quarta-feira, 30 de março de 2016
GAJENDRA
Como um
elefante em uma luta de cinco mil anos
Percebemos
que o que importa não é a questão
De
lutarmos por algo, mas mostrar através da paz
Que
podemos ser guerreiros no mote dos direitos humanos.
Assim que
nos digam o alvor da fé, que não esmorece
Nem em
qualquer lacuna do que o não dito que não querem,
Mas se
passa que o óbvio é a única manifestação concreta
De
prosseguirmos ipsis litteris com todas as conquistas sociais.
Que um
possa ser igual não nos passe, posto já fato
Corroborado
por Governo consubstanciado por outro motivo
Qual não
seja o de primar pela mesma igualdade cidadã
Entre
negros e brancos, ricos e pobres, obreiros e doutores!
Quando se
diz que um operário está derrotado em suas ideias
Sabe-se
que quem tenta derrotar um outro numa luta desigual
É o
verdadeiro derrotado, pois a covardia pode até ser solene
Quando
anunciada na farsa em que os ratos abandonam o navio!
Gajendra
percebeu em sua história que não é luta vã
Quando
sabemos que o que querem da independência de um povo
É
manietar a esperança dos pobres com as lanças da hipocrisia...
Que isto
seja sempre a lição fundamental, e que haja paz
Em uma
terra em que teimam nos conflitos para eliminar
As
coragens de um povo avesso a qualquer tipo de golpe!
UM DIA EM SEU OPOSTO
Madalena saiu de sua casa amuada,
naquela tarde de abril. Eduardo lhe dissera que sentia em sua própria vida
muito da falsidade que ele encontrava, mas ela ignorava, pois isso não era nada
de novo. Um nada, talvez, de novo. Um que nada no mar... Enfim, a questão era
não apenas uma troca, as palavras, mas falsidade era um tanto subjetivo.
Madalena estava amuada por saber que Eduardo insistia em aparecer na sua
frente, como uma espiga em que não há mais milho, mas ainda cabe no espantalho.
Que as palavras significassem tanto, sabia ela, mas superlativadas como fazia
Eduardo, apenas sabia pelos outros, a que tanto falassem dele que na verdade
passava ela a realmente não saber, em seu íntimo de mulher de pouca convivência
com problemas, visto administrar a normalidade padrão sem fugir desta. Eduardo
possuía uma enfermidade mental e não havia a menor possibilidade de uma mulher
dita sadia, ter qualquer tipo de relacionamento com ele, posto carregar essa
tatuagem, esse estigma soberbo para que outros vissem na sua vulnerabilidade a
razão em nem ao menos tangenciar as ofensas. Mas Madalena, posto uma mulher
linda, já possuía um companheiro: era um homem algo rude, mas bom trabalhador.
Ástor era seu nome, e por sinal, conhecia bem Eduardo, pois haviam estudado
juntos no ensino médio. Mas não haviam contatado, e Ástor sabia do grau de
humanismo de seu amigo. Este muito aparecia, se expunha deveras e todos nas
cercanias conheciam certos movimentos, certos desenlaces de pernas, os
movimentos dos braços, os cacoetes de expressão e as idiossincrasias dele não
se fazer notar, apesar de observado pela comunidade. Era por vezes um embate um
enfermo mental fazer de tudo para parecer normal, mesmo em virtude da
medicação, em que o próximo de companhia enfermiça vê sempre um ou outro
caírem, por vezes por pressões em dias não muito fáceis.
Seriam fáceis de entender linhas que o
soubessem: o aparato da loucura. Não havia nada, e o sonho era compreender que
muitos aproveitavam, sob correta orientação terapêutica, nadar em uma diferença
salutar enquanto respeitada. Os opostos, naqueles dias de abril no país, não
dialogavam mais, as seletas brigas eram contendas cada vez mais brutais, e a
serenidade não havia mais com tanta facilitação, pois o sentimento paranoide
social por vezes era atenuado com as cores das roupas, o comportamento, o gesto
das mãos, o silencio ou a diplomacia. Muitos surtavam, e muitos tomavam
excessos quiçá desnecessários de medicamentos psiquiátricos. O mundo tornava-se
hostil àqueles que conheciam um pouco mais da realidade ou que de um modo ou
outro era agentes ativos de qualquer processo de mudança. No aspecto de
lideranças ou em um sem conta de existir, enquanto cidadania enquanto
igualmente aos artistas que lutavam por suas identidades culturais, suas
raízes, suas crenças e tabus, agora cada vez mais ameaçadas pela indústria
cultural, aliás, como sempre. Eduardo era poeta, mas de uma poesia que flui, de
teor quase romântico e mandara uma carta para o casal de amigos que dizia o seguinte:
“Caros amigos: triste é o meu pesar,
de sabermos o nada em que se torna o mundo, de propormos à vida que as relações
de poder, apesar de tudo, são transitórias... Mando-lhes duas estrofes sobre a
noite que sinto em minha alma. Parece que está tudo meio errado, parece que nos
falta compreensão, e me sinto um pouco só do finito humano, quando sei apenas
de Deus possa estar acompanhado: que Deus dará a mim uma infinita compreensão,
apesar disso poder parecer uma muleta, ou outros acharem que é alienação.
A poesia carece de mais estrofes e,
quem sabe, queiram completar ou me visitar qualquer dia desses, que lhes abro
as grades de minha própria incompreensão a vermos a quantas anda este país que
está deixando-se levar pelo abandono. Na verdade, consintam apenas que possam
ler essas oito linhas, que as guardo outras, se merecer por onde.”
Abraços,
Eduardo.
A
NOITE
Um
vazio pesponta sobre o aquário em que nos tornamos
A
dizermos um pouco mais sobre o que não dizemos mais
Quando
temos por nós o feixe de um arame farpado e nu
Na
sua nudez de cercas, nas nossas certezas gravadas no olhar.
Pois
se tanto se nos baste, encurralados no não portar-se,
Assim,
de engolirmos uma pedra alcunhada atualidade,
Reina
em si um codinome bruto de rochas salitradas
Em
que nem o mar saberia nos dizer em suas ondas...
Obs.:
Retornem o mail, por favor.
Madalena viu o mail, e o retirou da
caixa... Mas leu antes, e viu letras, e viu palavras, orações, nada que
significasse algo para ela, pois estava tentando reconstruir sua união com
Ástor. Para ela, a poesia não importava, já que ficava nas redes sociais
examinando minuciosamente seus contatos e as vidas de outros que lhes
significavam algo mais palpável para ela do que o planger solitário de um louco
que já estava a lhe dar nos nervos.
Seu olhar perante a tela do pequeno
aparelho brilhava a cada compartilhamento, a cada voz que lhe chamava a sorrir
estrelas sintéticas, a cada luz de quartzo e brilhar nos apitos que a demandavam,
a cada notícia que chegava de seu companheiro, que estava em São Paulo, a
negócios.
Eduardo nunca soube que liam ou não
suas cartas, resignando-se na ausência do retorno em que ele, verdadeiro
maestro das letras, não encontrava vazão em sua crença de que se tornasse
válido para o consumo de tais ou outros... Os tempos modernos acabavam por ser
cáusticos, e os poetas loucos caíam pelas beiradas, quando demonstravam
fraqueza ou sensibilidade, posto alguns tinham que ser quase soldados para
defender a sua lucidez. E Eduardo, apesar de tanta carência e incompreensão,
empunhava seu arco e mandava a poesia para o mundo. Pensasse que o mundo a
lesse, já era um sinal goghiano com
uma releitura mais atual, sem saber desse fato, mas que a tese espelhasse pelo
menos a um bom psiquiatra que ao menos estudasse o seu valor literário, posto
não estar mais no século vinte. Talvez que o submetesse a um estudo de valor
acadêmico elevado nas circunstâncias de explorar as origens e ao pretenso
controle das enfermidades, nada que rendesse algum dividendo, posto o que um
louco escreve não se escreve, ainda menos em um país em que sequer se lê, em
sua maioria. A televisão já vinha com tudo empacotado, todos os entretenimentos
facilitados, digeridos e já regurgitados, e assim era e sempre seria, pois
Eduardo vivia em um país sul americano de dimensão continental, com
discernimentos equivocados em toda uma população carente de identidade
cultural. Mas o que contava a ele, dentro de seu casulo poético que o reanimava
a cada dia era uma rejeição, em que mesmo assim insistia, como um combatente de
coragem e moral inquebrantável. Espelhava-se em grandes homens, tinha
conhecimento da história, houvera de estudos aprofundados, para exercer esse
pequeno grande ofício da escrita, mesmo sabendo com absoluta certeza de que
isso não lhe renderia jamais qualquer trocado, ou admiração de um público:
apenas era a sua ferramenta de se sentir mais vivo, em que sua arte se
totalizava no seu sentimento mais íntimo.
Madalena não gostava da presença de
Eduardo, apesar de ele não ser feio, nem ser muito esquisito aos seus olhos.
