Melhor seria, não pensarmos nisso...
A imaginação se perde quando, convenhamos, temos que reproduzir uma alucinação
de um céu nos ares de um esquizofrênico mudo em uma cena de um ato apenas. O
ato vira um grande molusco, onde a cabeça do dramaturgo rasteja como uma centopeia,
ainda que esta não rasteje, posto ter pequenas pernas. Mas é um tanto complexo
enquadrar a alucinação e mais ainda representa-la. Quiçá fosse mais simples
talhar e especular sobre outras realidades, algo concretas, dos dias atuais.
Não, não nos merecemos olhar sobre uma tela de televisão de alta definição os
pixels que esquecemos de definir em uma mente enferma, por exemplo. A MENTE...
Adormeçamos sobre o tema, é mais produtivo, talvez, mas não esqueçamos da mente
social, de um modo que não adormece, mas dorme profundamente em seu viés, pois
as tentativas intervencionistas absolutamente não são palpáveis como a seda de
uma mulher. Esta que fere o coração de outro enfermo, pois este não sabe nem
dizer que a ama, quanto mais tocá-la, apesar de ser forte o suficiente para não
cair na ideia absurda de que não temos olhos que vejam, ou pulso para sentir o
fremir das mãos inquietas, ou mesmo a ideia de medicamentos que entorpecem até
o tufão. Haverá necessidade dessa loucura toda, onde o não paranoide é anormal
posto frio como um cubo de gelo amoldado na forma de um papai noel? Não nos
esqueçamos de não falar mais nada que tenha sentido, pois da lógica nos
enojamos um pouco, e de suas nódoas no movimento fixo do peão, ou na soberba de
desfilar ao tabuleiro convexo de alguma rainha prócer. Tentamos arranjar nossas
condutas, por Deus que tentamos, e toca agora na vitrola uma música erudita que
nos faria pensar mais que nada do choro convulso nos acorda, posto termos
secado as varas de nossos sentimentos. Tudo isso é um apanhado, e no cadinho
alquímico saberão os poetas que não existem ainda enquanto escritores que mesmo
assim possam estar ao relento de suas convicções...
Chegamos ao término de março ao
absurdo amplo, geral e quase irrestrito, pois esta restrição é que incomoda,
pois é ampla quanto as votações pelas diretas já em nossa história democrática,
onde os lorpas e empata fodas votaram aberto contra a democracia. É nesse
paradigma que talvez encontremos gente às avessas, tentando, manietando,
restringindo ou, o que é pior, espiando ao compasso de espera os dois lados do
muro, bem empertigados e orgulhosos pelo movimento central e covarde de seus
atos, onde o para choque de seus carros orgulhosamente acenam para o White Power...
Esse mesmo poder que possui um anacronismo nada sincrônico: e acenam tanto que
aquele esquizofrênico amigo de Virgínia Woolf que ela não conheceu jamais talvez
lesse algum de seus livros, mas que não escrevesse, pois em sua cabeça
encontrasse ressonância em algum ser mais normal, quem sabe aprendesse mais com
Hegel, ou com a poética de Augusto dos Anjos, mas que lera tanto e de tantos
que acabou não administrando bem os seus condicionantes! Mas que tivesse,
desculpem-me, nesse circo-teatro do absurdo, alguma confluência humanística,
quem dera, em um mundo onde a exibição primeira do jornalismo era atacar o
xisto dos governantes ou opositores com a coragem da “imparcialidade” das
ofensas politicamente corretas. O teatro do absurdo mostra uma ninhada famélica
de leite querendo mamar por sua vez em tetas gordas e fartas e ricas como as
nossas estatais, ou melhor, entregá-las todas ao preço de premiações soberbas
para o rugir igualmente famélico das águias e dos lagartos.
O teatro do absurdo não é tão atual,
mas passa pelo conceitual dos contemporâneos, onde a tecnologia da informação
passou a ser condicionada ao andamento das novas profissões, a se dizer, que
pontua maravilhosamente bem ao acreditarmos que nada sabemos delas, nem ao
menos o que é input, e muito menos o output, tão declaradamente viável no
delete de nossas conquistas... No absurdo por vezes choramos, caros, por vezes
o teatro é triste. Mas o fato do absurdo continuar tanto e por tanto esforço em
torna-lo crível aos olhos de uma Lei em que já de imediato não aprovara o
Orçamento Federal, resta-nos sabermos que o desfecho que terá quando o pano
deitar o espetáculo, sabermos que os atores que se esconderam durante o mesmo
ato encenado todo o tempo, são os mesmos que talvez nem permaneçam em suas
posições orgulhosamente incultas do credo em se fazer passar por homens ou
atores competentes. O discurso do Método é esse absurdo, os seus métodos são
cartesianos, pararam na ação e reação newtoniana, mediam questões claudicantes,
outras são as propinas rolando soltas nessa conjurada mania de quererem o
poder. O teatro fica amplo, chegam recursos, os bilhetes se sucedem, e pensam
em quarenta e cinco dias, em trinta e nove horas, em trinta e dois minutos, mas
dois segundos bastam para saberem que o absurdo nunca foi tão cômico e
ridículo!
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