atinge milhões, mas as questões da linguística
E
suas interpretações que ajudam a ofuscar todos os manifestos culturais
Reza
que é no mano a mano do cotidiano com o outro lado é que procede.
O
embate é duro para alguns, mas a pintura de Goya de Luciendes não acontece
Tanto
no sólido trauma que tenha sido a vivência cotidiana de nossas frentes
Ao
que se germina sabermos que nada cai quando um não deixou levantar arriba.
O
que se processa na monolítica frente da capacidade técnica das estruturas
Que
passam a dominar outras fatias do bolo das massas é a engenharia
Do
dois mais dois é alavanca, e do tendão rompido que o monstro almeja!
Ao
trabalho estamos todos, e o diálogo se faz necessário não no organizar de
tenda,
Não
no solo patibular da repetição sistêmica de histórias que não acontecem,
Mas
na riqueza de sabermos exatamente qual será a luta laboral e intelectiva.
Saibamos
que o poeta ri com satisfação quando sabe que não cairá a cidadania
Quando
de um se percebe o olhar da bravura, e a resistência do que não era antes
Virá
de meio a meio a outro a meio mais, que o meio se atrevesse na calmaria...
É a
partir do nada do neo algo que se perceberá que outras frentes virão,
Com
a fortaleza que anima o arco do guerreiro quando de suas letras
E
de outras renitentemente luminares convergirá o panorama ético da revolução.
Portanto,
de brevidade se diz que um canal que rege sua falsa regulamentação
No
princípio barbaresco do status quo, que desce de seu platô para arregimentar
Não
sabe que o faz com a energia eólica de algumas manivelas sem o vento bom.
Tenham
a certeza de que certos alardes pisam nos mesmos solos em que pisaram
Por
vezes em vão nossos ancestrais, posto que a vereda depois de dois mil
É
diversa de tudo o que se pensava, já que estamos lidando com dígitos e sapatos.
Que
se cesse por vezes alguma caminhada, pois os que sabem do eletrônico
Passam
a não saber que o que é de Natureza não é vencido jamais, visto
Ser
imantado no pressuposto de que o gesto mesmo da matéria nos dirá...
Rolam-se
as brocas, os meios são outros, e as doutrinas da coação e subtração
Não
sabem das nódoas traumáticas e seu dolo, quando, por incrível paradoxo,
Passarão
a exercer o poder do dolo retirando uma Presidenta isenta daquele.
Esses
meios enfrentarão o Poder de seus erros quando se derem conta de que
O
paradigma de seus rudimentares critérios de embevecer todo um povo
Não
passará da diluição cultural alienada que merece a todo o tempo a crítica.
Portanto,
companheiros, se o golpe for da mesma facção que se tornou histórica
No
regresso da anti história, saiba-se que a revisão de que não pode haver bis
Nos
deva remeter a que pensemos a repensar a
atuação dos meios: a Natureza.
quarta-feira, 13 de abril de 2016
terça-feira, 12 de abril de 2016
ROTEIRO PARA UM MODO QUALQUER
Parte-se de um pressuposto em que a
paisagem seja nobre. Como é, não saberíamos, nem o diretor, nem o dramaturgo,
apenas o varredor de frente ao teatro, em seu movimento quase imperceptível
àqueles em que estariam presentes se o roteiro para a peça estivesse concluído.
Um roteiro mesmo, talvez não fosse esse o nome, mas um Corcel Andaluz valeria,
se já não existisse, mesmo em platôs românicos, onde a frase não caberia em
qualquer inquisidor, se houvesse, mas o tempo era outro. Nada disso seria importante,
bastaria imaginar qualquer peça, qualquer filme, qualquer ato, e no ato secular
o varredor varre tudo o que encontra, com o seu balé surrealista, de outro
modo, ou outro, ou aquilo que pensamos do trabalho é algo mecânico e a paisagem
torna-se nobre na liberdade, em que a palavra nobre não seja filtrada com a
aristocracia, pois outro dono de alguma seita conseguiu galgar essa questão, ou
a paisagem torna-se um quadro de Corot, e fica sendo algo maior... Triste, de
difícil acesso, de difícil argumentação, mesmo àqueles que se aferram tanto às
doutrinas de suas engenharias, medrando em seus solos intelectuais o que apenas
serve ao mestiere lavoro. O que se dê
ao luxo é do luxo, o que se dê ao varredor passa ao largo, neste nosso incrível
roteiro e modal característico. Cultura com preços. Aliás, ninguém é perfeito,
a uma peça global tantas são as faxineiras que gostariam de curtir com um
príncipe, pelo menos no script das novelas. Não há necessidade, já que se pode
comer um hambúrguer na hamburgueria mais próxima, ao preço máximo da carne e do
pão! Pois onde se come o pão acaba se comendo a carne, ou meramente tosca é a
troca de palavras que, perdoem-me os irascíveis, a semântica se não crê.