Apenas o achava psiquicamente diferente, ao pensar distante do modal do
comportamento, do behaviorismo, pois psiquicamente lhe parecia algo mais
complexo e ao mesmo tempo ampliava espiritualmente essa questão. Não que
desgostasse frontalmente, mas quando ele lhe falava de velhos livros se passava
por anacrônico mesmo, no modo inevitável de sua época. As referências de Madá
eram outras, ela estava inserida na contemporaneidade, e sabia ser a poesia uma
língua quase morta, aos olhos em que quase inevitavelmente, mas sim
necessariamente para alguns de peso, focavam a existência para sentir o seu
mundo tal qual era: inquietante e exato, no mais das vezes. Uma inadaptação não
seria muito produtiva na relação com o “outro”. Na verdade, esse era o delírio
de Madalena, formada há cinco anos em uma boa universidade, no curso de
psicologia, por paradoxal que parecesse. O delírio de separar eventualmente
duas faces da mesma moeda, esse era um delírio que não justificava um ato grave
por omissão, mas que naqueles tempos não assumia nenhum significado, pois a
justiça era ausente da razão, por vezes. De algo de crítica, nada contumaz,
pois até então a verdade sofria revezes, e esperava-se que a sociedade não
chegasse ao ponto de barbárie, pois só perderia a mesma sociedade, incluso seus
dignitários poderes. Se existisse um fato corroborando a sectarização da
igualdade, a não igualdade de direitos, um precedente de ato não histórico
mostraria ao mundo civilizado, ou aos que pensam dessa forma – ainda – que as
coisas não andam bem no mundo, independente de qual nação ou qual hemisfério,
posto o sul sempre tem sido espoliado. Que bom seria às humanidades se
estas pudessem falar algo que não pertencesse à esfera dos interesses, como uma
notícia boa, um ritmo de algo positivo de um fluxo de caminhadas, de um olhar
de soslaio sincero, de um gesto solidário, de uma posição verdadeiramente
progressista enquanto preocupação social.
Pontuado como um retrato fidedigno de
uma preocupação algo coletiva, de três ao menos, na verdade todo o reflexo em
um dita que o seu entorno quando grave o alterna com humores por vezes não
salutares, mas a propriedade da preocupação, da tristeza e da alegria pode ter
seus motivos em atitudes intempestivas que na qualificação da espécie humana,
do fator, do modo existencial do ser humano, para melhor expressão, poderia dar
tudo a perder. Quando não medem esforços para pautar obrigatoriamente por vezes
todo um teatro com apanágios falsos, no triste esforço de construir uma
tragédia com vitoriosos, mas que apenas lida com a realidade tornada comédia
humana. A se ver que em outras oportunidades um conto continue suas pausas e
que se recomece a partir do ponto em que o leitor parou, pois atraso é coisa de
trem ou trânsito congestionado...
domingo, 27 de março de 2016
ROTEIRO PARA UM ROTEIRO
Quem diria, às 5 e 55 há uma alma em
algum lugar digitando as teclas maravilhosas de um computador quase contemporâneo.
Ou não, apenas uma impressão breve, uma pincelada de Monet no grande quadro
incompleto, posto já serem dez e quarenta e uma horas, já passadas as nove, já
pinceladas em outros computadores, ou, quem diria, algo ausente da pintura,
como o sorvo de uma poesia não declamada... Os olhos das amadas estão atônitos,
muitas inclusive veem na bondade os alicerces do contrário, certas
justificativas em que o normal e mais contemporâneo talvez fosse meditar um
pouco sobre a Ressureição. Uma conciliação a bem dizer cristã, ou novamente com
tudo o que nos diz respeito: quando se respeita o direito, quando não
entornamos os direitos civis para um caos institucional... O roteiro para um
roteiro, sim e por que não, a nos dizermos com certas consciências do que é realmente
bom para toda uma Nação. A fundamentação cristã é algo de erigir, de receber
fronteiriços, de abraçar a África, de compreender as idiossincrasias e revelar
ao mundo que o Brasil é um grande país, com todos os pontos a serem
administrados na guinada de sua economia, seus ainda competentes Ministros,
suas alçadas, seus pressupostos de sermos ainda uma pátria que não serve mais a
interesses estrangeiros, posto fruto de um Estado em busca de Soberania.
Determinar o bom senso é algo individual, quando esse indivíduo por vezes não
possua capacidade de liderança, mas aquelas lideranças que pregam a insensatez,
o descontrole ético alicerçado por detalhes jurídicos sem relevância, se o
espelharmos ao que significa em proporção com os resultados políticos
pretendidos, a irrelevância do caos, a desordem institucional, um rancor
profundo e não mitigado por conveniência do que se viu nessa amostragem de
meses o que é a invasão em nossas casas de uma mídia inescrupulosa e parcial,
tendenciosa e escusa. Esse é apenas um relato do que realmente aconteceu e a
sua contestação logicamente justa em uma sociedade democrática é oculta
sistematicamente. Não é mais uma questão de partidos x ou y, é uma questão
ética, que consagra o que não merece essa consagração.
É triste saber de uma OAB – Ordem dos
Advogados do Brasil – que tece como uma aranha de várias cabeças e acéfala de
direito constitucional apoiar de tal modo o processo golpista com esse nome que
criaram, um instrumento crível de espoliação da vontade popular no sufrágio,
garantido por lei e com os benefícios justos da defesa e da dúvida. O que
aconteceria em um país como os EUA se uma conversa sutil e duvidosa fosse
veiculada na mídia como um show como os realities grotescos e tão presentes nas
sociedades contemporâneas? Iriam permitir se fizessem um boneco de seu presidente
caracterizado como um detento? Será que não há um espelhamento cultural que nos
reserve fontes confiáveis que salvaguardem nossos próprios processos de
civilização? Por além mar, o achincalhe que certamente os “analistas”
internacionais estão submetendo nosso país em toda uma humilhação. Devem estar
rindo de nós, brasileiros, à socapa. Talvez pelo fato dos Brics estarem criando
um banco, talvez porque nós pertençamos a um cone sul já bem consciente e
desenvolvido, com o Mercosul, talvez porque não queiramos nos submeter ao FMI,
em relação a este que já não temos mais dívidas. Talvez por estarmos investindo
massivamente em educação técnica, matemática, por já possuirmos bons
cientistas, por já termos bons conhecimentos humanos, ou mesmo o fato
incontestável, de termos tirado milhões e milhões de cidadãos da linha da
miséria. Creio que isso o povo jamais esquecerá, mas que se siga observando o
que ocorre com o nosso país e termos conhecimento de todos aqueles que, tal
qual nas Diretas Já, pretendem votar contra a democracia.
O roteiro se pretende que talhemos
outros roteiros, documentários riquíssimos podem surgir dos testemunhos de
outros jornalistas, a independência da atitude perante a nação brasileira e seu
povo. Jamais pensemos em guerra, pois não há espaço para tal, apenas se
fossemos invadidos por outro país. O roteiro é roteirizar, registrar, apontar o
voto de cada qual, seus argumentos, contestar ações equivocadas de órgãos como
a OAB, que sempre se portou com visibilidade e transparência, mas que agora
traça com uma caneta que lembra outra época a tentativa de representar uma
categoria, em que muitos já não se sentem mais representados. Como um partido
gigantesco em nossa nação que deveria unir, pensar em União, uma União que
consagre ao voto uma mulher que já ombreou com os maiores estadistas da Terra,
criando visibilidade soberana ao Brasil no exterior. Repitamos, a conciliação
nessas horas é necessária e imprescindível, pois não há como dividir nossa
nação. Que se atenda ao roteiro principal, que é o respeito – inclusive às
pedaladas fiscais, que foram um instrumento para garantir os benefícios a seus
cidadãos – à legitimação do voto de 2014, e a outro, que é não esconder do povo
brasileiro TODOS os que estão envolvidos na corrupção, seja de que partido
forem.
quinta-feira, 24 de março de 2016
TEATRO DO ABSURDO ATUAL
Melhor seria, não pensarmos nisso...
A imaginação se perde quando, convenhamos, temos que reproduzir uma alucinação
de um céu nos ares de um esquizofrênico mudo em uma cena de um ato apenas. O
ato vira um grande molusco, onde a cabeça do dramaturgo rasteja como uma centopeia,
ainda que esta não rasteje, posto ter pequenas pernas. Mas é um tanto complexo
enquadrar a alucinação e mais ainda representa-la. Quiçá fosse mais simples
talhar e especular sobre outras realidades, algo concretas, dos dias atuais.
Não, não nos merecemos olhar sobre uma tela de televisão de alta definição os
pixels que esquecemos de definir em uma mente enferma, por exemplo. A MENTE...
