quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O REVISOR DAS ROCHAS

            Atado a um critério de não saber muito sobre o que encontrar na costa, Emílio vira Elvira caminhando, e não saberia dizer muito bem se gostava realmente dela, pois que o cumprimentava, mas com a reserva que ele acreditava que vinha apenas para si próprio. Do que ele observara de sua Natureza companheira, as formigas estavam assoberbadas com algo, de um tamanho que ele não discernia, mas resolvera – em tempos bons naquele século permissivo nessas questões – consultar o oráculo de suas ondas... Sua pele estava acobreada, e outro que igualmente portava-se autêntico – até demais – possuía igualmente o couro de cobre.
            Esteve em uma ponta, o encontro de dois pequenos mares, em que as pedras emaranhavam e conturbavam o encontro. Mas o mar naquela baía não era forte. Dito que não se possa dizer, pois aquele encerra do clima as mensagens mais absurdas. Viu as pedras, o término das ondas na praia, mas um começo, no refluir de uma maré que não se apresentava exata, como efetivamente não possui cálculos. Há que se sentir algo, e a maré do mesmo modo nos sente, mesmo a depender de idiossincrasias, no fator humano, em que não nos propomos reais, no mais das vezes. As pequeninas vagas contavam histórias de rochedos milenares, a que se dissesse que tinham comportamentos similares, este mesmo que coloca no plano do infinito algo imprevisível em qualquer interpretação sistemática. Era na cabeça de poucos verdadeiras flechas de milhões de cupidos que não venciam na alma da poesia mais beleza do que isso tudo. E ainda se falava de muito, mas que realmente poucos usufruíam a Natureza como ela se basta desse tanto, repito, infinito tanto, posto a combinatória não poder com eventos de átomos que nunca se repetem, mesmo em sabermos que pensemos alguma certeza na quântica, ao que Einstein se retira da cena para deixar os de coragem divagarem as ciências...
            Emílio tirara conclusões: vivia só, mas não vivia só. Estava com seus seres e era enquanto a isso, pois não descortinara vida que não fosse ao apadrinhamento de sua reserva enquanto observador inato, um homem que versava maravilhas a partir dos modos de ignorância que o atraíam, já que o que pensamos de ser monolítica a pedra da incompreensão por vezes é seara fértil para que dela nos apercebamos de cruas realidades em que por vezes um homem é o fato apenas, um homem e suas procelas internas, seus devaneios e incertezas, as paredes que críamos serem pedras e por vezes encobrem frestas por onde vertemos de nossas luzes. A que se ilumina mais, pois aqueles que nada possuem de esperança nesta vida bebem sequiosamente de uma ausência de preconceitos e prejuízos, a tarefa mais árdua para alguns, a que para Emílio se soava aparentemente natural, visto sofrer igualmente em épocas anteriores, que mal sabia se retornariam, ou que a suas posição não seria traída por ser apenas mais um estudioso. Visto ter suas manias, e uma delas era estudar, ao sonho de lecionar, como se ensinar fizesse parte de seus aprendizados como ser. Sabia que um gato ensina a sua prole na sobrevivência, que um cão por vezes dá cobertura a outro mais fraco e no entanto mais experto, que um inseto plana e pousa sem que o percebamos, a trilhar que não trilhemos o fato apenas da moda de comermos, pois não é para isso que existem, e as aventuras extraordinárias que as deixemos para os programas de domingo...
            Pois bem, Emílio estudava, os ossos mecânicos da informática, a hierarquia dos mesmos ossos, as suas articulações o fascinavam, como em uma matéria crua de engenharia mecânica, uma reinvenção das funções da ortopedia em bonecos de animação. A proposta era dura, a invenção seria mais difícil, mas a poesia de Cartago, seu amigo, o infundia, o esmerava. Por isso a vasão das águas que lhe transportavam, pois não era muito confortável possuir uma enfermidade quase patibular em reações matutinas, quando de seu refluxo à consciência. Não era nunca tarefa fácil, já que sozinho temeria algo, como em seus sonhos mais proféticos. Sabia não poder amar como um homem normal, mas a anormalidade em um fator o produzia enquanto vivente seus sentimentos éticos que construíam em uma construção de erguer estruturas que esperava não ruíssem, ou se fosse, refaria, com o progresso de uma fundação perene em que estivera na lida de erigir por longas veredas...
            No que encontrasse Carolina àquela manhã, saberia mais a se dizer de muito, pois falava algo que remontava ao pensamento, jamais censurando palavras e, quando de pouco, usando filtros de reconhecimento, apenas... Constatou-se na vizinhança que Carol viria com o namorado, um desses, de excelência existencial. Paciência, não teria tanto a contar jamais do que esperava fosse, remontando em palavras perdidas no éter apenas reminiscência de um libelo em libertar-se, posto sua vida ser um sacrário de arcabouços que se perdem no tempo, mas não em frações de memória, em que tais cenários nem se comparavam com as dificuldades das reações matutinas, e no encorpado e nem tão salutar encontro no externo daqueles que acordam prontos para esmerar conflitos, como tantos que vemos por encima, no prisma distante da pirâmide.
            Vagava, meio vespertino, o dia que se sobressaía naqueles tempos, e a fração desconforme das ausências perscrutava o coração dos mais aflitos... De um gesto ensaiado a outro na velocidade da luz, eternamente recriado, em tempo relativo que desse progressão, ao passo de regresso menor do que um que não ofende a criação, posto ser mais sábio ao depender de fontes inesgotáveis, enquanto duram... Assim seria a vida de mais um homem que se portava inquieto pelos caminhos, sem frações de queda, pois que se andasse retorcido seria apenas um retorno do já acontecido nos oitenta, e esse regresso nunca enganaria a história, companheiros, que se faz em torno das conquistas dentro de uma revisão histórica que busca na antiga receita de suas própria interpretação a consciência de que a onda na rocha, a partir do momento em que for compreendida por alguns que acabem por aceitar essa Verdade, a mescla em lutarmos por melhores dias não se apagará como o mar que lambe nossas letras na areia!


Nenhum comentário:

Postar um comentário