sábado, 26 de dezembro de 2015

A VIDA QUE NÃO CESSA

De se esperar que não se espere, que a vida como que flutua
Ao sentirmos quiçá em devaneios em que um homem possa ser poeta
Mesmo quando vê que sua embarcação remonte ao Mediterrâneo atual
Onde prescreve-se vidas sem o rumo de outras que não encontram razões...

A vida não cessa, não tem término, quando insetos nos dizem que – vivos –
O sabem de muito a que sequer conhecemos em outras dimensões
Nos parecendo que queiramos o céu apenas para nele caminharmos ilesos.

A vida vem do éter, do limbo, das almas contritas e sofredoras, dos loucos
Que não encontram sequer a compreensão primeira do próprio entendimento
De que a mesma medicina que nos cura ou promete qualquer apanágio
Também mostra sinais de cansaço ao não receber pagamentos.

E a vida viria do pago, do lucro, da desmedida diferença bruta da prata,
Ou sequer sabemos que nossos empregos por vezes encerram dentro da redoma
O fato que vivemos de modo egoísta em uma selva inegável do propósito
De engolirmos uma a uma certas vertentes de esperança, no que não dizem.

Pois que a vida não cesse na anti-vida do preconceito e do falso perdão,
Quando querem nos perdoar através de outras ofensas oclusas
Nas mesmas palavras que ditam que somos normais dentro de uma ótica
Em que de modo sistêmico sabemos que quase tudo anda de vida errada...

Mas que por vezes há vidas que cessam, que cansam da luta, que cedem
Ao espaço de algozes que só vem na maldade a saída aos que pensam
Um pouco mais e melhor na crítica que verte luz em suas próprias trevas!

Há vidas melhores do que outras, igualmente há melhores seres,
Nisto de espécie humana em que falar sempre do livre arbítrio
No mínimo é coadunar com um liberalismo de grilhões: antigo...

Saibamos que a vida não precisa passar pela carestia de muitos,
Pois esta encerra páginas ainda não escritas pelas vertentes do tempo
Que ajudam quando tecidas na aurora dos homens a descobrir
Um tesouro que fala mais ao espírito do que à matéria de plástico.

A vida não cessará jamais quando pensarmos que é criação
De tempos onde não haveria tanta, mas que em nossos é farta
Quando sabemos que agora em que muitos vivem bem em seus lócus
Outros pretendem socializar até – justo – os sentimentos sãos.

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