Adormeçamos sobre o tema, é mais produtivo, talvez, mas não esqueçamos da mente
social, de um modo que não adormece, mas dorme profundamente em seu viés, pois
as tentativas intervencionistas absolutamente não são palpáveis como a seda de
uma mulher. Esta que fere o coração de outro enfermo, pois este não sabe nem
dizer que a ama, quanto mais tocá-la, apesar de ser forte o suficiente para não
cair na ideia absurda de que não temos olhos que vejam, ou pulso para sentir o
fremir das mãos inquietas, ou mesmo a ideia de medicamentos que entorpecem até
o tufão. Haverá necessidade dessa loucura toda, onde o não paranoide é anormal
posto frio como um cubo de gelo amoldado na forma de um papai noel? Não nos
esqueçamos de não falar mais nada que tenha sentido, pois da lógica nos
enojamos um pouco, e de suas nódoas no movimento fixo do peão, ou na soberba de
desfilar ao tabuleiro convexo de alguma rainha prócer. Tentamos arranjar nossas
condutas, por Deus que tentamos, e toca agora na vitrola uma música erudita que
nos faria pensar mais que nada do choro convulso nos acorda, posto termos
secado as varas de nossos sentimentos. Tudo isso é um apanhado, e no cadinho
alquímico saberão os poetas que não existem ainda enquanto escritores que mesmo
assim possam estar ao relento de suas convicções...
Chegamos ao término de março ao
absurdo amplo, geral e quase irrestrito, pois esta restrição é que incomoda,
pois é ampla quanto as votações pelas diretas já em nossa história democrática,
onde os lorpas e empata fodas votaram aberto contra a democracia. É nesse
paradigma que talvez encontremos gente às avessas, tentando, manietando,
restringindo ou, o que é pior, espiando ao compasso de espera os dois lados do
muro, bem empertigados e orgulhosos pelo movimento central e covarde de seus
atos, onde o para choque de seus carros orgulhosamente acenam para o White Power...
Esse mesmo poder que possui um anacronismo nada sincrônico: e acenam tanto que
aquele esquizofrênico amigo de Virgínia Woolf que ela não conheceu jamais talvez
lesse algum de seus livros, mas que não escrevesse, pois em sua cabeça
encontrasse ressonância em algum ser mais normal, quem sabe aprendesse mais com
Hegel, ou com a poética de Augusto dos Anjos, mas que lera tanto e de tantos
que acabou não administrando bem os seus condicionantes! Mas que tivesse,
desculpem-me, nesse circo-teatro do absurdo, alguma confluência humanística,
quem dera, em um mundo onde a exibição primeira do jornalismo era atacar o
xisto dos governantes ou opositores com a coragem da “imparcialidade” das
ofensas politicamente corretas. O teatro do absurdo mostra uma ninhada famélica
de leite querendo mamar por sua vez em tetas gordas e fartas e ricas como as
nossas estatais, ou melhor, entregá-las todas ao preço de premiações soberbas
para o rugir igualmente famélico das águias e dos lagartos.
O teatro do absurdo não é tão atual,
mas passa pelo conceitual dos contemporâneos, onde a tecnologia da informação
passou a ser condicionada ao andamento das novas profissões, a se dizer, que
pontua maravilhosamente bem ao acreditarmos que nada sabemos delas, nem ao
menos o que é input, e muito menos o output, tão declaradamente viável no
delete de nossas conquistas... No absurdo por vezes choramos, caros, por vezes
o teatro é triste. Mas o fato do absurdo continuar tanto e por tanto esforço em
torna-lo crível aos olhos de uma Lei em que já de imediato não aprovara o
Orçamento Federal, resta-nos sabermos que o desfecho que terá quando o pano
deitar o espetáculo, sabermos que os atores que se esconderam durante o mesmo
ato encenado todo o tempo, são os mesmos que talvez nem permaneçam em suas
posições orgulhosamente incultas do credo em se fazer passar por homens ou
atores competentes. O discurso do Método é esse absurdo, os seus métodos são
cartesianos, pararam na ação e reação newtoniana, mediam questões claudicantes,
outras são as propinas rolando soltas nessa conjurada mania de quererem o
poder. O teatro fica amplo, chegam recursos, os bilhetes se sucedem, e pensam
em quarenta e cinco dias, em trinta e nove horas, em trinta e dois minutos, mas
dois segundos bastam para saberem que o absurdo nunca foi tão cômico e
ridículo!
terça-feira, 22 de março de 2016
A POESIA QUASE OCASO
O ato e o decassílabo
Frente a um descaso de vida
Em que encontramos um mote
Nos faz seguir uma vírgula...
Que a pontuação seja sincera,
Que uma palavra possa dizer
No que se conforme a existir
Dentro do contexto do planeta!
A se fremir amores consagrados,
A que tenhamos as mãos dadas
Em uma rua de uma hora terceira
Quiçá em uma praça de domingo.
Que tenhamos uma ideia simples
Ao simples rasgo de uma consciência
Mas que venhamos a alicerçar a veia
No pressuposto de alcançar o mundo.
A poesia verte de um significado
Em estrofes ainda tíbias de ternura
Mas que se aproximam de superfícies
Onde a intolerância vestiu um chapéu!
O mito por vezes revela o pensamento
De uma Grécia anunciada em rebento
De primavera febril que demanda no frio
O frio que seja consentido quando temos.
Em um cobertor que nos cubra pensamos
Que quase todo o perfil de um celular
Não passaria de expectativa de ver
A queda de um herói por certo egoísmo.
Por esse tipo de farol a nau embarca
Depois de lançada ao mar de coral
Quando pressentimos em uma mão
O fraternal gesto quase não encontrado!
Frente a um descaso de vida
Em que encontramos um mote
Nos faz seguir uma vírgula...
Que a pontuação seja sincera,
Que uma palavra possa dizer
No que se conforme a existir
Dentro do contexto do planeta!
A se fremir amores consagrados,
A que tenhamos as mãos dadas
Em uma rua de uma hora terceira
Quiçá em uma praça de domingo.
Que tenhamos uma ideia simples
Ao simples rasgo de uma consciência
Mas que venhamos a alicerçar a veia
No pressuposto de alcançar o mundo.
A poesia verte de um significado
Em estrofes ainda tíbias de ternura
Mas que se aproximam de superfícies
Onde a intolerância vestiu um chapéu!
O mito por vezes revela o pensamento
De uma Grécia anunciada em rebento
De primavera febril que demanda no frio
O frio que seja consentido quando temos.
Em um cobertor que nos cubra pensamos
Que quase todo o perfil de um celular
Não passaria de expectativa de ver
A queda de um herói por certo egoísmo.
Por esse tipo de farol a nau embarca
Depois de lançada ao mar de coral
Quando pressentimos em uma mão
O fraternal gesto quase não encontrado!
A ORIGEM DA COMÉDIA
Na visão de um diletante como quem
vos escreve, a comédia passa a ser uma acepção breve, talvez em visão curta,
mas quando bem encenada – a se dizer – no corriqueiro dia a dia das ruas, passa
a ser um grande espetáculo. Um esgar de ronco de um motor, uma moto rangendo os
seus dentes, ou mesmo a comédia das artes... Chega a ser uma necessidade
atávica, sem necessariamente sermos diretores de alguma produção
cinematográfica, antes, sermos quiçá bem observadores dos costumes, em que a comédia
vira comportamento, hábito, costume, o que quer que seja, um desvio da
personalidade, uma loucura total, o inconformismo cabal de não se ter o carro
do ano, a invencibilidade de crermos que a comédia está presente, até mesmo em
escritos muito antigos, ou em referências nos que qualificam a tecnologia como
único suporte da existência, e outros que produzem a insanidade, nessa
maravilhosa mescla cultural em que o Brasil se destaca de outros lugares do
mundo. No que fazemos para renovarmos o espírito, que sejamos no mínimo vozes
que se concatenam no existir de uma pessoa que não se adapte por convicção ou
por ingenuidade, traço marcante dos fortes de espírito!
Mas que não haja
importância na raridade existencial, pois esta sempre é relativa, pois somos
tantos: não é questão de especiação pois esta palavra separa o homem dos
animais, insetos, etc, companheiros inseparáveis da realidade de nosso mundo
Terra. Passa a ser tragicômico um descaso, quando soubermos definitivamente que
é melhorando a capacidade do homem para o pensamento mais crítico, que este
será capaz igualmente de saber mais sobre a verdade do que aqueles que navegam por
seus rumos apenas sabendo de algo quanto um quase nada, de letras, de história,
geografia, ciências e filosofia. A preparação tecnológica apenas é uma face do que
ocorre, e saibamos que há países que detém quase todo o poder e controle de
seus canais nesse campo.
Mas falemos da necessidade da
comédia enquanto estivermos acompanhando o entretenimento fundamental em nossos
lares, quando assistimos TVs abertas ou fechadas... Grandes diretores dessas
artes, os filmes de arte por exemplo cabal, dão a entender a um público cada
vez mais massivamente acrítico, que esse modal está acabando, até porque suas infâncias
foram povoadas pelo mesmo gênero acrítico dos vídeo games, que resulta numa
lógica da premiação, da competição desenfreada e conceitos de performance que
beiram por vezes a violência sistêmica, principalmente nos war games, em
realidades virtuais que simulam certas práticas. Para quem sobeja na
ignorância, as armas passam a valer mais do que a vida, expondo o pensamento
cada vez mais restrito em um tipo de hipnose endêmica. Essa questão meio que
blinda o humor aceito, mas causa em outros os transtornos que recorrem em grandes
incidências nas sociedades, incidências catastróficas em que os estímulos da
violência geram mais e mais violências e, o que antes se passa na questão da
geopolítica tão aceita nas lógicas das guerras, torna-se uma crise familiar, os
embates mínimos, a violência que se torna parte da vida em sociedade, esta que
sempre prima legalmente pela ordem e pela paz, em seus alicerces civilizados.
