terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O BARCO

Tremenda embarcação, esta em que nos situamos a respirar do ar noturno
E que tangencia uma palavra que seja dada ao espírito, de uma noção livre
Em que nos encardamos na tipoia de suas velas içadas no temperamento
De um florescimento em que Dante seria claro ao versar o tanger de uma fera!

Barco que nos chama a algo, e que nem sempre sabemos como, mas fala tanto
Que outros versos diriam, e que bastaria, em homenagem viva, a vermos Camões
Como um turíbulo pungente do que há ainda a se prescrever na medicina de Deus.

Dentro de um convés de laterais curtas, a se agarrar nas alças, transpomos
Um cabo tormentoso em que hoje o talento africano recria-se a enriquecer
De sua cor os extenuados e antigos europeus que desandaram na desanda de XVI.

Que os franceses pensem em suas diversas argélias, e que os ingleses retraduzem
O que fizeram com seus barcos repletos na Índia sagrada que os poetas pétreos
Carregam nos Vedas a compreensão mesma do que versa certa realidade...

Mas o barco não traz ressentimentos, pudera, nem arca seja, mas com gentes
Que revigorem tratados, que aceitem do que seja líquido, pudera, não podemos
Com mais liquefazer do que os Oceanos que ditam a plataforma do aquecimento.

Esquecemos que temos agora um barco gigantesco que nos subtrai as terras
Sem nos darmos conta de que aquilo pelo qual lutamos arduamente
Evanesce como as cinzas em um sertão preservado e incólume na seara da Bahia.

Comecemos com o ardiloso perfil de toda uma massa perfilada em outras naves
Que sequer sabem onde reside o próximo pilar dos mares, se veem no tipo rádio
As telas de algo que serve e serviu para alienar os montantes rumorosos do destino!

Será ainda possível uma linearidade sem a fração de que nos fragmentemos
A dizermos que em um país não se possa traduzir um gesto fundamentado
Em uma expressão livre que remonte uma data transversal da paz?

É um barco, camaradas, é neste barco que ensaiaremos o nosso ressurgimento,
Pois agora não dá para alterar mais a roda da história, posta a posição do timão
Em que aprumemos a quilha que a algum lugar possa, ao mesmo fundearmos...

É alternando marés com tempestades, que vamos avançando na procela
Dos penedos e parcéis gigantescos e abissais, que o movimento de uma vaga
Redescobre os marulhos de mariscos bêbados de tanto serem tocados pela água.

E saibamos que a mesma água desce das serras com a exatidão de uma coroa
Quando esta oculta a mais linda pedra diamantina do planeta Terra
Que possui o mais lindo nome, algo entre Verdadeira e Liberdade... ipsis literis!

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