Não há muito do que descrevermos de
uma paisagem, como em Pero Vaz de Caminha, pois estes anais históricos dependem
de toda uma narrativa em que pousemos um olhar sobre a história mesmo que seja
quase um espelhamento do que já vimos em nossas vidas e percebamos que nunca
devemos repetir nossos erros, pois esse retorno não procede, já que o que antes
era de terra agora é asfalto. E desse asfalto seria excelente passarmos a uma
via férrea, pressuposto incondicional de um progresso. Arcaicos pensamentos por
vezes nos invadem, e saibamos que a única verdade uníssona é a vida espiritual,
pois que, quando dela se consagra a alguns como opção, como vereda, que seja,
um modo em se viver, a que a alguns se pareça uma muleta, mas para muitos nada
melhor é uma muleta se andarmos com mais desenvoltura e mais felizes por
possuí-la. Essa é uma condição social em que muitos se encontram, na sua busca
por explicação que verta uma luz sobre o processo da realidade onde nos posicionamos,
e transcendermos essa caleidoscópica realidade é como na medicina, onde o
cirurgião olha por todas as circunstâncias os eventos antes de usar do bisturi.
Há que se ter uma visão do que já pertence ao mundo tão conturbado
materialmente como o nosso. E a premência da questão urgente em nos
aprofundarmos no conhecimento, não apenas técnico, mas histórico e filosófico
parece algo que possui vertentes cada vez mais amplas e contrárias a esse
processo, justamente àqueles que podem ingressar em ensinos superiores, em que
já começamos a vislumbrar que a força intelectual começa a perder espaço para a
truculência da força corpórea, o que gera uma disfunção cotidiana na ausência
do humanismo entre aqueles que possuem alguma relação mais concreta entre seus
pares. Justamente, isso se traduz naqueles que hipoteticamente nos representam,
e atentam contra a democracia, usando de todos os artifícios nocivos para
tentar chegar ao poder. E quando essa questão se torna visivelmente clara, onde
nem sequer tentam disfarçar esses casuísmos chegamos à conclusão óbvia que
esses personagens ensanduichados pela ganância devem ser rechaçados. Deve haver
resistência. Quando chegarmos ao cúmulo de uma cor de camiseta significar mais
do que ela em si mesma, ou quando um gesto inofensivo for contrariamente
considerado aos olhos do sistema, quando não pudermos expressar a opinião, seja
filosófica ou não, quando um negro ou um enfermo for enquadrado por essa
condição de etnia ou saúde mental, vitimados pelo preconceito, será a sociedade
em que muitos – incluso os ilustrados – verão que ruiu sem precedentes
históricos, e verão igualmente acabarem sob as mãos de ladrões e máfias
gigantescas os paraísos que porventura acreditaram ao verem os filmes, e ao
sonharem sua miserabilidade de uma espécie já fragilizada em que pouco a pouco
nos tornamos.
A questão em aberto significa que
não há ameaça a ninguém repartir o pão aos que necessitam, reformar a sociedade
para que caminhemos para um socialismo distinto, verdadeiramente
revolucionário, e que nos unamos todos para fazer deste país de novo uma referência
internacional, eximindo de nossas mentes e atos que outros países decidam o
nosso futuro, que nunca e sob hipótese alguma deve passar por um golpe em que
já articulam as classes conservadoras ricas e seus patronatos tentaculares que
chegam até a premiação de delatores mais empobrecidos. A União tem que se
tornar forte, em todas as frentes, em todos os canais, e com retaguardas bem
guarnecidas, pois é a partir da segurança de nossa gente e nossos atos que
veremos o país sair dessa tempestade e tomar se rumo em direção a uma bonança
maior, em que se liguem o material e o espírito, e que as leis permitam mais
justiça social...
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