No mais, que sejamos mais cômicos,
com o modo de ver a vida menos trágico, pois os veículos de comunicação muitas
vezes – recorrentemente – nos tornam atônitos com suas mensagens traduzidas por
seus próprios e poderosos meios: como sempre, o meio, o poder de barganhar
manipulação e mentiras, torna-se a própria mensagem, e essa necessária análise
crítica e cômica da recriação caricata do que são os nossos mais correntes
canais manifestos, desde suas hidras e comédias anacrônicas pelo descrever
sucinto da farsa faz-nos pensar que não há como retroceder, mas a mensagem vem
com suas contradições inerentes, e repletas de motivos erráticos. A certeza de
bem nos comunicarmos vem desde a arte da fala, desde os primórdios da escrita,
a bem dizer que Dante nos mostra no seu Inferno o canto quase cômico de suas
alegorias, tão genialmente colocadas ao dispor da atenção de seus
contemporâneos e na eternidade gigantesca da cultura dos povos civilizados.
A mescla que não se permitiu nas
culturas, o divisionismo, a perda da função consagradora da solidariedade,
transformou as culturas do mundo de certa forma estanques, em que o panorama da
função religiosa se tornasse motivo de conflitos. O que antes podia ser motivo
ou causa de paz social no sentido da religião vira uma contenda eterna, desde a
história dos tempos, em que agora a Igreja Católica, por exemplo, dá mostras de
pregar a paz no mundo, em que o Papa atual, Francisco, desponta como prócer e
alento de um cristianismo consagrador e ecumênico. É essa a busca que desejamos
como cristãos, é esse encontro em Cristo, e não qualquer luta que consagre o
ódio entre irmãos, posto que queiramos de um país como o Brasil uma relação de
justiça onde qualquer religião seja aceita, desde que não insufle o ódio ou o
preconceito contra qualquer outra. Prima-se da necessidade, nesse encontro com
o bom senso que ergamos a Pátria com a voz primeira da conciliação, e que o
Governo empossado de nossa Presidenta seja respeitado, conforme o desejo da
população que democraticamente exerceu o seu voto, e que tenhamos esse voto de
equilíbrio, antes que um país tão maravilhoso como o Brasil aderne no caos em
que muitos interesses externos desejam que entremos, para abrir precedentes de poderes
escusos e anti-nacionais.
Há que se primar pela divina comédia
humana, da revolução tecnológica que nos lembra a obra de Balzac, um dos
maiores escritores franceses que mostrou a sua época com letras maravilhosas.
Haveremos de ler os grandes escritores, haveremos ainda de mostrar para essa
gente do “quanto pior melhor” que possuímos grandes juristas, grandes homens e
mulheres de nossa cultura, que temos um pensamento autêntico, igualmente uno
com os melhores, que nosso povo é bravo, é heroico pela façanha de continuar em
seus esforços honestos de ganhar a vida, pois é para eles o justo em que
haveremos de continuar lutando, mesmo sabendo que o parlamento tornou-se
conservador a ponto de engessar os bens da sociedade como um todo e suas
conquistas. A Verdade aparece sempre, nem que seja um pequeno rochedo que
esconde sob o mar a sua soberana longitude e caráter. Não podemos permitir que
apenas uma elite branca e extremamente conservadora tome conta do poder de um
país como o nosso... Que vejamos com ciência e com humor, com a comédia de
vivermos bem, mesmo com a crise, não permitindo sob hipótese nenhuma que
qualquer ação de violência vitime qualquer que seja, pois o respeito à
cidadania é uma conquista plena e vitoriosa e custosa aos olhos de nossa
sociedade brasileira. É por essa paz de espírito que devemos ampliar o debate
em nosso país, pois apenas através do diálogo e da União é que podemos aprumar
o barco e vencer a procela!
domingo, 20 de março de 2016
SISTEMA EM SÍTIO
O que pensamos de sistemas? Não
será, para buscarmos afirmações exatas, necessária a referência léxica, ou de
tradução da palavra, pois que tentemos abraçar certos conceitos com o mínimo
que soubermos para atingir a sinceridade nesse gesto... Sistema em sítio, pois
bem, remetamos ao estado de sítio, a algo sitiado, como outros sistemas que
fazem parte de maiores para sitiar através de sites de informação. A palavra
site aportuguesada significa sítio, e um sistema em sítio pode significar o
trabalho de computadores que servem as maiores redes nos poderes que na verdade
se blindam para não vazarem suas cebolas podres dentro dos contextos que querem
revelar o que se passa nas sociedades, e qual a arregimentação de seus poderes.
Se a nação é soberana, resta aprender a tecnologia por si, nem que seja mais
gradual, e chegaremos a compreender o know
how, o saber como, como funciona, como apreendermos realmente ou não. A
partir do momento em que passarmos adiante conhecimentos como a manipulação
através de sistemas de inteligência que detém poderes tão internacionais como
fluidos, como em um éter em que os bilhões vão e vêm das nuvens da informática,
a partir do momento em que um jovem negro e pobre brasileiro descubra as
maravilhas do conhecimento, tendo suas origens na insalubridade. A partir do
momento em que seus amigos aprendam com ele, é construída uma rede de
solidariedade e conhecimento assaz concreto em que, não há parcela alguma da
sociedade que se paute pelo bom senso não aprove essa conquista, em um país que
tem seu território duramente delimitado, sua soberania infelizmente solapada,
mas sempre resistente.
Não podemos jamais crer que sistemas
como o jurídico brasileiro não pense dessa forma, em que os advogados e juízes
igualmente podem ver seus filhos aprendendo de maneira exemplar em seu próprio
país para não terem elitizar certas camadas da população que veem apenas nas “matrizes”
a possibilidade de êxito e laurel
profissional no ensino universitário. Que pensem de uma vez por todas
que somos mais de duzentos milhões no Brasil e não há espaço na questão da
justiça social ipsis literis, que
venha a depor contra o desenvolvimento como um todo. E que não há como combater
a endêmica corrupção no país se não for através da educação, não apenas nas
escolas, mas internamente, na cabeça de cada professor em sua latência de pai
de família, ou de uma mãe que eduque seus filhos tendo no seu coração heroico a
possibilidade de ter uma casa para sua família, de ver seus filhos aprendendo,
de saber que a comida não faltará e de acreditar no futuro da saúde em seu
país.
Não há como separar setores de forma
peremptória. Era bom compreendermos mais a arte, a história, a matemática. A
lógica jurídica de sutilezas e discursos paliativos fere a democracia quando
participa com alguns “eleitos” as palavras que não dizem, mas proferem
certezas, que apertam parafusos estranhos, que funcionam enquanto parafusos,
mas que estes penduram cabides e mais cabides, ou pedaços de quadros sem
pinturas. É esse o sistema que nos tornamos? Sitiado por sistemas fechados em
uma metástase jurídica sem jurisprudências, institucionalizada pelos votos de
toda uma população apenas com ódio e alicerçada por uma mídia feita um recorte
anacrônico por ter sido testada desde décadas e décadas, em que os que ficam desejam
abertamente os projacs retóricos por
sua própria natureza de ensaios e ilusões no paraíso sintético? É cabalmente
necessário dizermos em essência o essencial do fato: há sistemas e sites, e
programas, e tudo, sem enumerarmos para não confundir, que confundem
extremamente as cabeças de muita, mas muita gente mesmo... Não venhamos ao
mérito de quem financia. Obviamente há gente financiando a desestabilização dos
países progressistas, mas convenhamos, o que chama a atenção é realmente o que
estão fazendo com o país, ou como preparam ou tentam uma convulsão popular.
Creio que é justamente nessas horas
que todos os meios de justiça do Brasil em questão de ordem tenham por dever
deixar que ao menos se cumpra o mandato de nossa Presidenta, assegurando seu
direito de governar e manter a ordem e o crescimento econômico. Afora isso é
golpe, é atraso, pois o clamor de uma pessoa consciente neste mundo vale muito
mais do que números preenchidos por bestas feras.
sábado, 19 de março de 2016
OCORREM COISAS PRATICAMENTE DO ZERO
Que tal, se afirmássemos a questão
da inviolabilidade constitucional da vida privada? Ocorre no país um fato que,
mais do que importar na grande jurisdição de nosso território, acontece meio
por firulas ou detalhes semânticos que passam a ser mais importantes do que o
todo e uno constitucional de nossa República Democrática. Que seja a priori
dada a ingerência independente dos Poderes, mas obviamente o mais importante
deles em termos de hierarquia legal é o Executivo.
Falamos de processos e mais
processos, e do zero pratica-se a relevância paradoxal de simples significados:
seus pesos são controlados por instâncias que revelam que a grande Justiça
sente pender o prato para interesses de uma autocracia que demanda cada vez mais.