Mas não, o roteiro é de Noé, e sua
arca. Um roteiro de vigamentos, de engenharia, de bíblicos ensaios, de um rico
figurino, de todo um neón em tecnologia de computação gráfica onde torna-se
real um pano de fundo sagrado para algo que dá lugar a outras divagações.
Trabalho bonito, diga-se de passagem, apesar de algumas barbas serem mais higiênicas
do que os tempos do Mar Vermelho. Há que se estudar... Quem sabe?
Voltemos ao varredor: este continua, e
o teatro está vazio, ao lado de um cinema repleto. Um hidrante calado assombra
perto de uma faixa de pedestres na cercania, e um poste dá o tema dos tempos
modernos, suas fibras, seus cabos e transformadores: os prédios, igualmente, as
antenas, as janelas cerradas para não entrar fuligem, e a cidade quase respira,
repito, tempos modernos. O varredor termina o seu trabalho naquele fim de tarde
e mediana noite. Sabe de seus filhos, e todos prosseguem trabalhando. Não há
mais roteiro, tudo emana de algo, e passa um velho de cinquenta anos, já
cansado, já trôpego, e é o próprio roteirista que nunca escreveu além de
algumas estrofes inquietas, mas que não sabe da paisagem nobre, pois esta
estava em uma foto em um celular que vira em um balcão, um lugar inóspito
residente de sua morada do caminhar na cidade. A sua morada é fria, são frios
os habitantes, muitos urram no cinema 4D, gozam, riem, saem para os hambúrgueres
e a crítica fica indelével a toda a sociedade dos países do Norte em um
hemisfério em que, quem é esse velho para tecer alguma crítica? Não quer
encrenca. Senta-se, abre um livro, sobre Roma e a história do Duce. Está em
italiano, não sabe ler nessa língua. Pesca palavras, e estas não vêm, e
passa-se o tempo: tempos modernos, quase contemporâneos. Nessa salada grega
nobre se faz a salada. E vê abestalhado a notícia em um jornal em exposição que
barcos chegando à Turquia sofrem disparos.
O varredor fora embora há algum tempo,
o roteiro evanesce, o teatro permanece
vazio, e o rugir das feras se ouve dentro de alguns lugares, no
trânsito, nas calçadas, mas não cresce, também esvai, permanece estertorando em
vozes esparsas, em que uma cidade esquizofrênica não as escuta, apenas algum
roteirista que encontrasse no gesto de um pouco de palavras algum sentido de
arte, outros oxigênios necessários que o fossem – ilusão – para a Humanidade...
POESIA CIRCUNFLÉXICA
De
um assento onde não nos sentamos ao tornar-nos peças de andaimes,
A
um que gira como um inseto atento, silente em suas próprias pernas,
E
outro que fustiga sua razão ao parecer atento no movimento dos ventos,
Quando
não vale que saiba-se de suas direções, a não ser do tempo...
Um
homem passeia, com seu andamento de Quixote não anunciado
Nos
caminhos que os levam ao sempre dos mesmos, estes que sejam
Quase
como uma alfombra tecida no imantado toque de um ourives!
Não
que a poesia precise disto, mas que um verso poderia fazer falta
Em
se faltar a que saiba que gostar de Maquiavel é como ser órfão de ternura
Quando
os ensinamentos encontram ecos nos atos em seu paradigma louco.
Será
de loucura maior que o poeta consiga retornar ao breve som
De
uma música que entorpece uma semântica quando se percebe
Apenas
mais um homem entre uma multidão, um que tem uma cor.
As
cores em que a poesia encontra-se com outras razões, de per si
Quando
se recai em usar de um carmim onde caberia o verde, da púrpura
Onde
se outorga uma futura lei de cor fantasma onde cabe a ilusão...
E
prossegue uma voz que se pronuncia nada anacrônica em seu cerne,
Mas
romântica em sua forma, de forma de fazer tijolos em carne crua
Em
que ressente-se o poeta ao ver que deposita sua alma na própria vida!
A
voz que pronuncia o tom seleto do ritmo das palavras segue por fim
A
se dizer que nunca o parafraseado destoou tão consonantemente
Quanto
os sentimentos que se tornam mantos obscuros de desejos vãos.
Na
voracidade de outros desejos, em que não recriamos sequer outros mitos
Sabe-se
que as multidões de cores são o emblema de uma arte esquecida
Quando
nos apercebemos que sob a cor cinza pode residir uma esmeralda...
Concretude
que se nos revele algo, se é para termos de nós mesmos o amor
Que
plange aos sinos de uma grande catedral, e que não nos ressintamos
Quando
Quasímodo pintou uma linda história de um gótico renascido.
