Adroaldo pertencia à classe nobre dos que pecam
por necessidade. Dos que urgem por dignidade, pura e simples…
Gostava da mulher e esposa sobremaneira. Quisera os séculos
compreendessem as quimeras de Adroaldo… Vivia como operário em uma
estação mineradora. Ajudava no processo de extração da hulha e
seus derivados. Gostava de boas causas e seus orgulhos, à maneira de
um cidadão cordato e pacato. Em sua vida, espezinhava-se, nutria-se
de silêncios onde operava-se a sua inocência. Não fora pelo fato
de querer adquirir um sustento nobre, amanhecia várias vezes com
angústia de ver seus semelhantes, colegas ou não, na vertente do
sofrimento cabal.
Por dias repensava-se, adquirindo conformação
com os ideais ao seu alcance. Por ora, gostava do pouco lhe
oferecido, nem que as flores germinassem pouco em seu imo. Em se
falando de assunto tão grave, em virtude de que ensaiasse o amor,
tinha o fórceps dos que são taxados injustamente de ignorantes. Na
verdade, possuía uma história rica em sua vivência, incontestável
em sua pujante e manifesta cultura pessoal. Porém, não possuía o
esteio intelectual vigente nos eruditos, que pregavam, naquele tempo,
o arcabouço da crítica pertinente e parcial, visto pertencessem a
uma camada antagônica ao ausente da metafísica. Porém, havia
laivos supinos de luzes em sua consciência, por onde perpassavam
arroubos de conversação lúcida e humana, contrapondo-se ao comum
das gentes que olham apenas para cima, adorando posses, dando leves
olhadas para baixo, anuindo com o consentimento dos que derrotam por
terem.
De outra feita, rogava às palavras pronunciadas por sua
linda mulher, que não fosse tão bastante, tão maravilhoso que, ao
simples desejo por sua ternura, lembraria a relva e um tapete de
flores cor de céu. Como uma singela carta, enviava olhares súplices
a ela, companheirinha linda de sua tão atribulada vida.
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