A Justiça carece de tirar a venda para que se possa remediar a parcialidade em
que tornaram seus atos, e que depõe contra o Estado de Direito. Há forças que
usam de seu próprio labor jurídico para manietar e manipular as massas e deixa-las
enfurecidas em um jogo de xadrez em que a mídia de massa é uma rainha plena e
multiplicada em seus movimentos, e o bom senso democrático e constitucional
vira um fragilizado peão acuado por um jogo de lances mais pronunciados covardemente
apenas de um lado...
Se considerarmos que há muito mais tabuleiros
no Brasil, veremos que a questão não é vencer, pois isto querem os golpistas,
mas o que está importando é a necessidade de um diálogo, de um diálogo leal, e
não aquilo que aos poucos está se impondo como praça de guerra, ou tentativa de
levar o país a uma debacle em que o impeachment seria a não aceitação, por parte
de parte das elites, dos contingentes patriotas de nosso povo trabalhador.
Chegamos ao ponto de permitirmos que
o modal da economia mais nocivo venha a se antepor como algo que ocorre a
partir de um nada em termos de civilidade, cidadania, e verdadeira Justiça,
pois o que desejamos é a paz para um bom Governo, legitimamente eleito pelo
voto popular, e a conclusão de seu mandato.
quinta-feira, 17 de março de 2016
EM CONDIÇÕES DE CONDICIONAR... – conto
I
Há um parâmetro na vida de Neusa,
que seria talvez o amor que tivesse a Marlon, mas que o desse na veneta não
saber do que ele compreendia abertamente, quase num frouxo, ou num rir sarcástico.
Neusa se supunha completa, agora com um pequeno aparelho celular, mas que só
havia comprado depois de certas reformas em uma nação que tendia a igualar um
pouco as distâncias sociais. A intenção era muita, não era breve, a longo
prazo, e o celular auxiliava posto não ser uma mulher condicionada ao ponto de
endeusar uma maquininha como algo além da realidade, ou superação desta na
figura de uma muleta em se existir, ao que apenas isso existisse enquanto
objeto e amores decorrentes. Não seria só isso, isso de rolar, de vai rolar, de
não vai rolar, essas gírias anacrônicas dentro do outros pressupostos de viver
em passados. Na verdade, uma opinião a respeito de algo, em que se dissesse
algo, era um fruto maduro, posto voz que se encontra com as ruas, posto casas
que se encontram com casas. A mais de se dizer, que não fora opinião, uma
sílaba, um encontro, um roçar de corpos sedentos e apaixonados em se viver, a
seu modo, em que a condição em condicionar passava ao largo de adaptabilidades
forçadas, pois um cão, no exemplo mais nobre, não gosta de ser amestrado, mesmo
quando lhe dão as recompensas. No entanto, mesmo casados, Neusa ainda não
acreditava muito no amor de Marlon. Viviam como bons companheiros, e no embate
da vida se completavam, cada qual a cada qual, a ambos mesclados, e uma vida
que fosse uma a dois, era melhor do que no fracasso anterior do alcoolismo em
que Marlon encontrara Neusa, que o tirara do vício. Prementes foram esses meses
de queda em que qual uma serpentina, a cachaça se antepunha, e a força do amor
era forte, quase o suficiente, no começo.
Estavam em abril, um mês mais fresco
naqueles lugares do Sul, com os ventos da orla, com a ilha toda, o lado febril
e lindo dos encontros, mesmo os capitaneados por máquinas, em suas tentativas
de comungar várias companhias, de cada qual a si... Essas máquinas que trazem
em si um mundo, e nomeá-las seria dizer quase como Arnold no filme O
Exterminador do Futuro. Shuazeneger talvez fosse seu segundo nome: o ator, mas
às vezes o Google cansa de apresentar nossas pesquisas. Aliás, todo o
pesquisador cansa, se a pesquisa for redundante, em que a mensagem igualmente
possa ser passada com algum erro de ortografia, no que se fosse na semântica
sempre é mais complicado em se fazer compreender. Nesse sentido, sente-se por
vezes uma mensagem aberta, cúmplice da manipulação, e as máquinas,
subentendendo-se as telas, seja nas TVs ou nos micro e celulares, e outros
igualmente agora em redundante citação, estariam presentes justamente essa
manipulação algo grotesca e todo um investimento anti-cultural anterior para
que os povos não compreendessem nas próprias memórias algo a mais de seu país
que não seja o eterno vale a pena ver de novo da supressão de seus espaços, que
tolhem compulsoriamente a liberdade daqueles que talvez gostassem mais de
trabalhar sem a presença globalizante na literalidade do fato, preferindo um
rádio ou uma música erudita, por exemplo. Esse êxito da televisão corporativa e
gigantesca brasileira, nos faz remeter a um embate de consciências, onde até
mesmo a juventude, que carece obviamente de esteios culturais mais abertos,
utilize seu protagonismo a serviço da parcialidade, contando sempre em
pretender poder, sempre em participar de uma aula de brutalidade que talvez
tenha acompanhado em todas as fases nos games de guerras desde suas recentes
infâncias. Em que pese todo o treinamento físico e mental para manter a
qualquer custo a única referência cultural que receberam de seus ricos
progenitores, no que verse que o país perde em muito com a facilidade em
criarem seus mitos, e a insuficiente compreensão do que se chama a legalidade
democrática e suas implicações que vão desde a óbvia e necessária cidadania até
a ponta consagradora de nossas conquistas históricas: os direitos humanos e a
igualdade étnica, social, moral e sexual.
Naquele mês de abril Marlon começara
a trabalhar em uma serigrafia artesanal, e estava gostando muito, pois era
talhado em passar o rodo e fabricar as telas com a foto emulsão. Às vezes,
chegava em casa meio sujo de tinta, mas já colocava suas roupas mais rústicas
para poder ajudar na empresa de seu patrão, Onório. Chegou em casa mais tarde
um pouco e Neusa já estava na cama. Foi até ela e viu que havia chorado: os
olhos vermelhos, meio inchados, meio a que sumissem em suas grandes pálpebras
do parentesco ucraniano. Era uma mulher linda e mantivera-se assim, desde
sempre. Falou-lhe algo meio gutural, um gemido algo gesto, no que não
pressentia muito, mas a questão seria do que ocorrera no país, algo muito
truculento: resultado de meses de insânia.
- Ehr... Imprimi
vários tecidos hoje... – Marlon, reticente, meio que por faltas anteriores não
havia como alcançar em sua dureza de caráter algo da ternura tão necessária
nessas horas...
- Pois sim, meu
caro, hoje saí com aquele vestido que você me deu, de listras...
- Aquele
vermelho?
- Sim,
perseguiram-me... Talvez saibam que você e eu... Bem, parece uma guerra, não
pude ver Adelaide na Gama d’Eça. Virei antes, subi por uma escada em uma loja
de eletrônicos, o dono, Elias, é um bom conhecido meu e me deixou abrigar-me.
Vinham em quatro. Pareciam treinados. Eram pelas cinco da tarde. Parece-me que
a polícia estava atendendo várias ocorrências meio similares, eu não entendi.
Tentei chamar, mas a mão tremia muito. E Elias achou melhor deixa-los passar,
esses insetos de videogames.
- Como eram?
- Senti que eram
quatro rapazes, me pareceram estudantes de classe média alta, vestiam roupas
boas. Quando virei a rua botaram máscaras daquelas brancas, sinistras.
- Parece uma
repetição do que já vimos antes. Te tocaram?!! Filhos da puta!
- Tentaram, mas
me esquivei com uma ginga que você me ensinou... Pareciam autômatos, e
igualmente estavam aparentemente gravando com aqueles celulares que eles usam
até para peidar.
Riram um pouco,
mas as coisas estavam complicadas desde março, e o país começava a entrar em
uma vereda sombria. Não haviam conseguido dar o golpe ainda, mas a televisão
incitava cada vez mais a violência, e a CIA e seus tentáculos europeus tentava
transformar o nosso país em um caos generalizado, onde a agressão com requintes
cruéis começara a ser banalizada. Os cidadãos das classes trabalhadoras, mais pobres,
eram agredidos por vezes violentamente, e a política mais e mais se tornava
moeda de troca, com o aval da grande mídia e do fundamentalismo evangélico que
tomava terreno, nessa convulosão de achar que uma cor era um pensamento e, o
que é pior, combaterem igualmente os que pensassem diferente em uma nação cada
vez mais disparatada quando totalmente engessada em sua administração e
liberdades de credo, de ideologia ou até mesmo – a se pasmar brutalmente sobre –
a questão existencial de um par, analisada friamente pelo comportamento tolhido
por esses grupos extremamente reacionários e repressores. Surgia um stalinismo do
capital, a verga sobre os ombros machucados do povo brasileiro para que este
engolisse todas as contradições da barbárie...
terça-feira, 15 de março de 2016
DO GESTO E DO PÊNDULO
Quais serão as maiores divindades do
planeta, ou a quantas e quantos universos não nos pretendemos residir? Se um
vácuo atômico é importante, quantos pensam dentro de outros vácuos subtraindo o
oxigênio do mínimo bom senso? O que seria um vácuo atômico do que não menos um
significado que nossa pretensão não alcança? Talvez sejamos pendulares, quiçá
as pedras apenas existam em sua dureza... Quem saberia menos do que o ir e
voltar de certas canções, a semântica do tempo interno o explica. E o tempo
interno nos faz acreditar ser o mesmo em que fazem da imagem do tempo
anti-cultural, ilusório porquanto o encerram no correr do que se apresenta na
bandeja dos equívocos. Esses mesmos fragmentos que nos fazem sermos as bestas
de cargas de posturas as mais variadas, e que nos comprometem a que sejamos os
mortais que por obrigatoriedade da modéstia o somos!
