Importa, às vezes, que saibamos algo que
nos diferencie, concretamente? Ser tangido pelo conhecimento talvez
seja o viés de não poder expressá-lo, ou saber que falta uma vasão
a que seja ensinado, compartido, ou organizado dentro de nosso
próprio arcabouço interno, gregário, no entanto. Significar algo
remonta a uma história de vida, e quanto deixamos esvair de nossa
cultura ao ignorarmos os idosos como esteio cultural de nossos
povoados, cidades, bairros, aldeias? Toda uma memória histórica se
perde ao desacreditarmos a experiência dos mais velhos como algo
obsoleto.
O outono começa, as estações se sucedem, e nossas
histórias seculares se perdem ante a força da ficção, no mais das
vezes importada de meios internacionais de monopólio do
entretenimento, ou de cópias de produções nativas, ou mesmo do
mouse e sua conformação de ferramenta, talvez nem tão
indispensável sob vários aspectos, como na necessidade do retorno
de certos ofícios mais artesanais, pura, simples e radicalmente
inerentes a uma sociedade realmente inovadora. Esse é um aspecto que
podemos encontrar no simples exemplo de que, em uma comunidade
extremamente carente, o barro pode plasmar ideias, o carvão
projetos, e antigos brinquedos podem ser reinventados, com novos
materiais, como as garrafas de plástico, os arames, a massa epóxi
para esculturas e os blocos de cimento expandido, igualmente para
escultura com talhas e martelo. No campo, a palha de milho e seus
cigarros, as jutas, os cipós, as tintas de sementes, e a compreensão
da agricultura dos filhos dos camponeses em espaço de aprendizado
com o que se tenha, por não precisar esperarmos por insumos da ordem
de recursos outros que não sejam propriamente o que já existe na
realidade desses povoados em um país como o Brasil que precisa
aproveitar um ensino dentro do improviso saudável de fomentadores
dessa educação que deve emergir lá de baixo.
Precisamos de
significados, reinventarmos a educação, utilizarmos materiais os
mais variados, não ter que resolver tudo apenas em seu lado
tecnicista, pois os professores devem vir antes da escola, quando não
há ainda, e é a partir deles que fomentaremos – que seja – uma
tamanha consciência em suas origens, dando margens a que se ergam
efetivamente os espaços educacionais, em que se remunere mais,
conforme o esforço de cada qual...
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