Que
se diga: ano novo, mesmo com roupas antigas, antigos versos,
lembranças muitas vezes um pouco amargas deste que foi um 22 de
desditas, dificuldades, mudanças e sedimentos… Que os amores se
encontrem nas por vezes fímbrias do consentimento, pois apenas
saberemos de algo maior do que o mundo quando compreendermos os
espaços de nossas possibilidades! Estas lacunas em que nos
encontramos com pessoas sensatas, gente que pense no progresso não
apenas em seus níveis de vida, mas igualmente na sociedade como um
todo, na sua substância, no seu entendimento, na compreensão e
solidariedade entre seus pares… Que se diga algo para acrescentar,
pois as forças de um teclado não devem arcar com os teores das
sementes do mundo. Na verdade, é ousado afirmar que há do vário
que desconhecemos, pois, a apontar sinalizações estranhas, os anos
se sucedem com uma parafernália de novos mitos de fantasia.
Talvez
seja para trazer de volta o país a seu prumo, ou mesmo provavelmente
endireitar o leme que vemos hoje a posse de nosso Presidente. Uma
navegação complexa, posto sermos tantos e mais tantos, que nada
passa a ser palavra talvez um pouco anódina. Pois sim, é com
profundo sentimento patriota e orgulho generoso que vi a cerimônia
de posse do chefe do Executivo Brasileiro. Impressionante esse
orgulho, do povo brasileiro ter participado nesse saudável embate
que significa a democracia e todas as suas variantes, espelhado em um
cidadão como eu, que nada faz além de ser mais um homem que luta
por uma sociedade com mais direitos humanos e igualdade perante um
Estado maravilhoso de Direito, como é e sempre será o nosso país.
As letras se revestem de uma esperança consagradora, em que o alívio
traz o sentir-se todo um cansaço que parece secular, apesar de
ventura em cada pedra do caminho, de cada pétala não pronunciada em
longo inverno, deste que recorremos em cada lembrança das
madrugadas, em cada batente de porta, cada nicho de qualquer
arquitetura, enfim, em cada campanha rumo a cada vitória, por vezes
ínfima, escrita por nossos gestos… Viemos por lados por vezes
inexistentes, caminhamos com dificuldades inerentes a certas
tempestades, respiramos de ares difíceis, enfrentamos dores
secretas, perdemos jogos e batalhas previsíveis ou não. No entanto, esperemos que os avanços sejam maiores que os recuos, e a educação se faça presente – com boa competência administrativa – e o
povo aprenda por si, a partir de suas próprias veredas.
Quem seria eu
ou o vizinho ao lado de um andar, o homem que vende legumes na feira,
a mulher que tece a renda, a criança em sua expectativa em pegar o
barco rumo à escola, um pai, uma mãe, uma igualdade a mais, um
taciturno gesto de despedida da manhã, um beijo perdido por entre as
gentes, uma máquina gigantesca que somos aos olhos da Natureza, quem sabe o Criador, que guarnece a beleza aos olhos do fiel e
disposto sacerdote. Assim será sempre depois de vista a vida,
companheiros de estrada, nos deixaremos levar sempre a melhores
termos, justo, que nos aproximemos de quem sofre por injustiças, por
preconceitos, por outros julgarem-se melhores do que o ato generoso
de quem soma, agrega, contribui, esse músculo cardíaco de uma
grande aura individual e coletiva que pulsa sobre todo o ritmo em se
encontrar um ânimo maior para que todos melhoremos: este é o
desejo. Obrigado, Presidente Lula, por mais uma grande vitória, e que Deus lhe oriente para que faça não apenas um governo para o futuro, mas para a humanidade, pois de futuro o nosso espírito está deveras assoberbado, aos olhos da máquina esta, não aquela do Criador, mas dos humanos, que por vezes esquece de azeitar as suas válvulas, permitindo erros imperdoavelmente cruentos e exatos, na questão meramente competitiva de ordem mercadológica, pois há que se revisar certos conceitos e puxar o freio da devastação, para que não mapeemos nossa mãe Gaya em prol de lucros ditos sustentáveis...
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