Um gesto, um piscar de olhos além
dos selfies, um colocar-se à frente
de Orwell, a busca de paradigmas mais aceitáveis por serem corretos, nos fazem
por vezes afrouxarmos o nó de nossa gravata existencial pela miríade de marés
que nos atravessem: de barco a barco. A distância disso pode não ser o não ser,
mas igualmente – oxalá – possa ser o nonsense.
Não são mistérios propriamente o quase – que o pensamos – tudo que nos abriga,
mas o nunca de não termos jamais de merecimentos, ou justificativas que nos
façam finalmente mais humanos como se alguém dissesse: “eu fui, eu estive lá,
manifestei-me!” Esteve aonde? A favor de que, ou pior, de quem? E por que as
citações, se há outras que as esquecemos na estante do convencionalismo, da
conveniência, da crítica que pode muito bem ter alicerces, da outra, mais
plausível, flutuantes? Quem dera que a pena vertesse sempre a poesia... A pena
pode ser factual, felizmente, e o chão que assoberba a mesma pena cresce pelos
troncos-raízes da poesia, e vira ensaio poético. Para alguns algo incomoda, ao
se ver uma lucidez oculta em palavras. Acontece que esse rosnar não incomoda as
luzes, pois estas nós as controlamos com os fusíveis da inteligência, pelo
menos em auto críticas em saber suprimir as questões que não abracem os padrões
do que se chama sensatez ou coerência, humanismo, que seja, bem forte. Ao menos
que se saiba que um homem é sempre cidadão, mesmo que as sociedades revelem as
tiranias do obscurantismo nas avessas da libertação de suas populações. Esse
obscurantismo muitas vezes se veste de nouveau
monde, das cápsulas do novo, da coisificação típica e fechada e fria da
ciência fraudada, ou nas diversas síndromes e patologias históricas que a ele
dão aval. Em um pressuposto libertário, temos o exemplo que ocorre até os dias
atuais com os povos africanos, e igualmente com o holocausto do Oriente Médio e
as riquezas que deram origem a ambas catástrofes.
Não é possível que queiram agora impor ao continente Latino
Americano um retorno ao obscurantismo, na figura de uma economia alcunhada “neo”
liberal, que possui suas origens no que há de mais antropofágico do capitalismo
de “livre” mercado, e que queiram que os nossos povos voltem a ser a fachada de
viés do quintal de decadentes imperialistas. Essa é uma questão pendular, e
assim o será se não acordarem para a premência da paz mundial e a negação de
interesses tentaculares sobre o mundo que conhecemos tão bem: atualmente
pretensamente “conectado” a algo, pois os seus relógios de quatro dígitos
acabam por tornar o tempo algo nocivo em seu retorno. Esse mesmo “algo” de
retorno consubstancia uma farsa que prepara um cenário trágico, onde não há
refúgios sem os GPS, de onde não sabemos ao certo quem irá nos localizar.
É a história um tanto alargada, amigos, e nesse crescer de
uma maré estamos presenciando uma chegada de um totalitarismo onde – se não
derivarmos para fora de uma realidade nocauteada cada vez mais em sua psique,
pelo menos que equilibremos uma virtualidade mais concreta na busca de
desapegar-nos com a procura de outras sintonias, que seja, a luta por plantar
mais árvores em nossas periferias, o saneamento de nossas drenagens de água, a
horta comunitária, a paz como conduta auto sustentável, e a luta pela
sustentabilidade dos direitos cidadãos cada vez mais ampliados na solidariedade
e diálogo dinâmico na construção ou reparos nos alicerces do sistema, e
releitura pragmática de outros, em busca de bons curativos para nossas feridas.
domingo, 13 de março de 2016
A PERFORMANCE DE UM PORÉM
Na arte de nossas vidas, por vezes
vemos em uma pretensa performance de algo, o zero ou o nada em que
dialogamos... Basta um porém para tanto, e se atalha o que queríamos dizer com
a disposição anacrônica dos desejos de poder. Em outras vezes – para assinalar
uma fraqueza – não podemos ser bons em todas as modalidades. Há que sabermos
das fronteiras que por convenções imaginárias podem ser equivocadas, e são
esses os limites em que devemos agir com o respeito ao próximo e, por
consonância, a nós mesmos. Essa é uma assertiva verdadeira enquanto máxima e
por ela podemos referenciar em muito de nossa existência, já que nem tudo hoje é
traduzido como a simplicidade nesse modal, e a profundidade que isso encerra.
Um pouco seria a própria filosofia, e talvez para a encontrarmos, a experiência
de um homem ou de uma mulher que encontraram muito das dificuldades
existenciais e seu sofrimento, o fazem de uma busca, considerando a própria
independência dos tesouros encontrados: desde os caminhos de um culto, um modo
de pensar, um quê da política, o encontro filosófico ou a arte e a literatura
como expressão cabal em sua recorrência ficcional ou de um realismo,
surrealismo, na forma de ensaio, etc. E o diálogo sincero torna-se espelhamento
em uma peça literária, ou em um gesto de um pincel!
No entanto, que não sabemos que seja
de falsa percepção, basta um mas, um porém oculto, que não dizemos mais nada, a
não ser o que aprendemos com Baudrillard ou McLuhan. Seremos os eleitos na
ausência da sinceridade, ou seremos mais hipócritas em acreditarmos que –
efetivamente – dizemos algo? Quem saberá das entranhas das lógicas de Peirce?
Bobagens, pois o povo mais inculto desses hermetismos fala mais concretamente,
tem bons relacionamentos e não é treinado para explorar ou fabricar a ignorância.
Pois bem, antes de se ler a semiótica, que se erga a parede! Tudo bem, que
conheçamos as fronteiras, mas que tenhamos um pouco mais de humildade para
sabermos que um torneiro mecânico pode ser Presidente de uma nação. Com ou sem
essa humildade que porventura tenhamos sabemos no íntimo que LULA se mostrou
exemplar como chefe de Estado, perante as melhores análises internacionais.
Quando o fez, foi um fato histórico no mundo! Talvez haja um ranço em camadas
da classe média que não suporte uma conquista social, ou, pior ainda, talvez
haja um branco no Brasil (ou muitos) que se sinta incomodado ao sentar ao lado
de um negro em carteiras de uma Universidade. Talvez haja aqueles que acreditem
ainda serem os EUA superiores às nações mais pobres, pois talvez não tiveram
acesso às - ou apenas negaram - evidências históricas e origens de nosso país.
Há processos históricos que não
devem ser interpretados equivocadamente, pois lidam com fatos – elementares –
da nossa cultura. Pensar que um estrangeiro mereça ser rechaçado é xenofobia,
algo próximo a justificar o atraso de séculos. Vejamos a situação dos EUA em
sua corrida presidencial: temos um Trump por ali, como sinal evidente de atraso
por excesso de conservadorismo e despreparo. Teríamos quiçá um outro Bush, que
mandaria mais estadunidenses como carne de canhão? Talvez seja exagero tecer
comparações, pois George W. Bush era simplesmente um fundamentalista bíblico,
um criacionista no poder do país mais poderoso, uma pedra incômoda seria para
qualquer país latino-americano nestes mais recentes mandatos.
O sinal positivo para as nações do
Cone Sul é sempre, dentro das prerrogativas do progressismo, estender estes
mandatos populares. Agora, os que assumem declaradamente o próprio fascismo, no
mínimo devem ser denunciados como criminosos de lesa pátria.
sábado, 12 de março de 2016
sexta-feira, 11 de março de 2016
UM DIÁLOGO SOB O SOL DO LITORAL
Quase dizendo uma pretensa questão
em uma tarde em que vi Natuska perdida entre os seus, chamei-a, na cor de voz
que pretendia, algo morno, de morna tonalidade encontrava-a sempre no baixio,
na parte costeira, bem onde o mar batia silencioso suas escumas.
- Nati, pois então, como estamos? –
Disse eu, na tonalidade algo merecida por anos de convivência.