Por
que não dizer algo, porque muitos temem amar, se é no pressuposto
Mesmo
este em que estaremos melhor se amássemos a todos, mesmo no viés
Em
que o ódio se aplaca sob o olhar terno de uma bondade nascitura!
Talvez
ao trecho de um caminhar poético, vamos ver que uma estrofe erra
Por
vezes em pregar uma união quando do sorriso se faz uma fera
Em
que possivelmente nasçam outros hoje a ver que a história seria outra.
Mas
que não se rotule um andar de um andarilho nos trilhos de um tempo
Em
que o despotismo vira qualidade em um capítulo de uma novela
Ou
em outra, o fundamentalismo do ódio recria monstros adormecidos.
Que
se nos pega a garra de um pássaro de aço que não vemos, com as pinças,
Só
vemos de relance o aproximar-se soberbo de um calota de plástico
Que
se assemelha com a engrenagem ameaçadora da imitação do mesmo aço.
A
que uns poderia inquirir algo, ou proferir um sinal ameno de amizade,
Ou
ao menos parabenizar um louco por sua lucidez acantonada na superfície
De
uma ampla esfera de água marinha e seus continentes virados pátria!
Ou
deixa-se o gérmen de uma outra lucidez em eternos jogos de conflitos
Desde
o raiar da infância, passando por um futuro tíbio enquanto grotesco
Nas
páginas incrustradas de esperas monolíticas do que se nos espera.
Há
que girar o mundo em seus cristais de outros mundos, que não deixa de ser
O
mesmo em que pontuamos no game virtual e imaginário, ao menos, que seja,
A
esperança de que no mínimo tenhamos a igualdade, a fraternidade e a liberdade.
E a
poesia versa mais um verso em que o acento do poeta há que circunscrever
Uma
miríade de fatos que não correspondem ao acentuado desejo de um povo
Que
viu no resultado de seu escrutínio a gênese mesma da própria democracia.
A
esse porém, de fartarem-se certos homens que ambiguamente estreitam laços
A
ver com o poder de quem quer, os que mais querem abertamente querer o poder
Mesmo
que para isso tenham que cooptar o que a mídia não conseguiu fazê-lo.
Os
Mandamentos são muito fortes, para não se dizer que emanam de um texto
Único
de ser o Velho alfarrábio que serve em seu escopo histórico e sagrado
A
um povo de origens históricas, e a um povo recriado nas religiões recentes.
Tudo
tem origem, tudo passa um pouco no verbo, mas ler um romance pode ser
Ainda
uma pequena consagração, quando vemos que o que o status quo
Se
torna aos poucos, é que leiamos apenas das linhas pretensamente consentidas...
Quiçá
o que se torne necessário é que o corpo jurídico de um país continental
Saiba
ler não nas entrelinhas, pois isso não é justa literatura, nem passa por lei,
Mas
que leiam sabendo escrever no mínimo o mote consequente do que aprendem.
Não
há pretensões delirantes nestes versos, pois estes são de pretexto
cômico,
Mas
a ordem de uma mente que sente não apenas o setor que lhe compete existir
Mas
o mesmo de um sentimento que nutre por todo o existir com naturalidade.
sábado, 9 de abril de 2016
PLATAFORMAS ANTIGAS
Antigas máquinas escrevem sobre
novos pergaminhos o que se é de azeitar a História... As casas respiram em seus
séculos – porventura arquitetura maravilhosa – a perscrutarem seus próprios
natais, na indivisibilidade de mesmos conceitos. O velho ressurge do novo, e o
novo também aplaca os erros dos velhos, pois que caminhemos todos em direção
precisa dentro de nossos próprios consentimentos. À vista parecemos distintos,
mas a igualdade é o único pressuposto do grande ser que somos a compartir da
Natureza. Pelo menos há propostas nada reducionistas que nos levam a esse
prisma, a essa conotação que possa parecer absurda, mas que nos remeta um pouco
desse surreal sentimento. Palavras por vezes parecem fenecer em solos
inglórios, mas a questão é sabermos que outras vêm por avalanches pela
experiência dos homens, suas vidas, o que foi de se sofrer, o que se
acrescentou, e o que se aprendeu nos fatos e na busca da Verdade. Seria essa a
função do jornalismo, igualmente? A cada um, que se reporte algo, por um
noticiário em paralelo, que saibamos em nossos gestos da intelectualidade
pontuar e costurar a realidade do factual nas fronteiras cabais do
desenvolvimento humano, sem fronteiras, dos povos... Há que se escrever de um
pouco suficiente o que se deixou de um século XX em que deitamos rastros da
inconsequência do que se encontra na mesmice de um novo século: o atual! Pois
muito que sejam os paradigmas dos tempos, pois não existem novas eras, já que
estas se entrelaçam e talvez se possam chamar períodos os retratos históricos
que se refletem nas mudanças entrelaçadas entre o passado com novas roupagens
do presente e alguma previsibilidade – humana, apenas – do que vem a ser o
simples e anacrônico e pretensioso conceito de futuro e suas “proféticas”
induções do que ainda se porta como atual.
