terça-feira, 15 de março de 2016

DO GESTO E DO PÊNDULO

            Quais serão as maiores divindades do planeta, ou a quantas e quantos universos não nos pretendemos residir? Se um vácuo atômico é importante, quantos pensam dentro de outros vácuos subtraindo o oxigênio do mínimo bom senso? O que seria um vácuo atômico do que não menos um significado que nossa pretensão não alcança? Talvez sejamos pendulares, quiçá as pedras apenas existam em sua dureza... Quem saberia menos do que o ir e voltar de certas canções, a semântica do tempo interno o explica. E o tempo interno nos faz acreditar ser o mesmo em que fazem da imagem do tempo anti-cultural, ilusório porquanto o encerram no correr do que se apresenta na bandeja dos equívocos. Esses mesmos fragmentos que nos fazem sermos as bestas de cargas de posturas as mais variadas, e que nos comprometem a que sejamos os mortais que por obrigatoriedade da modéstia o somos!
            Um gesto, um piscar de olhos além dos selfies, um colocar-se à frente de Orwell, a busca de paradigmas mais aceitáveis por serem corretos, nos fazem por vezes afrouxarmos o nó de nossa gravata existencial pela miríade de marés que nos atravessem: de barco a barco. A distância disso pode não ser o não ser, mas igualmente – oxalá – possa ser o nonsense. Não são mistérios propriamente o quase – que o pensamos – tudo que nos abriga, mas o nunca de não termos jamais de merecimentos, ou justificativas que nos façam finalmente mais humanos como se alguém dissesse: “eu fui, eu estive lá, manifestei-me!” Esteve aonde? A favor de que, ou pior, de quem? E por que as citações, se há outras que as esquecemos na estante do convencionalismo, da conveniência, da crítica que pode muito bem ter alicerces, da outra, mais plausível, flutuantes? Quem dera que a pena vertesse sempre a poesia... A pena pode ser factual, felizmente, e o chão que assoberba a mesma pena cresce pelos troncos-raízes da poesia, e vira ensaio poético. Para alguns algo incomoda, ao se ver uma lucidez oculta em palavras. Acontece que esse rosnar não incomoda as luzes, pois estas nós as controlamos com os fusíveis da inteligência, pelo menos em auto críticas em saber suprimir as questões que não abracem os padrões do que se chama sensatez ou coerência, humanismo, que seja, bem forte. Ao menos que se saiba que um homem é sempre cidadão, mesmo que as sociedades revelem as tiranias do obscurantismo nas avessas da libertação de suas populações. Esse obscurantismo muitas vezes se veste de nouveau monde, das cápsulas do novo, da coisificação típica e fechada e fria da ciência fraudada, ou nas diversas síndromes e patologias históricas que a ele dão aval. Em um pressuposto libertário, temos o exemplo que ocorre até os dias atuais com os povos africanos, e igualmente com o holocausto do Oriente Médio e as riquezas que deram origem a ambas catástrofes.
Não é possível que queiram agora impor ao continente Latino Americano um retorno ao obscurantismo, na figura de uma economia alcunhada “neo” liberal, que possui suas origens no que há de mais antropofágico do capitalismo de “livre” mercado, e que queiram que os nossos povos voltem a ser a fachada de viés do quintal de decadentes imperialistas. Essa é uma questão pendular, e assim o será se não acordarem para a premência da paz mundial e a negação de interesses tentaculares sobre o mundo que conhecemos tão bem: atualmente pretensamente “conectado” a algo, pois os seus relógios de quatro dígitos acabam por tornar o tempo algo nocivo em seu retorno. Esse mesmo “algo” de retorno consubstancia uma farsa que prepara um cenário trágico, onde não há refúgios sem os GPS, de onde não sabemos ao certo quem irá nos localizar.
É a história um tanto alargada, amigos, e nesse crescer de uma maré estamos presenciando uma chegada de um totalitarismo onde – se não derivarmos para fora de uma realidade nocauteada cada vez mais em sua psique, pelo menos que equilibremos uma virtualidade mais concreta na busca de desapegar-nos com a procura de outras sintonias, que seja, a luta por plantar mais árvores em nossas periferias, o saneamento de nossas drenagens de água, a horta comunitária, a paz como conduta auto sustentável, e a luta pela sustentabilidade dos direitos cidadãos cada vez mais ampliados na solidariedade e diálogo dinâmico na construção ou reparos nos alicerces do sistema, e releitura pragmática de outros, em busca de bons curativos para nossas feridas.

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