Ela olhou-me com o braço direito
suspenso, segurava um cordão de nylon, um fio de pesca. Pescava a um tempo que
passava em direção contrária, retrocedendo em um passado e, progressivamente,
via o presente alheia à posição das rochas do mar. Ambos éramos artistas. Ela,
docente, com sua posição frente ao ensino. No entanto, os tempos eram tão
cáusticos sob alguns aspectos, que forjavam nas entrelinhas que a criatividade
possuía motivos aquém da expressão pura, motivos rotulados como uma subversão
da ordem, mesmo porque a poesia brotava seus indícios de luz, e por vezes todo
um império imerso em processos de franca decadência de costumes vivenciava mais
a treva, e a defendia como situação normal, salutar, principalmente nos filmes
que nos chegavam. Acenou-me Nati, e sorriu.
- Que que temos a dizer, João, se na
verdade temos nossos dias? Estou imersa e peguei dois peixinhos, mas já os
soltei... Minhas iscas rareiam, o anzol é grande para essas pequenas goelas.
- Trazes novidades do norte da ilha?
- Estive em uma pousada no sul, o
norte tremeu, inundou um pouco... Estava uma barra!
- Pois é sempre assim, falamos tanto
e tanto e nada fazem para melhorar o que chamam de sistema de saneamento da
cidade. Esse é projeto de gente grande, projeto de civilização, companheira!
- Nunca me chamas assim, João, quem
dera fôssemos assim, nesse jargão concedido pelos rótulos que para mim já não
se encaixam tão facilmente... Pelo menos é uma atitude de pensar, como se não
fora tão breve o meu pensamento.
- Não sejas tão fechada, Natuska.
Nada pode ser melhor do que abraçarmos uma vida límpida e sincera. Você sabe
que jamais amei tanto uma mulher, mas você se fecha, se retrai, transparece em
seu íntimo algo que me assusta deveras, pois é como se espelhássemos um moto
contínuo, algo que tende mais a inibir do que libertar.
- João, você fala de libertação?
Creio que te equivocas, pois talvez se falarmos os chavões estaremos
encontrando um modo de libertarmo-nos. Falando a linguagem que seja livre
pontua-se que talvez nos esqueçamos da beleza das metáforas, compreende?
- Talvez ainda não esteja nesse
limite de compreensão, mas acredito que ao dizer algo hoje em dia diz-se que
somos codificados, traduzidos, interpretados, analisados e dissecados, para ser
um pouco relevante sobre o tema.
- Não creio, João! Na verdade, a
palavra – mesmo apenas escrita – é um infinito comunicar. Saiba que aqueles que
a reduzem o fazem a si mesmos, pois treinam a sua própria cegueira, e é através
desta que não precisamos ocultar o não visto, posto a sinceridade de nossos
sentimentos deve ser aflorada, cultivada, expressa... Nisto reside algo em que
você possa olhar para uma mulher e ver que somos um par dentro da igualdade. A
mulher sabe de seu mundo, para algo por vezes problemático, em outras um
idealismo, como na natureza das coisas. No entanto, algumas preferem viver no
aprisco, outras em voos e pousos, estes por vezes em inevitáveis quedas,
aqueles em um pouco de fantasia em que muitos no entanto mergulham deveras. Mas
sempre acreditei na paz como um fato concreto, e nisto ou para isso acontecer
temos que ser mais tolerantes, modestos e humildes. Quando digo humildes, falo
do respeito ao próximo, de evitar desavenças e de combater a hipocrisia com a
Verdade. Se essa Verdade – que existe – não for aceita pela espécie na forma
gigantesca e necessária da libertação do planeta, outras espécies emergirão na
forma trágica em que tornaram os homens as suas próprias mazelas...
- Ok, Nati, veja você agora um quase
retorno dos Republicanos aos EUA: mais poluição, mais desavenças, racismo e
guerras. É uma questão mundial isso tudo. E o pior é a pouca diferença entre os
dos partidos, haja vista que já tiveram o suficiente a mostrar em sua história.
- Na nossa história, meu caro, é o
oposto, ala progressista e conservadora, indo aos extremos. Mas que venhamos à
equação: falarmos sobre isso nos compromete? Será que os golpistas já estão
fazendo as suas tenebrosas listas e triagens comandadas por agências de
inteligência e seus nativos treinados e com prêmios de reserva?
- Olha, Natuska, na verdade eu...
Pois sim, seria pensar como em um filme! Será que não é o que querem que
imaginemos? Eu acho tudo uma balela... Como diria o meu velho e falecido pai:
me tira dessa!
As rochas não tinham ouvidos; talvez
um display eletrônico na bolsa, talvez possuíssemos um celular padrão corrente,
mas não vinha ao caso. Éramos um homem e uma mulher, sem as reservas nem sempre
necessárias. No que tivéssemos os laivos de lucidez, mesmo extremada, não era
negativo e, se fosse um positivo equilibrava, visto que o diálogo sob o sol
tinha a cumplicidade deste, no mais, e, na sua refulgência de astro rei o tabuleiro
era amplo, a ele não chegava nave alguma e sob ele pensávamos algo que poderia
traçar inquietações, mas que em seu olhar éramos átomos diminutos nas
fronteiras da velocidade de seus oito minutos: a luz e a vida em que estávamos,
neste mesmo planeta lindo e conflituoso...
quinta-feira, 10 de março de 2016
terça-feira, 8 de março de 2016
PEQUENOS CANHÕES DA MÍDIA
Uma flor ressurge, carmim, entre um
ramalhete desordenado de folhas. Nada é reportado, pois o que importa são
aqueles troços que chamam a atenção redobrada: o ramalhete convulso de Thanatos... Cria-se a tensão no
improvável, no ocultar de outros igualmente culpados e o relax no grande
orgasmo aparentemente vital depois das novelas, alimentado com o fetiche voyeur dos BBBs arcaicos enquanto
anódinos, pois vestem com a mesma roupagem a ausência quase totalitária da
crítica, no non sense da antiga lei
do mais forte, o “treinamento” neoliberal do aparelhamento cognitivo. Mais
parece um canhãozinho canhestro, mas ofende brutalmente os valores humanísticos,
pois ensina a brutalidade corrente que gera – como em um exemplo clássico – o
pânico, este como demonstração de dissoluções psíquicas com gravidades
recorrentes na sociedade contemporânea.
Esperemos que toda a crítica nessa
órbita venha a localizar os erros em programarem diuturnamente o inculcar da
alienação ou, igualmente, a prática nefasta da parcialidade e manipulação tão
frequentes nas ondas de mídia em geral, quando esta apenas serve a interesses
outros que não sejam a inocência em premissa inequívoca do povo de qualquer
país, principalmente na latinoamérica.
Pequenos canhões de informação
despejam seu residual na conformação do que não sabemos ser real ou ilusório,
pois servir a um país no mínimo é abraçar a verdade e defender o progresso:
igualmente verdadeiro e pátrio. Temos que assinalar que é dentro de uma
democracia que pretendemos que nossos representantes trabalhem a favor da
nação. Mas não, se entocam quais casulos infestados em suas prerrogativas da
derrota econômica do Governo Federal para, no “quanto pior melhor”, criarem
atmosferas que representam ameaças a todas as conquistas do povo brasileiro,
desde o término dos anos de chumbo, a ditadura, conquistas duras dentro de uma
ainda frágil emancipação dos direitos e deveres em nossa sociedade. Dentro dos
deveres aqui assinalados a mídia deveria, obviamente, não compactuar com os
atos em que atentam contra o nosso Estado Democrático, dentro de suas
tentativas golpistas. Falar em impeachment
é corruptela. Igualmente um modo de dizer – através da palavra rebuscada e
angla, um termo que traduz apenas, no caso de nossa situação atual, um golpe
alicerçado por um modo paradoxalmente lícito dentro da culpabilidade ética e
moral por atender a interesses entreguistas do regresso e atraso no desenvolvimento
de qualquer modalidade salutar ao povo.
É justamente sob o manto de um
paradigma de mácula que estão envolvendo todos os grupos de comunicação que
erroneamente, e por questões fundamentalistas em tentarem manter o
obscurantismo renascido de cinzas há décadas adormecidas, que querem fazer
surgir uma fênix de escombros, de um aço aterrador, que daria apenas
consequências incoerentes e brutais para a esperança de termos por aqui – no coração
das Américas – uma nação livre, soberana e independente. Não podemos deixar
passar uma brutalidade dessa envergadura!
segunda-feira, 7 de março de 2016
DO QUE TENHAMOS DA VIDA
Subimos uma colina e encontramos
rastros em um que vai no carro expelindo seu ronco, outro que no muro
administra seus lixos e segue já por cedo, em seu trabalho... Uma bicicleta
afogueada mostra as pernas não mais tão jovens renitentemente dispostas, três
militares fazem seu cooper. Temos em
nossas vidas as facetas variadas, no que obviamente ausentamos – enquanto tudo –
de ver um céu que costura nuvens e ventos com os pássaros e complexos skylines das árvores e suas formidáveis
arquiteturas. Tudo é parte de um todo, mas não há como compreender este, pois
mesmo um ínfimo fragmento dele possui mistérios insondáveis. Compreendermos, no
entanto, os mistérios insondáveis do espírito, faz-nos mais capazes de entender
a Natureza Material e suas variantes que não se repetem enquanto formas da
Criação, assim como a luz é uma variante delas. O Sol é um local em que a vida
transpira, pois sem ele esta não haveria e são tantas que mal sabemos, quando
não temos obviamente tempo para isso, mas que ao menos reflitamos sobre o tema,
quando percebermos seu manifestar mesmo no movimento de um inseto, que seja.
