domingo, 14 de agosto de 2016

ROTEIRO PARA 6 QUADROS

            Quadro primeiro, que aparecemos tantos nos quadros nas únicas vezes em que podemos quase nos conformar com algo, quando nem sabemos a que. Diversos quadros surgem da pintura ou de um roteiro, historieta, uma criação sem precedentes que nos preencha aqueles quadros vazios imantados do golpe nefasto. Os golpes que nos dão todos os dias, naqueles que os varões nem se situam, as fêmeas claudicam certezas, os pais querem apenas o melhor, mesmo que de dentro de suas máfias. A situação é algo jamais visto na história deste país, assim do tanto de um ridículo que nos faz falta um Chaplin. No roteiro, pessoas que passeiam, bem observado que não são as mesmas que passeavam, são outras, outras gentes. Ao fundo um mar imutável na sua mutabilidade eterna: que saibam que cresce nas marés, e os governos se sucedem a quesitos sem história como passistas de Napoleões meramente argutos na sua covardia. O roteiro quebra para outra cena, uma cena de um bar onde a cor vermelha é vista com desconfiança, no que se possa crer que haja oficialmente quase o veto a que se vista. Todos reunidos, um balcão, a corte de sobre plumas das gentes que se pressupõem retaguarda, mas segue uma outra cena de fundo como um olho de metal sintético em que não se cansam de se escorar, na sineta dupla de seus reflexos condicionados. A tudo vemos, a tudo sentimos, e a escora se baseia no fundamento convexo de uma relação de filho com o pai exterior: um mapa grande, um mapa de nosso país, mais encima, depois de uma tripa de terra pequena, passando pelo golfo, adernando em mais nortes, da ida e volta, do leste a oeste, mas que o roteiro não abraça, pois o roteirista não manja bem o idioma que querem tornar pátrio de um mundo já falho na sua decadência imperial. Aceitamos certos fatos assim que não nos atingem diretamente, mas esperamos talvez os pequenos golpes que seriam como atos que firam as instituições trabalhistas. Seria algo a se predizer, talvez seja esse o desejo, mas a maioria já finca mais a bandeira no bom senso, e muitos gostam da bandeira brasileira hasteada, não a meio pau para ver passar por cima a listrada. Se gostam do que ocorre no país, haverá um troco meio ingênuo de se pensar, pois os mesmos coadjuvantes do erro agora se empossam em fazer de corretas iniciativas a incorreção fraudulenta da imposição de meios de comunicação. Podem crer que o roteiro continua, mesmo que a partir do título já se encontraram mais sete em cada quadro, e antes de terminar a soma na calculadora dos condomínios, viram sete na proporção de 1,7 vezes mais sete, em que a vírgula esta, proporciona... Suficiente é a programação inteligente, outrora aproveitassem melhor, e claro está que a escola de economia retrógrada consegue ser conservada na mediocridade de sua incompetência.
            Vemos nações que convivem com os sistemas, ou outros que quase convivem bem com as nações. Há de ser um tudo? Côncavo? Convexo? Nada mais, pois que na compreensão da latitude esta do mesmo trabalho em que o povo brasileiro se propôs na tomada de sua consciência para melhorar – incluso – as suas relações com os colegas de categorias e compreensão das diferenças classistas, leva até mesmo o fascismo a observar melhor e igualmente compreender o que foi a Itália de Mussolini, e como um freio obscurece as visões quando transforma o que era no que jamais há de novo no antigo, posto a revolução tecnológica já fazer parte do cotidiano não apenas das estruturas de dominação, mas nas brechas salutares da livre expressão, em que a filosofia pode agora brotar sem fronteiras pelos mundos, em que uma mensagem não iniba, mas acrescente no mensageiro e no coletor dos sinais dos tempos a função máxima que possuímos enquanto missionários internacionais que é trazermos ao nosso cenário latino-americano a questão dos direitos humanos como sustentação inequívoca da segurança de nossas instituições democráticas e a sua manutenção enquanto obra de seres humanos cônscios dessa nobreza de caráter. A partir disso saberemos escutar o próximo, saberemos e teremos estruturas para combater preconceitos, lutaremos por uma saúde cada vez melhor, ampliaremos a visão dos estudantes e sua compreensão que não se veta, posto universalizada pela tecnologia e presença dos nossos heróis: os professores. Tantas e tantas vertentes seriam válidas para elucidar melhor as questões sociais, que a divisão da sociedade entre o ódio e a camaradagem, só resta optarmos pela segunda opção, pois é camarada quem pensa em um país melhor para todos, e enquanto nele existirmos com essa predisposição de espírito, seremos mais e seremos melhores: ao nosso entorno e em nós mesmos! A troco de sabermos o que é resistir a essa enferrujada e gelatinosa lesma em que se encontram os nossos parlamentares resta sermos mais rápidos, não vamos jogar sal encima, vamos deixar entupir as janelas, espremida em seus toscos contextos... Preparar uma sólida eleição de bons representantes populares, traçar na arte o que há de se prosseguir enquanto artistas, na confluência das ideias, nas mesclas filosóficas, sabermos diferenciar quais são as ferramentas das quais dispomos, os espaços que teremos que criar, mesmo em relativas áreas, a comunicação como emblema do diálogo e da abertura ideológica: a resistência em si, não se chama resistência, chama-se descer de nossos pedestais enquanto líderes de algo, enquanto portadores de um talento, enquanto velhos com experiência e ainda fôlego, enquanto estudantes com sua capacidade vital de entusiasmo por algo decente, será um modo de parecermos mais com um país, a se recuperar as relações internas que possuímos com nós mesmos e com qualquer quadrante que se nos apresente...
            A princípio, se preenche o roteiro. Algo maior desponta. Algo de classe. Algo de gente. Não são algumas décadas de meses que derrotam as conquistas já adormecidas e sedimentadas de anos e anos de boa atuação democrática. A questão do poder sempre é relativa nos países do Cone Sul. Pensemos como diversos cones: um mais fino, outro mais leve, outro de chumbo, o de borracha que delimita o trânsito, ou seja, pensemos no agora, como na praça grega – Ágora – em que se discutia o andamento da democracia a partir dos pressupostos filosóficos e poéticos dos mitos que se tornavam reais. Somos muitos aqueles que despendemos esforços em nossa bondade na luta pela maioria. A emancipação de um Estado se faz também na ação horizontal, na rua, na escola, na fábrica, na construção, na terra e na esperança.

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