Do que seriam as palavras se a poesia as procura
dentro de um reflexo?
A mais do que se dizer são gestos de uma
mão generosa fremindo perdão
A um incontestável sofrer das
gentes que são esquecidas pelos tempos.
Quem dirá o que é o
verbo de uma nascente que verte de olhos claros,
De um rumor
relampejando na esquina, de um olhar silencioso de um gato,
Quando
este encontra na procela dos céus a sua cria, e a protege
Com
as garras serenas e exatas de seus consentimentos cabais de
sempre.
Quem diria que o poeta não verte no nascituro de sua
quadrática poesia
Um vértice a mais que compõe as arestas de
uma grande e inevitável paz
Em que serena seu propósito em
prosseguir por mar de carnaval de cinzas.
Do que se peça a uma
manufatura de obreiro, que tantos são os mestres
Em ofícios já
consagrados no farnel do povo, em que se cogite algo
Ao mesmo
povo com seus costumes a se preservar em suas conquistas
Do
quilate dos trabalhos, sejam os mesmos ofícios ou uma própria
vida
Que cresce na esperança de que os dias sejam cada vez
melhores
Em mais páginas da mesma História em que nos sentimos
sinceros
Quando percebemos que pela ausência de palavras,
grava-se a razão
Na covardia infecta do entreguismo, que pede
sua passagem em um barco
De uma lata vazia em seu casco
besuntado pelo piche em que se navega
A um prumo de derrocadas,
pois os ponteiros do tempo alicerçam
As propostas condizentes
com o destino simples e puro do trabalho…
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