Aos
olhos que não vêem
O
que se dirá do certo,
O
que se supõe do errado,
A
palavra posta na mesa,
O
amanhecer desperto em vida
E
a morte em padecermos
O
que nos diria o próprio destino.
Mas
não, pois nos cerca por vezes
Apenas
a teatralidade da loucura
Nos
loucos que se travestem de sérios
Engendrando
fantasias do horror.
Loucos
com referências nas imagens,
Loucos
treinados na coação
De
regredir no tempo de sua própria hipocrisia.
No
engolir as frases entrecortadas
Talvez
na obra encontremos
O
gesto de um homem, distante
Como
é distante e lúcido o olhar consciente.
Como
andar pelas ruas cáusticas
E
receber os relâmpagos de outros olhares
Em
que o registro não alcança em sua pálida distância.
Tecido
imanente de pátina recriada
Ao
ver que o povo ressurge
Posto
o mesmo clarão de consciência
Que
vemos quando o sentimos
Em
sentir posto estar
Na
veia inquieta que nos alimenta
De
um alimento que nos aclara o espírito.
No
entanto, matéria bruta,
Salve
com o seu plantel as escamas de nosso dizer:
Escamas
áridas que nos envolvem
Quando
– reticentes – não sabemos
Que
não somos peixes
Mas
sobrenadamos ao oceano insofismável
De
continuar a navegar conforme barco que – também – somos.
Um
grande barco com o timão distante da proa
Mas
sobre um potente motor,
Mas
que são as horas da madrugada
Que
silenciam, içadas as velas,
Em
que preparamos a nau, rumo ao dia
Que
não espera posto que ação,
Alimento
pão, alimento chão, alimento teto!
Que
alimento sejamos também ao ensinar
O
topo pretendido ao se predizer
Palavras
cálidas que amansam os tremores
Da
truculência envaidecida das orgias;
Já
que estamos em trabalho – justo –
Como
a plataforma de um teatro improvisado
Em
que atuamos na conformidade e respeito.
Desse
respeito que transcende a um si próprio:
Desfaz
a crueza da maldade em seus desfechos,
Traduz,
silencioso, a semântica do verbo,
Prima
pela atitude coerente de cada existir,
Desata
os nós recorrentes que a nós reage,
Versa
os versos de uma poesia por vezes tíbia
Mas
que não silencia a voz da realidade.
Realidade
que assombra
Quando
vestimos os signos em nossas profundezas
Regemos
orquestras, despimos a ignorância
De
suas raízes fincadas em tempos sombrios
Onde
o que era poderia não ter sido
Posto
que somos frutos de uma árvore
Onde
as ervas daninhas não podem medrar mais.
Poesia,
verta o caudal rumoroso da história
Em
que escutamos a voz da enfermidade
Em
patíbulos que retiramos de bastilhas
Qual
Danton em eternidade sincera
Da
luta em se prosseguir, à mesma bandeira,
Em
outras eras, outras propostas, outros conceitos,
Curando
ela mesma por sua posição da medicina libertária!
Jamais
cessará o canto, e que este navegue pela garrafa digital
No
prazer dos poetas em brilhar novamente os olhos do cristal
Sereno
em sua latitude, horizontal em seus vértices,
Lógica
transubstanciada em sua aritmética,
A
um ritmo sonante em moedas de esperança,
Amálgama
no cadinho de experiência do mesmo homem
Que
abraça silencioso o jacarandá em seu nascituro.
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