Este fluir de compreensão mais
agigantada da Natureza nos faz compreender desde o nascimento de um ser ao despertar
de uma crisálida, sendo a preservação da mesma manifestação da vida o bem
precioso que recoloca o homem novamente em uma posição mais humanista em
relação ao mundo e seus idiossincráticos continentes, a que a paz seja o motivo
da união dos povos...
O perdoar-se que seja o ato solene,
o gesto perene, nossa referência, mas a luta por melhorarmos nossas vidas
abraça não apenas nossos processos culturais da civilização, bem como a
premente consciência classista, de gênero, etnia, etecetera na condição mais
coletiva em nossas categorias e compartir do conhecimento, enquanto caudal que
se acresce da consciência maior: aquela de contemplarmos a Natureza Material
como invólucro do espírito, dentro das prerrogativas de uma sociedade mais
participativa e com fronteiras flexíveis no seu lato sentido da tolerância e
União para o progresso inequívoco das nações que dele historicamente carecem.
sábado, 5 de março de 2016
EM MÃOS ALHEIAS
Tal seria, se não supuséssemos que o
ato de rebeldia animado por tal que seja um tijolo em sua pretensa posição de
que verse algo em ser a mais do que um tipo de prótese construtiva, não é mais
do que mais um engrossando fileiras... Se é de ótimo barro, que os seus da
fiada também sejam, pois o que tange da boa estrutura não basta na amarração
das colunas e vigas.
Que os dias sejam na boa obra e que,
antes que o obreiro pense que não há em sua espera de horas em que o cimento
busque amalgamar, que faça das britas o seu mistério e seu propósito. Há que se
ver em que ponto esses mesmos dias recrudesçam invenções antigas, pois o que se
é da vida continua sendo dela, e o que se é do trabalho continua imensamente a
ele pertencido. Neste ofício de pensarmos também reside o alvorecer do obreiro.
Mas que receba sempre das mãos da terra o seu pão, posto de merecimento a que
não nos situemos alheios, já que de boas vindimas sempre há de sorrir o nosso peito.
De um varão que enobrece nossas veias, e que estas saltam à lembrança na não
espera, na esperança do real ser real, em conquistas diuturnas e duras.
Há que merecermos o nosso quinhão,
há que lutarmos por merecimentos que não repousam em nossos colos como a chuva,
pois mesmo esta nos falta no represamento da vontade de Deus, mas que por vezes
o que permitiu-se das mudanças climáticas vem das mãos do homem, e não das
paráfrases bíblicas, infelizmente. No que a ciência peremptória das pesquisas
passa a ter razão inequívoca e sistemática.
Este breve ensaio pesa que nem um
chumbo em algo de tranquilo porém estarrecedor estanho no pulso da poesia, pois
esta não há de fenecer no tempo, já que diz estar silente e ativa no correr
deste, de modo a perdurar em certa angústia por erros recorrentes no panorama
de nosso território... Um elba? Um barco? Não há como tecer comparações: um
confisca a poupança dos pobres, outro concede os maiores benefícios históricos à
população brasileira com a sinceridade que parte de um igual. Sai-se na frente,
move-se um peão inquieto como uma formiga em solo aquecido, à busca de trazerem
outras às vertigens do deserto, da insalubridade. Como se tentassem excluir
todos aqueles que com muita luta e trabalho foram incluídos no seio dos
direitos humanos e da cidadania. Talvez seja uma opinião tíbia, mas que seja
aquela que conduza ao menos a uma verdadeira socialdemocracia ao solo pátrio
brasileiro. No que diste disso estaremos incorrendo em erro, pois quando se
combina um Poder Executivo altamente progressista com um Congresso retrógrado e
conservador, ao menos que se perceba que quando o resultado centraliza há que
se pensar no controle estatal e suas intervenções salutares, pois deixar o
mercado ditar todas as regras é no mínimo tentar impor a barbárie no cenário
econômico do Brasil e do seu Povo!
quinta-feira, 3 de março de 2016
UMA CONDIÇÃO SINE QUA NON
No mais das
vezes nos colocamos por trás de uma notícia, aquém de qualquer culpabilidade
quando desrespeitamos o próximo, ou dentro mesmo de uma conveniência egoísta
quando despertamos facetas, algo cruas de nosso imo. Partimos de um lado às
aparentes complexas equações de receitas, de algo que entra somente, outras que
despendem, que gastam, qual superávit muitas vezes secundário... Algo por vezes
nos tangencia, qual que não percebemos, nesta nossa sociedade em que a
percepção se nubla frente a diversos códigos quase simplificadores de
informação. Colocamos na mesa nossas empresas, entramos a decifrar uma máquina
e esquecer de nosso diálogo interno, deixamos de contemplar para competir
desenfreadamente, sem saber que estamos deixando de lado populações
vulneráveis, ou o próprio sentimento de que não estamos sozinhos no mundo. Esse
não estar sozinho deve ser uma força motriz a que nos motivemos para que nossos
atos sejam mais de solidariedade do que propriamente a agressão recorrente a
que muitos treinam sem saber que a melhor defesa não é o ataque, pois o gesto
solidário transcende a questão de contendas primárias de tanto, quase,
animalescas, se não o for de fato. O grande paradoxo da atualidade é comparar
as espécies, e a vantagem mais cabal é a comunhão com elas, melhor dito, um
respeito convicto à Natureza. Em uma haste de grama na chuva há uma miríade
geométrica, um quê de profundidade de ser, uma aparência formal que nem a arte
em seu grau mais elevado traduziria como ela é. Esse é um diálogo eterno, e
sabermos disso em extensão a tudo nos eleva frente à contemplação da própria
natureza humana. Saberemos melhor da preservação não sob uma ótica reducionista
do que já foi catalogado pelo conhecimento, mas do que apenas a Natureza dita
como isenção muitas vezes da presença humana, pois infelizmente ainda não somos
capazes para consertarmos a maior parte de nossos erros, cáusticos por vezes,
em muitas delas gerados por poderes mal gestados. A obtenção do poder não deve
ser livre, já que obviamente muitos o obtém para praticar cruentas devastações.
Isso deve ser contestado ferrenhamente, dentro da ótica em avançarmos para leis
mais humanas, baseadas em conquista milenares do Direito e suas cartas. Nisto o
sentido da preservação de nosso mundo, em todos seus aspectos, culturais,
naturais, antropológicos e de patrimônios já erguidos, quando em coerência: em
harmonia, ao exemplo claro e lógico das abelhas, posto o agrotóxico ser nocivo
a tudo, como todos devam saber dentro de cada sistema de comunicação, a que nos
eduquemos e aos outros, docentes e discentes, sobre cada detalhe das indústrias
que destroem o mundo, quem são e para quem servem. Que seja, uma educação
ambiental, filosófica, literária e artística e histórica, com boa matemática.
Isso seria bom, como uma agregação do conhecimento, uma plataforma de melhoria,
para o mundo não terminar fatiado, espoliado, sacrificando as imensas populações
mais vulneráveis em detrimento da riqueza de alguns. Essa questão não existiria
sem a lógica mais simples, em que saibamos que não há tantas complexidades
necessárias ao ser humano, já que o hermetismo existencial só cabe a que compliquemos
o equacionar da solução de muitos problemas, estes evidenciados agora
sobremaneira em que o crime mostra cada vez mais a sua face frente a
contingenciamentos de segurança cada vez mais prementes em uma grande árvore
onde as raízes sociais seguem sendo solapadas quiçá por interesses diversos,
muitos deles exteriores ao país e ao continente.
Não é
tentando administrar o caos e a anarquia que devemos plantar esperança em um
presente para germinar bons frutos em futuros próximos ou distantes. Há que se
planejar, e um bom profissional para isso é justamente o urbanista, o bom
arquiteto, e a vontade política em melhorar problemas que afetam a todos,
quando não diretamente, e que paulatina e recorrentemente surgem, principalmente
nos grandes centros, onde a diluição e o anonimato dos crimes ambientais tendem
a se perder na fraca percepção frente ao que já foi destruído, às “relativamente”
poucas árvores cortadas, as praças potenciais que passam para a especulação
imobiliária dentro de uma arquitetura selvática, à falta de qualquer saneamento
necessário e salutar, o que passa a ser um lote de problemas onde as soluções
tornam-se cada vez mais complexas. É um fato aparentemente óbvio, mas recorre
que elucidemos a questão tão promissora – pois possuímos ferramentas
participativas para isso – que nos faça contribuir favoravelmente para
consolidar o que for positivo às humanidades com sustentação e preservação não
apenas do que foi mantido ecológica e historicamente, mas ajudando na recuperação
imediata do planeta Terra e sua atmosfera.
quarta-feira, 2 de março de 2016
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