As relações diplomáticas sempre
foram tênues como o cristal, breves como um sopro, e sua manutenção há que se
tornar mais dura – extremamente – para que possamos mudar esse cambiante da
ausência de propostas concretas na relação entre as nações. Algumas linhas de
pensamento ainda vivem a realidade de décadas passadas, nas suas cartilhas
infantis no joguinho de acharem que estão fazendo parte de quebras de antigas
estruturas, mas só fazem corroborar as atuais, botando mais ferro em suas
veias. Há que se traçar no compasso, pois a literatura não necessariamente há
de ser fantástica, como a pecha de sermos latino-americanos, pois que somo
todas as américas, incluso as que falam francês, como o Canadá e a Guiana. Agora
somos Cuba, e Cuba ampliada, posta afundada a guerra, o conflito, o atentado, e
que uma ponte se una a outros continentes. Talvez por ser negro, tenhamos o
maior presidente dos EUA da história recente, depois da segunda grande guerra.
Vivemos um período extremamente conturbado em nosso mundo, e talvez seja a
coerência de sabermos da importância em que os dois hemisférios nunca entrem em
conflito, pois que não se crie uma secessão mundial... Seria uma certa
pretensão, mas não dizemos mais “vosso presidente”, pois que um afeta o outro
dentro do sem limites de fronteiras, pelo menos nas vias mais conscientes de
telecomunicação. Pontificar cada nicho possível de entendimento se resume em
que – esperando não falhar a metáfora – cada piso e seus rejuntes tem uma forma
diferente, uma idiossincrasia peculiar. Cada grânulo na pintura, cada ônix,
cada pedra, cada homem e sua química, cada átomo, suas moléculas, seu genoma
oculto: melhor, o pé na terra: seu conhecimento e modo de expressá-lo.
Há que se relatar a História, e
reler-se a si mesmo, em paralelo, que o professor ajuda, mas o aluno tem que se
esforçar, no sentido amplo, de beber de água boa, de boa fonte. Mesmo no Google
há que se saber filtrar, por isso o contato imanente e necessário com bons
livros que não custam muito caro e continuam sendo o melhor pacote o melhor e
presente papel de que dispomos. Falam de teoria econômica na Universidade e
Marx continua sendo historicamente o melhor filósofo nesse campo, como Freud o
foi na Psicologia, ou seja, ambos os troncos e a raiz dessas duas grandes e
seculares árvores do entendimento de nossas civilizações, assim como na
Antropologia, no Teatro, no Cinema, na própria Filosofia, em suas diferentes
épocas: todos são igualmente necessários para compreendermos a sociedade e a
nós mesmos. Há que se travar outros contatos do que a mística que envolve a
eletrônica, pois as plataformas antigas são, em regra, nada dos descartes dos
objetos de uma instalação, posto nada instalados e muito menos objetos.
Alguns conceitos da
contemporaneidade já atravessam décadas e tentam derrotar quaisquer movimentos
artísticos que venham a acontecer, como a própria existência da arte. Mesmo na
poesia, esta nulificada pelo concretismo já enferrujado... Pois a tradução de
uma sociedade realmente libertária em suas vertentes expressivas não tem que
ser rotulada por questões impostas de como devamos pensar ou agir no domínio
artístico, filosófico ou existencial, haja vista a atitude coerente dos últimos
anos deste país em que nos encontramos com questionamentos cabais e profundos
gerados mesmo a partir do ser coletivo e espelhado esse mesmo ser consciente no
indivíduo, com o desenvolvimento de artes e expressões que não regridem, pois
acrescentam. Partamos do ponto já dessa questão e sigamos nossas frentes, que a
tomada de consciência de nossas populações já se faz presente, graças a boas
lideranças e didáticas em cada setor de nossa sociedade... Isso vale para
qualquer domínio que seja.
Mais do que o embate, um aprendizado
a crescer-se por vezes passa por um conhecimento duro, pois que a vida dos que
compõem os sacrifícios de carestia melhora quando o aprendizado surge através
das oportunidades estabelecidas por bons governos, como é o exemplo que vivemos
agora no país, com alternativas que vão de encontro aos seios populares de
nossas grandes ou menores nações, dentro do mesmo processo civilizatório em que
a História define os atores e protagonistas que vêm para melhorar. Passa a ser
necessária a ampla aceitação de debates que não brilham apenas nos auditórios,
mas que um debate-diálogo a partir de dois a três já se torna um bom princípio
de retomada da natureza presencial de um encontro mais plausível do que o
ensaio e erro dos displays. A torto e
a direito que se escreva. Escrevam, companheiros, e sempre!
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